ENSAIOS DE COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO, SAFRA 2003/2004 (*)

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1 ENSAIOS DE COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO, SAFRA 2003/2004 (*) Paulo Hugo Aguiar (Fundação MT / pauloaguiar@fundacaomt.com.br), José Carlos Feijó de Melo (Fundação MT), Joacy Joel de Barros (Fundação MT), Márcio Cândido da Costa (Fundação MT), Edvado de Oliveira Branco (Fundação MT). RESUMO - O objetivo do ensaio foi avaliar a performance produtiva e de características agronômicas e de fibra, de 18 cultivares e linhagens de algodão (Gossypium hirsutum L.), nas condições do Estado de Mato Grosso. Para tanto, foram instalados 9 Ensaios de Competição de Cultivares e Linhagens de Algodão no estado de Mato Grosso, 3 destes ensaios foram conduzidos pela Fundação MT e as médias são aqui apresentadas. O delineamento estatístico utilizado foi Blocos Casualizados com 5 repetições e foram observadas diferenças significativas entre as cultivares quanto aos parâmetros avaliados e entre as localidades: nas localidades com rígido controle de doenças foliares e de viroses, as cultivares introduzidas de outros países foram as mais produtivas, já em ambiente sem o controle das viroses, as cultivares resistentes a virose obtiveram as maiores produtividades; os maiores rendimentos de fibra foram apresentados pelas cultivares Stoneville 474, BRS-Cedro e Fibermax 977 e o menores por BRS-Aroeira, e BRS-Jatobá; os maiores comprimentos de fibra foram obtidos por Coodetec 407,, BRS-Aroeira e Coodetec 406 e o menor por Stoneville 474; os maiores valores de resistência de fibra foram obtidos por Fibermax 966 e BRS-Aroeira e os menores por Stoneville 474, Suregrow 821, Coodetec 407, DeltaPenta e Mákina. Palavras-chave: competição, cultivar, algodão. COTTON VARIETIES TEST IN MATO GROSSO STATE, SEASON 2003/2004 ABSTRACT - The purpose of the trial was to evaluate the yield performance and agronomic characteristics and fiber of 18 cotton varieties and lines, in the conditions of Mato Grosso State. For this, under the coordination and the financing of Fundo de Apoio à Cultura do Algodão - FACUAL, 9 competition trials of cotton varieties and lines had been installed in Mato Grosso State. From the total, 3 trials had been under responsibility of MT FOUNDATION, whose results are presented. The applied experimental design was the Randomized Complete Block Design with 5 replications. Significant differences was observed between cultivars with regard to the evaluated parameters and between the locations: in the locations with rigid control of leaf diseases and virosis, the cultivars introduced from other countries was more productive, but on those environments without control of virosis, the cultivars resistant to virus had gotten the higher yields. The higher gin tournout was presented by the cultivars Stoneville 474, BRS-Cedro and Fibermax 977 and the lower by BRS-Aroeira, and BRS-Jatobá; the higher fiber lengths was gotten by Coodetec 407,, BRS-Aroeira and Coodetec 406 and the lower by Stoneville 474; the higher values of fiber resistance was gotten by Fibermax 966 and BRS- Aroeira and the lower by Stoneville 474, Suregrow 821, Coodetec 407, DeltaPenta and Mákina. Key words: competition, cultivar, cotton INTRODUÇÃO

