Economia. A intervenção do Estado na economia
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- Sérgio Gil Vilanova
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1 * Economia A intervenção do Estado na economia
2 Estado Estrutura organizada, reconhecida por todos os membros da sociedade, dotada de força coerciva e capaz de garantir a vida em sociedade. Elementos do Estado POVO TERRITÓRIO SOBERANIA
3 Constituição da República Portuguesa Artigo 5.º (Território) 1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira. 2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos. 3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da retificação de fronteiras.
4 Estado Com vista a cumprir o seu principal objetivo, isto é, a satisfação das necessidades coletivas, o Estado desenvolve um conjunto de atividades que se designam por funções. Funções do Estado Legislativa Elaboração das leis Executiva Fazer cumprir as leis Judicial Intervir na resolução de conflitos
5 Órgãos de Soberania (Artigo 110.º da CRP) Permitem a concretização das funções do Estado. Presidente da República Assembleia da República Governo Tribunais Constituição da República Portuguesa
6 Áreas/esferas de intervenção do Estado Política Social Económica
7 SETOR PÚBLICO ADMINISTRATIVO ADMINISTRAÇÃO CENTRAL ADMIN. DIRETA ADMIN. INDIRETA ADMINISTRAÇÃO LOCAL MUNICÍPIOS FREGUESIAS ADMINISTRAÇÃO REGIONAL ADMIN. ADMIN. DIRETA INDIRETA REGIONAL REGIONAL ADMINISTRAÇÃO REGIONAL ADMIN. ADMIN. DIRETA INDIRETA REGIONAL REGIONAL SETOR PÚBLICO EMPRESARIAL SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO SETOR EMPRESARIAL LOCAL SETOR EMPRESARIAL REGIONAL PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS PARCERIAS/PARCEIROS COM ESTADO PARCERIAS/PARCEIROS COM MUNICÍPIOS PARCERIAS/PARCEIROS COM GOVERNOS REGIONAIS OTOC, Anuário do SEE 2011
8 A intervenção do Estado na atividade económica A intervenção do Estado na economia tem como objetivo promover a Eficiência Promover uma afetação eficiente dos recursos (Função afetação) Equidade Intervir na distribuição primária dos rendimentos (Função redistribuição) Estabilidade Promover o crescimento da economia (Função estabilização)
9 Eficiência (função afetação) O mercado, através do sistema de preços, apresenta-se como um elemento que permite aos agentes económicos efetuarem escolhas que conduzam a uma afetação eficiente dos recursos. No entanto, esta situação nem sempre ocorre, verificando-se ineficiências que se designam por falhas (fracassos) de mercado. Uma das razões que fundamentam a intervenção do Estado na economia é a de melhorar a eficiência na afetação eficiente dos recursos. A intervenção do Estado na economia tem como objetivo reduzir ou eliminar falhas de mercado.
10 Eficiência (função afetação) Falha de mercado Refere-se à incapacidade de alguns mercados em utilizar eficientemente os recursos. Imperfeições na concorrência Externalidades Bens públicos
11 Falhas de mercado Imperfeições na concorrência Existência de mercados de concorrência imperfeita É o caso dos mercados de monopólio. A existência de uma só empresa a operar no mercado do lado da oferta permite que o preço praticado seja mais elevado e a quantidade transacionada mais baixa do que a que seria obtida num mercado de concorrência perfeita. A CP constitui exemplo de um monopólio natural na área do transporte ferroviário em Portugal.
12 Falhas de mercado Externalidades Entende-se por externalidade o efeito que a ação, de consumo ou de produção, de um agente económico provoca sobre o bem-estar de outros, não estando esse efeito refletido no sistema de preços. Externalidade Positiva Ex.: investigação científica Externalidade Negativa Ex.: poluição
13 Falhas de mercado Externalidades Positivas Face a uma externalidade positiva, o Estado poderá incentivar a produção ou o consumo do bem, através da atribuição de subsídios ou de incentivos de ordem fiscal, o que faz baixar o seu preço e aumentar a oferta do bem. O Estado internalizou a externalidade positiva através do subsídio atribuído. Externalidades Negativas Face a uma externalidade negativa, o Estado poderá intervir desincentivando a produção ou o consumo do bem, aplicando impostos sobre o bem, o que se reflete no seu preço e provocará uma diminuição da procura desse bem. Neste caso, no preço do bem está refletido o efeito externo da sua produção ou do seu consumo.
