OS PRÊMIOS NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS COMO ESTÍMULO À INOVAÇÃO.
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1 OS PRÊMIOS NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS COMO ESTÍMULO À INOVAÇÃO. Fernanda de Carvalho Pereira (UFF ) nnannda@oi.com.br Jose Manoel Carvalho de Mello (UFF ) josemello@pesquisador.cnpq.br O conhecimento gerado nas universidades pode ser transferido através da comercialização do conhecimento acadêmico e das atividades de engajamento acadêmico, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. No Brasil, a Lei da Inovaação foi o marco regulatório da interação da universidade com o setor privado, pois as universidades e demais instituições científicas e tecnológicas (ICT) deveriam possuir núcleos especializados para a gestão da propriedade intelectual, os chamados NIT - Núcleos de Inovação Tecnológica. A partir da Lei da Inovação, buscaram-se novas formas de transformar o conhecimento gerado nas ICT em inovações. Diversas universidades tem recentemente tomado passos formais, em conformidade com os seus NIT, para acelerar o processo e encorajar a comercialização. Tais mecanismos estão evoluindo de acordo com as características específicas de cada universidade (história, cultura, valores internos e identidade organizacional). Um dos mecanismos criados pelas universidades diz respeito a utilização de prêmios para incentivar atitudes e ações empreendedoras por parte dos acadêmicos em diversas instâncias do processo condutivo à comercialização. Dessa forma, o objetivo do trabalho é fazer um levantamento e análise dos prêmios em uso por parte de universidades brasileiras, com vistas a incentivar a comercialização de suas invenções. Assim, os resultados encontrados podem contribuir para orientar o avanço da promoção da inovação tecnológica através de prêmios. Palavras-chaves: Lei da Inovação, Universidades, Prêmios
2 1. Introdução Estudos sobre a contribuição da pesquisa acadêmica para a economia e a sociedade têm revelado a existência de múltiplos caminhos pelos quais o conhecimento gerado é transferido, sejam através de atividades de comercialização do conhecimento acadêmico, sejam através de atividades de engajamento acadêmico, que dizem respeito às formas de colaboração relacionadas ao conhecimento entre pesquisadores acadêmicos com organizações não acadêmicas. Não obstante a crescente importância assumida pelas atividades de engajamento acadêmico (que inclui atividades formais tais como pesquisa colaborativa, pesquisa contratada e consultoria, assim como atividades informais tal como a de assessoria ad-hoc), a comercialização do conhecimento acadêmico permanece ainda de grande relevância no contexto da contribuição da academia para a economia e a sociedade. A comercialização (comumente referida como transferência de tecnologia) pode ocorrer via empreendedorismo acadêmico isto é, pela criação de uma empresa com o objetivo de explorar comercialmente uma invenção patenteada. Pode também ocorrer que uma invenção protegida por uma propriedade intelectual (comumente uma patente) seja licenciada contra um pagamento de royalties contratado. Qualquer que seja o processo, na base de tudo está o patenteamento (PERKMANN et al, 2013). A preocupação com a proteção dos resultados da pesquisa por parte dos acadêmicos bem como por parte de suas universidades começa a se dar de uma maneira mais consistente no Brasil a partir de meados dos anos 90. Até então, o volume de patentes depositadas anualmente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) por Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT), onde atuavam 80% dos pesquisadores nacionais, era inferior a 0,5%, refletindo, de um lado, a pouca preocupação da academia com a proteção patentária e, de outro, o distanciamento do setor de P&D do movimento global em direção a uma maior integração dos atores responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico (RITTER DOS SANTOS & MELLO, 2009). 2
