INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ARRANJOS DE PLANTAS EM CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO NA REGIÃO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

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1 INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ARRANJOS DE PLANTAS EM CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO NA REGIÃO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS Dacio Rocha Brito 1, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão 2. (1) FUNESA UFPB/CCA, e- (2) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Caixa Postal , Campina Grande, PB. RESUMO A cultura de algodão foi uma importante fonte geradora de mão-de-obra e renda para o Agreste de Alagoas, atualmente, apesar da produção não atender a demanda, observa-se baixas produtividades e redução da área plantada. Objetivando contribuir para a exeqüibilidade da cultura, um experimento foi instalado em Arapiraca, em 2001, para avaliar a influência dos arranjos de plantas A 1 (1,0x0,125m), A 2 (0,7x0,178m), A 3 (0,6x0,208m) e A 4 (0,5x0,25m) nas cultivares CNPA 7H, BRS 187 8H, BRS 186 Precoce 3 e BRS 201. O delineamento foi em blocos ao acaso, fatorial 4 2, com 4 repetições. Ocorreu efeito, entre as cultivares, para peso do capulho e altura do primeiro ramos frutífero, enquanto para arranjo de plantas observou-se efeito para peso do capulho Houve interação entre os fatores para rendimento de algodão em caroço e percentagem de fibra. O peso do capulho foi maior nas BRS 187-8H e CNPA 7H. Observou-se maior rendimento das BRS 187-8H e BRS 201 no arranjo A 2 e da cultivar BRS 186-Precoce 3 no arranjo A 3. A maior percentagem de fibra ocorreu na BRS 201. Os genótipos estudados responderam diferentemente a uma variação na distribuição das plantas. Todas as cultivares demonstraram excelente desempenho para as condições estudadas. INTRODUÇÃO A cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.) no Nordeste do Brasil foi, no passado, uma grande fonte geradora de mão de obra e renda para os trabalhadores e produtores rurais. O Estado de Alagoas, já foi um dos importantes pólos produtor de algodão na região, sendo que em 1988, produziu apenas toneladas de algodão em pluma, quantidade essa inferior a anos passados, e superior aos anos de 1999 (700 toneladas) e 2000 (1.200 toneladas), com produtividade de aproximadamente 100 e 140 Kg de pluma por hectare, respectivamente (CARTA ABIT, 2000). As tentativas para a retomada da atividade nas proporções quantitativas do passado, associada a produtos de melhor qualidade com boa produtividade e rentabilidade, têm sido alvo de Instituições, como Instituto Agronômico de Campinas (IAC-SP) e da EMBRAPA/CNPA, que obtiveram e vem obtendo novas cultivares e novas tecnologias. Em Alagoas entretanto, não tem sido observado o cultivo em larga escala de novas cultivares. Vários fatores contribuem para a redução da área plantada e da baixa produtividade, entre estes, pode-se citar: o manejo inadequado da cultura; população e arranjo de plantas inadequados; o uso de sementes de baixa qualidade; o uso incorreto de adubos; e a ausência de resultados experimentais capazes de ajustar, negar e/ou confirmar fatos conhecidos, bem como mostrar um fato novo de acordo com características específicas do local e região. Apenas o potencial genético não assegura o êxito da cultura, sendo dependente das interações de fatores genéticos e fatores controláveis e incontroláveis do ambiente (Fuzamatto, 1987), logo é de fundamental importância realizar estudos que possam servir de base para um maior aproveitamento das características genéticas das cultivares modernas de algodão. Pretendeu-se com este trabalho verificar as potencialidades das cultivares de algodão herbáceo CNPA 7H, BRS 187-8H, BRS 186- Precoce 3 e BRS 201 em relação a diferentes arranjos de plantas, buscando elementos que possam contribuir para melhorar a produtividade e, como conseqüência, a renda do produtor e de sua família.

