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- Pedro Ximenes Alvarenga
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1 Morangos e framboesas da Hubel conquistam Europa Autor(es): Publicado por: URL persistente: Madeira, Bernardo; Velho, Sandra Publindústria URI: Accessed : 3-Nov :28:15 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt
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3 HORTOFRUTICULTURA & FLORICULTURA MORANGOS E FRAMBOESAS DA HUBEL CONQUISTAM EUROPA Por: Bernardo Madeira e Sandra Velho Em muitos casos o nome de uma empresa ganha tal notoriedade que se torna sinónimo dos seus produtos. Não cremos que Hubel algum dia se torne sinónimo de produto mas, certamente, estará associado a muitas qualidades dos seus serviços e produtos. Na sua história (ver entrevista ao Eng.º Humberto Teixeira) a maioria dos grandes passos evolutivos resultaram de desafios que nunca recusaram, procurando antecipar soluções para as necessidades dos clientes. Nascida em 1982, aliando a paixão de Humberto Teixeira pela electrotecnia, o gosto pela terra e a necessidade da região algarvia por empresas que respondessem às necessidades dos empresários para aproveitamento dos perímetros de rega e uso eficiente da água (sendo a empresa portuguesa há mais anos no mercado da rega localizada e hidroponia, e uma das mais modernas e experientes) chegou a 2012 como referência incontornável na produção de morango e framboesa, potenciada pela parceria com a Driscroll s, multinacional especializada na produção de pequenos frutos. Num momento em que a empresa recebe constantes solicitações de produtores e potenciais produtores que desejam conhecer as suas instalações e produção, a Hubel decidiu organizar visitas guiadas às suas unidades de produção de morango e framboesa e assim, sem qualquer egoísmo ou receio, partilhar a experiência e conhecimentos adquiridos. Foi numa destas visitas, integrados num grupo de participantes no IV Colóquio Nacional de Produção de Pequenos Frutos, que a AGROTEC foi conhecer as estufas de morangos e framboesas da Hubel. ESTUFAS Apesar de as estufas do tipo gótico ainda serem recentes em Portugal, apresentando indubitáveis vantagens (ver AGROTEC n.º 1), as que encontrámos na exploração da Hubel na Quinta da Moita Redonda, destinadas à produção de morango em semi-hidroponia impressionam pela sua altura (> 7 metros), mas os projectos futuros incluirão estufas ainda mais amplas. A opção por estruturas com volumes de ar tão grandes encontra não só justificação teórica como produzem resultados práticos que saltam à vista do visitante. Quanto maior for o volume de ar mais lento é o aquecimento e o arrefecimento da massa de ar, deste modo não se dão variações térmicas bruscas, que poderiam traduzir-se por escaldões no Verão ou pela célebre inversão térmica no Inverno. Ao evitarem-se os extremos climáticos, evitam-se também os problemas de condensações sobre as plantas, reduzindo-se o risco de ocorrência de excessos de humidade atmosférica, de modo que as doenças criptogâmicas são muito raras. Aliás, é um facto notável como a adopção deste tipo de estufa permitiu praticamente eliminar todos os problemas relacionados com doenças fúngicas, nomeadamente o míldio, a botritis e o oídio, e mercê das redes nas entradas da estufa eliminar completamente os problemas com insectos, nomeadamente das lagartas Spodoptera e Helicoverpa, entre outros. Assim, as boas práticas de protecção integrada não são apenas um objectivo difícil de respeitar como algo natural. Além do volume, estas estufas da marca Inverca, uma das representadas da Hubel Verde, estão equipadas com duplas aberturas zenitais controladas por computador, que permitem um arejamento muito eficiente, em especial a rápida dissipação do calor excessivo, que se verifica nos meses de Verão. A cobertura é feita em polietileno térmico com elevado índice de difusão, para reduzir as zonas de sombra. Figura 1 Luta biológica com ácaros predadores MORANGOS A plantação de morangos é feita em bancadas suspensas por cabos, com uma entrelinha de 0,96 m e uma carga máxima de aproximadamente 50 kg/m², em sacos de substrato sem nutrientes (sistema de semi-hidroponia, ou seja, as plantas têm as raízes no substrato, mantido com humidade aproximada de 60% para evitar desidratação e asfixia, mas são alimentadas pelos fertilizantes colocados na água). 58
4 Figura 2 Framboesas Figura 3 Colmeias com polinizadores. Bandeiras indicam plantas identificadas com problemas As plantas são fornecidas pela Driscoll s e plantadas nos sacos em Outubro, esperandose assim que iniciem a produção de fruto em Janeiro, quando as cotações são mais altas, mantendo-se a produção até Junho, quando as cotações não são compensadoras e o calor se torna um constrangimento. Nesta ocasião as plantas são arrancadas (ainda verdes), reduzindo-se assim os resíduos de raízes, o substrato é lavado dos sais residuais e desinfectado com recurso a peróxido de hidrogénio (água oxigenada), de modo a possibilitar o seu reaproveitamento, até 3 campanhas. Porém, o mesmo substrato pode ser utilizado até em mais campanhas, o que não se recomenda por haver alterações físicas do mesmo, nomeadamente compactação, de modo que haverá evidências de que a performance das plantas vai reduzindo, algo especialmente notado no nível de retanchas necessárias após a plantação. Uma das questões colocadas nas visitas foi a observação de que