O Desempenho Industrial: Sem Forças Para Crescer
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- Ana do Carmo Paixão Wagner
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1 O Desempenho Industrial: Sem Forças Para Crescer Maio de 2002
2 O Desempenho Industrial: Sem Forças Para Crescer Investimentos: em compasso de espera Crédito: travado Mercado consumidor interno: fraco Exportações: em declínio Esse é o resumo dos determinantes da estagnação atual da indústria Os dados divulgados pelo IBGE para a produção física industrial de março de 2002 não deixam margem a dúvidas: todos os fatores de dinamismo para o crescimento industrial estão ausentes na economia brasileira hoje. A produção industrial brasileira crescia desde novembro de, após a continuada queda motivada pela crise de energia, pela gangorra do dólar e pela elevação das taxas de juros em. O processo era lento, tanto que não se chegou a recuperar os níveis de produção anteriores ao início da retração de. Em março, a produção industrial voltou a acusar declínio: caiu 0,8% com relação ao mês anterior. Com relação a março de, a queda foi de 3,8% e no acumulado do primeiro trimestre de 2002 com relação a, foi de 2,2%. Produção Física Industrial - Com Ajuste Sazonal (número-índice: base média 1991 = ) Esses resultados retratam não apenas um tropeço no lento processo de recuperação, mas, sobretudo, refletem a falta de dinamismo da economia industrial no corrente ano. 1
3 Os dados abaixo ajudam a entender o que está ocorrendo no setor industrial. Indicadores Conjunturais da Indústria - Março/2002 Segmentos Variação (%) Mês/Mês* Mensal Acumulado No Ano 12 meses Bens de Capital -3,9-5,4-1,8 7,2 Bens Intermediários -1,6-3,2-2,2-2,1 Bens de Consumo -1,1-5,3-2,3-0,3 Duráveis 1,0-10,4-8,5-5,9 Semiduráveis e não Duráveis -1,9-3,6-0,4 1,3 Indústria Geral -0,8-3,8-2,2-0,7 Fonte: Ibge/Dpe/Departamento de Indústria (*) Com ajuste sazonal Bens de Capital Após um longo período de encolhimento (1995/99), a reativação do setor veio com a mudança da política cambial de A substituição de importações e a demanda originada da substituição energética e da agricultura foram os responsáveis pelo forte crescimento em e pela pequena recuperação do seu crescimento entre fins de e fevereiro de O relativo compasso de espera dos investimentos nesse início de ano deve persistir devido à instabilidade financeira e as oscilações das expectativas relacionadas às eleições presidenciais. Por isso, a indústria de bens de capital não repetirá em 2002 o excepcional desempenho de (crescimento de 12,7%), podendo ter crescimento negativo. Bens Duráveis de Consumo Segmento que mais cresceu com a estabilização da economia a partir de 1994, foi também o que mais sofreu o impacto da retração de 1997/1999 e da crise de energia e do aumento das taxas de juros em. Mesmo com o fim do racionamento, a recuperação dos últimos meses tem sido limitada devido à manutenção das altas taxas de juros e da elevada inadimplência no crédito. A projeção dos últimos resultados desse segmento indica um crescimento próximo a zero em A redução da taxa de juros e a reativação do crédito podem alterar essa projeção. Bens Duráveis de Consumo Não Duráveis A longa estagnação desse segmento deve ser sublinhada. A estagnação se seguiu a uma (breve) ativação após a estabilização e perdura até os dias de hoje. Sem forças para crescer devido à queda do rendimento real (de quase 10% nos últimos três anos) e do desemprego, a produção do segmento acumulou seguidas quedas nos últimos anos (1998/, crescendo pouco em 1,8%) e se for mantida a tendência atual terá crescimento zero em
4 Investimentos em compasso de espera, crédito travado e mercado consumidor interno fraco, eis o resumo da ópera. Com as exportações em queda, sequer o mercado externo serve como atenuante. Diante do quadro atual, a projeção é de um crescimento da produção industrial de apenas 1,6% em 2002, crescimento esse puxado pela indústria extrativa. A projeção para a indústria de transformação é de queda de 0,6%. Alguma melhora é esperada para o segundo semestre quando taxas expressivas de crescimento poderão ser registradas devido à comparação com a base de referência, ou seja, o segundo semestre de, período em que o nível de produção foi baixo. Esse quadro pode ser alterado? No presente contexto, a única via é a redução da taxa de juros para destravar o crédito e, assim, parcialmente, reativar o mercado de consumo. Teria de ser uma redução expressiva como 2 pontos percentuais na taxa básica em até julho, o que esbarra nas dificuldades do quadro de instabilidade financeira do momento e no comportamento dos dirigentes do Banco Central, que mesmo em situações mais favoráveis das expectativas, relutam em reduzir os juros para a ativação da produção. Produção Física - Tendência (média de 1999=) mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Bens Duráveis de Consumo Tendência - Ind. Bens Não Duráveis de Consumo Tendência - Ind. Bens de Capital 3
