ÉTICA NO ENSINO E NA INVESTIGAÇÃO VETERINÁRIA
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- Danilo Canário Campos
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1 ÉTICA NO ENSINO E NA INVESTIGAÇÃO VETERINÁRIA A FUNÇÃO DE UMA COMISSÃO DE ÉTICA NUMA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Pedro Faísca Maria Gaivão Sepúlveda 29 de Abril de 2011
2 1. INTRODUÇÃO Utilização de animais no ensino da Medicina Veterinária tradição morte e sofrimento de muitos milhares de animais Crescente preocupação da sociedade com questões do BEA e da ética no uso de animais Últimas duas décadas métodos alternativos (simuladores, vídeos, cadáveres éticos, modelos, prática clínica supervisionada, etc.)
3 1. INTRODUÇÃO Exemplos de procedimentos considerados eticamente incorrectos: - Entubação naso-esofágica (quando realizada por alguém inexperiente) - Algumas demonstrações em fisiologia, farmacologia e bioquímica em que se utilizam animais vivos ou tecidos vivos de animais mortos para esse efeito - Alguns procedimentos cirúrgicos - Utilização de animais que resulta na morte (excepto quando eutanásia ética ) - Dissecção de animais que foram mortos para esse fim
4 1. INTRODUÇÃO Exemplos de procedimentos não considerados eticamente incorrectos: - Observação de animais - Procedimentos minimamente invasivos ou que envolvem algum stress - Procedimentos invasivos que trazem benefício para o animal ou população de animais (ex. campanhas de esterilização) - Procedimentos em cadáveres éticos
5 2. Como ensinar Medicina Veterinária? A tradição já não é o que era Objectivo final conhecimentos científicos e o máximo de experiência clínica Desafios: - atitude correcta perante os animais - entender o comportamento animal e conhecer aspectos da dor e emocionais que levam a situações de stress - crescente preocupação da sociedade com questões do BEA e da ética - completar a formação sem qualquer violação das suas liberdades (religiosas, vegetarianos) de consciência e sem prejudicar qualquer animal
6 2. Como ensinar Medicina Veterinária? A tradição já não é o que era Exemplos de abolição do uso de animais vivos no ensino EUA: , 8 em 154 Medicina ( Duke, Mayo, Stanford, Cornell e Yale) , só 4 em 31 Faculdades de Med. Vet. Canada: , última Fac. de Medicina (UBC) Itália: - Educação sem Animais desde % (Medicina Veterinária, Medicina, Biologia e Farmácia) aboliram uso de animais vivos. (Fonte:
7 2. Como ensinar Medicina Veterinária? A tradição já não é o que era NÃO Metodologia tradicional vs alternativas mas SIM Metodologia tradicional PLUS alternativas Incentivar os alunos a acompanhar Médicos Veterinários na rotina clínica diária excelente método de aprendizagem
8 3. O QUE NOS LEVOU A CRIAR UMA COMISSÃO DE ÉTICA? Consciência: - Utilização ilegítima de animais - Os animais não podem ser considerados como instrumentos descartáveis - Alternativas - Legislação - Bem-Estar Animal - Devemos (professores, alunos, activistas e legisladores) trabalhar para a harmonia através de práticas positivas, contestando e abandonando a tradição negativa e apoiando o crescente movimento em direcção a uma ciência mais humanitária
9 4. FUNÇÕES DAS COMISSÕES DE ÉTICA de FACULDADES DE MED VET: Zelar para que os princípios de bioética, de acordo com a Legislação vigente, sejam observados nas actividades de ensino e investigação: - Regulamentação - Proibição do uso de animais vivos em actividades didácticas ou científicas, caso exista alternativa a este uso - Analisar, recomendar e aprovar/reprovar protocolos - Denúncias - Acompanhar e fiscalizar - Base de dados
10 4. FUNÇÕES DAS COMISSÕES DE ÉTICA de FACULDADES DE MED VET: -Papel consultivo e educativo -Incentivar/ basear o ensino no envolvimento dos alunos na experiência clínica real -Ensino das unidades curriculares básicas cadáveres éticos, modelos/alternativas - Analisa e divulga dados relativos ao BEA - Harmonizar os diferentes interesses - Promover eventos -Orientar docentes, alunos e investigadores
11 A morte de animais na educação continua, infelizmente, por convenção e hábito, e não porque é pedagogicamente necessária (N. Buyukmihci, DVM, PhD, American Veterinary Medical Association)
12 A Comissão de Ética e Bem-Estar Animal da FMV-ULHT Ética no ensino e na investigação veterinária 29 de Abril de 2011
13 Definição A Comissão de Ética da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade lusófona de Humanidades e Tecnologias (CE-FMV-ULHT) é uma comissão permanente de carácter consultivo, deliberativo e educativo.
