Estudo dos benefícios da hidroterapia na Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância
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- Manoel Figueira Teixeira
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1 1 Estudo dos benefícios da hidroterapia na Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância Carine Coelho Gloria 1 carine_coelho6@hotmail.com Dayana Priscila Maia Méjia² Pós-graduação em Fisioterapia NeuroFuncional Faculdade FAIPE Resumo Introdução: A encefalopatia crônica não progressiva da Infância (ECNPI) é uma das doenças mais comuns de desordem do sistema central em desenvolvimento, sendo caracterizados por disfunções motoras, distúrbios no movimento e alterações funcionais. A hidroterapia tem como principal objetivo, promover a máxima independência funcional para o paciente. Objetivo: Estudar os beneficios da hidroterapiana Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância. Metodologia: Caracteriza-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica, onde realizou-se uma busca eletrônica nas seguintes bases de dados: SCIELO e LILACS, além de revistas e livros, publicados de 2002 a Foram selecionados cerca de 70 artigos para compor o trabalho, sendo que apenas 40 foram incluídos, no idioma portugues que incluissem hidroterapia no tratamento de ECNPI. Resultados e Discussões: A hidroterapia utiliza diversos metodos, dentre eles o whatsu e a hidrocinesioterapia, proporcionando ao paciente uma melhora do equilíbrio, flexibilidade, reduzindo os espasmos musculares, obtendo assim, uma melhor independência nas atividades de vida diária. Conclusão: Com a atual pesquisa pode-se levantar e definir dados importantes dos benefícios da hidroterapia na ECNPI que nos permite afirmar que a hidroterapia proporciona uma melhora da capacidade funcional, quanto da social e motora; mas ainda assim se faz necessário mais estudos sobre o tema, visando melhorar as formas de tratamento e com isso a vida do paciente como um todo. Palavras-chave: Encefalopatia da Infância; Hidroterapia; Fisioterapia. Introdução De acordo com Chinelato, Perpetuo, Krueger-Beck, (2009), o sistema nervoso é formando por um sistema sensório motor bem desenvolvido que é capaz de armazenar e elaborar estratégias para o sucesso do controle motor. Essa organização nos confere a capacidade de executar movimentos bem coordenados e precisos, se houver algum comprometimento em alguma estrutura deste meio pode afetar seriamente o movimento de alguns indivíduos. Segundo Dias et al (2010), as lesões neurológicas ocasionam vários comprometimentos ao sistema nervoso no desenvolvimento encefálico, sendo que a mais comum é a Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância (ECNPI). A ECNPI também conhecida como Paralisia Cerebral (PC), é uma entidade nosológica consequente a uma lesão estática, ocorrida no período pré, peri ou pós natal que afeta o 1 Pós-graduando em Fisioterapia NeuroFuncional ² Orientadora
2 2 sistema nervoso central em fase de maturação estrutural e funcional, com manifestações predominantemente sensoriomotoras, envolvendo distúrbios no tônus muscular, postura e movimentação voluntária. Estes distúrbios se caracterizam pela falta de controle sobre os movimentos, por modificações adaptativas, do comprimento muscular e em alguns casos, chegando a resultar em deformidade óssea (RIBEIRO, CAON E BELTRAME 2008; SILVA e DALTRÁRIO 2008). De acordo com Madeira e Carvalho (2009), as crianças com ECNPI tem seu desenvolvimento num ritmo mais lento, entretanto, não é apenas atrasado, mas é desordenado e danificado, isso por consequência da lesão cerebral. A PC deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar o mais precocemente possível. O entendimento entre os elementos da equipe é decisivo para boa evolução, a prevenção é o melhor tratamento. A assistência à mãe e os cuidados no período neonatal são importantes recursos para se reduzir essa grande quantidade de pacientes, que causam problemas sociais e familiares e, que principalmente, são as maiores vítimas, estando sujeitos a desordens associadas à dor e angústia (MADEIRA e