FIABILIDADE E TECNOLOGIA DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO
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- Bárbara Philippi Lobo
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1 FIABILIDADE E TECNOLOGIA DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO João Cecílio Farias de Santana 1, Joaquim Nunes da Costa 2, Maria José da Silva e Luz 3, Luiz Paulo de Carvalho 4, Maurício José R. Wanderley 5, Ruben Guilherme da Fonseca 6. (1) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Campina Grande, PB, jcecilio@cnpa.embrapa.br, (2) Embrapa Algodão, jnunes@cnpa.embrapa.br, (3) Embrapa Algodão, mariajos@cnpa.embrapa.br, (4) Embrapa Algodão, lpaulo@cnpa.embrapa.br, (5) Embrapa Algodão, mauricio@cnpa.embrapa.br, (6) Embrapa Algodão, rguilher@cnpa.embrapa.br, (4) Embrapa Algodão, RESUMO Avaliaram-se doze características tecnológicas da fibra de doze cultivares de algodão herbáceo, estudadas no Ensaio Nacional de Cultivares de Algodão Herbáceo, conduzido, em 2001, no município de Ipanguaçu, RN. Destaque para as cultivares CNPA e Delta Opal, nos aspectos de comprimento e resistência da fibra. As características intrínsecas da fibra das doze cultivares herbáceas credenciam as mesmas para obtenção de fio tipo malharia, podendo ser cardados e/ou penteados, com títulos variando de 24 a 30 Nec. INTRODUÇÃO Desde a sua organização, em 1975, a Embrapa Algodão vem desenvolvendo tecnologias que objetivam atender aos diversos segmentos da sociedade envolvidos diretamente com a cadeia têxtil, quais sejam o produtor, o beneficiador (maquinista), a indústria têxtil, a indústria de confecção e o consumidor. No que tange à indústria têxtil nacional, esse setor ocupa a sexta posição à nível mundial, consumindo anualmente uma média de t (Textília) de pluma de algodão, exigindo fibras finas, resistentes e uniformes, a fim de atender aos princípios modernos de fiação: open-end, jato de ar e de fricção (Freire et al.,1997; Santana et al., 1997). Essa indústria considera como ideais as seguintes características da fibra (Fundação MT, 1999): comprimento a 2,5% numa faixa de 27,0 a 30,2 mm, índice de uniformidade 83% a 85%, micronaire 3,6 a 4,2 µg/in, resistência 26,0 gf/tex, alongamento 7,0%, índice de fibras curtas 3,5%, índice de fiabilidade (CSP) 2000 a 2500, maturidade 75 a 84%, grau de amarelo +b 10,0 e grau de reflectância Rd 70%. Os trabalhos de melhoramento genético conduzidos pela Embrapa Algodão e por outras instituições de pesquisas do País têm gerado um número considerável de cultivares de algodão anualmente testadas a nível regional e nacional, onde são observadas as características agronômicas e tecnológicas da fibras dessas cultivares. Por outro lado, o índice de fiabilidade, conhecido pela sigla CSP (Count Strength Product) é um indicador da resistência dos fios, em especial de fios de rotor open-end que depende, essencialmente, da resistência das fibras individuais. O CSP poderá ser obtido através da fórmula de correlação múltipla utilizada no sistema de análise de fibra dos equipamentos HVI (High Volume Instruments). O Conceito CSP vem do parâmetro americano de resistência do fio, que tem como base a verificação da resistência em meada (Bolsa de Mercadorias e Futuros, sd). Em pesquisas anteriores, conduzidas na Estação Experimental de Ipanguaçu no Rio Grande do Norte, constatou-se que as cultivares de algodão herbáceo IAPAR , IAC 22, COODETEC 401 e CNPA 7H apresentaram a fiabilidade e/ou CSP na faixa de 2119 a 2298, valores esses que incluem esses cultivares na categoria de fibra de alta fiabilidade. Esses cultivares apresentaram, também,