5 Anexo Tendência 1 Produção Física - Indústria Geral - Tendência e Índice (média de 1999=) mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Transformação IndGeral Produção Física - Indústria de Tranformação - Tendência e Índice (média de 1999=) mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Transformação IndTransf 1 Tendência é estimada pelo filtro de Kalman; metodologia desenvolvida por Andrew C. Harvey. 4
6 Produção Física - Indústria de Bens de Capital - Tendência e Índice (média de 1999=) mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Bens de Capital IndBK Produção Física - Indústria de Bens Intermediários - Tendência e Índice (média de 1999=) 70 mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Bens Intermediários IndInter 5
7 Produção Física - Indústria de Bens de Consumo Duráveis - Tendência e Índice (média de 1999=) mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Bens Duráveis de Consumo IndBCD Produção Física - Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis - Tendência e Índice (média de 1999=) 70 mar/ mar/91 mar/92 mar/93 mar/94 mar/95 mar/96 mar/97 mar/98 mar/99 mar/00 mar/01 mar/02 Tendência - Ind. Bens Não Duráveis de Consumo IndBCnD 6
8 Dados e Projeções Produção Física - Indústria Geral - Variação em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior - % , ,3 6 6,1 4, ,0 1, ,0-0,1-1,5-1,8-1,2-1, ,1-3,8-8 jan/01 fev/01 mar/01 abr/01 mai/01 jun/01 jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02-6,6 Produção Física - Indústria - Variação Anual - % 8,0 6,0 6,6 6,1 4,0 3,9 3,6 2,0 1,8 1,7 1,7 1,1 1,5 1,2 0,0-0,7-2,0-2,0-1,6-4, ,3 Geral Transformação 7
9 Produção Física - Indústria - Variação Anual Média no Período 1995/ % 8,7 1,8 2,3 2,6 1,0 0,6 0,9 Geral Extrativa Transformação Capital Intermediário Durável Não Durável Evolução da Produção Industrial - Classes e Categoria de Uso Classe Categoria de Uso Geral Extrativa Transformação Capital Intermediário Consumo Durável Não Durável Variação em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior jan/01 12,0 12,9 11,9 30,5 9,4 10,9 21,2 8,3 fev/01 2,0 12,7 0,8 9,7 2,2-2,8 3,8-4,7 mar/01 8,3 5,8 8,5 24,1 6,3 6,7 22,6 2,4 abr/01 6,1 7,6 5,9 25,2 2,9 6,3 12,3 4,6 mai/01 4,8 4,2 4,8 18,2 2,5 5,6 13,2 3,3 jun/01-1,0 5,6-1,7 9,8-2,3-1,7-2,5-1,5 jul/01 1,4 7,5 0,8 17,6-0,2 0,0-6,7 1,8 ago/01-0,1 4,7-0,7 15,2-2,1-0,7-14,8 3,2 set/01-1,5-0,9-1,6 4,2-3,0-0,1-10,3 2,6 out/01-3,1-9,9-2,3 8,6-5,3-1,8-8,1-0,2 nov/01-1,8-2,4-1,7-0,7-3,9 1,7-7,1 4,3 dez/01-6,6-1,1-7,3-3,3-7,2-5,5-19,2-1,6 jan/02-1,2 7,1-2,3-3,9-1,9 1,3-3,9 2,7 fev/02-1,3 5,1-2,1 4,4-1,4-2,7-10,7-0,2 mar/02-3,8 13,1-5,7-5,4-3,2-5,3-10,4-3,6 Fonte: IBGE; elaboração e projeções - IEDI. 8
10 Evolução da Produção Industrial - Classes e Categoria de Uso Classe Categoria de Uso Geral Extrativa Transformação Capital Intermediário Consumo Durável Não Durável Variação em Relação ao Mesmo Trimestre do Ano Anterior - % I/01 7,3 10,4 7,0 20,9 5,9 4,8 15,6 1,9 II/01 3,2 5,8 2,9 17,4 1,0 3,3 7,7 2,0 III/01-1,0 3,1-1,5 10,5-2,2-2,2-10,0-0,1 IV/01-3,7-4,4-3,7 1,7-5,4-1,7-11,2 0,9 I/02-2,2 8,4-3,5-1,8-2,2-2,3-8,5-0,4 II/02-0,7 13,0-2,8-3,5 0,2-0,7-6,3 0,1 III/02 5,1 13,2 2,4-1,4 6,5 4,7 11,6 3,1 IV/02 5,0 14,3 2,3 4,5 7,8 0,7 4,5-0,2 Acumulado no Ano - % I/01 7,3 10,4 7,0 20,9 5,9 4,8 15,6 1,9 II/01 5,2 8,1 4,8 19,1 3,4 4,0 11,4 2,0 III/01 3,3 6,6 2,9 16,6 1,6 2,4 3,4 2,2 IV/01 1,5 3,5 1,2 12,7-0,2 1,3-0,6 1,8 I/02-2,2 8,4-3,5-1,8-2,2-2,3-8,5-0,4 II/02-1,4 10,7-3,1-2,7-1,0-1,5-7,4-0,1 III/02-1,8 10,5-3,7-4,5-0,5-3,2-3,8-3,4 IV/02 1,6 12,1-0,6-1,1 2,9 0,2 0,2 0,0 Fonte: IBGE; elaboração e projeções - IEDI. As projeções estão grifadas. 9
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