O Carvalho e o Bambu

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1 RESILIÊNCIA Competência para enfrentar adversidades e desafios Paulo Yazigi Sabbag é Doutor em Administração, Mestre e Engenheiro. Leciona há 25 anos na Fundação Getulio Vargas, e na Fundação Dom Cabral. Consultor. Autor dos livros: Espirais do Conhecimento (2007) e Gerenciamento de Projetos e Empreendedorismo (2009), pela ed. Saraiva São Paulo, Agosto O Carvalho e o Bambu O Carvalho se gabava de ser mais forte, imponente e rijo que o Bambu Um dia, uma forte ventania derrubou o Carvalho O Bambu vergou para lá e para cá; após a ventania mostrou-se revigorado 2 1

2 Resiliência Há 30 anos o termo foi adotado na Psicologia: habilidade de recuperação após eventos estressantes, traumas potenciais ou crises danosas Proveniente da Engenharia dos corpos elásticos Resiliência deriva do latim resilientia, do verbo resilio (re + salio), significa saltar para trás, recuperar-se, voltar ao normal Resiliência é a competência de indivíduos ou organizações, que fortalece, permite enfrentar e até aprender com adversidades e sucessos. Pode ser aprimorada porque reúne consciência, atitudes e habilidades ativadas nos processos de enfrentamento de situações em todos os campos da vida 3 Resiliência é importante? Elevada resiliência associa-se a: Maior bem-estar em situações de pressão, crise, desafio, perda e trauma Maior capacidade de lidar com o sucesso, com crises e adversidades Capacidade de prosperar e se desenvolver após crises e situações extraordinárias Em um mundo pelo de incerteza, complexidade e crises, a resiliência é a principal competência de: dirigentes, empreendedores e gestores de projetos Por que competência? Porque a resiliência pode ser aprimorada com um esforço consciente e sistemático Há técnicas para adotar quando falta algo nas situações adversas Há técnicas que podemos adotar no dia-a-dia, visando construir novo padrão físico, de pensamento e de comportamento Mas, é preciso esperar pela próxima crise para saber se temos resiliência para bem viver? 4 2

3 ERS Escala de Resiliência Sabbag Enquete (survey) com 1436 alunos da pós-graduação vai satélite da Fundação Getulio Vargas, espalhados em 65 cidades do Brasil ERS, a escala resultante, foi validada com uso da TRI Teoria de Resposta ao Item, análise fatorial e análise de agrupamentos (cluster) ERS revela 9 componentes, que se fortalecem mutuamente 5 ERS Escala de Resiliência Sabbag Autoeficácia e Autoconfiança Otimismo Aprendido Temperança Empatia Competência Social Proatividade Flexibilidade Mental Solução de Problemas Tenacidade Autoeficácia: crença na própria capacidade de organizar e executar ações requeridas para produzir resultados desejados. Autoconfiança é o senso de valor atribuído a si mesmo; é o oposto da vitimização, no caso de adolescentes. Modo de encarar o mundo de forma positiva, considerando as dificuldades como temporárias, sem assumir para si as circunstâncias, o azar ou os atos de outros. Otimismo aprendido é a capacidade de contrapor emoções positivas às negativas nos momentos difíceis. Capacidade de regular as emoções em situações muito difíceis. Significa manter a serenidade ou frieza quando submetido a pressões. Destemperança é a perda de controle das emoções nessas situações, provocando a impulsividade. Capacidade de compreender o outro em seu quadro de referência; portanto é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, mantendo sintonia com seus próprios sentimentos e os do outro. Competência social permite articular apoio de outros nas situações adversas, seja para obter ajuda seja para não sentir-se desamparado. Propensão a agir frente a situações adversas. Reatividade, ao contrário, é a propensão a apenas reagir às situações. Envolve iniciativa, mesmo em situações de risco e incerteza. Deriva da maior tolerância a ambigüidades. Os de baixa resiliência insistem teimosamente em táticas mesmo quando não efetivas; os flexíveis persistem, tentando novas táticas de forma pragmática e criativa. Capacidade de diagnosticar problemas, planejar soluções e ter a iniciativa de agir. É uma visão prática das situações. Capacidade de suportar pressão e estressores sem sofrer distresse; resistência física e mental em situações muito demandantes. 6 3

4 Resiliência é coisa de poucos? Nas amostras de duas enquetes (~3000 participantes): 30% apresentaram elevada resiliência 40% apresentaram moderada resiliência 30% apresentaram baixa resiliência Ninguém é resiliente 100% do tempo precisamos compreender os gatilhos que nos tiram do sério No conjunto, a resiliência não é varia com a idade embora cada indivíduo possa aprimorá-la A resiliência não é determinada pela personalidade é provável que a educação, a cultura e estímulos externos a afetem mais do que certos atributos pessoais Pode haver relação entre Resiliência e Estresse os mais resiliente podem produzir mais Eustresse que Distresse Mulheres são mais expostas a estresse isso afeta sua Resiliência? 7 Resiliência e Psoríase Enquete (survey) conduzida em parceria com o Dr. Cid Yazigi Sabbag junto a seus pacientes de novembro de 2011 a abril de 2012 traz resultados promissores Foi comparado o escore de Resiliência com o DLQI Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia, com o IMC Índice de Massa Corporal e com o PASI, estado do paciente em relação à psoríase Amostra: 330 questionários 8 4

