A noção de princípio no Comentário à Física de Tomás de Aquino

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1 The notion of principle in Thomas Aquinas' Physics Maria Clara Pereira e Silva 1 Resumo: O objetivo deste texto é analisar a noção de princípio em Tomás de Aquino, notadamente no Comentário à Física, Livro I, lição 1. Para tanto, inicialmente, deve-se estabelecer o sentido mais geral de princípio, a saber, aquilo a partir do que algo procede. Decorre desta compreensão que, princípio pode ser dito em dois contextos, quais sejam, no contexto do conhecimento e, também, no contexto da ontologia. No primeiro caso, no contexto do conhecimento, se diz princípio no interior da constituição da ciência. No segundo caso, no contexto da ontologia, por sua vez, princípio é dito como constituinte do ente ou como causa eficiente da constituição do ente. Ocorre que Tomás de Aquino emprega indistintamente a noção de princípio. À primeira vista, a noção de princípio, uma das noções gerais da ciência, parece vaga por corresponder à constituição da ciência e do ente simultaneamente. Palavras-chave: Ciência Natural. Princípio. Tomás de Aquino. Abstract: The aim of this paper is to analyze the notion of principle to Thomas Aquinas, notoriously on Physics, I, 1. To do so, initially we must establish the most general meaning of principle that is, that by which something came from. By this, principle may be said in two contexts, the context of knowledge and, also, the context of ontology. In the first case, in the context of knowledge, we say principle in the core of the constitution of science. In the second case, in the context of ontology, principle may be said to constitute the being or to be the efficient cause of the constitution of the being. However, Thomas Aquinas uses the notion of principle indistinctly. At first sight, the notion of principle, one of the general notions of science, seems vague, because it corresponds to the constitution of science and the constitution of the being simultaneously. Keywords: Natural Science. Principle. Thomas Aquinas. *** O objetivo deste artigo é analisar a noção de princípio no interior do Comentário à Física, Livro I, lição 1. O livro da Física inicia a consideração acerca da ciência natural, enquanto as especificidades da ciência serão investigadas nos livros subsequentes 2. Para uma compreensão adequada da noção de princípio não podemos ignorar a ordem adotada para o tratamento da ciência, uma vez que o critério de organização e divisão 1 Graduanda em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Bolsista CNPq. Orientador: Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio. pemariaclara@gmail.com 2 Eis os livros em sua ordem de apresentação ou aprendizado: Physica, De caelo, De generatione, De Meteororum, De mineralibus, De anima. Cf. Comentário à Física de Aristóteles, I parte, Licão 1, número 4. Doravante citada deste modo: In Phys., I, 1, n. 4.

2 dos livros da ciência da natureza 3 diz respeito, segundo Tomás, à própria constituição da ciência natural. São três as etapas que perfazem a constituição da Física: (I) estabelecimento das noções gerais da ciência, (II) do sujeito da ciência e (III) do objeto da ciência. No que se refere à primeira etapa de constituição da ciência Tomás escreve: Neste livro o Filósofo estabelece primeiro o proêmio, onde mostra a ordem de investigação da ciência natural. Primeiro mostra que convém começar pela consideração dos princípios. Segundo que entre os princípios convém começar pelos princípios mais universais. Primeiro expõe o seguinte argumento. Em todas as ciências que versam sobre os princípios, causas ou elementos, o conhecimento da ciência procede da cognição dos princípios, das causas e dos elementos. A ciência que trata da natureza possui princípios, elementos e causas. Logo, nela convém começar pela determinação dos princípios. 