CARVALHO, 2009). Leite et al (2011), complementam ainda que a queixa principal dos pais de pacientes com ECNPI quase sempre é o atraso nas aquisições motoras. Mesmo sendo o déficit motor a principal característica da paralisia cerebral, podem estar presentes outros distúrbios decorrentes da lesão neurológica como: convulsões; déficit cognitivo; alterações oculares e visuais; anormalidades da fala e linguagem; distúrbios da deglutição; comprometimento auditivo; alterações das funções corticais superiores; distúrbios do comportamento. Estas alterações associadas interferem significativamente na evolução motora da criança, muitas vezes determinando modificações no prognóstico traçado FONSECA et al 2005) A classificação da ECPNI pode ser baseada na distribuição topográfica do comprometimento, no nível de funcionalidade e no tônus muscular (BRIANEZI et al, 2009; KOPEC, 2008). O quadro clínico da ECNPI é caracterizado por anormalidades motoras, posturais e alterações no tônus muscular, de modo que um movimento voluntário que normalmente é complexo, coordenado e variado torna-se descoordenado, estereotipado e limitado (DIAS et al 2010). Baseada em aspectos anatômicos analisa os sinais clínicos, sendo conhecidas as formas, espásticas ou piramidais, coreatetósicas ou extrapiramidais, atáxica e a mista. O tipo espástico é o mais frequente e apresenta características como hiper-reflexia, fraqueza muscular e padrões motores anormais, compatíveis com lesões do primeiro neurônio motor. Movimentos involuntários, distonia e, em alguns casos, rigidez muscular, são características relacionadas à forma coreatetósicas. Quando a comprometimento no cerebelo, registra-se a forma atáxica, com alterações no equilíbrio e coordenação motora, associadas a hipotonia muscular nítida. Já as formas mistas, são caracterizadas por diferentes combinações desses transtornos (BORTAGARAI, 2011) Estas classificações servem a um propósito de descrição e caracterização da lesão, não fornecendo informação sobre as consequências desta enfermidade na rotina diária da criança. Esta doença ocorre no período em que a criança apresenta ritmo acelerado de desenvolvimento, podendo comprometer o processo de aquisição de habilidades. Tal comprometimento pode interferir na função, dificultando o desempenho de atividades
3 3 frequentemente realizadas por crianças com desenvolvimento normal (SARI e MARCON, 2008). Em ambos os tipos de ECNPI a fraqueza muscular e a espasticidade são fatores limitantes da função, levando ao estabelecimento tardio do equilíbrio, ao atraso do sentar, a alteração da marcha e a dificuldade em subir e descer escadas (BERNARDI et al 2010). Uma importante e relevante alteração em crianças portadoras de Paralisia Cerebral são as alterações de equilíbrio. Estas alterações de equilíbrio são mais comuns na PC do tipo atáxica, mas acometem todos os subtipos da patologia5. Para que haja um controle do equilíbrio é necessária a manutenção do centro de gravidade sobre a base de sustentação durante situações estáticas e dinâmicas. Cabe ao corpo responder às variações do centro de gravidade, quer de forma voluntária ou involuntária. Este processo ocorre de forma eficaz pela ação em conjunto, principalmente, dos sistemas visual, vestibular e somatosensorial, que pode estar alterado nas crianças com ECNPI (ABDALLA, et. al. 2010). A ECNPI interfere na interação da criança em contextos relevantes da vida. A influência vai além dos efeitos deletérios no desenvolvimento das atividades motoras globais e finas, estendendo-se para as atividades de rotina diária, assim como vestimenta, alimentação, banho (BRASILEIRO et al 2009). A etiologia, apesar de muitas vezes desconhecida, pode-se afirmar que os casos pré-natais associam-se principalmente às condições anóxicas, à infecção materna e fetal, ao uso de narcóticos e ao etilismo materno. Os casos peri-natais relacionam-se, sobretudo, à asfixia, aos traumas diversos e ao uso fórceps durante o parto. Em relação aos casos pós-natais, é comum observar a associação de PC com casos de infecção, problemas vasculares, traumatismos crânio-encefálico, dentre outros (CHRISTOFOLETT et al 2007). Estudos epidemiológicos nos mostram que a incidência de pacientes com ECNPI em países desenvolvidos, tem variado de 2.0 a 2.5/1.000 nascidos vivos. Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos esse índice é maior, onde os dados estimam 7/1.000 nascidos vivos. Já no Brasil os dados estimam cerca de a novos casos por ano (ZANINI, 2009). A reabilitação na ECNPI deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar que inclui fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos, pedagogos e psicólogos. A Fisioterapia tem como objetivos específicos: estimular o desenvolvimento neuropsicomotor; melhorar a qualidade da postura e do movimento; manter o comprimento muscular; interferir nas alterações de tônus; favorecer a força muscular geral e de grupos musculares específicos; apurar a qualidade da marcha; facilitar a mobilidade e melhorar o condicionamento cardiovascular (ABDALLA et al 2010). Falta de exercícios é um dos principais problemas que afetam a saúde dessas crianças com ECNPI, podendo contribuir para o desenvolvimento ou piora das condições como encurtamento muscular, dor crônica, fadiga e osteoporose (LOPES et al 2005) O atendimento fisioterapêutico sempre deve levar em consideração as etapas do desenvolvimento motor normal, utilizando vários tipos de estimulação sensitiva e sensorial, haja vista que este tipo de desenvolvimento depende da tarefa e das exigências do ambiente, havendo, portanto, a necessidade de manter estreitas relações com o desenvolvimento visual, cognitivo e da fala. Dessa forma, o comportamento da criança se modifica, tornando-se mais intencional à medida que se processa a maturação do seu sistema nervoso (SARI e MARCON, 2008).
4 4 A hidroterapia vem crescendo como modalidade de fisioterapia. As técnicas desse modelo de tratamento baseiam-se em conceitos de fisiologia e biomecânica. Utilizam as propriedades físicas da água como o empuxo, a pressão hidrostática, a turbulência e a densidade substancialmente distinta da densidade do ar (Duarte 2004) Segundo Caromano e Candeloro (2001), advindos da imersão do corpo em piscina aquecida, a hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, como recurso auxiliar da reabilitação ou prevenção de alterações funcionais. A eficácia da hidroterapia na reabilitação de pacientes neurológicos é plena quando a água é aquecida a uma temperatura agradável ao paciente, na faixa de 32 a 33 C. O calor da água propicia a redução do tono, temporariamente, permitindo assim, o manuseio adequado para educação motora e habilitação funcional. Apesar das evidências clínicas, há uma falta substancial da pesquisa baseada em evidência que avalie os efeitos específicos de intervenções aquáticas na paralisia cerebral (BONOMO et al, 2007) Estar com uma criança comprometimento motor no ambiente aquático é proporcionar a ela uma sensação acolhedora com liberdade de movimentos e autoestima pela possibilidade de realização de tarefas que, muitas vezes, são complexas em solo. O principal objetivo da fisioterapia aquática pediátrica é promover a máxima independência funcional para o paciente, tanto no solo quanto no meio líquido (OLIVEIRA et al, 2013). Diante dos prejuízos ocasionados por essa patologia, a fisioterapia aquática apresenta benefícios únicos que proporcionam ao paciente maior grau de independência indivíduo nas atividades cotidianas. Os benefícios da reabilitação motora são visualizados tanto do ponto de vista psicológico quanto físicos. Os efeitos psicológicos são sucesso e senso de realização, melhora da autoimagem, desenvolvimento da independência, bem estar, oportunidade para autoexpressão, criatividade, socialização e recreação. Por sua vez, os efeitos físicos incluem melhora do condicionamento físico, alívio da dor, relaxamento muscular, melhora da propriocepção, aumento das amplitudes de movimento, fortalecimento muscular, melhora da capacidade respiratória, melhora do equilíbrio, coordenação e independência funcional (PASTRELLO, GARCÃO E PEREIRA, 2009) Diante disto, o objetivo do trabalho é identificar os benefícios hidroterapia na Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância. Metodologia Para a confecção deste estudo, que se caracteriza por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica, onde se realizou uma busca eletrônica nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library On Line SCIELO, LILACS, alem de revistas, livros e monografias. Foram utilizados os seguintes descritores: encefalopatia da infância, hidroterapia e fisioterapia. O material selecionado está redigido no idioma português. Os fatores de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos e monografias na íntegra e que retratassem a temática referente ao estudo; artigos publicados de 2002 a Os fatores de exclusão foram: não atenderem às variáveis estudadas; baixa qualidade metodológica e de evidências científicas. E para atender aos objetivos da pesquisa, foram selecionados cerca de 70 (setenta) artigos para compor o trabalho, sendo que apenas 40 (quarenta) foram incluídos por cumprirem
5 5 as exigências dos fatores de inclusão, sendo avaliados ainda quanto à qualidade metodológica e científica. No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi realizada desde o mês de fevereiro de 2013 até agosto de Resultados e Discussões Durante a pesquisa foram encontradas inúmeras alterações anatômicas e clinicas em pacientes com ECNPI, onde será enfatizado o sintoma motor. Mediante a essas alterações, os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo apenas as informações primordiais relacionadas ao tipo de estudo com ênfase nos benefícios que a hidroterapia tem na ECNPI. Na tabela demonstram-se os resultados sobre as principais alterações clinicas do tônus muscular e no tipo de desordem de movimento em pacientes com ECNPI. Autor Cargnin e Mazzitelli (2003); Sposito e Riberto (2010); Chagas et al. (2008); Orsini et. al Silva (2004) e Tomazini (2005) Galvão et al (2010); Tomazini (2005) e Maranhão (2005) Ratlife, 2002); Silva (2004) Alterações Espástica Coroatestósica Atáxica Atetóide Ximenes (2006); Rotta (2002) Misto Estudos selecionados sobre alterações clinicas do tônus muscular e no tipo de desordem de movimento em pacientes com ECNPI A espasticidade pode ser definida como aumento na tensão do músculo quando ele é passivamente alongado, a qual é causada por um exagero do reflexo de estiramento muscular. A espasticidade pode afetar de maneira adversa o desenvolvimento motor, levando a posturas e padrões de movimentos anormais, deformidades musculoesqueléticas e atrasos na aquisição das habilidades motoras, nos quais incluem o sentar-se, o engatinhar, o ficar em pé e o caminhar (CARGNIN E MAZZITELLI 2003; SPOSITO E RIBERTO 2010). Entre as alterações tônicas, a mais comum é a espasticidade, sendo que 75% das crianças com PC apresentam tônus elevado, exacerbação dos reflexos tendíneos e da resistência à movimentação passiva rápida (CHAGAS ET AL 2008). Existe certo consenso sobre os benefícios do ambiente aquático para o tratamento de pacientes com lesões neurológicas que cursam com espasticidade, porém há divergências quanto à abordagem terapêutica específica a ser utilizada e seu embasamento científico. Alguns autores defendem a reabilitação aquática para o tratamento de problemas associados com lesões cerebrais, mas não o treinamento de atividades funcionais na água, pois esta não forneceria estabilidade adequada, levando a reações associadas que
6 interferem no movimento desejado. Porém, outros autores acreditam que a água pode fornecer um ambiente estável para a participação ativa do paciente na melhora da habilidade funcional, desde que seja adequadamente utilizado (ORSINI et al 2010) Na forma coreoatetósicas, ao lado dos movimentos involuntários característicos, pode-se observar alterações do tônus muscular do tipo distonia, com variações para mais ou para menos, durante a movimentação ou na manutenção da postura. Nesta forma de ECNPI algumas vezes o tipo de prejuízo motor só se torna mais claro por volta dos 2 ou 3 anos, podendo até esta idade, a criança apresentar um quadro de atraso motor e hipotonia (SILVA 2004). A coreoatetose é decorrente de lesões nos núcleos da base, principalmente