Características demográficas do Município do Rio de Janeiro e suas Regiões Administrativas -2010

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1 Setembro de 2013 N 20 Características demográficas do Município do Rio de Janeiro e suas Regiões Administrativas Autores: ALCIDES CARNEIRO e LUCIA SANTOS ipprio.rio.rj.gov.br

2 RESUMO: Este estudo mostra o comportamento histórico de alguns indicadores demográficos. Desenvolve também um breve relato das informações da população, desagregadas por Região Administrativa, para os principais grupos etários. 1 - INTRODUÇÃO O Censo Demográfico de 2010 visitou 2,1 milhões de domicílios, encontrando 6,3 milhões de moradores na cidade, o que corresponde a um crescimento de 16,7% no número de domicílios e 7,8% da população no período intercensitário. Já a taxa média geométrica anual de crescimento (0,76%) permaneceu praticamente no mesmo patamar da década anterior (0,74%). Os domicílios na cidade do Rio de Janeiro apresentaram a seguinte configuração: ocupados (89,1%); não ocupados (10,8%); e coletivos (0,1%). Entre as residências classificadas como ocupadas, o IBGE imputou dados para 3,0%. Os domicílios não ocupados, para este censo, se desmembram em duas tipologias: uso ocasional (25,6%) e vago (74,4%). O quadro abaixo mostra que é cada vez menor a média de moradores por domicílio, fato que deve ser encarado como resultante da diversificação das tipologias das famílias, onde as unipessoais e as monoparentais passam a ter significativa representatividade no total das famílias cariocas. Período Média de moradores 3,4 3,2 2,9 Ao olhar a cidade segmentada em grupos etários, podemos constatar comportamentos diferenciados que a visão do todo tornava nebuloso. S E T

3 2 - INDICADORES Os indicadores conseguem sintetizar informações. O gráfico a seguir mostra uma ligeira queda na Razão de Sexos, que em 2010 se situava em 88,1, ou seja, faltavam 12 homens para cada grupo de 100 mulheres. A razão de dependência que é a relação entre a soma das crianças de 0 a 14 anos com os idosos (60 anos ou mais) e o grupo de 100 adultos (15 a 59 anos). Este indicador também mostra uma ligeira queda. Em outras palavras, temos hoje 52 pessoas em idade inativa para cada 100 em idade ativa. Finalmente, o Índice de Envelhecimento mostra uma forte aceleração no envelhecimento da população, pois já soma 77 idosos para cada grupo de 100 jovens, fruto da queda da fecundidade combinado com o crescimento da esperança de vida dos idosos. 3 - MULHERES Entre 2000 e 2010 a cidade apresentou um saldo de 462 mil novos habitantes, destes a maioria é de mulheres (251mil). O superávit feminino vem crescendo gradativamente ao longo dos últimos censos graças, em boa parte, ao diferencial de crescimento da esperança de vida feminina. O gráfico de dupla entrada a seguir mostra, em barras, o aumento do contingente; e, na linha, a proporção em relação ao total da população. A cidade convivia em 2010 com um excedente de 400 mil mulheres, ou seja, uma cidade do porte de Niterói exclusivamente feminina. S E T

4 Evolução do superávit feminino em valores absolutos e relativos a MRJ % Absoluto Relativo 8% % % % % % % % % 4 - REGIÕES ADMINISTRATIVAS A desagregação da população por Regiões Administrativas permite vislumbrar que a cidade passou a ter duas RAs com mais de meio milhão de moradores (Jacarepaguá e Campo Grande); Bangu ficou solitário na faixa dos 400 mil habitantes. Finalmente, quatro RAs se enquadram na casa dos 300 mil residentes. S E T