4 Na passagem supracitada, Tomás explicita o modo de investigação da ciência natural: o início da sua investigação parte dos princípios, mais especificamente, das suas noções gerais. As noções gerais sobre as quais a ciência natural versa dizem respeito aos princípios, causas e elementos 5. Nessa medida, o conhecimento de uma ciência que trata dos princípios, causas e elementos, só pode ser alcançado quando conhecemos essas noções gerais. Desta forma, a investigação deve ser iniciada pelos princípios, de maneira ordenada, partindo dos princípios mais universais, uma vez que, se é próprio da razão ordenar 6 e toda ciência reside na razão 7, a ciência ordena ao proceder avançando dos primeiros princípios e causas até os elementos, que são as causas mais próximas ao seu objeto. Assim, aplicando às noções gerais, que constituem a primeira etapa de investigação, poderemos determinar o objeto e o sujeito da ciência, que correspondem às etapas subsequentes. A noção de princípio é entendida por Tomás do seguinte modo: Princípio é aquilo a partir do que algo procede 8. Podemos notar que por muitas vezes princípio e causa parecem ser tomados um pelo outro, uma vez que, segundo Tomás, toda causa 3 Segundo Tomás, formulado e estabelecido por Aristóteles 4 Cf. In Phys., I, 1. n Como diz o Filósofo na Physica I, supomos que conhecemos uma coisa quando conhecemos as primeiras causas, os primeiros princípios, até os elementos. ( 5 Proêmio ao De Caelo, Livro I. Doravante citado como In DCM, I, prooemium, n. 1). 6 Cf. In DCM, I, prooemium, n. 1 7 Cf. In Phys., I, 1. n 1. 8 ST, Ia, q. 33, a. 1, resp. 98

3 pode ser dita princípio, e todo princípio, causa. 9 Porém nos livros da Física Tomás apresenta três princípios e quatro causas. Princípio é dito isto que é primeiro. O que é primeiro é constitue a coisa, por isso princípio é dito constituinte da coisa, é intrinseco à ela. Os princípio das coisas naturais são: a matéria, a forma e a privação 10, esta última porém é dita princípio por acidente, na medida em que está é sempre em relação à forma e à matéria. Assim, privação é dita privação de matéria, ou privação de forma. A causa porém, acrescenta algo ao princípio, não sendo somente intrínseca mas também extrinseca à coisa, não é dita somente primeira, mas também aquilo a partir do que se segue o ser do posteirior, sem o qual o posterior não se seguiria. As causas não são somente mateiral e formal, mas também eficiente e formal. 11 Ocorre que, sendo princípio uma das noções gerais da ciência natural este se configura como fundamental da para a determinação do sujeito e do objeto da ciência da natureza, sem os quais a diversificação das ciências especulativas 12 seria obscura e imprecisa. É possível depreender a afirmação anterior do seguinte excerto: Sendo a Physica, cuja exposição iniciamos, o primeiro tratado da ciência natural, em seu começo é preciso determinar qual é o objeto e o sujeito da dita ciência. 13 Tomás afirma que no começo da ciência natural é preciso estabelecer o objeto desta, ou seja, o assunto principal demonstrado 14 pela ciência 15. Além disso, é preciso estabelecer o sujeito (subiectum), isto é, aquilo cuja existência é considerada como evidente, logo, aquilo que prescinde de demonstração na consideração da ciência natural. É evidente que as coisas naturais, das quais a ciência natural trata, são aquelas que possuem como princípio a 9 De principiis naturae cap.iii. Doravante citado como DPN. 10 DPN, cap II. 11 Por não se configurar como objetivo deste artigo não trataremos propriamente da noção de elemento, este que é: isso a a partir do que a coisa é primeiramente composta, e está nela, e não é dividida segundo a forma. DPN, cap III; 12 As ciências especulativas são, segundo Tomás: a Metafísica, a Matemática e Física. Cf.:Expositio super librum Boethii De Trinitate, questão 5, artigo 1, resposta. Doravante citado assim: IBDT, q. 5, a. 1, resp 13 In Phys., I, 1, n (Cf. Summa theologiae, I parte, questão 2, artigo 2, resposta. Doravante citada deste modo: ST, Ia, q. 2, a. 