3 Desde então, com a entrada em vigor de novas legislações regulamentando a propriedade intelectual (PI) e com a colocação em prática de programas governamentais estimulando as parcerias universidade-empresa, um número cada vez maior de ICT passou a integrar o sistema de PI, o que foi potencializado com a entrada em vigor da Lei da Inovação, em Pela Lei da Inovação, houve o reconhecimento da participação das ICT no processo de inovação, com a institucionalização de núcleos especializados (Núcleos de Inovação Tecnológica - NIT) nas ICT, que seriam os responsáveis pelo incentivo à proteção e à inovação tecnológica no âmbito das universidades, assim como pelo gerenciamento das invenções comercializáveis geradas pelos pesquisadores. Diversas universidades tem recentemente tomado passos formais para investir na criação de internas estruturas organizacionais e mecanismos de apoio, em conformidade com os seus NIT, com a intenção de acelerar o processo e encorajar a comercialização. Tais mecanismos estão evoluindo em linha com contingências institucionais e especificidades do contexto local e de acordo com as características específicas de cada universidade (história, cultura, valores internos, identidade organizacional) (GRIMALDI et al, 2011). Um desses mecanismos criados pelas universidades diz respeito a utilização de prêmios com vistas a incentivar atitudes e ações empreendedoras por parte dos acadêmicos em diversas instâncias do processo condutivo à comercialização. Se por um lado entidades governamentais e empresariais já tem uma longa tradição na utilização de prêmios de incentivo à inovação tecnológica (FINEP, CNI, etc.) a utilização de prêmios de incentivo a comercialização no âmbito das universidades brasileiras é ainda recente e bastante incipiente. Este é precisamente o objetivo do nosso trabalho, o de levantar e analisar prêmios em uso por parte de universidades brasileiras com vistas a incentivar a comercialização de suas invenções. Iniciamos com uma breve apresentação da questão da proteção dos resultados da pesquisa e da sua comercialização nas universidades brasileiras, seguido de breve estudo conceitual sobre prêmios condutivos à comercialização, concluindo com a apresentação e 3
4 discussão dos prêmios com tal finalidade, por nós identificados, em uso em universidades brasileiras. 2. A comercialização da pesquisa As atividades de patenteamento e licenciamento não ocorrem isoladamente dentro da universidade moderna, estando associadas a inúmeros outros fenômenos atuais e interrelacionados que, em conjunto, formam um contexto institucional muito mais complexo em comparação aquele da universidade tradicional (OLIVEIRA & VELHO, 2009). O que é periférica e que é essencial para a inovação, foi transformado em últimas décadas. A criação, disseminação e utilização do conhecimento estão cada vez mais diretamente envolvidos tanto na produção industrial como na governança. Este desenvolvimento tem reforçado a importância das universidades e demais instituições produtoras de conhecimento face as outras esferas institucionais (ETZKOWITZ & MELLO, 2004). A universidade passa a atuar como uma fonte de novos conhecimentos e tecnologias, que vem a ser o princípio gerador de economias baseadas no conhecimento. Passa a desempenhar papéis que originalmente eram entendidos como de responsabilidade exclusiva de outras instituições, tais como empresas e governos. Desse modo, tem sido cada vez mais comum encontrar universidades que mantenham relações de efetiva cooperação com o setor produtivo, que desempenhem papel de destaque no desenvolvimento econômico local ou regional, que tenham implementado iniciativas concretas para proteger e comercializar os resultados de suas pesquisas e que tenham contribuído para a formação de empresas nascentes de base tecnológica (spin-offs), dentre outras (CESARONI & PICCALUGA, 2005). A participação da universidade brasileira como usuária do sistema de propriedade 4