5 Entre 2000 e 2010 a maior taxa de crescimento demográfico se deu na Barra da Tijuca (73%). As RAs com crescimento superior a 10% têm como característica comum estar na área de expansão da cidade: AP-4 (Barra da Tijuca e Jacarepaguá) e a AP-5 (Guaratiba, Santa Cruz e Campo Grande). Podem, ainda, corresponder a favelas, como Rocinha e Maré, ou sofrer forte influência de favelas, como Portuária e São Cristóvão. A análise da população das Regiões Administrativas desagregada pelos dois principais segmentos etários Jovens (0 a 14 anos) e os Idosos (60 anos ou mais), por serem mais sensíveis às alterações na estrutura da população, nos permite entender como nossa transição demográfica se efetivou em poucas décadas. Para economistas e demógrafos já vivemos na cidade o que foi definido como janela de oportunidades ou bônus demográfico, que é o momento que combina baixa participação de jovens (0 a 14 anos), crescimento da população em idade ativa (15 a 59 anos) e crescimento do contingente idoso (60 anos ou mais) permitindo que a sociedade viva seu melhor momento. O principal empecilho ao bom aproveitamento desse momento único é a baixa escolaridade da população. 5 - JOVENS (0 A 14 ANOS) O comportamento da população de 0 a 14 anos evidencia que caminhamos para uma futura estabilidade demográfica, pois, pelo segundo censo demográfico consecutivo, o contingente deste segmento diminui em valores absolutos. S E T

6 Entre 1991 e 2000 este grupo perdeu 59 mil integrantes. Já o censo atual mostra que o contingente saltou para 97 mil jovens, todos incluídos na faixa etária escolar sob responsabilidade municipal. Entre 2000 e 2010 caiu em 7,3% a população jovem da cidade. Desagregando essa informação pelas RAs, vamos ver que apenas 7, de um total de 33 conseguiram crescer no período. Essas 7 RAs mantêm as mesmas características das que tiveram crescimento total superior a 10%, sendo a Barra da Tijuca uma excepcionalidade, com uma expansão de 47% no contingente de jovens. S E T

7 A proporção do segmento jovem em relação ao total da população guarda uma correlação direta com a renda, ou seja, quanto maior a proporção de jovens, menor a renda e vice-versa. O lado esquerdo do gráfico é povoado de favelas e RAs da AP-5, enquanto o direito agrega todas as RAs da AP-2. A RA de Copacabana impressiona pela baixa representatividade da população jovem, exíguos 10%. Os registros administrativos do DATASUS demonstram que uma parcela do decréscimo da população jovem pode ser creditada à redução do número de nascidos vivos entre 2000 e Se em 2000 os nascimentos na cidade aproximavam de 100 mil, ao final da década esse contingente tinha minguado para algo como 80 mil, que o gráfico abaixo bem ilustra. Fonte: Sistema de Nascidos Vivos - SINASC/DATASUS S E T

8 6 - IDOSOS (60 ANOS OU MAIS) A cidade do Rio de Janeiro se caracteriza como a capital com maior proporção de idosos. Neste censo de 2010 os idosos passaram a responder por 14,9% dos residentes da cidade, ou seja, pelo menos 1 em cada 7 cariocas já completou 60 anos de vida. Vale lembrar que em 2000 eles representavam 12,8% e que este resultado sofre influência da queda na participação do grupo de zero a 14 anos. Para os que pensam que a Zona Sul é o paraíso dos idosos, o melhor a fazer é consultar o gráfico abaixo: entre as cinco RAs com maior contingente idoso, duas estão na AP-3 (Méier e Madureira); uma na AP-4(Jacarepaguá); uma na AP-5 (Bangu); e uma também na AP-2 (Botafogo). Um empreendimento público voltado para idosos deveria hoje, em tese, situar-se entre o Méier (1º) e Madureira (4º), pois só neste contexto daria acessibilidade a 134 mil idosos. Quando se compara o crescimento da população idosa entre 2000 e 2010 surpresas acontecem, pois os índices de expansão superaram 40% exatamente nas regiões com menor infraestrutura e estrutura etária mais jovem, como a AP-4 (Barra da Tijuca e Jacarepaguá) e AP-5 (Santa Cruz, Campo Grande e Guaratiba) além da RA da Rocinha. S E T

