Direito Constitucional

Transcrição

1 Direito Constitucional Câmara dos Deputados CEFOR/DRH Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* Na Casa Iniciadora, o projeto de lei será submetido à apreciação das Comissões e do Plenário, conforme as regras regimentais Aprovado, a texto é remetido à Casa Revisora Se for emendado, retorna à Casa Iniciadora para deliberação sobre as emendas Casa sejam rejeitadas, prevalecerá o texto da Casa iniciadora, que seguirá para o Chefe do Poder Executivo. As emendas também podem ser aprovadas no todo ou em parte, modificando assim o texto do projeto. Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. 1

2 Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* PODER CONCLUSIVO(*) DAS COMISSÕES A Constituição (Art. 58, 2º, I) outorga competência às comissões para discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa. (*) No Senado, é chamado de caráter terminativo. SANÇÃO Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* É a concordância do Chefe do Poder Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Algumas espécies normativas prescindem de sanção: emendas à constituição, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções. VETO Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* É a manifestação de discordância do Chefe do Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento (art. 66, 1º) 2

3 Processo Legislativo *FASE CONSTITUTIVA* VETO Ao vetar o projeto por inconstitucionalidade, o Presidente da República desempenha o papel de defensor da Constituição, exercendo assim o controle preventivo da constitucionalidade. Processo Legislativo *FASE COMPLEMENTAR* PROMULGAÇÃO Ato solene que atesta a existência da lei, inovando a ordem jurídica. A promulgação incide sobre a lei pronta, com o objetivo de atestar a sua existência. Em suma: a lei nasce com a sanção, mas tem a sua existência declarada pela promulgação Processo Legislativo *FASE COMPLEMENTAR* PUBLICAÇÃO A publicação não é, propriamente, fase de formação da lei, mas sim pressuposto para a sua eficácia. É exigência necessária para a entrada em vigor da lei, para a produção de seus efeitos. Atualmente, realiza-se pela inserção do texto no Diário Oficial. 3

4 ESPÉCIES NORMATIVAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Emenda à Constituição (art. 60) Modo de alteração da Constituição (rígida). Procedimento disciplinado no art. 60 da Constituição Federal. Constitui exercício do Poder Constituinte derivado, submetendo-se portanto às limitações constitucionais estabelecidas pelo Poder Constituinte originário. Emenda à Constituição (art. 60) 4

5 Lei Complementar (art. 61 e 69) Diferencia-se da lei ordinária em dois aspectos: material: somente poderão ser objeto de lei complementar as matérias taxativamente previstas na Constituição Federal, enquanto todas as outras serão objeto de lei ordinária; formal: o quorum de aprovação da lei complementar é de maioria absoluta (art. 69), enquanto o da lei ordinária é de maioria simples (art. 47). Lei Complementar (art. 61 e 69) Particularidades: Lei votada com o procedimento de lei complementar e denominada como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, podendo ser revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre matéria não reservada constitucionalmente à lei complementar. Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não constituírem matéria constitucionalmente reservada à lei complementar possuem efeitos jurídicos de lei ordinária. Lei Complementar (art. 61 e 69) Exemplos de leis complementares na Constituição: Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua cessação (art. 14, 9º); Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e pelo Distrito Federal, proporcionalmente à população (art. 45, 1º); Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis (art. 59, parágrafo único); 5

6 Lei Complementar (art. 61 e 69) Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93); Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público (art. 128, 5º); Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da Advocacia-Geral da União (art. 131). Lei Ordinária (arts. 61, 63 a 67) A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra, normas gerais e abstratas. É a ordem geral obrigatória que, emanando de uma autoridade competente reconhecida, é imposta coativamente à obediência de todos. Clóvis Beviláqua Lei Ordinária (arts. 61, 63 a 67) Reserva de lei: ocorre quando a Constituição impõe que a normatização de determinadas matérias só se faça por lei formal. Pode ser: Absoluta: apenas a lei, com exclusão de qualquer outra norma, pode regular a matéria. Expressões: a lei regulará, a lei disporá, a lei criará etc; Relativa: a lei indica as bases em que outra(s) norma(s) produzirá (ão) a regulamentação da matéria. Expressões: nos termos da lei, na forma da lei, nos limites da lei etc 6

7 Lei Ordinária (arts. 61, 63 a 67) A Constituição exclui expressamente do domínio da lei as matérias da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), que devem ser disciplinadas mediante decreto legislativo. Também não podem ser tratadas por lei as matérias que integram as competências exclusivas do Senado e da Câmara (Constituição, arts. 51 e 52). Diferenças entre Lei Ordinária e Lei Complementar Itens Lei Ordinária Lei Complementar Quorum Maioria simples Maioria absoluta Matéria Residual: qualquer matéria não reservada a Lei complementar, Resolução ou Decreto Legislativo Previsão Art. 47 Art. 69 Taxativamente expressa na Constituição Hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar Há dois posicionamentos: 1) Existe hierarquia pois a lei complementar exige o processo legislativo mais dificultoso; 2) Não há hierarquia, pois tal situação só existe quando uma norma retira da outra o seu fundamento de validade. 7