2 excelentes níveis de fibras curtas, isto é, aquelas fibras menores de 12 mm, com índice variando de 3,5 a 5,4% (Santana et al, 1998). Nesta pesquisa objetivou-se investigar as dez características físicas da fibra, incluindo a fiabilidade de doze cultivares de algodão herbáceo. MATERIAL E MÉTODO Utilizaram-se amostras padrão de algodão em caroço, oriundas do Ensaio Nacional de Cultivares de Algodão Herbáceo, conduzido no ano de 2001, na Estação Experimental de Ipanguaçu, no município do mesmo nome, no Estado do Rio Grande do Norte. O ensaio foi delineado em bloco ao acaso com doze tratamentos e quatro repetições, testandose as seguintes cultivares: CNPA , CNPA ITA 90, BRS 201 e BRS , desenvolvidas pela Embrapa Algodão; DP 4049 e Delta Opal, pelo grupo Deltapine/Monsanto/Moeda; IAC 97/86, pelo Instituto Agronômico de Campinas e IPR 94 e IPR 96, pelo Instituto Agronômico do Paraná; Epamig Liça, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais e finalmente as cultivares FMT e FMT , desenvolvidas pela Fundação Mato Grosso. As amostras padrão de algodão em caroço foram constituídas de vinte capulhos, colhidos na área útil de cada parcela, por ocasião da primeira colheita. As amostras devidamente identificadas foram beneficiadas em máquina de rolo, separando-se o caroço da pluma. As amostras de fibra permaneceram em ambiente climatizado no Laboratório de Tecnologia de Fibras e Fios da Embrapa Algodão em Campina Grande PB por um período mínimo de 24 horas, antes das análises das características físicas da fibra, a saber comprimento, uniformidade de comprimento, resistência, alongamento, micronaire, índice de fibras curtas, fiabilidade, grau de amarelo e grau de reflectância, todas determinadas pelo equipamento HVI (High Volume Instrument). Na análise de variância das dez variáveis da fibra e das quatro do fio, adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições, cujas médias foram comparadas pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade (Gomes, 1978). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observando-se as dez características tecnológicas da fibra, determinadas pelo equipamento de Alto Volume de Testes HVI, podem ser feitas as seguintes colocações: Características da fibra As doze cultivares em teste, possuem fibras na classe 32/34 mm a 34/36mm, incluindo-as na categoria comercial de fibras longas (Tabela 1). Todas possuem fibras uniformes, em razão dos seus índices de uniformidade de comprimento de fibra variarem de 84,6% (Epamig Liça), a 86,7% (DP 4049). (Bolsa de Mercadorias & Futuros, s.d). Com respeito ao índice de fibras curtas, expresso em %, isto é, aquelas fibras com comprimento inferior a 12,7mm ou a 0,50 polegadas, percebe-se que as cultivares avaliadas, apresentaram um excelente índice de fibras curtas, cuja média geral atingiu o nível de 3,7% (Bolsa de Mercadorias & Futuros, s.d; Santana & Wanderley, 1995). É importante frisar que o alto índice de fibras curtas, ou seja >17%, leva a um aumento no nível de ruptura do fio, por resistir pouco ao processo de torção e estiramento na fiação (Zellweger Uster, 1995), reduzindo a eficiência com o aumento da geração de resíduo neste processo. Com referência a essa última variável constatou-se em pesquisas anteriores envolvendo linhagens e cultivares de algodão herbáceo em distribuição no Nordeste e na região Centro-Sul do Brasil (Beltrão et al; 1997), que o valor médio obtido para o conteúdo de fibras curtas foi de apenas
3 4,2% o que é considerado muito baixo, evidenciando a excelente qualidade do algodão nacional para essa característica. No tocante ao índice de fiabilidade CSP (Count Strength Product), variável que depende essencialmente do comprimento, uniformidade de comprimento, micronaire e resistência da fibra, constatou-se que essa característica variou de 2009, correspondente à cultivar BRS 201, a 2216 referente à cultivar CNPA , incluindo as doze cultivares testadas na categoria de fibras de fiabilidade média. Esses valores de fiabilidade concordam com resultados anteriores, quando foi observado que as cultivares de algodão herbáceo CNPA 7H, IAC 22, IAPAR , CD e Coodetec 401, testadas no Nordeste, apresentaram índices de fiabilidade na categoria média com variações de 2160 da cultivar IAPAR a 2250 referente à cultivar Coodetec 401 (Santana et al., 1998). A resistência da fibra das doze cultivares variou nas categorias de fraca resistência, BRS 201 (24,6 gf/tex) e Epamig Liça (25,6gf/tex), a forte resistência, correspondente as cultivares DP 4049 (32,0 gf/tex), CNPA (32,1gf/tex) e FMT (32,5 gf/tex). CONCLUSÕES Destaque para as cultivares CNPA e Delta Opal, nos aspectos de comprimento e resistência da fibra. As características tecnológicas da fibra apresentadas pelas cultivares estudadas de algodão herbáceo, credenciam as mesmas à obtenção de fio cardado e/ou penteado, cujos títulos poderão variar de 24/1 a 30/1 Nec.
