Plantio de Algodão Ultra-Estreito - : Experiência do Grupo Itaquerê Engº Agrônomo Eurico Brunetta Dir. Agroindustrial Grupo Itaquerê
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- Geovane Gorjão Ximenes
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1 Plantio de Algodão Ultra-Estreito - : Experiência do Grupo Itaquerê Engº Agrônomo Eurico Brunetta Dir. Agroindustrial Grupo Itaquerê A determinação da população de plantas é uma prática cultural de grande influência sobre a produtividade de uma lavoura. A opção por uma ou outra população de plantas deve considerar fatores edafoclimáticos, a cultivar a ser plantada, além de máquinas a serem utilizadas durante o cultivo e o seu manejo. Atualmente, os resultados disponíveis sobre os benefícios do adensamento da população de plantas são ainda contraditórios, principalmente devido a falta de cultivares espacialmente adaptados a esta tecnologia, indicando que esta tecnologia precisa ser adaptada às diferentes regiões, considerando as características locais. Tendo em vista as perspectivas de adoção comercial da tecnologia de adensamento populacional, o Grupo Itaquerê, planejou e executou desde a safra 2000/2001, diferentes experimentos de espaçamento e densidade. Os experimentos implantados anualmente consistiram de testar diferentes cultivares, sob diferentes condições de espaçamento e densidade populacional. Os espaçamentos avaliados e as respectivas densidades populacionais após o raleio, são os que seguem: 0,9m plantas/m 0,8m plantas/m 0,4m plantas/m 0,2m plantas/m á lanço - 40 plantas/m 2 Estes experimentos foram implantados e conduzidos durante a época normal de cultivo do algodão, recomendada para a região. O controle fitossanitário seguiu o padrão utilizado pela lavoura comercial, e a colheita para tomada de dados de produtividade foi realizada em 4 parcelas de 10m 2 / material. Para fins de análise de rendimento e qualidade de fibra, foram retiradas amostras padrão de 4 repetições/material. Seguem os resultados obtidos nos diferentes anos agrícolas:
2 COMPARATIVO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO - SAFRA 2000/2001 COMPARATIVO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO - SAFRA 2001/ ,10 292,04 ITA 90 ITA ,25 271,75 223,90 246,08 273,04 210,60 189,17 217,71 203,88 231,31 205,96 266,27 235,42 200,69 233,98 222,13 250,50 220,25 241,08 199,75 251,35 185,90 165,02 163,58 161,77 155,08 139,81 121,15 45,43 42,02 42,32 44,99 40,22 41,98 43,94 39,63 40,06 42,10 39,30 40,10 43,43 39,55 41,49 44,78 39,87 42,25 44,81 39,50 41,32 43,34 40,75 40,58 41,62 37,35 41,75 43,07 37,95 39,79 0,90 M 0,80 M 0,40 M 0,20 M A LANÇO 0,90 M 0,80 M 0,40 M 0,20 M A LANÇO COMPARATIVO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO - SAFRA 2002/2003 COMPARATIVO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO - SAFRA 2003/ ,36 390,28 370,51 408,81 415,17 384,92 324,20 412,59 398,98 381,38 389,91 319,12 ITA 90 II 184,28 220,05 163,59 195,08 186,15 180,63 168,10 163,20 185,63 230,65 157,99 ITA 90 II 183,37 154,97 151,36 254,23 245,52 227,42 130,63 37,3943,48 40,16 38,13 44,25 39,19 36,6243,52 37,31 42,73 36,91 37,91 37,6843,92 40,87 36,3042,52 41,02 42,04 38,02 39,70 35,74 40,07 37,99 41,50 37,12 38,97 40,93 40,72 37,21 0,90 M 0,80 M 0,40 M 0,20 M A LANÇO 0,90 M 0,80 M 0,40 M 0,20 M Á LANÇO Tendo em vista os resultados obtidos nos anos anteriores e o fortalecimento da tendência do cultivo do algodão ultra-estreito no regime de safrinha, o Grupo Itaquerê decidiu investir na implantação de um experimento de algodão adensado em escala comercial na safra 03/04, quando foram implantados 65,8 há com algodão no espaçamento de 0,45m, sendo 1,2ha de, 22,6 há de CD 401, 23,5 Há de Mákina e 18,5 Há de. No mesmo talhão e nas mesmas condições, foram implantados 8,1 ha de cada um destes cultivares no espaçamento de (Tabela 1). O plantio foi efetuado, no mês de janeiro, logo após a colheita da soja precoce, na Fazenda Itaquerê, Município de Novo São Joaquim-MT. O manejo das culturas foi idêntico para as duas condições de população (normal e ultraestreito), sendo a colheita do algodão normal efetuada com colheitadeira de fusos e a do algodão ultraestreito com colheitadeira Stripper John Deere mod. 7455, com plataforma Boll Buster. Foram