14 Falhas de mercado Bens públicos São aqueles de que podem usufruir várias pessoas sem que se possa impedir alguém de os utilizar. não rivalidade: o uso que alguém faz do bem não diminui a quantidade disponível para outros utilizarem. não excluibilidade: não se pode impedir o acesso de qualquer pessoa a esse bem. Devido as estas caraterísticas, não existe oferta privada de bens públicos.
15 Equidade (função redistribuição) A repartição do pelo mercado, a repartição primária, gera desigualdades económicas e sociais. Orientado por princípios de justiça social, o Estado intervém na economia no sentido de corrigir as situações geradas pela repartição primária do rendimento e promover a equidade, efetuando uma redistribuição do rendimento, a repartição secundária. Aplicação de impostos de taxas progressivas Por exemplo: o IRS. Despesas com prestações sociais Por exemplo: subsídio de desemprego, de velhice ou de invalidez.
16 Estabilidade (função estabilização) A ocorrência, nas economias de mercado, de situações de instabilidade constitui um fundamento para a intervenção do Estado na economia, com vista a regular ou a minimizar os efeitos destas situações. O Estado pode, assim, intervir como estabilizador macroeconómico, implementando medidas de combate ao desemprego, de criação de emprego, de combate à inflação ou de equilíbrio das contas externas.
17 Instrumentos de intervenção económica e social do Estado Planeamento De forma a promover a eficiência, a equidade e a estabilidade, o Estado utiliza diversos instrumentos: Políticas económicas e sociais
18 Instrumentos de intervenção económica e social do Estado Planeamento Através do planeamento, o Estado fixa um conjunto de objetivos económicos e sociais que pretende alcançar em diferentes períodos de tempo, a longo, a médio e a curto prazos. O Estado elabora um conjunto de planos que abarca os diferentes períodos de tempo e que se articulam entre si, já que a realização de alguns empreendimentos se pode estender por períodos de tempo diferentes. Planeamento O planeamento, nas economias mistas, pode assumir as formas de planeamento indicativo; planeamento imperativo.
19 Instrumentos de intervenção económica e social do Estado Políticas económicas e sociais Constituem instrumentos de ação utilizados pelo Estado com vista a atingir os resultados considerados desejáveis nos domínios social e económico. Exemplos de Políticas económicas e sociais Fiscal Orçamental Monetária De preços De combate ao desemprego
20 O Orçamento do Estado (OE) O Orçamento do Estado é um documento escrito, apresentado sob a forma de lei, proposto pelo Governo à Assembleia da República e no qual se preveem as receitas a cobrar e as despesas a efetuar para o horizonte temporal de um ano. A elaboração do OE é da responsabilidade do governo. O OE é apresentado até 15 de outubro de cada ano à Assembleia da República, que procede à sua análise e aprovação (ou rejeição).
21 O Orçamento do Estado (OE) O Orçamento do Estado constitui um importante instrumento de intervenção económica e social do Estado, pois através da análise da origem das receitas e da sua aplicação é possível conhecer as prioridades estabelecidas pelo governo. É através do OE que o Estado concretiza o objetivo que orienta a sua intervenção na economia: promover a eficiência, a equidade e a estabilidade.
22 O Orçamento do Estado (OE) Constitui um instrumento de política económica do governo que afeta o rendimento das famílias, os lucros das empresas, o investimento público e privado. Permite às famílias e às empresas formarem as suas expetativas. Constitui uma autorização política pela Assembleia da República para o planeamento do Governo para um determinado ano. Clarifica as prioridades políticas do Governo e permite o controlo democrático da governação. Limita os poderes financeiros do Estado ao que for inscrito no Orçamento, no que respeita às despesas, receitas e endividamento. Enquadra legalmente a governação, garantindo uma medida de estabilidade e previsibilidade.
23 Receita por fonte Orçamento do Estado 2014 As principais fontes de receita pública do Orçamento do Estado são a receita fiscal, as contribuições para a segurança social, pagas pelas entidades empregadores e pelos trabalhadores, e, de forma mais residual, as receitas da União Europeia. No topo do valor das receitas estão os impostos indiretos o IVA, o imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos, sobre o tabaco, bebidas alcoólicas e outros. Seguem-se as contribuições sociais que são realizadas quer pelas entidades patronais, quer pelos trabalhadores. Depois os impostos diretos sobre as famílias (IRS) e as empresas (IRC). Receita por fonte Fonte: Min. Das Finanças Para além das receitas fiscais, as receitas não fiscais são vendas de bens e serviços públicos, taxas, multas, etc. (outras receitas correntes) bem como receitas da EU. DGO, Orçamento Cidadão, in
24 O Orçamento do Estado (OE) Despesas públicas Critérios de classificação das despesas públicas funcional orgânico económico por programas Classificação económica das despesas públicas despesas correntes: correspondem aos encargos permanentes do Estado no desempenho das suas funções num determinado ano; despesas de capital: correspondem aos encargos assumidos pelo Estado num determinado ano, mas cujos efeitos se prevê que possam prolongar-se em anos seguintes.
