Palavras-chave: qualidade da fibra, conteúdo de Trash/g, colheita, algodoeiro INTRODUÇÃO
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- Aníbal Canto Balsemão
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1 CONTEÚDO DE SUJEIRA (TRASH/G) NA FIBRA DO ALGODOEIRO, EM DECORRÊNCIA DA COLHEITA MECANIZADA, CONFECÇÃO E DESMANCHE DOS FARDÕES EM LAVOURAS DE PRODUÇÃO NO ESTADO DO MATO GROSSO (*) Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva (Embrapa Algodão / odilon@cnpa.embrapa.br), João Cecílio Farias de Santana (Embrapa Algodão), Valdinei Sofiatti (Embrapa Algodão), Maurício José Rivero Wanderley (Embrapa Algodão), Fabiana Xavier Costa (UFCG), Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (Embrapa Algodão) RESUMO - Estudou-se o efeito do manejo do algodão no campo e na confecção e desmanche do fardão sobre a quantidade de sujeira na pluma (Trash/g) em 12 lavouras de produção comercial do Estado de Mato Grosso. O experimento consistiu de uma combinação fatorial de quatro etapas de manejo do algodão antes do beneficiamento em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. As etapas do manejo do algodão foram: algodão na planta colhido manualmente; colheita mecanizada com colheitadeira de cinco linhas; confecção do fardão e, desmanche do fardão na algodoeira. As amostras colhidas em cada etapa e em cada lavoura foram beneficiadas com descaroçador de rolo e analisadas mediante o equipamento AFIS (Advanced Fiber Information System), por meio do qual se determinou a presença de sujeira na pluma (Trash/g). Os resultados mostraram que a pluma proveniente dos capulhos na planta apresentou quantidades baixas ou muito baixas de sujeira, não se observando diferenças entre as lavouras. Porém, a colheita mecanizada aumentou significativamente a quantidade de sujeira (Trash/g) na fibra do algodão enquanto na confecção e no desmanche do fardão, não ocorreu alteração na quantidade de sujeira presente na pluma do algodoeiro. Palavras-chave: qualidade da fibra, conteúdo de Trash/g, colheita, algodoeiro INTRODUÇÃO A modernização da lavoura do algodão através de grandes plantios comerciais e a escassez de mão-de-obra no meio rural, contribuíram para a utilização, em larga escala, da mecanização do cultivo, em que a colheita realizada com colheitadeiras automotrizes é um dos principais segmentos necessários para viabilizar a exploração da cultura nessas áreas (SILVA, et al., 2006). A colheita mecanizada é extremamente vantajosa em relação à manual visto que, além dos custos operacionais serem reduzidos, dá-se melhoria na qualidade do produto colhido, tem-se maior rapidez na colheita, menor incidência de contaminantes, além de economia de mão-de-obra nas operações de recepção do produto colhido, pesagem e utilização de sacarias, o que inviabilizaria grandes extensões de cultivo (ALVAREZ et al., 1990; SILVA, 2005). Nas a colheita mecanizada exige toda uma logística de * Pesquisa realizada com apoio financeiro do Facual.
2 equipamentos para o manejo, recepção e armazenamento do algodão, que devem estar em perfeito dimensionamento e de acordo com a capacidade de colheita, visando à preservação das características iniciais da fibra (SILVA, 2005). A falta de cuidado durante a condução da lavoura, na colheita, no armazenamento e no transporte, poderá proporcionar incremento de sujeira no algodão em caroço, que são materiais estranhos ou pertencentes ao próprio algodão, que são indesejáveis no processo de beneficiamento e na indústria têxtil, dentre eles, se destaca o Trash/g, que são partículas de casca de sementes ou folhas do algodoeiro, cuja presença na fibra provoca ruptura de fios nas fiações, comprometendo a produtividade das máquinas e a qualidade dos fios e dos tecidos (MAYFIELD et al., 1999). A determinação e a caracterização desta característica da fibra nos processos que antecedem o beneficiamento, são de suma importância para orientar os tipos de equipamentos de limpeza que devem equipar as usinas de beneficiamento do algodão. A determinação do Trash/g é realizada pelo instrumento AFIS Advanced Fiber Information System que, em uma única análise avalia, um conjunto de 300 mil fibras, individualmente (CHEIKHROUHOU et al., 1997). Desta forma, com o presente trabalho, se estudou o efeito do manejo do algodão no campo e da confecção e do desmanche do fardão sobre a quantidade de sujeira na pluma (Trash/g) em 12 lavouras de produção comercial do Estado de Mato Grosso. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado em 12 lavouras comerciais de algodão do Estado de Mato Grosso, cultivados com a variedade CNPA ITA 90, na safra 2002/2003. Os tratamentos foram constituídos por uma combinação fatorial 4 x 12 (quatro etapas do manejo do algodão, que antecede o beneficiamento em 12 campos de produção do Estado de Mato Grosso). Nesse experimento, as observações não foram controladas e para a análise estatística dos dados considerou-se, um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições (HOFFMANN, 1980). Demarcaram-se talhões em cada lavoura de produção nos quais foram coletadas amostras de algodão em caroço, nas seguintes etapas do manejo: a) antes da colheita mecânica, foram colhidas amostras de algodão da planta, manualmente, sendo esta a testemunha relativa ao conteúdo de sujeira (Trash/g) da fibra, que se encontrava na planta; b) no mesmo talhão previamente demarcado, procedeu-se à colheita mecanizada com colheitadeiras de cinco linhas das marcas John Deere e Case retirando-se amostras de algodão em caroço colhido mecanicamente; c) o algodão colhido mecanicamente foi conduzido a uma prensa, para confecção do fardão; após a confecção do fardão, coletaram-se amostras de algodão em diversos pontos de suas laterais; d) a seguir, o fardão foi transportado para a algodoeira processando-se o desmanche para o beneficiamento e, após esta operação, na esteira transportadora do algodão para a algodoeira coletaram-se as amostras. Em cada etapa de coleta foram retiradas quatro amostras, com peso 1,5 kg de algodão em caroço. O beneficiamento foi realizado em máquina de rolo e, da pluma obtida, foram retirados 350 gramas para análise, mediante o instrumento AFIS (Advanced Fiber Information System) da Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis, para determinação do conteúdo de sujeira (Trash/g) presente na fibra. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Apresenta-se, na Tabela 1, a quantidade de sujeira (Trash/g) contida na fibra de algodão da cultivar CNPA ITA 90, oriunda de 12 campos de produção do Estado de Mato Grosso em cada etapa
3 do manejo do algodão que antecede o beneficiamento. Ocorreu interação entre os fatores manejo do algodão antes do beneficiamento e lavoura de produção de algodão, evidenciando que a quantidade de sujeira na fibra pode ser afetada pelo processo de colheita e transporte até a unidade de beneficiamento e, também, pela tecnologia empregada neste processo, a qual é variável entre as lavouras de produção. Tabela 1. Conteúdo de sujeira (Trash/g) da fibra da cultivar ITA 90, em quatro etapas do manuseio do algodão em caroço em 12 lavouras de produção do Estado do Mato Grosso Lavouras Algodão na planta Etapas do manejo do algodão antes do beneficiamento Colheita mecanizada Confecção do Fardão Desmanche do fardão lavoura 1 44,50 Ba 187,25 Abc 196,25 Ab 218,00 Abcde lavoura 2 39,75 Ba 226,75 Aabc 227,75 Ab 253,50 Aabcd lavoura 3 45,75 Ca 169,75 Bbc 229,75 ABb 301,00 Aab lavoura 4 49,25 Ba 305,50 Aa 358,50 Aa 284,75 Aabc lavoura 5 23,25 Ba 135,25 Ac 187,50 Ab 187,75 Acde lavoura 6 41,25 Ca 233,50 Babc 275 ABab 361,75 Aa lavoura 7 41,25 Ba 249,50 Aab 255,50 Aab 224,75 Abcde lavoura 8 35,50 Ba 211,75 Aabc 175,50 Ab 138,75 Ae lavoura 9 18,00 Ba 184,00 Abc 211,25 Ab 222,75 Abcde lavoura 10 27,50 Ba 225,50 Aabc 260,00 Aab 239,75 Aabcd lavoura 11 43,00 Ba 163,00 Abc 196,25 Ab 159,25 Ade lavoura 12 38,00 Ba 212,50 Aabc 275,25 Aab 212,00 Abcde Média Geral 37,25 208,69 237,38 233,67 CV (%) 12,37 Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. O algodão colhido manualmente não apresentou diferenças significativas entre as 12 lavouras. A quantidade de sujeira presente na pluma antes da colheita mecanizada foi considerada baixa ou muito baixa em todas as lavouras (ZELLWEGER USTER, 1988). Entretanto, a colheita mecanizada proporcionou aumento na quantidade de sujeira presente na fibra (Trash/g) em relação àquela presente na pluma antes da colheita. Este aumento na quantidade de sujeira na pluma ocasionado pela colheita mecanizada ocorreu nas 12 lavouras. Após a colheita mecanizada, a fibra do algodão de algumas lavouras atingiu quantidades de Trash/g classificadas como altas (ZELLWEGER USTER, 1988), sendo essas lavouras as de número um, três, cinco, nove e onze. As demais lavouras apresentaram quantidade de sujeira considerada muito alta. Mesmo com a aplicação de maturadores para o desfolhamento da planta, em todas as lavouras estudadas houve aumento do conteúdo de Trash/g com a colheita mecanizada. Entretanto, esta é uma característica inerente a processo mecânico de recolhimento dos capulhos de algodão na planta, o qual é realizado por fusos cônicos em alta rotação.