2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido, nas condições de sequeiro, na Estação Experimental da Secretaria Estadual de Agricultura em Arapiraca, região Agreste do Estado, altitude de 248m, solo do tipo Lotossolo Vermelho eutrófico e a precipitação durante o ciclo da cultura foi de 478,8mm. O delineamento foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 4, com 4 repetições. Os tratamentos foram a combinação das cultivares CNPA 7H, BRS 187 8H, BRS 186 Precoce 3 e BRS 201 com 4 arranjos de plantas (A 1 =1,0x0,125m, A 2 =0,7x0,178m, A 3 =0,6x0,208m e A 4 =0,5x0,25), parcelas com 20m 2 e população de /ha. A adubação, com base na análise de solo, foi de 30Kg de P 2 O 5, 30Kg de K 2 O e 60Kg de N por hectare, sendo todo fósforo e potássio colocado em fundação e o nitrogênio dividido em três vezes, 1/5 do total de N em fundação e duas parcelas de 2/5 do total aos 40 e 73 dias após a emergência das plântulas. A semeadura, com sementes deslintadas e tratadas, foi no dia 15/06/2001, foram realizadas 5 capinas manuais, aplicou-se endosulfan e parathyon methyl para o controle das principais pragas. A colheita manual ocorreu no dia 13 de novembro, com 70% dos capulhos da BRS 187-Precoce 3 abertos e em 29 de novembro, aos 154 DAE. Avaliou-se altura do primeiro ramo frutífero, peso médio do capulho, produtividade e percentagem de fibra. O teste de média utilizado foi o de Tukey a 1 e 5% de probabilidade, de acordo com Gomes (1978). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela análise de variância (Tabela 1), para o fator cultivar, ocorreram efeitos significativos para peso médio do capulho e altura do primeiro ramo frutífero. Para o fator arranjo de plantas observou-se efeito significativo para peso médio de um capulho. Houve efeito significativo para interação cultivar x arranjo de plantas para as variáveis rendimento de algodão em caroço e percentagem de fibra. Os dados com valores médios encontram-se nas Tabelas 2, 3 e 4. A cultivar BRS 186-Precoce 3 emitiu o primeiro ramo frutífero mais próximo ao solo. Esta variável é importante sob o ponto de vista de manejo cultural, não apenas em áreas com colheita mecanizada, mas também em áreas de cultivo manual, onde colheita e capinas são dificultadas pela presença de ramos baixos. O peso médio do capulho foi maior nas BRS 187-8H e CNPA 7H (Tabela 2). Observou-se maior rendimento das cultivares BRS 187-8H e BRS 201 no arranjo A 2 e da cultivar BRS 186-Precoce 3 no arranjo A 3. Cabe destacar que, apesar de não significativo, observou-se um rendimento da cultivar CNPA 7H no arranjo A 2 de 323Kg.ha -1 a mais que A 1. Esta superação representa 86% do rendimento médio obtido pelos produtores do Estado na safra de 2000 (CARTA ABIT, 2000) (Tabela 3). Estudando as cultivares BRS 186-Precoce 3 e BRS 187-8H, em diversos arranjos, com população fixa em cultivo de sequeiro, Pereira et al. (2001), não obtiveram efeito significativo para produtividade e Azevedo et al., (1999) evidenciam que variações de arranjos pouco influenciam a produção de algodão, discordando desta pesquisa. Segundo Larcher (2000) a radiação decresce em função da cobertura vegetal. A penetração da luz através do dossel da planta, em diferentes espaçamentos e densidade de plantio no algodoeiro, influencia os componentes de produção e características da planta (Heitholt et al., 1992). Possivelmente, a influencia dos arranjos no rendimento das cultivares ocorreu devido a variações no suprimento de luz necessárias às plantas. A maior percentagem de fibra foi observada na cultivar BRS 201 (Tabela 4). O arranjo de plantas afetou a percentagem de fibra da cultivar BRS 187 8H, sendo o arranjo A 2 aquele no qual se verificou a menor percentagem de fibra (36,4%). Estudando as cultivares BRS 186 Precoce 3 e BRS 187 8H no Ceará, Pereira et al. (2001), detectaram efeito significativo para a interação cultivares x arranjos de plantas, encontrando influencia do arranjo de plantas na cultivar BRS 186 Precoce 3, enquanto neste experimento o arranjo influenciou apenas a cultivar BRS 187 8H, evidenciando assim, a complexidade e a influência do ambiente na cultura do algodoeiro.