2, resp.). No contexto do tratamento da scientia naturalis existe a discussão sobre o modo da demonstração, ou seja, a demonstração indutiva e a dedutiva, cf. ELDERS, 2013, p É interessante notar que Reitan defende, influenciado por Weisheipl, uma leitura da filosofia de Tomás guiada, porém inovadora, pela estrutura de pensamento aristotélico; Houser, por sua vez, demonstra que em muitos pontos Tomás se afasta da estrutura do pensamento aristotélico e toma partido de uma leitura de filósofos árabes para constituir as suas obras. Esta maneira de começar a analisar a ciência, por exemplo, assemelha-se mais ao modo como Avicenna o fez no seu livro sobre os princípios da natureza, enfatizando o sujeito e o objeto da ciência; do que o modo como Aristóteles inicia a sua investigação passando rapidamente por estas duas etapas da constituição da ciência. ( Cf. REITAN, 1991, p.182) (Cf. WEISHEIPL, 1965.) (Cf. HOUSER, 2013.) 99

4 natureza, que é ela mesma, princípio de movimento; segue-se, portanto, que o sujeito da Física, deve ser o ente móvel. O texto da Physica, segundo Tomás, trata (agitur) 16 do ens mobile simpliciter 17 ou mobiliinquantum est mobile 18 como seu sujeito. Nesse sentido, este tratamento, se referindo ao ens ou ao mobile, não pode ser demonstrativo, pois nenhuma ciência prova seu sujeito 19,uma vez que ele é tomado como evidente. O que a ciência natural tenta demonstrar é que todo móvel é corpo. Este, porém, não é o objeto das demais ciências especulativas, embora todas tenham como fim a verdade, cada qual se põe a demonstrar um objeto distinto e é nesta medida que se constituem como diversas ciências. Assim, as ciências são divididas pelos diferentes objetos que consideram, não são distinguidas, no entanto, por qualquer diferença dos objetos, mas de acordo com aquelas [diferenças] que competem, por si, aos objetos na medida em que são objetos 20, ou seja: a diversificação das ciências deve ser feita segundo os critérios próprios aos objetos na medida em que são especuláveis, ou objetos de ciência. Tomás escreve que: Ao especulável, que é o objeto da ciência especulativa, compete algo da parte da potência especulativa e algo da parte do hábito de ciência pelo qual o intelecto é aperfeiçoado 21 O intelecto é aquele que detém a potência especulativa e, sendo o intelecto é imaterial, só apreende o que não é dotado de matéria individuada. Deste modo, a relação do especulável com a matéria é relevante. Além disso, ao que se refere à ciência, a ciência trata do que é necessário, não sendo possível fazer ciência de acidentes. Uma vez que todo necessário é imóvel 22 a relação do especulável com o movimento também é relevante. Assim, as ciências serão divididas mediante a aplicação ou separação de seus objetos em relação à matéria e o movimento. Esta relação pode ser atestada mediante uma certa dependência que pode se dar segundo o ser e/ou segundo a definição do especulável, como Tomás expõe no início do Comentário à Física: O que deve ser conhecido, portanto, na medida em que toda ciência se encontra no intelecto, pelo qual algo se torna inteligível em ato, é aquilo que de algum modo é abstraído da matéria; conforme as coisas 16 Cf. In DCM, I, prooemium. 17 Ente móvel absolutamente.(in Phys., I, 1, n. 4). 18 Móvel enquanto é móvel.(in DCM, I, prooemium, n. 3). 19 In Phys., I, 1, n IBDT, q. 5, a. 1, resp. 21 IBDT, q. 5, a. 1, resp. 22 IBDT, q. 5, a. 1, resp