2 O cultivo do algodão no estado de Mato Grosso atingiu um nível tecnológico e de produtividade inimagináveis há alguns anos atrás, com algumas propriedades e/ou talhões obtendo produtividades superiores a 140@/ha de pluma. Isso somente foi possível graças a utilização de cultivares modernas, às condições edafoclimáticas altamente favoráveis, ao nível tecnológico empregado e, principalmente ao espirito empreendedor do produtor matogrossense. Dez anos após o inicio do plantio do algodão no cerrado matogrossense, diversas cultivares foram disponibilizadas comercialmente, algumas introduzidas de outros países, principalmente Estados Unidos e Austrália, e outras desenvolvidas regionalmente (FUZATTO, 2003; ALLIS et al, 2003; CANCI, 2003; ALMEIDA, 2003). No entanto, para a utilização segura dessas cultivares é necessário a sua avaliação no próprio local onde será cultivada quanto a produtividade, características de fibra e reação às doenças (CARVALHO, 2001). Assim, nesse trabalho foram avaliadas dezoito cultivares e linhagens de algodoeiro em três localidades do estado de Mato Grosso. MATERIAIS E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos na condição de sequeiro em três localidades do estado de Mato Grosso (Tab. 1). As parcelas experimentais foram constituídas por 5 linhas por 6 metros de comprimento, no espaçamento 0,90 m entre linhas, e a parcela útil por 2 linhas de 5 metros. O delineamento experimental utilizado foi Blocos casualizados com 18 tratamentos (cultivares e linhagens de algodoeiro) e 5 repetições. O manejo de adubação, controle de plantas daninhas e doenças do algodoeiro, e as aplicações de regulador de crescimento são apresentadas nas Tabelas 2 e 3. Tabela 1. Descrição dos condutores, nome das propriedades rurais, coordenadas geográficas e das datas de plantio de 3 experimentos de competição de cultivares de algodão, safra 2003/04. Município Nome da Fazenda Altitude Latitude Longitude Data de Plantio Rondonópolis Campo Experimental 450m 16º50'23'' 54º02'39'' 18/12/2003 Pedra Preta Fazenda Girassol 740m 16º42'16'' 54º41'05'' 22/12/2003 Campo N. Parecis Fazenda Itanorte 644m 14º08'40'' 57º58'30'' 02/01/2004 Tabela 2. Resumo do manejo da fertilidade de 3 experimentos de competição de cultivares de algodão, safra 2003/04 Adubações Município Plantio Cobertura I Cobertura II Cobertura III 400 Kg de 250 Kg de 100 Kg de Rondonópolis Micro Uréia 500 Kg de 300 Kg de 300 Kg de 100 Kg de Pedra Preta Campo N. Parecis Micro 500 Kg de Micro Kg de S.Amônea Kg de Uréia 250 Kg de Tabela 3. Resumo do manejo de 3 experimentos de competição de cultivares de algodão, safra 2003/04 Manejo

3 Município Fungicidas (n o. de aplicações) Controle do pulgão Controle de ervas daninhas Aplicação de Regulador (n o.) Rondonópolis 0 Leve Manual/Química 3 (PIX) Pedra Preta 4 Rigoroso Manual/Química 4 (PIX) Campo N. Parecis 3 Rigoroso Manual/Química 2 (PIX) Nestes ensaios avaliaram-se a altura de plantas (m), o grau de acamamento das plantas, o grau de aderência da fibra à cápsula, o índice de severidade de bacteriose (Xanthomonas axonopodis pv. Malvacearum), ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides), virose (mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito), ramulária (Ramularia areola), alternaria (Alternaria sp.) e estenfilium (Stemphylium solani), o rendimento de fibra (%), a produção de algodão em caroço e fibra (Kg/ha), o comprimento da fibra (mm), a uniformidade do comprimento (%), o índice de fibras curtas (%), a resistência da fibra (gf/tex), o alongamento da fibra (%), o índice de micronaire (µg/in), a elongação, o grau de amarelecimento e a reflectância. Os dados foram submetidos à análise de variância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 1 a 6 encontram-se os resultados de produtividade de fibra (Kg/ha) obtidos nas 3 localidades, os valores médios do rendimento de fibra (%), determinado em máquina de rolo, e os valores médios do comprimento (mm) e da resistência de fibra (gf/tex), por cultivar. As maiores produtividades de fibra foram obtidas no ensaios de Pedra Preta e de Campo Novo do Parecis, locais onde foram realizados controle rigoroso de doenças foliares e das viroses do algodoeiro, com destaque para as cultivares suscetíveis a virose: Stoneville 474, Suregrow 821, Fibermax 977, Fabrika, DeltaPenta, Mákina, ITA 90 e Fibermax 966. Em Rondonópolis, na ausência do controle de virose e das doenças foliares, as cultivares resistentes a virose foram as mais produtivas com destaque para BRS Cedro, e BRS Aroeira. Com relação as características de fibra, foram observadas diferenças significativas entre as cultivares avaliadas: o rendimento de fibra (Fig. 4) variou entre 37,98% (BRS Aroeira) e 43,44% (Stoneville 474), o comprimento de fibra (Fig. 5) variou entre 29,6 mm (Stoneville 474) e 33,06 mm (Coodetec 407) e a resistência de fibra (Fig. 6) variou entre 25,37 gf/tex (Stoneville 474) e 30,41 gf/tex (Fibermax 966).