14 Finalidades e competências I- Zelar para que os princípios de bioética, de acordo com a Legislação vigente, sejam observados nas actividades de ensino, projectos e protocolos de investigação, realizadas na FMV-ULHT, emitindo pareceres e deliberando sobre todas as actividades que envolvam a utilização de animais. II- Desempenhar papel consultivo e educativo fomentando a reflexão em torno da bioética na ciência e no ensino, orientando e disponiblizando formação nestas áreas. III- Receber denúncias de maus tratos relativos aos animais da Instituição, ou praticadas durante as aulas, tomando as devidas providências de acordo com a legislação vigente Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia Decreto-Lei nº 276/2001, de 17 de Outubro Decreto-Lei nº 315/2003, de 17 de Dezembro Decreto-Lei nº 129/92, de 06 de Julho. Portaria nº 1005/92, de 23 de Outubro Declaração Universal dos Direitos dos Animais (UNESCO 1978) Legislação
15 Constituição Director da Faculdade de Medicina Veterinária da ULHT 5 docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da ULHT com a função de coordenadores de ano Regente da cadeira de Comportamento e Bem Estar Animal da FMV-ULHT Representante da Sociedade Científica não veterinário Investigador creditado pela DGV como pessoa competente (investigadorcoordenador) para a prática de experimentação animal Representante dos alunos...representante da Sociedade não científica????
16 No ensino na FMV-ULHT O estudante que se recusa a participar em actividades crúeis para os animais, deve ser encorajado e não desmotivado. Compaixão é mais difícil de ensinar que anatomia Dr. Neal Barnard- Pres of Physicians Committe for Responsible Medicina
17 No ensino na FMV-ULHT - Não são permitidas práticas de vivissecação - As aulas de anatomia são feitas com cadáveres de animais que morreram de morte natural ou foram eutanaziados por outros motivos que não para este efeito. As aulas de técnica histológica são realizadas com vísceras compradas no talho. - Não é permitido o uso de animais vivos para fins didáticos que causem dano, dor ou sofrimento aos animais - As aulas de Fisiologia, Farmacologia, Propedêutica cirúrgica, etc utilizam cadáveres éticos ou modelos animais nas aulas práticas
18 No ensino da FMV-ULHT - Promover que a formação clínica avançada com animais vivos, seja apenas com animais que beneficiem com esses cuidados. - Para o estudante de veterinária, apreender com animais vivos é essencial, mas os animais nesses casos devem também beneficiar com esses actos (ex: esterelizações de animais errantes), ou pelos menos não sofrerem com isso (ex: exames físicos). - Garantir que as questões da Ética e do Bem Estar Animal sejam transversais a todas as Unidades Curriculares
19 No ensino - Objectores de consciência É papel da Comissão de Ética e Bem-Estar Animal detectar e estudar alternativas para os alunos objectores de consciência
20 Reflexão sobre o uso de Animais no Ensino de Medicina Veterináriana FMV-ULHT 1. No decurso das suas aulas recorre ao uso de animais? Sim: 25 disciplinas; Não: 17 disciplinas Dos que responderam Sim: 36% (9/25) usam animais vivos; 40% (10/25) usam cadáveres; 24% (6/25) usam órgãos/tecidos; 10. Consideraria importante uma formação específica sobre o uso de animais no Ensino da Medicina Veterinária para os docentes da FMV-ULHT? Sim: 96,8% (30/31); Não: 3,2% (1/31). 11. Frequentaria essa formação? Sim: 80,6% (25/31); Não: 19,4% (6/31). 12. Quais os temas que considera importantes ver abordados? a) Aplicação directa de Alternativas ao uso de animais no Ensino: 18,1% b) Contenção, condução e maneio de espécies pecuárias: 12,8% c) Contenção e maneio de animais de companhia: 12,8% d) Ética Animal: 18,1% e) Sofrimento e Bem-estar Animal: 18,1% f) Técnicas de alívio do stress e da dor: 19,2% g) Outros: 0,9% Quais? Utilização de alternativas condignas à experimentação animal no âmbito do desenho de ensaios clínicos, em alternativas aos clássicos estudos experimentais com ensaios com animais.
21 Dissertações de Mestrado Dar pareceres sobre os protocolos de investigação propostos pelos alunos e orientadores, em que haja utilização de animais. Encaminhar para avaliação pela DGV os protocolos que sejam considerados experimentação animal Auxiliar na elaboração dos protocolos com base na política dos 3R s Orientar na elaboração dos protocolos de investigação que utilizem animais vivos, nos trabalhos de dissertação de mestrado, de modo a que estes não sejam considerados experimentação animal
22 Declaração de consentimento Human biological samples and personal data (3) Detailed information must be provided on the source of the human biological samples and personal data and whether or not ethical approval has been obtained to cover their use in the present study. (4) The applicant must confirm that all the human samples used in this project are either legitimately available commercially or have been obtained following appropriate ethical approval. (5) Detailed information must be provided on privacy/confidentiality and the procedures that will be implemented for data collection, storage, protection, retention and destruction and confirmation that they comply with national and EU legislation.
23 Quando se retira a necessidade de um mal necessário, só nos resta o mal. Lawrence A. Hansen. Professor de Patologia e Neurociências da Universidade da Califórnia
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