5 Resiliência e Psoríase Quantidade de Questionários ou mais Médias Médias Médias DLQI 7,04 5,64 4,29 PASI 11,31 7,38 6,48 IMC 26,94 27,85 26,35 Escore Resilência 66,43 67,17 73,43 (Queda de 43%) (Queda de 39%) (Aumento de 10%) Amostra: O escore ERS de resiliência de quem preencheu 3 ou mais questionários durante o tratamento é maior (significância de 0,05) Também é significativa a redução de PASI por força do tratamento Inferências: A boa repercussão do tratamento médico amplia a resiliência Pessoas de maior resiliência persistem no tratamento, 9 Resiliência e Psoríase Escore de resiliência varia de 0 a 100 na ERS: Escore superior a 77 significa elevada resiliência; entre 77 e 65 é moderada resiliência; abaixo de 65 é resiliência baixa Indivíduos de elevada resiliência apresentaram significativamente menor pressão 60% da amostra não tem familiares com psoríase 62% da amostra não possui colesterol elevado ou triglicérides 84% da amostra não possui diabetes 91% não passou por problemas cardiovasculares (arritmia, infarto ou derrame) 96% não faz uso de plantas ou chás em complemento ao tratamento médico porém 18% dos de elevada resiliência o fazem Os de elevada resiliência nunca bebem em proporção maior que os de baixa resiliência, e têm maior proporção de raramente bebe 10 5

6 Resiliência e Psoríase Total Até 62,5 Índice de Resiliência Entre 62,6 e Entre 67,4 e 67,3 77,1 Entre 77,2 e 81,9 Acima de 82,0 Resiliência: Muito Baixa Baixa Moderada Elevada Muito Elevada Gênero Base Feminino 51,7% 67,4% 56,8% 45,5% 35,7% 11,1% Masculino 47,4% 32,6% 43,2% 52,7% 64,3% 83,3% 3,6%,0%,0% 1,8%,0%,0% 4,3%,0%,0%,0%,0% 5,6% Mulheres apresentam menor resiliência que homens hipótese: educação e cultura influenciam 11 Psoríase e os Agrupamentos de Resilientes Agrupamento (cluster) A B C D elevada moderada moderada baixa Base DLQI 7,78 8,08 6,19 6,79 PASI 9,26 10,50 9,42 11,01 IMC 27,14 28,45 27,48 26,74 F1 - Auto-eficácia e Autoconfiança F2 - Solução de Problemas 87,69 77,49 88,33 70,30 30,20 38,17 64,97 58,44 F3 - Temperança 78,80 69,49 53,10 41,20 F4 - Empatia 74,02 56,16 76,72 60,99 F5 - Proatividade 86,23 68,30 81,84 63,29 F6 - Competência social 82,51 71,39 79,80 63,27 F7 - Tenacidade 90,76 81,02 83,80 66,11 F8 - Otimismo 72,36 57,42 78,10 64,90 F9 - Flexibilidade mental 68,14 61,36 62,98 53,00 Agrupamento B é mais masculino e com formação em exatas; C é mais feminino com formação em sociais Dados não conclusivos Resultado: Os de elevada Resiliência temperança, proatividade, competência social, otimismo e sobretudo tenacidade enfrentam melhor a psoríase Os de moderada Resiliência (grupo C, feminino ) se destacam pela empatia, proatividade, competência social, otimismo e tenacidade 12 6

7 Psoríase e os fatores da Resiliência Questionários preenchidos: ou mais Base DLQI 7,04 5,64 4,29 PASI 11,31 7,38 6,48 IMC 26,94 27,85 26,35 Escore Resilência 66,43 67,17 73,43 F1 - Auto-eficácia e Auto-confiança 77,85 78,42 85,24 F2 - Solução de Problemas 59,18 59,60 65,62 F3 - Temperança 47,58 48,63 54,47 F4 - Empatia 67,62 66,02 72,38 F5 - Proatividade 70,60 72,91 80,73 F6 - Competência social 69,90 71,41 82,18 F7 - Tenacidade 74,05 75,21 77,91 F8 - Otimismo 69,37 71,22 77,14 F9 - Flexibilidade mental 57,88 56,91 59,62 Dados não conclusivos, mas indicam tendências Vale a pena desenvolver autoconfiança, proatividade e competência social Quanto maior a Resiliência, maior o bem-estar e melhor a resposta ao tratamento Ampliar a resiliência pode ser o principal coadjuvante ao tratamento da psoríase 13 Síntese Inferências das pesquisas: Vale a pena o esforço persistente no tratamento médico da psoríase redução do grau, maior bem-estar e melhor capacidade de lidar com o problema O controle da psoríase requer autocontrole, e isso resulta da Resiliência Mulheres precisam de maior esforço para desenvolver sua Resiliência que homens Precisamos de Gente bambu (cultuados pelos japoneses): Reverência que deriva da empatia Leveza Flexibilidade + Força Pensamento Sólido + Flexível Crescimento com Resistência Habilidade de superar adversidades 14 7