4 1679,5 Ensaio de Competição de Cultivares de Algodão, safra 2003/04 Rondonópolis-MT 897,4 949,0 984,6 1048,5 1052,5 1070,6 1078,0 1101,8 1162,6 1176,9 1319,4 1333,8 1368,3 1376,1 1398,3 1486,9 1576,5 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 Produtividade de algodão em pluma (Kg/ha) CV: 13,2% Figura 1. Ensaio da competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004 em Rondonópolis, MT. Ensaio de Competição de Cultivares de Algodão, safra 2003/04 Campo Novo do Parecis-MT 1526,0 1603,6 1650,4 1764,2 1778,1 1794,2 1797,6 1818,0 1856,8 1912,4 1947,7 1963,5 2078,7 2109,4 2185,0 2194,5 2218,7 2363, Produtividade de algodão em fibra (Kg/ha) CV: 9,6% Figura 2. Ensaio da competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004 em Campo Novo do Parecis, MT.

5 2389,3 Pedra Preta-MT (Serra da Petrovina) 1659,4 1751,8 1754,6 1815,9 1828,8 1840,1 1927,1 1935,3 1956,7 1965,2 1972,6 2063,7 2090,3 2113,8 2211,0 2220,0 2245,6 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 Produtividade de algodão em fibra (Kg/ha) CV: 7,1% Figura 3. Ensaio da competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004 em Pedra Preta, MT. Rendimento de Fibra (máquina de rolo): Média de 3 localidades no Estado de Mato Grosso 37,98 38,32 38,64 39,50 39,76 39,87 40,22 Cultivares 40,31 40,45 40,74 41,10 41,38 41,46 41,58 42,21 42,91 42,99 43,44 35,00 36,00 37,00 38,00 39,00 40,00 41,00 42,00 43,00 44,00 Porcentagem de Fibra (%F) Figura 4. Ensaio da competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004. Rendimento de fibra: média de três localidades no estado de Mato Grosso. Comprimento de Fibra: Média de 3 localidades no Estado de Mato Grosso 29,60 30,31 30,52 30,62 30,97 31,04. 31,10 31,11 31,16 31,25 31,49 31,49 31,53 31,74 32,29 32,44 32,45 33, Comprimento de Fibra (mm)

6 Figura 5. Ensaio de competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004. Comprimento da fibra: média de três localidades no estado de Mato Grosso. Resistência de Fibra: Média de 3 localidades no Estado de Mato Grosso 25,37 25,71 26,47 26,49 26,81 27,60 27,62 27,84 28,21 28,24 28,60 28,75 28,99 29,01 29,15 29,21 30,11 30, Resistência de Fibra (gf/tex) Figura 6. Ensaio de competição de cultivares de algodão, safra 2003/2004. Resistência da fibra: média de três localidades no estado de Mato Grosso. CONCLUSÕES 1. Nos 2 ambientes com controle rigoroso de virose e doenças foliares (Pedra Preta e Campo Novo do Parecis), as cultivares que obtiveram as maiores produtividades foram: Suregrow 821, Stoneville 474 e Fibermax 977 (suscetíveis a virose). Já no ambiente sob alta incidência de virose e sem o controle de doenças foliares (Rondonópolis), as cultivares que obtiveram as maiores produtividades foram: BRS- Cedro, e BRS-Aroeira (resistentes a virose); 2. Em Campo Novo do Parecis, onde o ensaio foi semeado no inicio de janeiro e o controle da virose e das doenças foliares foi realizado intensivamente, as cultivares mais produtivas foram: Fibermax 966, Suregrow 821, Delta Penta e Stoneville 474, cultivares suscetíveis a virose e ciclo precoce/médio; 3. Os maiores rendimentos de fibra no descaroçamento, determinados em máquina de rolo, foram obtidos pelas cultivares Stoneville 474, BRS-Cedro, Fibermax 977 e Delta Penta, e os menores, pelas cultivares BRS-Aroeira, e BRS-Jatobá; 4. Os maiores comprimentos de fibra foram obtidos pelas cultivares Coodetec 407, IPR 120, BRS- Aroeira e Coodetec 406 e os menores por Stoneville 474, Delta Penta, Suregrow 821 e Makina; 5. Os maiores índices da resistência da fibra (gf/tex) foram obtidos pelas cultivares Fibermax 966 e BRS-Aroeira e os menores por Stoneville 474, Suregrow 821, Coodetec 407 e Delta Penta. (*) Pesquisa financiada pelo Fundo de Apoio à Pesquisa do Algodão (FACUAL) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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