9 Quando analisamos o comportamento da terceira idade dentro das RAs, aí sim, Copacabana mostra sua pujança. Hoje essa região tem aproximadamente 3 idosos para cada jovem (0 a 14 anos). Neste contexto, toda a Zona Sul, além da Tijuca e Vila Isabel, ocupam o lado esquerdo do gráfico, ou seja, em todas essas RAs os idosos respondem por pelo menos 1 em cada grupo de 5 moradores. Também vale notar que na parte direita do gráfico se acumulam todas as RAs de complexo de favelas, demonstrando que nestas regiões a baixa participação de idosos se deve aos determinantes sociais, que, em última análise, vão reduzir a esperança de vida desta população. 7 - CONCLUSÃO Os resultados do censo demográfico para a cidade do Rio de Janeiro mostram uma tendência cada vez maior à dispersão dos domicílios. Assim como no censo anterior, a cidade cresceu exatamente para as regiões sem infraestrutura (AP-4 e AP-5), o que acaba por degradar a qualidade de vida de seus habitantes. Estes perderão horas no seu trajeto pendular casa/trabalho/casa, ou, pior ainda, para os que tentam se qualificar, que ainda conviverão com mais o tempo de uma perna de viagem (estudo). Um detalhe a ser considerado ainda é o de que quanto mais você se afasta do núcleo, pior é a qualidade dos serviços prestados, não só os de transportes, como citado acima, mas também o de limpeza urbana, coleta de lixo, tratamento de esgoto e segurança. Em termos demográficos, o que pudemos assistir foi o crescimento da população fora de seus nichos habituais, essencialmente a Zona Sul carioca, além da área abrangida pelas RAs da Tijuca e Vila Isabel. Hoje a soma da população idosa de 3 RAs (Jacarepaguá, Madureira e Méier) supera 200 mil habitantes ou 22% do total de idosos da cidade. Em outras palavras, uma em cada 4 pessoas de 60 anos ou mais reside neste conjunto contínuo de 3 das 4 RAs com mais idosos do RIO. Enquanto explode o contingente de idosos, se retrai pelo segundo censo consecutivo o contingente de pessoas com menos de 15 anos, que pode ser, em grande parte, respondido pela queda da fecundidade, fenômeno perceptível pelos registros administrativos do Sistema de Nascidos Vivos SINASC. O mais importante, porém, foi o tamanho do contingente, 97 mil jovens, ou seja, o equivalente a um município de médio porte composto exclusivamente por população jovem. S E T

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Tereza Cristina Nascimento A.Considerações teóricas sobre o conceito de indicador social: uma proposta de trabalho. Revista Brasileira de Estatística, Rio de Janeiro, v.36, n.142, abr./jun. 1975, p JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores sociais no Brasil.Campinas:Ed. Alínea, p PAIXÃO, Marcelo. Os indicadores de desenvolvimento humano (IDH)como instrumento de mensuração de desigualdades étnicas: o caso do Brasil, S E T

11 ESCLARECIMENTO As notas técnicas reúnem dados produzidos por técnicos do Instituto Pereira Passos a partir de diversas fontes e têm o fim de oferecer ao público informações essenciais sobre temas relevantes. É permitida a reprodução parcial ou integral do texto, desde que seja atribuído o crédito ao Instituto Pereira Passos (IPP-RIO). INSTITUTO PEREIRA PASSOS IPP EDUARDA CUNHA DE LA ROCQUE Presidente LUIZ ROBERTO ARUEIRA Diretor de Informações da Cidade Autores ALCIDES CARNEIRO Gerente de Informações Sociodemográficas e Ambientais GSA/DIC LUCIA SANTOS Gerência de Informações Sociodemográficas e Ambientais GSA/DIC projeto gráfico EMMANUEL BELLARD S E T