em prematuros que sofreram hiperbilirrubinemia (Kernicterus), como explicitado anteriormente. Porém, como o controle do movimento depende da completa integração e harmonia de diversas áreas do SNC e periférico, a explicitação da fisiopatologia dos núcleos da base isoladamente não contempla o entendimento desta disfunção. Portanto, deve-se resgatar o conhecimento dos principais mecanismos responsáveis pelo controle do movimento, que não se restringem aos núcleos da base, desde as informações recebidas até a resposta motora (TOMAZINI 2005). A atáxia é a forma clinica mais rara da ECNPI, consequentemente a lesão do cerebelo ou de suas vias. Sua classificação é apresentada em: atáxia sensorial, ocorrendo comprometimento da sensibilidade cinético-funcional; a atáxia vestibular e frontal, onde predominará os distúrbios de equilíbrio (sem haver alteração nos movimentos voluntários dos membros); e atáxia cerebelar, caracterizada incoordenação axial ou apendicular, comprometimento do equilíbrio estático e dinâmico (GALVÃO et al 2010) A forma atáxica corresponde a cerca de 13% dos casos de PC. Na maior parte decorrente de fatores pré-natais, porém muitas vezes fatores genéticos podem contribuir, tanto malformações quanto processos destrutivos do sistema nervoso. A ataxia é considerada como excepcional nos casos de PC, pois ela é encontrada com maior frequência na hidrocefalia, no traumatismo craniano, na encefalite e na presença de tumores do cerebelo. A criança apresenta dificuldades para controlar a velocidade, a amplitude, a direção e a força de seus movimentos. Em virtude das dificuldades com o controle da velocidade e amplitude dos movimentos, os atos funcionais, tais como estender o braço para pegar um objeto, tendem a ser imprecisos. Juntamente com as dificuldades em relação ao equilíbrio, resultam em locomoção mal coordenada, com base de sustentação larga, usando a criança, as mãos para se apoiar. A falta de controle motor manifesta-se, sobretudo, pela falta de frenagem dos deslocamentos articulares, causando a tendência de ultrapassar o alvo (dismetria) (TOMAZINI 2005). Na ECNPI atáxica o equilíbrio é comprometido e alterações da fala são comuns. Retardo mental e epilepsia são frequentemente observadas. Este grupo tem pouca probabilidade de melhora funcional (MARANHÃO 2005). Conhecida como atetóide, é caracterizada por movimentos e posturas anormais consequentes à deficiência na coordenação dos movimentos e/ou regulação do tônus muscular, apresentando-se geralmente quadriplégicos. Existem alguns subtipos da forma discinética. A hipercinética (presença de movimentos anormais atetóides em que os movimentos são coreiformes, atetóides ou uma combinação de ambos, e o tônus muscular é normal ou hipotônico, principalmente nos primeiros anos de vida), e o segundo tipo é a principalmente distônicas (apresentando predominância de características distônicas, tensão e padrões persistentes de reflexos neonatais), a simples torção do corpo resulta em distorções constantes do tronco e dos membros. A criança pode permanecer por instantes fixadas em posturas extremas (ou em padrão global, assimétrica ou uma mistura), sendo 6
7 7 o resultado da flutuação do tônus, um controle postural contra a gravidade descontinuo e instável (RATLIFE, 2002). Na forma atetóide da ECNPI, os pacientes não conseguem adquirir etapas motoras, o que modifica sua postura, podendo, muitos, ficar confinados ao leito. Com o passar do tempo há o aparecimento de hipercinesias difusas, com características atetóides, pouca movimentação voluntária, dificuldade de deglutição e mastigação, que na maioria das vezes não se desenvolve. A fala, naqueles que conseguem falar, é disártrica e ininteligível. Os estados emocionais podem acentuar a hipertonia e a hipercinesia (SILVA, 2004). A ECNPI mista é a combinação dos sintomas das formas, sendo a associação mais frequente: espasticidade mais movimentos coroatetóides (XIMENES, 2006). As formas mistas são caracterizadas por diferentes combinações de transtornos motores pirâmido-extrapiramidais, pirâmido-atáxicos ou pirâmido-extrapiramidal-atáxicos, tendo