EAE 0423-Economia Brasileira I. Prof. Dr. Guilherme Grandi
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- Branca Flor Galvão Fagundes
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1 EAE 0423-Economia Brasileira I Prof. Dr. Guilherme Grandi
2 Plano Real Bibliografia Lavinia Barros de Castro, Privatização, Abertura e Desindexação, in Fabio Giambiagi et al., Economia Brasileira Contemporânea (Capítulo 6) Fabio Giambiagi, Estabilização, Reformas e Desequilíbrios Macroeconômicos, in Economia Brasileira Contemporânea (Capítulo 7) Edmar Bacha, O Plano Real: uma avaliação, in Belíndia 2.0 Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti, O plano real e o controle da inflação, in Inflação e crises Gustavo Franco, O Real e o câmbio, in O desafio brasileiro
3 Plano Real Programa de Ação Imediata (1993 FHC como Ministro da Fazenda) Política econômica com ênfase total no ajuste das contas do setor público Justificativa: ocorria no país um efeito Tanzi às avessas a inflação ajudava a equilibrar o orçamento, já que os impostos eram protegidos contra a inflação ao passo que as despesas eram determinadas no orçamento em termos nominais Avaliação: a inflação não só gerava um imposto inflacionário para o Tesouro, com o aumento da demanda por moeda, mas ela também reduzia o gasto real previsto no orçamento Solução: o governo deveria equilibrar o seu orçamento ex ante ao mostrar disposição política para cortar os excessos de gastos que seriam erodidos pela inflação ou financiados pelo imposto inflacionário
4 Plano Real Para controlar a inflação eram necessárias três condições: 1. Eliminar a indexação de preços, salários e câmbio (condição necessária para que a imposição de uma âncora nominal pusesse fim a inflação sem gerar profunda recessão); 2. Reduzir o déficit público; 3. Estabelecer uma âncora nominal visando eliminar a indeterminação das taxas de inflação.
5 Plano Real Enfrentando a indexação O plano Larida propunha a existência de duas moedas: a moeda antiga, o cruzeiro, continuaria sendo o instrumento de troca enquanto a nova moeda (o novo cruzeiro) seria, além de instrumento de troca com uma paridade fixa à ORTN, uma moeda indexada com uma tx de conversão em relação à moeda antiga fixada diariamente Haveria assim duas moedas que poderiam ser utilizadas como meio de pagtos, com a diferença de que uma (o cruzeiro) seria taxada pelo imposto inflacionário e a outra, a moeda indexada (o novo cruzeiro), estaria livre desse imposto Esse plano, no entanto, sofreu uma série de aperfeiçoamentos. Em vez de criar duas moedas com fçs similares, decidiu-se separar suas fçs: a de instrumento de troca continuaria a ser exercida pela moeda antiga (o cruzeiro real com um valor nominal fixo); ao passo que as fçs de unidade de conta, de reserva de valor e de padrão para pagtos diferidos seriam exercidas por uma unidade de conta, um índice que refletisse a inflação a Unidade Real de Valor (URV)
6 Plano Real A URV Foi usada para reajustar valores, com o gov. induzindo sua aplicação a todos os contratos e preços, inclusive salários e câmbio Tudo passou a ser reajustado de acordo com tal índice, mas a quitação das transações era somente realizada por meio de cruzeiros reais A paridade entre a moeda e o índice era anunciada a cada dia, sendo todos os preços, salários, contratos e câmbio expressos em URV O gov. reajustava a URV diariamente a partir de uma cesta de índices de inflação
7 Plano Real O real A partir do momento em que todos os contratos de preços e salários fossem convertidos em URVs, substituindo os contratos previamente estipulados segundo diferentes indexadores, o cruzeiro real perderia sua fç de instrumento de trocas e, assim, deixaria de existir A URV assumiria a fç de instrumento de trocas no instante imediatamente anterior à criação das notas do meio circulante da nova moeda Desse ponto em diante, somente uma moeda o real passaria a ser usada para quitar transações e como unidade de conta e padrão para pagtos diferidos, com todos os preços, salários, contratos e tx de câmbio sendo expressos em reais, de valor nominal fixo (Pastore, p. 136)
8 Plano Real Para Bacha, o Plano Real foi um programa de estabilização em três estágios: o 1 o era um mecanismo de equilíbrio orçamentário; o 2 o introduzia uma unidade de conta estável para alinhar os preços relativos mais importantes da economia; e o 3 o estabelecia a conversão dessa unidade de conta na nova moeda, a uma tx de paridade semifixa com o dólar (ver p. 145)
9 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) O Plano Real Plano real: desenvolvimento em três fases Ajuste fiscal a partir da posse de FHC na fazenda e reforma monetária com a criação do Cruzeiro Real Criação da URV, como unidade de conta, em 28/02/94 Extinção do Cruzeiro Real e Conversão da URV no Real Plano real: primeira fase O Plano de Ação Imediata (PAI), maio de 1993 Reforma monetária Cr$1000,00 = CR$1,00 (Cruzeiro Real), agosto 93 Aprovação, noinício de 1994, do Fundo Social de Emergência (FSE)
10 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) Plano de Ação Imediata Redefinir a relação entre entes federativos, incluindo instituições financeiras: BACEN, bancos federais e estaduais Ajuste fiscal com criação de novos tributos e combate à sonegação Assinatura de um acordo da dívida externa com o FMI e bancos credores a partir da proposta Brady O FSE estabeleceu a desvinculação por dois anos de um percentual das receitas vinculadas do governo federal para atenuar a rigidez dos gastos decidida na Constituição de 88