3 CONCLUSÕES Para uma população de plantas/ha, os genótipos de algodão estudados responderam diferentemente a uma variação na distribuição das plantas no solo, afetando rendimento de algodão em caroço, peso de um capulho e percentagem de fibra; Densidade de plantas variando entre 0,6 e 0,7m e um espaçamento entre 0,18 e 0,2m, proporcionaram um maior rendimento; Todas as cultivares estudadas, demonstraram excelente desempenho para condições de sequeiro na região Agreste do Estado de Alagoas e apresentaram um ciclo da cultura superior a média regional. Tabela 1. Resumo das análises de variância do rendimento de algodão em caroço, percentagem de fibras, peso de um capulho, e altura do primeiro ramo frutífero. Arapiraca, Alagoas Quadrados médios Fontes de GL variação Altura do 1 Peso de um Rendimento do algodão Percentagem de ramo frutífero capulho em caroço fibras Cultivares 3 142,34** 5,20** ,51 NS 28,10** Arranjos 3 41,15 NS 0,61** ,81** 1,39 NS A X B 9 12,49 NS 0,05 NS 89216,40 * 1,42 * Tratamentos 15 44,19 1, ,70 6,75 Blocos 3 90,05** 1,56** ,15** 1,28 NS Resíduo 45 14,85 0, ,95 0,55 C.V. (%) 16,31 5,12 11,27 1,96 **, *, NS Significativo a 1%, a 5% e não significativo pelo teste F, a 5% de probabilidade. Tabela 2. Médias dos tratamentos, para as interações não significativas, das cultivares e arranjo de plantas. Arapiraca, Alagoas Fatores Variáveis Altura ramo frutífero (cm) Peso capulho (g) CULTIVARES CNPA 7H 24,72 a 6,18 a BRS 187-8H 26,42 a 6,44 a BRS 186-PRECOCE 3 19,43 b 5,30 b BRS ,93 a 5,38 b ARRANJOS 1,0m x 0,125m (A 1 ) 24,16 a 5,56 b 0,7m x 0,178m (A 2 ) 25,62 a 6,01 a 0,6m x 0,208m (A 3 ) 22,74 a 5,79 ab 0,5m x 0,250m (A 4 ) 21,99 a 5,94 a MÉDIA 23,63 5,82 C.V. 16,31 5,12 Médias seguidas de mesma letra na coluna e para cada fator não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE: Dias após a emergência das plântulas.

4 Tabela 3. Valores médios do rendimento de algodão em caroço (Kg.ha -1 ). Interação cultivares x arranjos de plantas. Arapiraca, Alagoas Arranjo Cultivar CNPA 7H BRS 187 8H BRS 186 Precoce 3 BRS 201 Média 1,0x0,125m-A A a 1773 A b 1444 A b 1705 A ab c 0,7x0,178m-A AB a 2178 A a 1688 B ab 2076 A a a 0,6x0,208m-A A a 1715 A b 1887 A a 2038 A ab ab 0,5x0,250m-A A a 1867 A ab 1819 A ab 1675 A b bc Média 1815 A 1883 A 1710 A 1873 A Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 4. Média da percentagem de fibras em função das cultivares e arranjos de plantas. Interação significativa. Arapiraca, Alagoas Arranjo de plantas Cultivar CNPA 7H BRS 187 8H BRS 186 Precoce 3 BRS 201 1,0m x 0,125m (A 1 ) 37,30 B a 37,95 B a 37,37 B a 39,40 A a 0,7m x 0,178m (A 2 ) 37,62 B a 36,42 B b 36,87 B a 39,72 A a 0,6m x 0,208m (A 3 ) 38,40 B a 38,30 B a 36,75 C a 40,02 A a 0,5m x 0,250m (A 4 ) 37,12 B a 37,85 B a 36,82 B a 40,75 A a Média 37,61 37,63 36,96 39,97 Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D.M.P. de; BELTRÃO, N.E. de M.; VIEIRA, D.J.; NÓBREGA, L.B. da. Manejo cultural. In: BELTRÃO, N.E. de M. (org.). O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília: EMBRAPA- Comunicação para transferência de Tecnologia, v.2, p ISBN CARTA ABIT. Desenvolvido pela Associação Brasileira de Industrias Têxtil. Apresenta texto sobre Produção de algodão em pluma por Estado/Região 1988 a Disponível em : Acesso em: 30 out FUZAMATTO, M.G. Objetivos e resultados obtidos nos trabalhos de pesquisa conduzidos no Instituto de Campinas com respeito à qualidade da fibra de algodão. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DE TECNOLOGIA TÊXTIL, 4, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: CETICT/SENAI, p. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 8. ed. São Paulo: Editora Nobel, p. HEITHOLT, J.J., PETTIGREW, W.T., MEREDITH JUNIOR, W.R. Growth, boll opening rate, and fiber properties of narrow row cotton. Crop Science, Madison, v.32, p , LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal: as influências do ambiente sobre o crescimento e sobre o desenvolvimento. Tradução Carlos Henrique B. A. Prado. São Carlos, RiMa, p.297. Título original: Ökophysiologie der Pflanzen. ISBN

5 PEREIRA, J.R.; BELTRÃO, N.E. de M.; OLIVEIRA, J.N. de. Arranjos de plantas em duas cultivares de algodoeiro herbáceo, BRS 186 Precoce 3 e BRS 187 8h, no Cariri Cearense. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3, 2001, Campo Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, p ISBN