5 intelectual é bem recente, em especial quando comparada à participação das universidades estrangeiras nos seus países de origem. O primeiro documento de patente depositado por uma universidade brasileira foi feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no ano de 1979 (PÓVOA, 2008). Até 1999, apenas quatro universidades brasileiras realizavam atividade de patenteamento de forma sistemática - UNICAMP, USP, UFMG e UFRJ (RITTER DOS SANTOS & MELLO, 2009). Em 2000, foi desenvolvido um conjunto de ações para a disseminação da cultura da propriedade intelectual em todo o Brasil. Essas ações foram relacionadas a um projeto realizado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que teve como objetivo aumentar a participação das universidades no sistema de propriedade industrial brasileira. Como resultado dessas ações, um maior número de universidades juntaram-se o sistema: de 2000 a 2004, sendo que neste período foram depositadas 784 documentos de patente, feitos por 47 universidades. Só em 2005, 323 depósitos de patentes foram feitos por universidades, mostrando um crescimento significativo no número de instituições participantes do sistema de propriedade intelectual (RITTER DOS SANTOS & MELLO, 2009). Foi a partir de 2005 que as atividades de patenteamento, principalmente, e de licenciamento tomaram um grande impulso, em boa parte como decorrência da promulgação da Lei da Inovação. A Lei da Inovação (Lei de 2 de Dezembro de 2004) foi o marco regulatório da interação da universidade com o setor privado, através do estímulo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento industrial do país. Graças à Lei de Inovação as universidades obtiveram respaldo legal para compartilhar seus laboratórios, equipamentos e instalações com empresas nacionais e organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa. A mencionada lei assegura aos pesquisadores universitários a participação nos ganhos econômicos resultantes de contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento e, permite, inclusive, em situações específicas, licença sem remuneração para constituir empresa para desenvolver atividade relativa à inovação. A proteção da propriedade intelectual das ICT é estimulada pela Lei de Inovação 5
6 como forma de incrementar a produção tecnológica nestas instituições, bem como permitir um maior controle e retorno dos ativos intangíveis que podem ser negociados com empresas interessadas. Pela Lei da Inovação as universidades e demais instituições científicas e tecnológicas devem estabelecer núcleos especializados para a gestão da propriedade intelectual, os chamados NIT Núcleos de Inovação Tecnológica. A proteção da propriedade intelectual é estimulada pela Lei de Inovação como forma de incrementar a produção tecnológica nestas instituições, bem como permitir um maior controle e retorno dos ativos intangíveis que podem ser negociados com empresas interessadas. Os NIT são responsáveis pelo incentivo à proteção e à inovação tecnológica no âmbito das universidades e, geralmente, tem como missão fomentar, apoiar, promover e acompanhar as ações que tenham por finalidade a inovação tecnológica nos diversos campos da ciência e tecnologia. Buscam também promover maior interação com os pesquisadores, para aumentar as chances de que as descobertas e pesquisas das universidades sejam convertidas em produtos e serviços úteis para beneficiar a sociedade. Os NIT também gerenciam as invenções comercializáveis geradas pelos pesquisadores, realizam consultas periódicas sobre as recentes descobertas acadêmicas com potencial para a comercialização, cuidam do processo de patenteamento e de procura de parceiros interessados em licenciar a tecnologia. Estes núcleos têm também, entre outras atribuições, a missão de auxiliar seus pesquisadores na busca de anterioridades, no depósito de seus pedidos de patente e no acompanhamento administrativo e gerencial dos processos de transferência de titularidade. Como bem observou Póvoa (2008), a criação destes NIT, responsáveis pelas políticas institucionais de propriedade intelectual, e a atuação do governo federal que contribuiu para divulgar e despertar o interesse pelo tema da propriedade intelectual entre os pesquisadores, a partir da definição das regras gerais da participação nos resultados econômicos de suas pesquisas. No ano de 2006 havia 43 NIT em operação nas universidades e demais instituições 6