11 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) Comentários sobre a questão do ajuste fiscal Apesar do déficit operacional situar-se em 1%, economistas como Edmar Bacha estimavam que o déficit potencial era mais elevado Os impostos eram indexados, mas os gastos públicos previstos em orçamento eram corroídos pela inflação A previsão de inflação era em geral subestimada nos orçamentos públicos Eram freqüentes os contingenciamentos e adiamentos de despesas Assim, a estabilidade poderia elevar o déficit fiscal (Efeito Tanzi às avessas)
12 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) Segunda fase do Plano Real: tinha por objetivo eliminar o componente inercial da inflação Em 28 de fevereiro foi criada a URV como alternativa ao congelamento O valor da URV, unidade de conta da nova moeda, era atualizado de acordo com a evolução do IGP-M, IPCA-15 e IPC-Fipe da 3ª quadrissemana O CR$ passou a ser utilizado como meio de pagamento Era facultado expressar valores contratuais em URVs Os salários foram convertidos com base na média dos 4 meses anteriores pela URV do dia do pagamento (critério de caixa)
13 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) Alguns comentários sobre a segunda fase do Plano Real A proposta era similar a do LARIDA exceto pela utilização da URV em vez da ORTN Simonsen expressou o temor de que ocorresse algo parecido com a hiperinflação húngara após a criação do Pengo fiscal Considerava que era fundamental controlar a emissão e a velocidade de circulação da nova moeda Isto foi resolvido com a decisão de atribuir à URV apenas a condição de unidade de conta
14 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) A terceira fase do Plano Real Em 1 de julho de 1994começa a vigorar o Real, em substituição ao Cruzeiro Real A nova moeda teria como âncoras Uma política monetária apertada com controle quantitativo do estoque de moeda, taxas de juros e compulsórios elevados Uma âncora cambial 1R$=1US$, em uma conjuntura de abundância de liquidez internacional e de taxa de juros elevada
15 Tentativas de Estabilização e Reestruturação Produtiva ( ) A terceira fase do Plano Real: problemas e resultados iniciais Muitos preços administrados só foram convertidos para URV às vésperas da reforma monetária com reajustes acima da inflação Os aluguéis residenciais não foram convertidos pela média e acabaram pressionando a inflação O mesmo ocorreu com os serviços, principalmente os serviços domésticos e profissionais em que era grande a informalidade Aspecto fundamental: o sucesso do plano de estabilização viabilizou a vitória do ex ministro da fazenda na eleição presidencial
16 Plano Real Indexação e inflação inercial A existência de contratos indexados por indexadores e datas de reajustes diferentes implicava em grande dispersão de preços, com alguns deles sendo reajustados num determinado momento enquanto outros continuavam apresentando grande defasagem Tais desalinhamentos de preços tendiam a impor pressões inflacionárias adicionais, na medida em que cláusulas prévias de reajustes continuavam a forçar para cima os preços defasados Era esse mecanismo de indexação não sincronizado que fornecia o chamado componente inercial da inflação brasileira
17 Plano Real Algumas distorções A ausência do superávit primário e os juros elevados provocaram o crescimento da relação dívida/pib O fim da inflação eliminou a receita de senhoriagem que os bancos extraíam nos anos de inflação elevada deixando-os diante de custos elevados Assim, vários bancos privados foram liquidados
18 Plano Real Fontes de pressão sobre a tx real de juros: Necessidade de mantê-la alta em termos reais logo após a reforma monetária, para evitar a ocorrência de uma explosão de demanda; Uso dos juros elevados para defender o regime cambial que fora minado pela fuga de capitais devido ao contágio das crises do México, do Sudeste Asiático e da Rússia.
19 Plano Real Prelúdio dos tempos atuais A elevação da tx de juros foi eficaz para conter a fuga de capitais durante as duas primeiras crises (México e sudeste da Ásia), mas falhou no caso da crise russa Nessa ocasião, estavam claros a dinâmica perversa da dívida e o fato do país enfrentar déficits elevados em conta corrente, acompanhado de um câmbio real fortemente valorizado Sem um suporte fiscal robusto, e diante da perda de relações de troca, a âncora cambial não se sustentou, sendo abandonada em 1999 Assim, surgiria um novo regime econômico, no qual a âncora nominal passaria a se fundamentar no tripé macroeconômico atual: regime de metas de inflação; fixação de metas para os superávits primários voltadas para a redução da dívida líquida do setor público consolidada em proporção ao PIB; e câmbio flutuante.
20 Economia Brasileira: Síntese de Indicadores Macroeconômicos (médias anuais) Crescimento do PIB (% a.a.) 2,6 Inflação (IPCA dez./dez.,% a.a) 9,4 FBCF (% PIB a preços correntes) 19,8 Tx de cresc. das exportações de bens (US$ correntes, % a.a.) 4,1 Tx. de cresc. das importações de bens (US$ correntes, % a.a.) 14,9 Balança comercial (US$ bilhões) -5,6 Saldo em conta corrente (US$ bilhões) -26,4 Dívida externa líquida/exportação de bens 2,8
21 Necessidades de Financiamento do Setor Público (% do PIB) Déficit operacional -1,4 0,2 1,7 0,7-1,1 Resultado primário 2,3 2,7 1,6 2,3 5,2 Juros reais líquidos 0,9 2,9 3,3 3 4,1
22 Variação do PIB: ,00% 13,00% 11,00% 9,00% 7,00% 5,00% 3,00% 1,00% -1,00% -3,00% -5,00%
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