apesar de todas as plantas serem regadas por sistema gota-a-gota, há adicionalmente aspersores suspensos na estufa. Este é um dos detalhes que faz a diferença, apesar de ser um investimento adicional, que aparentemente parece dispensável, a verdade é que embora utilizados por um período muito curto (a plantação) elevam significativamente a taxa de vingamento das plantas após a plantação. E vingamento é termo que se aplica também no caso dos frutos, que têm uma qualidade tanto melhor quanto melhor é a polinização feita (transferência do pólen de uma f lor para outra). Como numa estufa os insectos são raros são instaladas colónias de abelhões (em algumas regiões conhecidos por besouros) da espécie Bombus terrestris, e que asseguram, com segurança para os trabalhadores, a polinização. Esta espécie de insectos apresenta, também, a vantagem de trabalhar mesmo quando as temperaturas são relativamente baixas. INVESTIMENTO Uma estufa como a que visitámos, montada pela Hubel, implica um custo médio de aproximadamente 15 /m2. Mas todo o sistema produtivo envolvido ronda os /ha, sendo aproximadamente destinados ao substrato (no caso uma mistura estudada pela própria Hubel, com fibra de coco, turfa e casca de pinheiro decomposta) e cerca de com o sistema de bancadas suspensas. O restante investimento é disperso por sistemas de rega, fertilizantes, cobertura do solo, automação e plantas (aproximadamente 140 /mil plantas). DESTAQUE TAILANDESES NO ALGARVE Na Hubel Produção Agrícola as regras e informação de segurança estão afixadas em português e em tailandês. Algo que surpreende o visitante. Grande parte da equipe de colheita deste grupo é composta por imigrantes temporários (1 ano), contratados directamente com assessoria de uma empresa local de recrutamento, com origem na Tailândia. Humberto Teixeira explica: actualmente ainda há, embora menos, dificuldade em recrutar trabalhadores, de modo que a presença da mão-de-obra estrangeira se está a mostrar imperativa para o funcionamento da empresa, por outro lado, mostram-se necessários uma vez que a produção de morango é como a produção de leite tal como a vaca tem de ser ordenhada todos os dias, também o morangueiro tem de ser colhido todos os dias, e angariar mão-de-obra para trabalhar no dia de Natal, aos domingos e feriados é muito difícil numa região onde todas as empresas sentem falta de trabalhadores. AGROTEC / SETEMBRO
5 HORTOFRUTICULTURA & FLORICULTURA FRAMBOESA A produção de framboesa segue a mesma lógica da produção de morango, nomeadamente por ser realizada em sistema de semi-hidroponia em substrato. Tal como no caso do morango, as plantas (no sistema long canes) são fornecidas pela Driscoll s, no caso utilizam-se variedades remontantes, ou seja, produzem duas vezes por ano (ver AGROTEC n.º 1). São plantadas em vaso no Outono, sendo que as plantas frutificam a partir de Janeiro e, posteriormente, de novo em Outubro, aproveitando-se uma terceira colheita a fazer no 2.º ano de plantação, ocasião em que as plantas são destruídas e replantadas novas plantas, uma vez que o objectivo é produzir fruta fora de época quando os preços são mais vantajosos, recompensando os custos adicionais. As framboesas são amparadas por um simples sistema de arames suspensos na armação da estufa e travados nas pontas por espias fixadas no solo. COLHEITA A organização da produção de framboesas e de morangos tem muitos aspectos comuns. Todos eles estudados cuidadosamente e com justificação no sentido da optimização. Todas as plantas são visitadas diariamente por patologistas da empresa no sentido de detectar anomalias fisiológicas, doenças e pragas. Nos períodos de colheita esta é também feita diariamente, por forma a colher os frutos sempre no ponto óptimo para o transporte. O sistema organizacional da colheita é um dos ex-libris desta empresa, recentemente celebrizada numa campanha conjunta com a Vodafone, que fornece as comunicações móveis da Hubel e, ao contrário do que se poderia pensar, o que se diz na publicidade é mesmo a realidade, ou seja, cada apanhador de fruta está referenciado electronicamente, de modo que em cada instante, supervisores e o próprio Eng.º Humberto Teixeira, em qualquer lugar do mundo, conseguem saber em que local da exploração se encontra cada um dos seus colabo- Figura 4 Bancada móvel para controlo de qualidade 60 radores, em que linha estão a colher e qual o rendimento horário de apanha. A versatilidade deste sistema permite incentivar os trabalhadores a um trabalho mais eficiente, com brio, que é valorizado pela criação de um sistema de incentivos à produtividade, algo que melhora significativamente com a colocação das bancadas dos morangueiros à altura de 1,2 m. Nas próprias linhas de colheita a fruta é colocada nas caixas próprias do cliente a que se destinam, fazendo-se a triagem da fruta por peso e calibre, tudo registado nos tablet usados pelos encarregados. Actualmente a empresa tem instalados aproximadamente 14 hectares de estufas, pretendendo nos próximos 3 anos expandir a produção de framboesa e morangos para 40 hectares em estufa, estando em ensaio a cultura de amora. Nesta empresa conhecimento não é segredo, mas uma coisa é certa, para ter o sucesso da Hubel na produção agrícola não basta imitar o que a Hubel faz, é preciso pensar positivo e com criatividade. Figura 5 Colheita cuidadosa e primeira escolha
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