Preservar a Estabilidade Econômica
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- Luiz Henrique Vilanova Vidal
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1 Preservar a Estabilidade Econômica Entendimento: A estabilidade econômica pode ser definida em termos de três variáveis endógenas, a saber: a) Utilização dos recursos produtivos; b) Nível geral de preços; c) Balanço de pagamentos. A instabilidade econômica resulta de um excesso ou de uma insuficiência de demanda, que resultam, respectivamente, em sobrecarga ou em ociosidade da capacidade de produção instalada, com as conseqüências de estilo sobre as outras duas variáveis nível geral de preços e balanço de pagamentos. Na hipótese de excesso de demanda, tem-se inflação do nível geral de preços acompanhada de déficits crescentes do balanço de pagamentos em transações correntes, culminando em dificuldades de financiamento do exterior. No caso de insuficiência, pode-se esperar deflação de preços e superávits de balanço de pagamentos em transações correntes. É claro que esses são fatos estilizados que devem ser examinados caso a caso. Principalmente em se tratando de insuficiência de demanda, às vezes não se chega a constatar deflação de preços, mas uma inflação baixa e ociosidade mais pronunciada da capacidade de produção. Isto é próprio de sistemas econômicos mais rígidos, com menos flexibilidade de preços. E ainda mais, se estivermos diante de um quadro recessivo da economia mundial, dependendo da profundidade e extensão dessa recessão generalizada, pode ser que nem haja superávits de balanço de pagamentos em transações correntes devido à fraqueza da demanda externa. Também por essa razão, a ociosidade será mais pronunciada do que seria de se esperar em condições de maior normalidade da economia mundial. Em resumo, interpreta-se a promessa como um compromisso de manter a economia utilizando plenamente seus recursos produtivos, com estabilidade monetária e equilíbrio do balanço de pagamentos. A avaliação da promessa requer a definição de indicadores objetivos da utilização da capacidade produtiva, da estabilidade monetária e do equilíbrio do balanço de pagamentos. Indicadores O indicador para a utilização dos recursos produtivos é o IBC-Br, calculado mensalmente pelo Banco Central, medido com referência à taxa de crescimento do PIB planejada pelo governo conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Para a inflação (IPCA), os valores publicados mensalmente pelo IBGE ( Pode também pode ser usado o site do Banco Central no link conforme orientação constante da planilha Indicador de Inflação (2) integrante do material da promessa 6.1 Controlar a inflação já entregue Para o equilíbrio do balanço de pagamentos, a necessidade de financiamento externo, o quadro apresentado nos Indicadores de Conjuntura do Banco Central ( 1
2 Como trabalhar os Indicadores: Para haver estabilidade, os três componentes do indicador devem ser satisfeitos. Nível de Atividade O nível de atividade deve estar em linha com o planejado pelo governo. O planejamento é anunciado na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, no Anexo III das Metas Fiscais. Abaixo o publicado na LDO para 2011: Portanto, o objetivo oficial, para 2011, é uma taxa de crescimento do PIB de 5,5% no ano. Dessa forma, o indicador mensal para o nível de atividade é construído a partir da taxa de crescimento, em 12 meses, do produto (segundo o IBC-Br). Este valor é subtraído do valor da meta de crescimento. Se o resultado vier a ser zero ou positivo, a promessa, no tocante ao nível de atividade, está cumprida. Inflação A inflação é medida pelo IPCA, publicado mensalmente pelo IBGE. A meta oficial de inflação é 4,5% ao ano (centro da meta). Seguindo critério já estabelecido para a promessa 6.1 Controlar a inflação, haverá observância da meta neste componente - se a diferença entre o IPCA em 12 meses e a meta oficial vier a ser igual ou inferior a zero. Haverá cumprimento parcial da meta se a diferença entre o IPCA em 12 meses e o centro da meta estiver entre zero e 2 pontos de percentagem, isto é, for maior que zero e menor ou igual a 2. 1 Equilíbrio do balanço de pagamentos. Não é trivial encontrar um indicador único que defina o equilíbrio do balanço de pagamentos. A prática usual consiste em analisar um conjunto de indicadores, tais como: déficit/superávit em transações correntes, valor das reservas internacionais oficiais, qualidade do financiamento de déficits, razões entre dívida externa e PIB, ou entre o passivo externo total e o PIB, serviço da dívida/pib, etc.. Entretanto, tal procedimento não cabe para os objetivos do trabalho de acompanhamento das promessas da Presidente, dada a complexidade que envolveria. Os indicadores precisam combinar confiabilidade com operacionalidade devem ser suficientemente simples de apurar de modo que o painel de acompanhamento esteja sempre atualizado. 1 A manutenção do mesmo critério da meta 6.1 Controlar a inflação se justifica, (i) por coerência, (ii) porque a meta estabelecida pelo governo, e por nós aceita como indicador válido, comporta tradicionalmente uma banda de tolerância de 2 pontos de percentagem para cima e para baixo (entre junho de 2002 e junho de 2003 a banda foi ampliada para 2,5 pontos de percentagem). 2