sido a segunda forma mais freqüente, 26% dos casos (ROTTA, 2002). Diante das alterações citadas acima, a fisioterapia utiliza recursos e métodos específicos, de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Autor Bonomo et al (2007) Pastrello, Garcão e Pereira (2009) Aidar et. al. (2007) Cardoso et. al (2007) Espindula et al. (2010) Navarro et. al. (2009) Arroyo e Oliveira (2007) Rosa et. al. (2008) Benefícios Melhora da capacidade funcional Reabilitação Motora Melhora da Função Social e Habilidade Motora Melhora no equilíbrio Melhora da Flexibilidade e Relaxamento Global Redução de espasmos musculares Padrão Psicomotor Equilíbrio Resultados sobre os benefícios da hidroterapia na ECNPI. Bonomo et al (2007), em seu estudo de caso, onde verificou o efeito do tratamento hidroterapêutico na funcionalidade e tono de crianças com tetraparesia espástica. Foram incluídas seis crianças com idade entre 2 e 6 anos, e realizada a avaliação do tono pela escala de Ashworth Modificada e da funcionalidade pela aplicação do Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI). Os pacientes foram submetidos a 20 sessões de tratamento hidroterapêutico, entre fevereiro e junho de 2006, e após estes foram reavaliados pelos mesmos procedimentos. Os resultados mostram que a hidroterapia, como tratamento, promove melhora funcional significativa para pacientes com paralisia cerebral e tetraparéticas espásticas na faixa etária estudada. Em seu estudo de caso, Pastrello, Garcão e Pereira (2009), investigou a eficácia do método Watsu como recurso complementar no tratamento fisioterapêutico de uma criança do sexo masculino com idade de 4 anos e 4 meses, com a paralisia cerebral tetraparética espástica. A criança foi avaliada três vezes, sendo a primeira no início do estudo, a
8 segunda após o tratamento em solo e a terceira ao término da aplicação do método Watsu associado à terapia em solo. Foram conduzidos dois tratamentos, sendo o primeiro realizado em 16 sessões, duas sessões por semana, de fisioterapia em solo (Etapa I) e o segundo, em 24 sessões, com 3 sessões semanais, sendo uma terapia em solo e duas aquáticas (Etapa II). Obteve como resultado que o Método Watsu foi capaz de auxiliar na reabilitação motora desta criança. Aidar et al (2007), teve como objetivo de estudo avaliar a área da função social, no que se refere a assistência do adulto e sua melhora antes e depois das atividades aquáticas, e habilidades manuais em portadores de PC, adotando-se a Pediatric Evaluation Disability Inventory (PEDI). Foram acompanhadas 21 crianças portadoras de PC, em suas manifestações predominantemente espástica e de atetose, com idade variando de 6 anos e 3 meses a 12 anos e 7 meses, o estudo durou 16 semanas, com frequência de aulas de 2 vezes por semana, com duração máxima de 45 minutos. Os resultados encontrados no estudo demonstram que a pratica de exercícios aquáticos contribuem na melhora motora, com consequente melhoria na função social, trazendo uma maior independência. Cardoso et al (2007), verificou os benefícios da hidroterapia em portador de paralisia cerebral diplégica espástica leve, através de um protocolo proposto e analisando a marcha e o equilíbrio por meio da observação de filmagens. Foram realizadas sete sessões de hidroterapia em água aquecida com duração de cinquenta minutos. Na reavaliação, não foi observado alteração nas fases da marcha, no entanto o paciente utilizou na maior parte do tempo o apoio de apenas uma das mãos, tendo, por um momento, deambulado sem apoio. Obtendo como resultado, uma melhora no equilíbrio e aumento de confiança durante a marcha. Espindula et al (2007), avaliou a flexibilidade da cadeia muscular posterior, utilizando o método proposto por Wells e Dillon, antes e após cada sessão de hidroterapia. Foi verificada a flexibilidade de três crianças com Paralisia Cerebral diparéticas, com idades entre sete a dez anos. Os valores de flexibilidade foram aferidos, utilizando o Flexômetro de Wells. Houve aumento significativo da flexibilidade da cadeia muscular posterior dos pacientes após cada sessão de hidroterapia, tanto na avaliação