5 se constituem de modo diverso no que diz respeito à matéria, tais coisas pertencerão a diferentes ciências. Ademais, uma vez que toda ciência é constituída por demonstração, e visto que a definição é o termo médio da demonstração, é necessário que dado os modos diversos da definição, as ciências sejam diversificadas. 23 Segue-se que, segundo o trecho, toda ciência investiga um objeto, porém, como toda ciência reside no intelecto, é através das diferentes relações dos objetos com a matéria que se pode diferenciar as várias ciências. Isso porque, para conhecer as coisas, é necessário que haja uma operação intelectual pela qual a materialidade das coisas seja abstraída. Existem, porém, segundo Tomás, três diferentes operações intelectuais que correspondem a uma tríplice distinção das coisas, por meio das quais as ciências serão divididas. Quanto mais inteligível for o objeto da ciência mais nobre ela será. Podemos notar a hierarquia de nobreza das ciências, mediante o modo de se definir, pelo excerto seguinte: Existem algumas coisas cujo ser depende da matéria e não podem definir-se sem ela; existem outras em cuja definição não entra a matéria sensível apesar de não poderem existir senão nela. [...] Outras coisas não dependem da matéria nem segundo o ser nem segundo a razão. 24 Ao investigar a relação dos entes com a matéria poderemos diversificar as ciências da seguinte maneira: Compete à Metafísica uma operação intelectual de composição e divisão 25 porque trata das coisas que não dependem da matéria nem segundo o ser nem segundo a definição. Como o intelecto visa conhecer o próprio ser do objeto e este ser não depende da matéria nem segundo o modo como se encontra na natureza, nem segundo o modo em que é compreendido no intelecto, o intelecto pode operar separando. O intelecto abstrai, portanto, o que é de acordo com o próprio ser da coisa: uma vez que a coisa é imaterial, separa toda a materialidade. A Metafísica é qualificada como uma ciência nobre por tratar de entes inteligíveis, estes especuláveis não necessitam da matéria para existir, assim como também não necessitam da matéria para serem definidos. 23 In Phys., I, 1, n In Phys., I, 1, n Cf. IBDT, q. 5, a. 3, resp

6 À Matemática compete a operação de abstração da forma da matéria sensível 26, uma vez que trata das coisas que dependem da matéria segundo o ser, mas não segundo a definição. Isto é, uma vez que o especulável da ciência matemática depende da matéria segundo sua natureza, e o intelecto almeja conhecer a natureza da coisa, não pode operar separando a materialidade. Caso operasse deste modo, não conheceria realmente a natureza do objeto, uma vez que separaria a materialidade que é parte constituinte da natureza do objeto e, assim, não conheceria sua natureza por completo e não seria possível constituir conhecimento científico acerca do especulável. A Matemática, pois, opera abstraindo a forma da matéria do seguinte modo: uma vez que os acidentes dependem da substância eles sobrevêm, segundo Tomás, em uma ordem determinada onde primeiro lhe advém a quantidade, depois a qualidade, depois as afecções e o movimento 27. Acontece que o primeiro acidente, a quantidade, não depende da matéria sensível, podendo ser inteligida na matéria antes que sejam inteligidas as qualidades sensíveis da matéria. É deste modo que a Matemática pode operar abstraindo a forma da matéria. Enfim, à Ciência Natural, ou à Física, compete a operação de abstração propriamente dita, uma vez que abstrai o universal do particular ao tratar de todas as coisas que dependem da matéria segundo o seu ser e também segundo sua definição. Ou seja, uma vez que a dependência do especulável em relação à matéria se dá em ambos os contextos: ontológico, porque a matéria faz parte da natureza da coisa, e cognitivo, porque a matéria também faz parte da definição da coisa, sem a matéria não poderíamos definir isso que encontramos aqui e agora. Assim, o intelecto deve operar separando o que há de universal nos particulares em vias de desconsiderar os acidentes e considerar o que é por si. Como a ciência se encontra no intelecto e o seu objeto não se encontra nele, tornando necessário que um processo de abstração seja desencadeado para que algum conhecimento seja formado, devemos investigar os entes em duas perspectivas diferentes, o ontológico e o cognitivo. Isto porque as noções abstraídas pela ciência natural podem ser consideradas de acordo com elas próprias, ou seja, sem o movimento e a matéria indicada, da maneira como são no intelecto; e também na medida em que se referem às coisas das quais seja referencial, ou seja, no movimento e na matéria. É por meio deste duplo modo de consideração das coisas naturais, que em determinados 26 Cf. IBDT, q. 5, a. 3, resp. 27 Cf. IBDT, q. 5, a. 3, resp