3 Assim, elegeu-se a variável necessidade de financiamento externo calculada pelo Banco Central pela diferença entre o saldo em conta corrente do balanço de pagamentos e a entrada líquida de investimentos estrangeiros diretos. Se a necessidade é inferior ao montante ofertado liquidamente pelos investidores, em princípio o balanço de pagamentos estaria em equilíbrio. Não haveria necessidade de outras fontes de financiamento, como investimentos em carteira (ações e renda fixa), financiamentos de importação, adiantamentos sobre contratos de câmbio, empréstimos bancários, prépagamento de exportações, etc., todas, assinale-se, representando diferentes formas de transações próprias e usuais dos mercados financeiros. Não vejo por que considerar o financiamento de déficits em transações correntes mediante tais operações como sinalização de desequilíbrio de balanço de pagamentos per se. Entretanto, há razões principais para que se considere o investimento externo direto como fonte mais sólida de financiamento: a) Representam aplicações de menor liquidez; b) São denominadas em moeda nacional; e, c) Não têm vencimento certo. Os investimentos em carteira também são predominantemente em moeda nacional (não o fluxo recente, no que concerne à renda fixa, mas o estoque), contudo são mais liquidos e, no caso da renda fixa, têm vencimento certo. Nesse sentido, a absorção doméstica, seja qual o for o patamar, estaria acomodada, no que tange às contas externas, sempre e quando um déficit de transações correntes fosse inferior ao investimento externo líquido apurado no mesmo período. Logo, haveria estabilidade nesta frente. A meta teórica para a necessidade de financiamento adicional do balanço de pagamentos é ZERO. Portanto, se a diferença entre a necessidade de financiamento e a meta nula vier a ser zero ou negativo, a promessa estaria cumprida, neste componente. De se notar que a necessidade de financiamento negativa significa entrada de recursos de investimento direto superior ao montante necessário para financiar o hiato externo de recursos em conta corrente. Aplicação do Critério: A estabilidade, como argumentado, só prevalece se os três critérios forem cumpridos. O quadro abaixo mostra a aplicação do método: 3
4 metas 5,5 4,50 0 critério mensal - meta mensal - meta mensal - meta Condição para Estabilidade Condição para Estabilidade Parcial Não cumprimento da condição de estabilidade meta: zero ou positiva Idem meta: negativa meta: zero ou negativa meta: positiva 2 meta: positiva > 2 meta: zero ou negativa Idem meta: positiva INDICADORES DE AVALIAÇÃO DA ESTABILIADE Atividade Econômica Inflação Financiamento Externo Avaliação jan/11-0,62 1,49-0,08 jan/11 fev/11 1,82 1,51-0,30 fev/11 mar/11 0,95 1,80-0,48 mar/11 abr/11 0,22 2,01-0,68 abr/11 mai/11-0,21 2,05-0,59 mai/11 jun/11-0,62 2,21-0,88 jun/11 jul/11 2,37 As células em vermelho representam reprovação da promessa. As células em amarelo significam cumprimento parcial da promessa. No primeiro semestre, a taxa de inflação (acumulada em 12 meses) foi o componente responsável pela reprovação da promessa nos meses de abril, maio e junho. O nível de atividade (IBC-Br acumulado em 12 meses) reprova a promessa nos meses de janeiro, maio e junho. Em fevereiro e março a promessa foi cumprida no que concerne à atividade econômica e ao financiamento externo, entretanto a taxa de inflação ficou na banda superior da meta, determinando o cumprimento apenas parcial da promessa de preservar a estabilidade econômica. Ou seja, o governo não consegue impulsionar a economia, sob risco de ampliar o desequilíbrio inflacionário. Na área externa, a oferta de fundos tem ajudado na suavização da restrição ao crescimento. Portanto, em quatro meses de 2011, houve fracasso na promessa. Cartão vermelho em janeiro, abril, maio e junho. Comentário Final A construção da avaliação para os anos subseqüentes depende das metas. Para 2012, a LDO, publicada em 2011, contém a meta de PIB. A meta de inflação, ainda, não foi alterada e segue sendo 4,5% ao ano. A LDO 2012 apresenta a seguinte meta de PIB: 4
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