4 Tabela 1. Características tecnológicas da fibra de cultivares de algodão herbáceo.ensaio Nacional de Cultivares - Ipanguaçu, RN, 2001 Cultivares Comprimento a 2,5% (mm) Ìndice de Uniformidade (%) Comprimento Comercial Micronaire µg/in Resistência gf/tex Alongamento (%) Índice de Fibras Curtas (%) Fiabilidade CSP Grau de Amarelo +b Grau de Reflectância Rd% CNPA ,4a 86,6a 34/36 4,5ab 32,1a 8,7 3,5 2216a 11,3a 74,8abc BRS ,8abc 85,0ab 32/34 4,9a 24,6 d 8,8 3, c 11,6a 73,4 bcd FMT ,4ab 85,1ab 32/34 5,0a 29,4abc 8,5 4, c 11,7a 72,2 d Delta Opal 29,7abc 85,6ab 32/34 4,7ab 30,7abc 9,0 3,7 2134abc 10,9ab 75,4ab DP ,0abc 86,7a 34/36 4,4ab 32,0ab 8,8 3,5 2175ab 11,7a 72,9 cd IAC 97/86 30,2abc 85,8ab 32/34 4,8a 30,3abc 8,7 3,5 2114abc 11,4a 74,6abcd IPR 94 29,9 c 85,1ab 32/34 5,0a 28,2 bcd 8,8 3,7 2087abc 11,0ab 75,5ab IPR 96 30,1abc 85,0ab 32/34 5,0a 27,3 cd 8,7 3, bc 11,4a 74,7abc Epamig Liça 28,8 c 84,6 b 32/34 4,2 b 25,2 d 9,5 4,7 2136abc 12,3 b 76,8a FMT ,8abc 85,2ab 32/34 4,7ab 32,5a 9,3 3,7 2122abc 11,2a 73,9 bcd BRS ,4abc 85,8ab 32/34 4,8a 29,9abc 9,2 3,5 2134abc 11,0ab 74,8abc CNPA ITA 90 30,6abc 85,6ab 32/34 4,8a 29,4abc 8,9 3,8 2137abc 11,2a 75,0abc Média Geral 30,1 85,5-4,7 29,3 8,9 3, ,2 74,5 Teste F 4,31** 2,90** - 4,29** 11,1** 1,36 NS 1,22 NS 5,08** 5,62** 6,74** C.V. (%) 2,22 0,88-4,96 5,22 5,47 16,3 2,54 2,97 1,28 Em cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferêm a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey, N.S. Não significativa ** Significativa a nível de 1% de probabilidade
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS. Resultado de testes no HVI e sua interpretação. São Paulo, s.d. não paginado. FUNDAÇÃO MT (Rondonópolis, MT). Liderança e Competividade. Rondonópolis, MT, p. FREIRE, E.C; FARIAS, F.C.; CARVALHO L. P. de; ANDRADE, F. P. de; ARANTES, E. M.; OLIVEIRA, L. C. de; BOLDT, A. F.; FERRAZ C. T.; RAMALHO, A.R.; MORESCO, E. R.; SOUZA, M. de. Comportamento de cultivares e linhagens de algodoeiro no Centro-Oeste e Noroeste brasileiro. Campina Grande EMBRAPA CNPA, p (EMBRAPA CNPA. Pesquisa em andamento, 47). GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, p. SANTANA, J. C. F. de.; FREIRE, E.C.; SOUZA, I. G. de; ANDRADE, F. P. de; FARIAS, F. I. C. de; ANDRADE, E. O. de. Tecnologia da Fibra das cultivares algodão 6M, algodão 7MH e CNPA ITA 96, lançadas pela Embrapa Algodão. In: CONGRESSO BRASILERIO DE ALGODÃO, 1., 1997, Fortaleza. Anais... Fortaleza: EMBRAPA CNPA,1997. p SANTANA, J. C. F. de; COSTA, J. N. da; CARVALHO, L. P. de; VIEIRA, R. de M.; ANDRADE, J. E. O. Características tecnológicas da fibra com ênfase na fiabilidade de cultivares de algodão herbáceo no mercosul. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v. 2, u.2, p , mai/ago USTER STATISTICS Suiza: Zellweger Uster, p. ZELLWEGER USTER (Suiça). Applications of single fiber cotton maturity: USTER afis maturity and fineness. In: ZELLWEGER USTER (Uster, Suiça). Techinical Encyclopedia. Uster, Suiça, 1995b. p
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