7 momentos enfatiza o contexto ontológico e em outro momento enfatiza o contexto do conhecimento. Deste modo, através de noções imóveis e sem matéria particular a ciência pode investigar coisas móveis e materiais. Estes dois contextos gerais em que os princípios da ciência natural podem ser empregados, quais sejam, o (I) contexto da ontologia, e o (II) contexto da cognição. 28 podem ser subdivididos em (I.a) princípio como certas naturezas completas [...] como os corpos celestes 29 e (I.b) princípios que não são em si mesmos naturezas completas, mas somente princípios de naturezas como [...] a forma e a matéria do corpo físico 30.No contexto da cognição: (II.a) princípio das ciências 31 ; (II.a.1) princípios primeiros e (II.a.2) princípios segundos 32. No contexto da ontologia os princípios são designados por Tomás como comuns por causalidade 33. Estes princípios são coisa reais, comuns no sentido, e não na cognição, que afetam vários ou todos os corpos. Estes são os princípios demonstrados pela ciência natural, e como o mundo é dividido em esfera supra e sublunar, em uma ordem hierárquica, assim também podemos dividi-los em dois. (I.a) As naturezas completas em si são os corpos celestes. Estes causam o movimento dos corpos terrestres, uma vez que as esferas supralunares contém as esferas sublunares. Assim como o todo é mais perfeito do que a parte e, assim como se o todo se move, a parte, invariavelmente, também se encontrará em estado de movimento, a hierarquia dos corpos é evidente. (I.b) As naturezas que não são completas em si mesmas: a matéria, a forma e a privação. É a partir desta interação entre potência e ato, substância e acidente, que Tomás postula os três princípios ontológicos que especificaremos a seguir: Ato é aquilo que é, potência aquilo que pode vir a ser 34. Algo em potência tem a possibilidade de vir a ser, porém, o fato de possuir esta disposição não garante que isto venha a ser. Assim, ele necessita da operação de outro que já é em ato. O ato, pode ser entendido de duas maneiras, a primeira é: como a própria operação, a atualização da 28 HOUSER, 2013, p Expositio super librum Boethii De Trinitate, questão 5, artigo 4, resposta. Doravante citado assim: IBDT, q. 5, a. 4, resp. 30 IBDT, q. 5, a. 4, resp. 31 In Phys., II, 1 32 Cf. WEISHEIPL, 1965, p. 27, nota Houser demonstra (em HOUSER, 2013, p. 585) que esta divisão entre princípios, feita por Tomás, deriva de Avicena, que separava os princípios em (I) Individuais, (II) Comuns, (II.a) Proposições (II.b) Definições. 34 DPN, p. 39. Algumas coisas podem ser, embora elas não sejam, enquanto outras de fato são. Aquilo que pode ser se denomina ser em potência; aquilo que já é se denomina ser em ato

8 coisa. Na medida em que é a própria operação, pertence à forma da coisa 35. Forma é atual 36, é o que dá a existência às coisas. Nessa medida ato é entendido como ato substancial, porque pertence à forma substancial. A forma substancial é aquela que, por si, dá o ser das coisas, o ser incondicionado 37 e, por prover a existência (per se) é subsistente. A alma intelectual é subsistente, para Tomás, porque é forma substancial, ou seja, é um princípio de ordem substancial e também quididativa 38. Ela não se relaciona apenas à existência do ser, mas também à sua essência. A forma substancial é entendida como o princípio de existência substancial. 