4 Silva et al. (2003) também verificaram aumento no conteúdo de Trash/g na fibra do algodoeiro, quando esta foi colhida mecanicamente em relação àquela colhida manualmente. Na maioria das lavouras a confecção e o desmanche dos fardões, não ocasionaram diferenças significativas na quantidade de sujeira em relação àquela da colheita mecanizada. Apenas, nas lavouras de n. 3 e n. 6 a quantidade de sujeira da fibra, após o desmanche do fardão, foi superior àquela da colheita mecanizada, embora nessas duas lavouras, após a confecção do fardão essa quantidade de Trash/g tenha sido semelhante à presente na fibra após a colheita mecanizada. A exemplo da quantidade de sujeira na fibra verificada após o processo de colheita mecanizada, e a confecção e o desmanche dos fardões, ocorreram grandes variações entre as lavouras. Esta diferença na quantidade de Trash/g entre as lavouras após os processos de confecção e desmanche dos fardões, provavelmente, é decorrente dos equipamentos utilizados na colheita mecanizada em cada lavoura, pois a sujeira adquirida na colheita mecanizada é transferida para os fardões. A quantidade de sujeira presente na pluma do algodão após a confecção e o desmanche dos fardões, foi classificada como alta e muito alta, de acordo com a classificação de Zellweger Uster (1988). Dessa forma, a quantidade de sujeira presente na fibra do algodão (Trash/g), após os processos de colheita mecanizada, confecção e desmanche do fardão,é considerada alta ou muito alta requerendo equipamentos de alta performance na fase de beneficiamento do algodão em caroço, a fim de que a matéria-prima atinja padrões considerados adequados pela indústria têxtil. CONCLUSÕES A pluma proveniente do algodão na planta apresentou quantidades baixas ou muito baixas de sujeira, não se observando diferenças entre as lavouras. A colheita mecanizada é o principal processo que ocasiona aumento da quantidade de sujeira (Trash/g) na fibra do algodão. A confecção e o desmanche do fardão não alteraram a quantidade de sujeira na pluma do algodoeiro. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Orienta o produtor a ter o máximo de cuidado com os equipamentos de colheita mecanizada, pois é neste processo que ocorre aumento considerável da quantidade de sujeira na fibra do algodão, sendo que má regulagem ou operação da colheitadeira pode aumentar ainda mais esta contaminação da fibra com sujeira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ, G.; BASTO, H.; SIERRA, J.F. Recolección. In: FEDERACIÓN NACIONAL DE ALGODONEROS. Bases técnicas para el cultivo del algodón en Colombia. Bogotá: Guadalupe, p BAKER, R.V.; ANTHONY, W.S.; SUTTON, R.N. Seed cotton cleaning and extracting. In: ANTHONY,
5 W.S.; MAYFIELD, W.D. Cotton ginners handbook. Washington: USDA, p (USDA. Agricultural Handbook Number, 503). HOFFMANN, R. Estatística para economistas. São Paulo: Pioneira, 1980, 379p. SILVA, O.R.R.F. da; WANDERLEY, M.J.R.; SANTANA, J.C.F. De; SILVA, J.C.A.; SANTOS, J.W. dos Influência da colheita mecânica sobre algumas características intrínsecas da fibra do algodão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goiânia, GO, Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003, CD-ROM. SILVA, O.R.R.F. da; A.C. de B.; LAMAS, F.M.; FONSECA, R.G. da; BELTRÃO, N.E. de M. Destruição dos restos culturais, colheita e beneficiamento do algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, (Embrapa Algodão - Circular Técnica, 99). ZELLWEGER USTER. AFIS: Testing data analysis. In: ZELLWEGER (Uster, Suiça) Technical encyclopedia. Suíça, 1955, p
Palavras-chave: qualidade da fibra, manejo do algodoeiro, Neps. INTRODUÇÃO
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