Aula 21. Curiosidade. No Direito Tributário a corrente majoritária sustenta haver hierarquia entre LO e LC.

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1 Turma e Ano: Master A 2015 Matéria / Aula: Direito Constitucional Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitor: Rafael Felipe G. do Nascimento Aula 21 PROCESSO LEGISLATIVO (PROCEDIMENTOS ESPECIAIS) 1 O professor inicia a aula relembrando assunto da aula 20, mas cita, item importante: não há hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar de acordo com a doutrina majoritária. 2 Há, todavia, posicionamento contrário sustentando a existência de hierarquia entre as Leis ordinárias e as complementares, 3 isto se daria porque sendo a LC instituto legislativo de origem francesa, guardado para Leis orgânicas, que naquele Estado possuem relação de hierarquia com as Leis ordinárias. No Brasil, não há previsão expressa de hierarquia entre ambos institutos, mas sim origem de um mesmo fundamento de validade que é a CRFB/88. Quando há invasão de competência da Lei Ordinária em matéria reservada para Lei complementar (violação do Art. 69 da CF/88) ocorre uma inconstitucionalidade e não uma legalidade, motivo pelo qual, segundo professor, sustenta-se a primeira corrente. Curiosidade. No Direito Tributário a corrente majoritária sustenta haver hierarquia entre LO e LC. 1.PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL 1.1 EMENDA CONSTITUCIONAL (Art. 60, CRFB/88) De todas as espécies, esta possui o mais rigoroso processo legislativo..condição ou limitação circunstancial: impossibilita processo de emenda em andamento quando ocorre estado de sitio, de defesa ou intervenção federal. Art. 60, 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 1 Aula ministrada em 15/07/ Posicionamento de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Celso Ribeiro Bastos e Michel Temer, e.g. 3 E.g. Alexandre de Moraes

2 .Condição formal: a iniciativa de projeto de emenda constitucional é restrita aos Órgãos previstos no Art.60 da CRFB: I - Câmara ou Senado, a partir do voto de um terço de seus membros II Presidente da República III Mais da metade das Assembleias Legislativas dos Estados da Federação, manifestando-se cada uma pela maioria relativa de seus membros. Obs: A doutrina majoritária afasta a iniciativa popular para PEC, pois, segundo a corrente em tese, o Art. 60 possui um rol numeros clausus, taxativo. José Afonso da Silva sustenta em suas obras que é possível a iniciativa popular, sob fundamento de que o povo que detém Poder Constituinte não pode ser afastada por PEC(minoritariamente). Como nunca houve apresentação de PEC por iniciativa popular, não há posicionamento do STF sobre a questão. Discussão e Votação do PEC Art.60, 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Obs: frise-se diferença da aplicação do Princípio da Irrepetibilidade para Lei ordinária e complementar, visto na aula 20, com a aplicação na emenda constitucional. No primeiro caso, a matéria constante de proposta de LO ou LC rejeita, não poderá ser apreciada na mesma sessão legislativa, salvo requerimento maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do congresso Nacional. Já a PEC não poderá sofre nova deliberação, independentemente de qualquer requerimento. Não há fase de sanção ou veto. A promulgação e publicação é de responsabilidade do Poder Legislativo, especificamente por ambas as mesas do Congresso Nacional: Câmara e Senado. O professor recomenda que se visualize as Emendas promulgadas e constantes dos Vade Mecum. 1.2 Lei delegada (Art.68 da CF/88) É editada, promulgada e publicada pelo Presidente através de autorização do Congresso Nacional por Resolução. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

3 I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. 1ª Fase: Requerimento. 2ª Fase: Autorização (por resolução): Resolução típica: autorização geral para editar promulgar e publicar Lei delegada ou autorização com limitações. Resolução atípica: O CN autoriza ao Presidente, mas prevendo a possibilidade de retorno do projeto de Lei delegada para aprovação do legislativo (pelo CN). Após aprovação, a Lei segue seu rito com a promulgação e publicação pelo Chefe do Executivo Federal. Obs: A Lei delegada está em desuso devido à Medida Provisória. Medida Provisória (Alterada pela EC nº 32/01) Trata-se de ato normativo com força de Lei editado pelo Chefe do Executivo, sendo passível de controle de constitucionalidade. Obs: O controle de constitucionalidade pressupõe como objeto lei ou ato normativo de conteúdo geral e não de efeitos concretos. No caso da Medida Provisória, por exemplo, sobre abertura de crédito extraordinário, mesmo sendo um ato normativo de efeito concreto, o STF abre exceção para efetuar seu controle. Pressupostos: Relevância e urgência. Prazo de validade: 60 dias, prorrogável por igual prazo no caso de não haver sido votada nas duas Casas do CN (Art. 68, 7º). Se no prazo de 45 dias não houver análise da MP a pauta da Casa será trancada, entrando o processo de MP em regime de urgência. 44:56 Obs: Caso a MP,cuja votação inicia na Câmara dos Deputados, seja remetida ao Senado já ultrapassados os 45 dias, ela trancará automaticamente a pauta do Senado, não havendo recontagem de prazo, pois este é único. Curiosidade: Há parecer da Câmara dos Deputados afirmando que MP só tranca a pauta para análise de Lei Ordinária, pois não pode a MP tratar de matéria reservada à Lei Complementar ou PEC. O STF em sede de mandado de segurança indeferiu liminar sobre o assunto (Min. Celso de Melo), mas não houve julgamento de mérito.

4 Art. 62, 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. Curiosidade: A Lei /15 foi precedida pela MP 664. Essa MP foi editada dezembro de 2014 e a Lei somente foi apreciada em junho porque não se conta prazo de recesso, de forma que seu prazo somente iniciou-se em fevereiro. A MP quando aprovada, não precisa ir à sanção ou veto. Se for aprovada com alterações, volta à Presidência para sanção e o prazo é de 15 dias úteis que contam por fora dos 120 dias. O CN introduziu matéria na MP, a Presidente vetou no último dia do prazo e apresentou uma nova MP com proposta alternativa (MP 576). Com esta manobra restou afastada, na visão do professor, o inciso IV do Art.62, 1º da CF/88, pois, com o veto e sanção parcial não há mais Projeto de Lei, mas sim uma Lei. A medida provisória passa primeiramente por uma Comissão Mista permanente formada por Senadores e Deputados e somente depois de sua apreciação por esta comissão, segue juntamente a um relatório para a Câmara dos Deputados (para o Plenário).(Art.62. 9º) Importante! Se uma MP que trate sobre impostos for editada em novembro de 2015 e convertida em Lei em Abril de 2016 somente surtirá efeitos no exercício financeiro seguinte, conforme parágrafo 2º da CF/88. Esta regra não vale para Contribuições Sociais para a Seguridade Social, pois não se lhe aplica o princípio da anterioridade fiscal, mas apenas o nonagesimal. O prazo de 90 dias deve-se contar da publicação da MP e não da Lei, de forma que mesmo antes de convertida em Lei a MP pode surtir efeito sobre os fatos geradores.

5 Ex: MP 167/04, publicada em fevereiro sobre matéria de contribuição previdenciária. Convertida na Lei /14 em junho, mas incidindo sobre fatos geradores de maio. Em caso de não conversão deveria haver repetição de indébito. Cabe ao CN disciplinar, por decreto legislativo em sessenta dias, as relações jurídicas ocorridas entre a publicação da MP e o seu arquivamento. Caso não o faça, serão considerados válidos os atos praticados. Os efeitos da perda de eficácia tem efeitos ex tunc. Considerações finais. É de extrema importância ler e reler o Art. 62 da CF/88.