39 A segunda maneira de se entender ato, é como ato acidental, este ato pertence à forma acidental. Esta forma é atual de maneira que não fornece o ser condicionado 40, mas certo ser, ou seja, é princípio de uma existência acidental 41. Esta forma não é causa da existência do ente, mas é causa de uma nova qualidade quididativa do ente, a aquisição de um acidente da coisa 42. Ambas as formas substancial e acidental fornecem o ser das coisas, a ordem entre elas é de maneira que, a substancial é a primeira. A acidental só é capaz de existir na medida em que já existe a substância 43. A existência do ser provém de sua forma substancial, e é a partir dessa existência que surge a possibilidade de acidentes do ser existirem, provenientes de formas acidentais. Tendo analisado as duas maneiras de se entender ato e forma, podemos retomar a análise acerca da potência e, por conseguinte, da matéria. A potência, assim como o ato, pode ser entendida de duas maneiras, visto que o ser pode estar em potência positivamente ou e em potência negativamente. Na primeira maneira, a potência positiva, se o ser é em potência, substância e acidente também podem ser em potência Dizemos que o ato pertence à forma da coisa ao invés de é a forma da coisa porque só para a divindade se diz propriamente que ato é forma, (ato enquanto atualização). Ou seja, a operação divina, tem o ato enquanto o ser, isto é, a existência divina. Cf. SCG, I, ST, Ia, q. 75, a. 6, resp. Existência pertence à forma, que é atualidade, per se. Como resultado, a matéria adquire atual existência em virtude da forma que adquire, e a corrupção (da matéria) se dá em virtude da forma sendo separada do corpo. 37 Cf. ST, Ia, q. 76, a HOUSER, p. 593: A forma substancial é o princípio fundamental em ambas as ordens existencial e quididativa. 39 Cf. HOUSER, p Cf. ST, Ia, q. 76, a Cf. HOUSER, p HOUSER, p. 593: A forma acidental é a causa do recebimento de uma nova característica quididativa pela substância, digamos, branco; porém esta forma não faz com que a substância exista. 43 HOUSER,2012. p. 591: Acidentes existem porque a substância já existe, e a substância existe por causa da existência que provém do ser pela sua forma substancial 44 HOUSER, 2012, p. 591: Uma vez que todo ser tem potências, ambos substância e acidente podem existir em potência 104

9 Assim, o ser que está em potência para a substância é a matéria-prima. E o ser que está em potência para o acidente é o sujeito. Como a matéria-prima está em potência para a substância, não possui nenhuma atualidade, então, ela não existe 45, não possui realidade. Aqui podemos notar o refinamento conceitual de Tomás, como tudo é conhecido pela forma, e a matéria-prima não possui forma alguma, ela não pode ser inteligida 46, ou explicada 47 por si. A única maneira de se definir matéria-prima é por comparação com a forma, já que, toda a definição é através da forma 48.A matéria-prima é o que há de mais básico e fundamental para a mudança e, como não possui existência, não pode ser gerada ou corrompida 49, assim, não pode ser entendida como um ente, é potência pura, não contendo atualidade alguma. Já o sujeito, é potência para existência acidental 50. Como vimos, o acidente só existe porque a substância é anterior a ele, portanto, assim como a matéria-prima, o sujeito é potência para a existência. Mas não para a existência substancial, como a matéria-prima, e sim, para existência acidental, uma vez que já possui alguma atualidade, o sujeito não é potencialidade pura. Quanto ao contexto da cognição, os princípios são designados por Tomás como princípios das ciências. Uma vez que a ciência se encontra no intelecto, seus princípios devem ser cognitivos e não ontológicos. Os princípios das ciências são chamados por Tomás de (II) princípios comuns por predicação, visto que são predicados das coisas naturais, e também podem ser encontrados em várias ou todas as coisas. Estes princípios devem ser aceitos pelo filósofo, porque são os meios usados para demonstrar as conclusões científicas. 