7 científicas e tecnológicas, número este que passou para 176 em Em boa medida impulsionado pela atuação destes NIT, o número de patentes depositadas passou de 767, no ano de 2007, para 1463 no ano de 2011 (MCTI, 2012). Se de um lado houve este constatado aumento no número de depósitos de patente nas universidades brasileiras o mesmo não se deu, nesta mesma escala, com relação ao número de licenciamentos. Embora não tenhamos a nossa disposição dados para uma análise do licenciamento no conjunto das universidades brasileiras, alguns estudos localizados tem revelado esta baixa proporção de patentes licenciadas, tendo como referencia que, internacionalmente, a proporção média entre a quantidade de patentes licenciadas sobre o total de patentes depositadas fica na faixa de 10-15% (RITTER DOS SANTOS & TORKOMIAN, 2013). Analisando as universidades paulistas, a universidade com o melhor desempenho neste quesito foi a UFSCAR, sendo que dos 45 documentos depositados entre 2000 a 2007, 6 (13%) haviam sido licenciados até o final de 2007, seguida pela UNICAMP, com 26 licenciamentos (6%) dos seus 394 depósitos no mesmo período (OLIVEIRA & VELHO, 2009). Num estudo feito com universidades e instituições cientificas e tecnológicas afiliadas ao FORTEC, para o período de , foi encontrado que das 57 universidades analisadas, 47 delas não tiveram nenhuma patente licenciada, 2 universidades tiveram esta proporção na faixa de 1-5%; somente 3 universidades ficaram na média internacional, ou seja, na faixa de 10,1 15% e apenas uma universidade alcançou um percentual maior que 15% (RITTER DOS SANTOS & TORKOMIAN, 2013). As análise acima apresentadas nos permitem um melhor entendimento sobre as atividades de patenteamento nas universidades brasileiras e de como estas patentes tem sido comercializadas via licenciamento das patentes. No que se segue iremos analisar como as universidades vem buscando, através da instituição de prêmios, um melhor desempenho não só em patentes como no licenciamento destas. Chamamos à atenção que não nos foi possível fazer uma análise da comercialização da pesquisa via criação de empresas com base em patentes universitárias por falta de dados pertinentes. 7
8 3. Prêmios de estimulo à comercialização da pesquisa Prêmios para estimular invenções de modo a solucionar problemas complexos não são novos. Ainda em 1714, em resposta a vários naufrágios que resultaram de imprecisa medições de longitude, o Parlamento britânico estabeleceu um prêmio de em dinheiro para quem desenvolvesse um instrumento capaz de determinar com precisão a longitude de um navio, prêmio ganho pelo relojoeiro inglês John Harrison que inventou o cronômetro marítimo (KALIL, 2006). Em 1795, um prêmio foi oferecido pelo governo francês por um método de preservação de alimentos que poderiam ser utilizados por forças militares de Napoleão, dando origem aos alimentos enlatados. No início do século XX, muitos avanços na aviação, como maior velocidade, maior alcance, e novas tecnologias foram impulsionados por prêmios patrocinados por sociedades aeronáuticas, jornais e empresas de correio (KALIL, 2006). Os prêmios acima citados são prêmios de indução, assim chamados por serem prêmios que tem como propósito de incentivar esforços entre competidores para a realização de um objetivo particular. Eles são diferentes dos prêmios de reconhecimento, como o Prêmio Nobel, em que pessoas são recompensadas por realizações passadas. Inúmeros são os prêmios de inovação em uso no Brasil, no estilo de prêmios de reconhecimento, com destaque para o Prêmio Nacional de Inovação, de iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e do Prêmio FINEP de Inovação. Assim motivados, nos debruçamos sobre o nosso presente objeto de estudo: como se estruturam os prêmios de estimulo a comercialização dos resultados da pesquisa nas universidades brasileiras? Estamos aqui falando conceitualmente de prêmios de reconhecimento ou de indução estimulando ações com vistas a potencializar o processo condutivo à comercialização, num processo descrito como Invenções tecnológicas resultantes de pesquisas acadêmicas seriam então protegidas por métodos formais de propriedade intelectual (basicamente via patentes) e seriam posteriormente comercializadas através de atividades de licenciamento ou de formação de spin-offs. Na perspectiva de um estudo exploratório, fizemos um primeiro levantamento com base nas informações constantes nos sites dos NIT das principais universidades brasileiras e 8