25 Saldos Orçamentais Saldo orçamental Receitas>Despesas Superavite orçamental = Receitas Despesas Receitas>Despesas Défice orçamental Receitas=Despesas Saldo orçamental nulo ou de equilíbrio
26 Dívida pública Quando num país se verifica a existência de défices orçamentais ao longo de um dado período de tempo, as autoridades terão De recorrer a um financiamento, por exemplo, à contração de empréstimos, o que dará origem à dívida pública. Para se financiar, o Estado, em condições normais, recorre apenas ao mercado, por exemplo, através da emissão de Obrigações do Tesouro ou Bilhetes do Tesouro, e de títulos de dívida destinados às famílias, como os Certificados de Aforro ou os Certificados do Tesouro. Contudo, Portugal vive sob o Programa de Assistência Económica e Financeira da Troika, através do qual obtém financiamento. O montante remanescente do empréstimo da Troika cobre 15% das necessidades brutas de financiamento. As restantes necessidades de financiamento terão de ser obtidas nos mercados financeiros. DGO, Orçamento Cidadão, in (adaptado)
27 Significado do Saldo Orçamental Através das receitas cobradas e das despesas efetuadas, o Estado influencia o comportamento dos agentes económicos. Receitas Através dos impostos diretos, o Estado incide diretamente sobre a repartição dos rendimentos, influenciando a sua capacidade de consumo, de poupança e de investimento. Através dos impostos indiretos, ao recaírem sobre os bens e os serviços transacionados no mercado, o Estado pode estimular ou retrair o consumo, a produção e a oferta. Despesas O aumento das despesas públicas pode estimular o crescimento da economia e gerar mais emprego e mais rendimento. O aumento das despesas públicas pode contribuir para o aumento da atividade produtiva das empresas. O aumento das transferências sociais pode aumentar o rendimento das famílias, o que se fará sentir no consumo privado.
28 Políticas económicas e sociais Ao definir políticas económicas e sociais, o Estado pretende Promover uma melhor afetação dos recursos disponíveis, de forma a melhorar o nível e a qualidade de vida de todos os cidadãos. Regular a atividade económica, de forma a evitar ou a minimizar os efeitos da ocorrência de desequilíbrios, como o caso do desemprego ou da inflação. Intervir na repartição dos rendimentos, de forma a reduzir as desigualdades económicas e sociais e garantir a justiça e a equidade sociais.
29 Políticas económicas e sociais Políticas conjunturais Trata-se de políticas de curto prazo, isto é, esperam-se resultados dentro de um a dois anos. Estas políticas destinam-se a corrigir desequilíbrios que se vão gerando na economia, como o desemprego, a inflação ou o desequilíbrio das contas externas. Políticas estruturais Trata-se de políticas estruturais quando se esperam resultados num período de médio prazo (entre três e seis anos) ou longo prazo (seis ou mais anos). Trata-se de políticas em que se pretendem alterar as condições de funcionamento da economia, de forma a corrigir falhas de mercado e promover o crescimento económico.
30 Exemplos de políticas económicas e sociais Política monetária Política orçamental Política fiscal Política de preços Política de educação Política de saúde Política de redistribuição dos rendimentos
31 Política monetária Principal Objetivo garantir a estabilidade dos preços, como forma de assegurar o crescimento económico e o emprego. Principais instrumentos O enquadramento do crédito; As operações de mercado aberto; As reservas obrigatórias. É de salientar que, com a adesão de Portugal à UEM, a política monetária (bem como a cambial), de caráter exclusivamente nacional, deixou de existir, vigorando a política monetária única, definida pelas autoridades monetárias da zona euro.
32 Política orçamental A Política Orçamental consiste na utilização do Orçamento do Estado para atingir fundamentalmente os seguintes objetivos A satisfação das necessidades da coletividade; A redistribuição do rendimento; A estabilização da economia.
33 Política de Redistribuição dos Rendimentos Principal Objetivo Promover a equidade na distribuição do rendimento, de forma a reduzir as desigualdades geradas pela repartição primária do rendimento. Principais instrumentos Carga fiscal Fixação do salário mínimo Fixação de preços Sistemas de Segurança Social
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