em grupo quanto individual, assim como antes da primeira sessão de hidroterapia quando comparada com a última. Com isso a hidroterapia promoveu melhora da flexibilidade em relação à cadeia muscular posterior, pelo relaxamento global e consequente diminuição do tônus muscular, quando associada a exercícios de alongamentos passivos. Navarro et al (2009), verificou em seu estudo, a importância da hidrocinesioterapia no tratamento da paralisia cerebral para a manutenção e/ou melhora do quadro clínico. Para isso foi avaliado um paciente na Clinica Escola de Fisioterapia da Faculdade UNINGÁ, que apresentava quadro de tetraparesia espástica e atáxia, que recebeu atendimento no setor de hidroterapia durante o ano de 2006, onde se enfatizou a melhora e/ou manutenção da sua funcionalidade. Verificou-se que a terapia aquática é muito eficaz para o relaxamento muscular, redução de espasmos musculares e espasticidade, melhora da musculatura respiratória, melhora do equilíbrio e da amplitude de movimento, sendo os princípios físicos da água auxiliares no processo de tratamento. Arroyo e Oliveira (2007) investigou a influência de atividades aquáticas na psicomotricidade, utilizando uma pesquisa descritiva exploratória, com dois meninos, um de doze anos e um de sete anos, ambos PC Espástica. O programa de intervenção teve duração de 5 meses, com frequência de duas aulas semanais, de uma hora cada. Ambos os participantes avaliados tiveram melhoras consideráveis nos aspectos psicomotores avaliados, como coordenação, equilíbrio, lateralidade, esquema corporal, orientação espacial e orientação temporal. 8
9 9 Rosa et al (2008) analisou o desenvolvimento motor de uma criança com idade cronológica de 10 anos com paralisia cerebral do tipo atáxica e os efeitos de um programa de atividades motoras no meio aquático. O desenvolvimento motor foi mensurado seguindo os procedimentos propostos no Manual de Avaliação Motora e o programa de intervenção das atividades motoras no meio aquático, foi realizada duas vezes por semana, em sessões de 45 minutos por um período de 2 meses. Os dados foram analisados descritivamente, comparando os resultados de pré e pós-testes. O quociente motor em todos os itens foi classificado como muito inferior, o que se caracteriza como déficit motor, com exceção da organização temporal que foi avaliada como normal baixo. Após a intervenção, a única área que mostrou avanços foi a de equilíbrio, cujo resultado mostrou que a criança avançou 12 meses na idade motora, não apresentando alterações proporcionais nas outras áreas. Os exercícios realizados na água produzem alivio da dor e do espasmo muscular, relaxamento, manutenção ou aumento da amplitude de movimento das articulações, reeducação de músculos paralisados, fortalecimento de músculos, aumento da circulação, melhora das atividades funcionais da marcha, do estado psicológico e assim sua autoconfiança (CUNHA 2011). A atividade aquática possibilita a vivência de novas e variadas experiências que favorecem a percepção sensorial e a ação motora, podendo contribuir para o desenvolvimento das capacidades psicomotoras das crianças com ECNPI e assim melhorando a realização de tarefas de vida diária antes realizada com dificuldades (ARROYO e OLIVEIRA, 2007). A piscina terapêutica oferece oportunidades estimulantes para os movimentos mais difíceis e complexos, pois forças diferentes agem na água. Os efeitos de flutuabilidade, metacentro e das rotações fornecem campo para as técnicas especializadas. E ainda, os efeitos terapêuticos trazem benefícios como o alívio da dor e dos espasmos musculares; manutenção ou aumento da amplitude de movimento das articulações; fortalecimento dos músculos enfraquecidos e aumento na sua tolerância aos exercícios; reeducação dos músculos paralisados; melhoria da circulação; encorajamento das atividades funcionais e manutenção e melhoria do equilíbrio, coordenação motora e postura (NAVARRO et. al. 2009). Conclusão Baseado nas informações dos resultados, conclui-se que a encefalopatia crônica não progressiva da infância apresenta incapacidade motora e sensorial, onde essa incapacidade