8 Medidas Provisórias (art. 62) Atos normativos excepcionais e céleres, para situações de relevância e urgência. Com força de lei, podem ser adotadas pelo Presidente da República, atendidos os pressupostos formais, materiais e procedimentais enumerados no art. 62. A inspiração da MP foi o provvedimento provvisorio da Constituição italiana de 1947 (usualmente chamado de decreto-legge). Medidas Provisórias (art. 62) Pressupostos formais (art. 62, caput): relevância; urgência. Pressupostos materiais: matérias sobre as quais é vedada a edição de medidas provisórias, no 1º do art. 62. Matéria tributária: permitida a edição, mas sob regime de vigência especial (art. 62, 2º). Medidas Provisórias (art. 62) É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da EC 32/01, inclusive (CF, art. 246). 8

9 Medidas Provisórias (art. 62) Têm eficácia imediata, mas a perdem desde a edição se não convertidas em lei no prazo de 60 dias (prazo suspenso no recesso do Congresso), contados de sua publicação (art. 62, 3º e 4º). Esse prazo é prorrogável uma vez (art. 62, 7º). Natureza da Medida Provisória Em face dos seus destinatários, é ato normativo primário (e provisório) em razão da força de lei que lhe é imediatamente atribuída. Em face do Congresso Nacional, é um proposição que visa transformar uma norma provisória em permanente. (conforme voto do Min. Moreira Alves, na ADInMC DF, rel. Min. Celso de Mello, DJ ) Medida Provisória - Tramitação Apreciada por ambas as Casas, separadamente, após parecer de Comissão Mista ( 9º). Três situações previstas no 3º: Conversão em lei; Rejeição; Perda de eficácia por decurso de prazo 9

10 Medida Provisória - Tramitação Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando ( 6º). Medida Provisória - Tramitação O Presidente da CD, Dep. Michel Temer, ao assumir o cargo, anunciou uma nova interpretação a respeito do regime de urgência das MPs, orientando que a pauta não ficaria travada em relação a matérias que não podem, em tese, ser objeto de MP (PEC, projeto de Lei Complementar, resoluções, decretos legislativos etc. Foi impetrado, por líder da oposição, o MS , tendo sido negada a liminar, encontrando-se o mérito pendente de julgamento pelo STF. Medida Provisória - Tramitação O art. 2º da EC nº 32/2001 estabeleceu que as medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional. 10

11 Medida Provisória - Tramitação No caso de rejeição e de perda de eficácia das medidas provisórias, incumbe ao Congresso disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. Se esse decreto legislativo não for editado em até sessenta dias, as relações constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência continuarão por ela regidas ( 3º e 11). Medida Provisória - Tramitação Se o parecer da comissão mista for pela aprovação, apresentará com ele um projeto de lei de conversão. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto ( 12). Medida Provisória - Tramitação É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo ( 10). 11

12 Medida Provisória - Jurisprudência Os requisitos de relevância e urgência para edição de medida provisória são de apreciação discricionária do Chefe do Poder Executivo, não cabendo, salvo os casos de excesso de poder, seu exame pelo Poder Judiciário. (ADI 2150/DF). Medida Provisória - Jurisprudência "Porque possui força de lei e eficácia imediata a partir de sua publicação, a medida provisória não pode ser retirada pelo Presidente da República à apreciação do Congresso Nacional. (...). Como qualquer outro ato legislativo, a medida provisória é passível de ab-rogação mediante diploma de igual ou superior hierarquia. (...). A revogação da medida provisória por outra apenas suspende a eficácia da norma ab-rogada, que voltará a vigorar pelo tempo que lhe reste para apreciação, caso caduque ou seja rejeitada a medida provisória ab-rogante. Consequentemente, o ato revocatório não subtrai ao Congresso Nacional o exame da matéria contida na medida provisória revogada." (ADI MC, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em , Plenário, DJ de ) Medida Provisória - Jurisprudência "Conversão em lei das medidas provisórias, sem alteração substancial do seu texto: ratificação do ato normativo editado pelo Presidente da República. Sanção do chefe do Poder Executivo. Inexigível. Medida provisória alterada pelo Congresso Nacional, com supressão ou acréscimo de dispositivos. Obrigatoriedade da remessa do projeto de lei de conversão ao Presidente da República para sanção ou veto, de modo a prevalecer a comunhão de vontade do Poder Executivo e do Legislativo." (RE , Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em , 2ª Turma, DJ de 1º ) 12