O pacote CEPpt na análise de dados de resfriamento de aves
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- Ângela Anjos Cabreira
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1 O pacote CEPpt na análise de dados de resfriamento de aves Rafael Lemos Bastos 1 Eric Batista Ferreira 2 1 Introdução A utilização de pacotes computacionais tem sido cada vez mais frequente nas empresas e no meio acadêmico. Não poderia ser diferente no campo do Controle Estatístico de Processo, que acompanha os avanços da tecnologia para atender à complexidade dos processos atuais. Houve grande evolução nesta área, na medida em que os pacotes permitiram aos usuários fixarem-se mais na análise e interpretação de resultados. Uma das principais ferramentas de monitoramento no Controle Estatístico de Processo (CEP) são os Gráficos de Controle. Com eles, é possível detectar se um processo está sob controle estatístico e se apresenta padrões de não-aleatoriedade, como ciclos e tendências. Os mais importantes e úteis gráficos de controle são: média amostral, medida individual, média móvel, amplitude móvel, amplitude e desvio padrão. Eles são geralmente utilizados aos pares, sendo um gráfico para uma medida de posição e outro para uma medida de variabilidade. De acordo com Carvalho e Paladini (2005), os subgrupos racionais são pontos ao longo do tempo dos gráficos de controle que representam as médias de pequenas amostras. Estes são geralmente unidos por segmentos de reta para facilitar a visualização da evolução da sequência de pontos ao longo do tempo. Os limites externos do gráfico de controle para a medida de posição escolhida são funções da medida de variabilidade que compõe o par. Por exemplo, nos gráficos da média amostral e da amplitude, se calcula o Limite Inferior de Controle (LIC) e o Limite Superior de Controle (LSC) do gráfico da média amostral utilizando a amplitude. 1.1 O pacote CEPpt O pacote CEPpt (BASTOS, 2011) foi desenvolvido no software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2012), sendo um ambiente computacional livre, dá opção aos usuários de construir os mais importantes gráficos do Controle Estatístico de Processo e calcular a capacidade do processo, sendo que seus gráficos são gerados no idioma Português. Ele é composto de várias funções que é capaz de construir os gráficos de controle (Tabela 1) e está disponível no endereço eletrônico: 1 Licenciado em Matemática, UNIFAL-MG; Mestrando do Programa de Pós-graduação em Estatística e Experimentação Agropecuária, UFLA. iel2702@yahoo.com.br 2 Professor Adjunto II, Instituto de Ciências Exatas - UNIFAL-MG. 1
2 Tabela 1: Tipos de pares de gráficos de controle gerados pelo pacote CEPpt Gráficos Função Descrição da função X R Media.A Gráfico para média e amplitude amostrais X S Media.DP Gráfico para média e desvio-padrão amostrais Xm Rm MediaM.AM Gráfico para média móvel e amplitude móvel X Rm Medidaind.AM Gráfico para medidas individuais e amplitude móvel 1.2 Resfriamento de aves O frigorífico - ou abatedouro - é o quinto elo da cadeia produtiva onde se origina o frango, resfriado, congelado, inteiro e em cortes. É composto na sua maioria por várias seções, como: recepção e abate; escaldagem e depenagem; evisceração; resfriamento e embalagem; corte e congelados. Segundo Bueno (2006), a cadeia produtiva da avicultura de corte é, provavelmente, uma das cadeias produtivas brasileiras com maior nível de coordenação, conferindo-lhe grande competitividade no mercado mundial. Com o crescimento do consumo de carne de frango nos últimos anos e devido a crise no setor referente a Influenza aviária, em 2004, que afetou a produção na Ásia, onde redundou na perda de confiança no mundo inteiro, o consumidor está mais exigente quanto à qualidade e a segurança do produto. Sendo o frigorífico o agente coordenador dessa cadeia cabe a ele a responsabilidade quanto à gestão da qualidade voltada às necessidades do mercado consumidor. As exigências legais para a industrialização e processamento dos frangos nos frigoríficos constam à legislação vigente, a portaria n o. 210 de 10 de novembro de 1998, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA)/ Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), prevê a refrigeração e manutenção da temperatura entre 0 o C (zero grau centígrado) a 4 o C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos e/ou derivados), com tolerância de 1 o C medidos na intimidade dos mesmos (BRASIL, 1998). O objetivo do presente trabalho é apresentar algumas funções do pacote CEPpt (BASTOS, 2011) ao monitorar a temperatura de câmaras frias no resfriamento de aves. 2 Material e métodos As análises e gráficos foram feitos utilizando o pacote CEPpt (BASTOS, 2011) do software estatístico R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2011). Os dados de temperatura na câmara fria são provenientes de um indústria de abate e resfriamento de aves situada no município de Alfenas, sul do Estado de Minas Gerais, cuja produção se destina somente ao mercado interno (FERREIRA et al., 2011). 2