é bastante mutável e o grau de comprometimento motor depende da área lesada. Como base nos artigos citados, pode-se concluir que a ECNPI apresenta além das sequelas psicomotoras, debilitação favorável na coordenação muscular, com resultante incapacidade da criança em manter posturas e realizar movimentos normais. A reabilitação na encefalopatia crônica não progressiva da infância tem como objetivo principal estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, promovendo a máxima independência funcional para o paciente, tanto no solo quanto no meio líquido. O estudo dos benefícios nos permite afirmar que a hidroterapia proporciona uma melhora da capacidade funcional, social e motora, obtendo ainda uma melhora do equilíbrio, flexibilidade, reduzindo os espasmos musculares, obtendo assim, uma melhor independência nas atividades de vida diária. Com relação aos outros benefícios da hidroterapia na ECNPI, sugerem-se mais estudos que apresentem um período maior de intervenção, além da associação de sessões no meio
10 10 aquático e no solo, visando melhorar as formas de tratamento e com isso a vida do paciente como um todo. Referências Bibliográficas ABDALLA, Teresa Cristina. et. al. Análise da Evolução do Equilíbrio em pé de crianças com paralisia cerebral submetidas a reabilitação virtual, terapia aquática e fisioterapia tradicional. Rev. Movimenta, Goiás, v. 3, n. 4, ISSN: AIDAR, Felipe José. et. al. Atividades aquáticas para portadores de paralisia cerebral severa e a relação com o processo ensino-aprendizagem. Rev. Fitness & Perfomancé, Rio de Janeiro, v. 6, n. 6, p , Nov./dez ARROYO, Claudia Teixeira; OLIVEIRA; Sandra Regina. Atividade aquática e a psicomotricidade de crianças com paralisia cerebral. Motriz, Rio Claro, v.13 n.2 p , abr./jun BERNARDI, Bruna. et al. Efeitos do treino funcional pós bloqueio químico em crianças com paralisia cerebral: Relato de caso. Rev. Neurociência, São Paulo, v. 18, n. 2, p , jan./fev BONOMO, Livia Maria Marques. et al. Hidroterapia na aquisição da funcionalidade de crianças com Paralisia Cerebral. Rev. Neurociência, Vitória, v. 15, n.2, p , 2007 BORTAGARAI, Francine Manara. A comunicação entre fisioterapeutas e sujeitos com encefalopatia crônica não progressiva. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, 2011 BRASILEIRO, Ismênia de Carvalho. et al. Atividades e participação de crianças com paralisia cerebral conforme a classificação internacional de funcionalidade incapacidade e pesquisa. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 62, n. 4, p , jul./ago., BRIANEZE, Ana Carolina. et. al. Efeito de um programa de fisioterapia funcional em crianças com paralisia cerebral associado a orientações aos cuidadores: estudo preliminar. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 16, n.1, p. 40-5, jan./mar CARDOSO, Ana Paula. et. al. A hidroterapia na reabilitação do equilíbrio na marcha do portador de paralisia cerebral diplégica espástica leve. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação Universidade do Vale do Paraíba, 2007 CARGNIN, Ana Paula; MAZZITELLI, Carla. Proposta de tratamento Fisioterapêutico para crianças portadoras de paralisia cerebral espástica, com Neurociências, Santa Catarina, v. 11, n. 1, p. 34-9, 2003 ênfase nas alterações musculoesqueléticas. Rev CANDELORO, M.; CAROMANO, F. A. Efeito de um programa de hidroterapia na flexibilidade e na força muscular de idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 4, p , CHAGAS, Paula. et al. Classificação da função motora e do desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral. Rev Bras Fisioter, Minas Gerais, v. 12, n. 5, p , fev./ago CHINELATO, Júlio César; PERPÉTUO, Adriane Mazona; KRUEGER-BECK, Edy. Espasticidade aspectos neurofisiológicos e musculares no tratamento com toxina butolínica do tipo A. Rev. Neurocienc, São Paulo, v. 18, n. 3, p , mar./out CHISTOFOLETTI, Gustavo. et al. Paralisia cerebral: Uma análise do comprometimento motor sobre a qualidade de vida. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 20, n.1, p , jan./mar., 2007
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