45 PASNAU, p.41: Matéria-prima genuinamente não tem atualidade alguma. Uma potência pura não pode existir sem a atualidade, ou melhor, matéria-prima não existe, de maneira alguma, por si mesma 46 Matéria-prima não pode ser conhecida por si, porque tudo o que é conhecido é conhecido através de sua forma, enquanto matéria-prima é vista como sujeito de toda a forma 47 PASNAU, p.41: Para Tomás explicações em termo de matéria-prima são inconcebíveis; matéria pode ser explicada apenas na medida em que é atual. Longe de ser explicável, matéria-prima não é nem inteligível por si. 48 DPN, c. 2, sec. 13: E porque toda definição e entendimento vem através da forma, matéria-prima, em si, não pode ser entendida ou definida exceto através de comparação, como quando é chamada matériaprima quilo que é relacionado a toda forma e privação da maneira que bronze está relacionado à estátua e disforme. 49 PASNAU, p.43: Matéria-prima, o que quer que seja, não é gerada nem corrompida, é a mais básica das coisas que fundamenta toda mudança. 50 Cf. HOUSER, p

10 As conclusões científicas são demonstradas por meio da cognição. Assim, os princípios científicos são diferenciados mediante referência aos atos da mente, que (a) define e (b) forma proposições por meio das definições. Desta maneira, os princípios são divididos em (II.a.1) Noções fundamentais ou conceitos da ciência natural. São definições deduzidas de premissas. E em (II.a.2) proposições fundamentais 51. Estas são premissas que incluem asserção de existência, e que estão em forma de proposição. Nota-se que a diferença entre os contextos de ontologia e cognição se encontra apenas no âmbito da ênfase. A fim de investigar de maneira própria os princípios da ciência natural, Tomás investiga-os tendo como referência dois modos de consideração, o do ser, e o do pensamento. Ou seja, as noções abstraídas podem ser consideradas como referentes às coisas das quais são noções, sendo estas coisas no movimento e na matéria, e também são consideradas de acordo com elas mesmas que, uma vez que já foram abstraídas e estão no intelecto, são sem movimento e sem matéria. Os princípios são os mesmo, porém, podem ser considerados em dois contextos diferentes. Referências HOUSER, R. E. Avicenna. Avicenna and Aquinas's De principiis naturae, cc The Thomist. 76, p , REITAN, E. A. Aquinas and Weisheipl: Aristotle s Physics and the Existence of God. Philosophy and the God of Abraham: Essays in Memory of James A. Weisheipl. p , PASNAU, R. Thomas Aquinas on human nature. (A philosophical study of Summa Theologiae, Ia, q75-89). Cambridge: Cambridge University press, TOMÁS DE AQUINO. Comentario a la Física de Aristóteles. Traducción, estudio preliminar y notas de Celina A. Lértora Mendoza. Colección de Pensamiento Medieval y Renacentista 21. Pamplona: Eunsa, Comentario al libro de Aristóteles sobre el cielo y el mundo. Introducción y traducción anotada de Juan Cruz Cruz. Colección de Pensamiento Medieval y Renacentista 34. Pamplona: Eunsa, De principiis naturae ad fratrem Sylvestrum, [ed. H.F. Dondaine]. Ed. Leon.,t.XLIII, Opuscula, vol.iv. Roma [Santa Sabina]: Editoridisan Tommaso, p.39-47, Suma de Teologia (11 vols.). Trad. Alexandre Correia. Livraria Sulina Editora,1980. WEISHEIPL, J. A. The Principle Omne quod movetur ab aliomovetur in Medieval Physics. Isis, v. 56, n. 1, p , Chamados por Aristóteles de suposições da ciência natural. (Cf. HOUSER, 2013, p.587.) 106

11 Agradecimentos Agradeço à instituição CNPQ que incentivou a minha iniciação científica e concedeume uma bolsa de estudos durantes este ano, sem a qual este trabalho não poderia ter sido realizado. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio que acreditou em mim desde o meu primeiro semestre de graduação, sem o seu empenho, sua atenção, e qualificação nunca teria superado minhas inúmeras falhas e fraquezas e, além disso, não vislumbraria uma carreira acadêmica pela frente. Também agradeço ao Prof. Evaniel Brás dos Santos, a quem devo grande parte deste artigo, pelo apoio, pela imensurável ajuda e pela amizade, assim como ao seu competentíssimo colega Prof. Matheus Pazos, sem os quais continuaria duvidando de mim mesma

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