9 identificamos a existência dos seguintes prêmios ofertados pela UNICAMP, UFPE e UFF, apresentados na tabela 1 abaixo: Tabela 1 Prêmios de estímulo a comercialização ofertados por selecionadas universidades brasileiras Universidade Prêmio Tipo do Prêmio Desafio UNICAMP de Inovação Tecnológica Indução UNICAMP Prêmio Inova UNICAMP de Indução Iniciação à Inovação Prêmio Inventores UNICAMP Reconhecimento UFF Menção Honrosa aos Inventores da UFF Reconhecimento UFPE Edital de Apoio à Inovação Indução Fonte: dados obtidos nos sites dos respectivos NIT; Elaboração dos autores Para uma melhor caracterização destes prêmios, procuramos dividí-los em primeiro lugar por prêmios de indução e prêmios de reconhecimento e, para cada categoria, como os mesmos se apresentam em torno das seguintes variáveis: O que se quer induzir (caso prêmio de indução); Elegíveis; Tipo de premiação; Critérios de avaliação e Comissão julgadora. 9
10 Universidades UNICAMP UFPE Prêmio Desafio UNICAMP de Inovação Tecnológica Prêmio Inova UNICAMP de Iniciação à Inovação Edital de Apoio à Inovação Tabela 2 Prêmios de Indução Prêmios de Indução O que se quer induzir Elegíveis Modelos de negócios que Interessados em busquem estimular empreendedorismo a criação de negócios de base tecnológico, tecnológica a partir especialmente a de tecnologias comunidade protegidas da acadêmica UNICAMP alunos da patentes e graduação ou programas de pós-graduação. computador. Projetos de pesquisa que atraiam empresas para continuar seu desenvolvimento tecnológico e posteriormente disponibilizar a tecnologia para a sociedade. Projetos de pesquisa que gerem um ato inventivo patenteável. Alunos de Iniciação Científica da Unicamp e seus orientadores. Pesquisadores da UFPE. Tipo de Premiação Bolsas no exterior, certificados e bonificação em dinheiro. kit da Agência de Inovação, certificados e bonificação em dinheiro. Bonificação em dinheiro. Critérios de avaliação Na etapa final são considerados o conteúdo e a apresentação. Relevância do problema; criatividade; e estágio de desenvolvimento da tecnologia. O potencial da proposta para gerar um ato inventivo patenteável, utilização industrial, a adequação dos recursos solicitados e a viabilidade do cronograma de trabalho. Fonte: dados obtidos nos sites dos respectivos NIT; Elaboração dos autores Comissão julgadora Organizadores do prêmio e banca avaliadora. Agência de Inovação Inova UNICAMP. A comissão de avaliação é constituída por pesquisadores, representativos das diversas áreas, designados pelo Diretor de Inovação e Empreendedorismo. 10
11 Tabela 3 Prêmios de reconhecimento Prêmios de reconhecimento Tipo de Áreas do Universidades Prêmio Elegíveis Premiação conhecimento/categorias UNICAMP UFF Prêmio Inventores UNICAMP Menção honrosa aos inventores da UFF Docentes e pesquisadores da UNICAMP com tecnologias transferidas para a sociedade por meio de licenciamentos para empresas e outras instituições. Inventores da UFF. Troféus e certificados. Troféus e certificados. Tecnologia Licenciada, Tecnologia Absorvida pelo Mercado e Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual. Qualquer área. Fonte: dados obtidos nos sites dos respectivos NIT; Elaboração dos autores Comissão julgadora Seleção realizada pela Agência de Inovação Inova UNICAMP. Seleção realizada pela AGIR (Agência de Inovação da UFF). Os prêmios de indução (tabela 2) buscam estimular que um objetivo seja atingido e o prêmio é dado para aquele que melhor atingiu o objetivo desejado. Caso se queira incentivar a proposição de projetos de pesquisa que tenham um alto potencial de inovação, o prêmio será dado a quem apresentar o melhor projeto de pesquisa com tais características, segundo o julgamento de especialistas no assunto, em função de critérios de avaliação previamente estabelecidos (via um Edital). Para o caso de projetos de pesquisa os prêmios são dados a priori da execução destes projetos, a partir de propostas encaminhadas, e os prêmios são dissociados do custo do projeto a ser desenvolvido. No Desafio UNICAMP de Inovação Tecnológica os alunos ou empresas que se interessarem em explorar comercialmente a tecnologia estudada devem firmar um contrato de licenciamento com a universidade. 11