3 conduzidos também dois experimentos sendo um de safra normal e outro de safrinha, com estes mesmos cultivares. Os resultados obtidos na área comercial estão apresentados no gráfico 5. As produtividades obtidas à nível de parcelinhas em experimentos (tabela 2) e as produções obtidas à nível comercial não apresentaram grandes diferenças entre o espaçamento normal e o ultra-estreito, porém houve uma tendência de maior produtividade para o espaçamento 0,45m à nível comercial. As características de fibras obtidas nas duas populações, apresentadas nas Tabelas 3 e 4 apresentam uma ligeira desvantagem para o algodão ultra-estreito, que apresentou valores inferiores para a maioria das características de fibras, incluindo os tipos obtidos, que foram predominantemente 31-1 no espaçamento normal e caíram para 41-1 no ultra-estreito, com exceção da variedade Mákina. Verificou-se uma tendência de redução da refletância, micronaire e rendimento de pluma; além de elevação do teor de fibras curtas e dos tipos obtidos, o que obviamente irão refletir no preço dos produtos obtidos. Um dos fatores que pode ser usado para explicar a queda na qualidade de fibra no caso do algodão ultra-adensado é o uso da colheitadeira Stripper, que acrescenta uma operação de pré-limpeza ao processo de descaroçamento. A colheitadeira Stripper usada nestes experimentos ainda necessita de aperfeiçoamentos para melhoria de seu rendimento de colheita. Resultados dos experimentos de algodão ultra-estreito em escala comercial Faz. Itaquerê Novo São Joaquim MT - Safra 2003/2004 Tabela 1 Áreas plantadas por cultivar e por espaçamento, em hectares. CULTIVAR 1,2 8,1 COOD ,6-23,5 8,1 ST ,5 8,1 TOTAL 65,8 24,3
4 Tabela 2 Produtividade obtida de algodão em caroço por cultivar e por espaçamento CULTIVAR Experimento I Experimento I Experimento II Experimento II 216,1 230,6 189,6 183,8 COOD ,4-146,3-249,3 280,1 165,5 186,8 ST ,3 212,1 172,3 175,9 MEDIAS* 239,5 240,9 175,8 182,2 * - Médias sem CD 401. COMPARATIVO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO - LAVOURA COMERCIAL - SAFRA 2004/ ,90 174,90 167,20 163,90 181,50 170,80 167,20 CD 401 ST 474 MEDIAS* 155,80 151,30 42,10 42,60 43,50 42,70 42,40 37,50 40,0043,50 41,80 0,00 REND. REND. % 0,90 CM 0,45 CM * - Médias sem CD 401 (espaçamento 0,90m).
5 Tabela 3 Classificação de fibras obtidas nas lavouras comerciais Característica- HVI COMPRIMENTO-UHM 1,05 1,06 1,04 1,09 1,14 1,13 UNIFORMIDADE-% 80,4 80,5 79,2 80,5 81,9 81,1 FIBRA CURTA-% 11,1 9,7 11,0 9,3 8,7 9,4 RESISTENCIA-gf/tex 26,0 26,3 26,4 27,6 29,5 28,9 ALONGAMENTO-% 9,9 10,2 11,2 10,1 7,7 7,8 MICRONAIRE 4,0 4,2 3,6 3,9 3,8 3,7 REFLECTANCIA-Rd 73,8 76,9 79,5 78,5 75,9 79,3 AMARELECIMENTO +b 8,0 8,1 6,7 7,1 6,3 7,3 FIABILIDADE-CSP 110,6 112,5 113,5 122,1 136,0 132,5 LEAF 2,8 4, TIPO PREDOMINANTE Tabela 4 Tipos predominantes de fibras, classificados em HVI, em percentagem TIPO - HVI ST 474-0,45m ST 474 0,90m ,5 10,2-16,7 1,1 10,5 31-1,2,3 56,0 35,9-72,2 18,7 84,2 41-1,2,3 38,5 53,8 83,3 11,1 61,5 5, ,7-18,7 - Considerações: Os resultados nos levam a inferir algumas conclusões a respeito do adensamento populacional em lavouras de algodão. A técnica apresenta alguns pontos positivos e outros negativos, para as condições atuais de cultivo. Considera-se como pontos positivos os seguintes fatores: i) perspectiva de incremento de produtividade, ii) a possibilidade de uso do algodão adensado
6 no processo de sucessão de culturas (safrinha após a soja precoce), iii) a redução do ciclo, iv) baixa pressão de ervas invasoras, v) lucratividade e vi) redução do custo de colheita. Por outro lado, a técnica apresenta alguns pontos limitantes, são eles: i) riscos climáticos, ii) falta de variedades adaptadas, iii) uso de fitorreguladores (controlar a altura das plantas), iv) espaçamento (soja), v) aumento da pressão de pragas e doenças e vi) falta de colheitadeira. Por tudo o que fora constatado ao longo dos anos com os diversos experimentos, acredita-se na viabilidade da adoção do algodão ultra-estreito em condições de safrinha, porém, faltam ainda cultivares adaptadas à nova tecnologia bem como máquinas (plantadeiras,colheitadeiras, etc.) e equipamentos especialmente desenvolvidos ou modificados para o novo sistema de cultivo.
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