3 3 Resultados e discussão Para analisar a variável temperatura utilizando o pacote CEPpt (BASTOS, 2011), foi utilizado o par de gráficos de controle Media.A, pois o tamanho do subgrupo racional é 8 e o par de gráficos Media.DP é aconselhado para amostras grandes, pois o estimador do desvio padrão é viesado. Na Figura 1 é apresentado o par de gráficos de controle Media.A da variável temperatura. Média (usando A) para a variável Temperatura Amplitude para a variável Temperatura Média Amplitude Subgrupos Racionais Subgrupos Racionais Figura 1: Par de gráficos de controle Media.A gerado pelo pacote CEPpt A interpretação deste par de gráficos é que algumas das médias e amplitudes diárias da temperatura se encontram fora dos limites de controle, tal fato já o suficiente para concluir que o processo se apresenta instável nesse período de 1 mês, não sendo necessário verificar os padrões de não-aleatoriedade. Deve-se eliminar esta causa especial de variação, a qual está desestabilizando o processo. Logo após, colher uma nova amostra e fazer uma nova análise. A lista gerada do par de gráficos da Figura 1 apresentam os seguintes resultados: GRÁFICO DA MÉDIA USANDO AMPLITUDE GRÁFICO DA AMPLITUDE Número de subgrupos racionais Número de subgrupos racionais Tamanho dos subgrupos racionais Tamanho dos subgrupos racionais 8 8 Limite Inferior de Controle Limite Inferior de Controle Linha Central Limite Central Limite Superior de Controle Limite Superior de Controle A lista gerada da capacidade do processo utilizando a amplitude é apresentada a seguir: Pode observar na lista gerada que a capacidade do processo é de , como o valor de C p > 1 indica que o processo é capaz de atender às especificações utilizadas. 3
4 Capacidade do Processo Densidade de frequência relativa LIE LE LSE Dados Figura 2: Capacidade do processo de resfriamento de aves da indústria em foco. Capacidade do Processo (Cp) Capacidade do Processo (Cpk) Limite Inferior de Especificação 0 Linha de Especificação 2 Limite Superior de Especificação 4 Um destaque importante e diferenciado dos demais pacotes estudados, é que os gráficos gerados para medidas de posição possuem cores da região interna diferente dos gráficos gerados para medidas de variabilidade, sendo na cor amarelo luz e renda antiga, respectivamente. 4 Conclusões Perante os resultados das análises conclui-se que o processo de resfriamento de aves da indústria em foco não está sob controle. Existem fontes detectáveis gerando variabilidade indesejada e o processo pode ser melhorado para que atenda às exigências fitossanitárias e de segurança alimentar. O pacote CEPpt mostrou-se promissor e versátil na análise dos dados estudados no presente trabalho, tendo como suas principais vantagens ter sido implementado em um ambiente computacional livre, ser gratuito, dar opção ao usuário de construir o gráfico para média utilizando o desvio padrão ou a amplitude, possibilitar a construção dos mais importantes gráficos de controle e apresentar suas saídas no idioma Português. 4
5 Referências [1] BASTOS, R. L. CEPpt: Um pacote R para o Controle Estatístico de Processo p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Matemática). Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, [2] BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higênico-Sanitária de Carnes de Aves. Diário Oficial da União, Brasília, DF [3] BUENO, M. P. Gestão da qualidade nos frigoríficos de abate e processamento de frangos no estado de Mato Grosso do Sul. 85f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: UFMS [4] CARVALHO, M. M. de.; PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: Teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 5 a reimpressão, p. [5] FERREIRA, E. B.; ELISEI JUNIOR, L.; MILITANI, M. V. B. Controle estatístico de processo no resfriamento de aves: um estudo de caso. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 9, n. 2, p [6] R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. Vienna,
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