12 Os prêmios de reconhecimento (tabela 3) partem do princípio que será um prêmio a ser dado a todos que atingiram um determinado objetivo desejado. Os NIT desejam contribuir para que os pesquisadores se sensibilizem para a necessidade de proteção ao conhecimento, a patentear tecnologias desenvolvidas. Um possível prêmio seria então para todos aqueles pesquisadores que tenham patentes depositadas. Não há julgamento de fato, mas sim um levantamento dos pesquisadores que tiveram patentes depositadas. No Prêmio Inventores UNICAMP são contemplados todos os pesquisadores da UNICAMP envolvidos em atividades de proteção e transferência de tecnologia. A cerimônia é realizada pela Reitoria da Unicamp e pela Agência de Inovação Inova UNICAMP. A Menção honrosa aos inventores da UFF também contempla todos os inventores e é realizada pela AGIR (Agência de Inovação da UFF). Assim, não há a priori avaliação das patentes sob critérios, a não ser o de ter ou não ter uma patente depositada e os pesquisadores recebem um prêmio em homenagem, sendo, na maioria das vezes, dado em forma de certificados e troféus. Até o momento analisamos os prêmios de estímulo à comercialização através das suas características decorrentes do tipo de prêmio, se de indução ou de reconhecimento. Uma outra possibilidade de análise que iremos apresentar no que se segue diz respeito a inserção destes prêmios no processo condutivo à comercialização. A partir da nossa conceptualização da comercialização da pesquisa, podemos esquematizar o processo condutivo à comercialização da seguinte forma: Invenções resultantes de pesquisas acadêmicas seriam então protegidas por métodos formais de propriedade intelectual (basicamente via patentes) e seriam posteriormente comercializadas através de atividades de licenciamento ou de formação de spin-offs (ABREU & GRINEVICH, 2013). De uma forma esquemática podemos representar a inserção destes prêmios no processo condutivo à comercialização da seguinte maneira: 12
13 Figura 1 Prêmios de estimulo à comercialização Prêmio Desafio UNICAMP Prêmio Inventores UNICAMP Fase Pesquisa e Proteção Fase Comercialização Licenciamento Pesquisa Patente Spin-offs Prêmio Inova UNICAMP Prêmio Menção Honrosa UFF Prêmio Apoio Inovação UFPE Fonte: dados obtidos nos sites dos respectivos NIT; Elaboração dos autores 13
14 Tomando como base a figura 1, que ilustra como os prêmios podem estimular as diferentes etapas que norteiam o processo de comercialização, buscou-se observar onde atuam alguns dos principais prêmios presentes nas universidades brasileiras. Os prêmios de indução estão presentes em maior número nas universidades e atuam para estimular projetos de pesquisa, patentes e licenciamentos, como pode ser visto abaixo: Pesquisa: Prêmio Inova UNICAMP de Iniciação à Inovação, o qual busca incentivar os projetos de pesquisa e, assim, atrair empresas para continuar seu desenvolvimento tecnológico e posteriormente disponibilizar a tecnologia para a sociedade. Patente: Edital de apoio à Inovação que estimula os pesquisadores da UFPE com resultados avançados a redirecionem seus esforços em realizar pedidos de patente na Diretoria de Inovação e Empreendedorismo (DINE); permitindo que as pesquisas da UFPE, com potencial para patenteamento, possam contar com recursos mínimos para sua efetiva conclusão e; contribuam para o aumento do número de patentes depositadas na UFPE. Licenciamento: Desafio UNICAMP de Inovação Tecnológica premia modelos de negócios que busquem estimular a criação de negócios de base tecnológica, a partir de tecnologias protegidas da UNICAMP patentes e programas de computador. Os prêmios de reconhecimento, apesar de existirem em menor número quando comparados aos prêmios de incentivo, também podem ser observados nas etapas de patenteamento e de licenciamento. Patente: Menção honrosa aos inventores da UFF, realizada pela AGIR (Agência de Inovação da UFF). Licenciamento: 14
15 Prêmio inventores UNICAMP, o qual busca reconhecer docentes e pesquisadores da UNICAMP com tecnologias transferidas para a sociedade por meio de licenciamentos para empresas e outras instituições. 15
16 4. Conclusões A Lei da Inovação foi o marco regulatório da interação da universidade com o setor privado no Brasil. A partir dessa regulamentação, as ICT deveriam possuir um NIT cuidando do patenteamento e licenciamento dos resultados das pesquisas acadêmicas. Dessa forma, buscaram-se novas formas de transformar o conhecimento gerado nas ICT em inovações. O conhecimento gerado nas universidades pode ser transferido através da comercialização do conhecimento acadêmico e das atividades de engajamento acadêmico, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. Diversas universidades tem recentemente tomado passos formais, em conformidade com os seus NIT, para acelerar o processo e encorajar a comercialização. Tais mecanismos estão evoluindo de acordo com as características específicas de cada universidade. Um dos mecanismos criados pelas universidades para estimular o processo de inovação, diz respeito a utilização de prêmios para incentivar atitudes e ações empreendedoras por parte dos acadêmicos em diversas instâncias do processo condutivo à comercialização. Nas universidades foram observados dois tipos de prêmios voltados à inovação: os prêmios de indução e os de reconhecimento. O prêmio de indução é dado a todos aqueles que apresentaram uma proposta de como atingir algo (o objetivo do prêmio). Por outro lado, o prêmio de reconhecimento é dado para aqueles que já alcançaram o objetivo do prêmio, então a premiação se dá em torno de algo já previamente acontecido quando do lançamento do prêmio. Os prêmios podem ser utilizados como forma de motivar os projetos de pesquisa, patentes e, posteriormente, o desenvolvimento de inovações através de atividades de licenciamento ou formação de spin-offs. Os prêmios de indução estão presentes em maior número nas universidades, quando comparados aos prêmios de reconhecimento e atuam para estimular projetos de pesquisa, patentes e licenciamentos. Já os prêmios de reconhecimento são mais observados nas etapas de patenteamento e licenciamento. Assim, os resultados encontrados podem contribuir para orientar o avanço da promoção da inovação tecnológica através de prêmios. 16
17 Referências ABREU, M.; GRINEVICH, V. The nature of academic entrepreneurship in the UK: widening the focus on entrepreneurial activities. Research Policy 42, p , CESARONI, F.; PICCALUGA, A. Universities and intellectual property rights in Southern European countries. Technology Analysis & Strategic Management, v. 17, nº 4, p , ETZKOWITZ, H.; MELLO, J.M.C. The rise of a triple helix culture. Innovation in Brazilian economic and social development. International Journal of Technology Management and Sustainable Development, v. 2, nº 3, p , GRIMALDI, R.; KENNEY, M.; SIEGEL, D.; WRIGHT, M. 30 years after Bayh-Dole: Reassessing academic entrepreneurship. Research Policy 40, p , KALIL, Thomas. The Hamilton Project: Prizes for Technological Innovation. Washington: The Brookings Institution, MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (MCTI). Disponível em: < Acesso em Março, OLIVEIRA, R. M.; VELHO, L. Patentes acadêmicas no Brasil: uma análise sobre as universidades publicas paulistas e seus inventores. Parcerias Estratégicas v.14, nº 29 p , PERKMANN, M.; T ARTARI, V.; MCKELVEY, M.; AUTIO, E.; BROSTROM, A.; D ESTE, P.; FINI, R.; GEUNA, A.; GRIMADI, R.; HUGHES, A.; KRABEL, S.; KITSON, M.; LLERENA, P.; LISSONI, F.; SALTER, A.; SOBRERO, M. Academic engagement and commercialization: A review of the literature on university-industry relations. Research Policy 42, p , PÓVOA, L. M. C. Patentes de universidades e institutos públicos de pesquisa e a transferência de tecnologia para empresas no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, Disponível em: < cedeplar.ufmg.br/economia/teses/2008/luciano_povoa.pdf>. RITTER DOS SANTOS, M. E.; MELLO, J.M.C. IPR Policy and Management of University Technology Transfer Offices in Brazil. In: 7th Biennial International Conference on University, Industry and Government Linkages. Glasgow, Scotland, CD-ROM. RITTER DOS SANTOS, M. E.; TORKOMIAN, A. L. Technology Transfer and Innovation: The role of Brazilian TTOs. International Journal of Technology Management and Sustainable Development (in press),
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