Um ano de transformações

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3 EDITORIAL Um ano de transformações Completamos um ano de mandato à frente da ACIL. Em um ano é possível fazer muita coisa. Em um ano, uma pessoa nasce, cresce e dá os primeiros passos. Em um ano, uma cidade passa por transformações que pareceriam irrealizáveis até pouco tempo atrás. Em um ano, realizamos ideais. Em um ano é possível exigir rigor e celeridade do Ministério Público e da Justiça, e ao mesmo tempo defendê-los contra os golpes institucionais camuflados na PEC 37 e na PEC 33. Em um ano, como se vê nas ruas, um país pode acordar. Em um ano unimos esforços para conquistar mais segurança (com o CIOSP), melhor infraestrutura (com a ampliação do Aeroporto) e um novo ciclo desenvolvimento (com o Arco Norte). Demonstrar a viabilidade econômica do sonhado Centro de Convenções; realizar uma das melhores campanhas de Natal em todos os tempos; lutar para que Londrina seja uma das subsedes da Copa de 2014; fortalecer a união das entidades representativas locais sim, é possível fazer tudo isso em apenas um ano. Exigimos que a duplicação da PR-445 saísse do papel e fomos ouvidos. Em um ano foi possível fazer convênios históricos com a Fomento Paraná, o SICREDI e o BRDE, gerando crédito mais acessível aos pequenos empresários. Em um ano foi possível criar o Fácil Imobiliário, diminuindo a burocracia e a demora na compra e venda de imóveis. Em um ano aperfeiçoamos o nosso SPC. Em um ano fizemos tantas coisas que não caberiam nesta página. Quando iniciamos nossa gestão alguém lembrou a frase de São Francisco de Assis: Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível. No meio do caminho, temos a certeza de que o melhor ainda está por vir. Flávio Montenegro Balan Presidente da ACIL DIRETORIA DA ACIL GESTÃO 2012/2014 Fundada em 5 de junho de 1937 Rua Minas Gerais 297 1º andar Ed. Palácio do Comércio Londrina (PR) CEP Telefone (43) Fax (43) acil@acil.com.br Flávio Montenegro Balan Presidente Luiz Carlos I. Adati Vice-Presidente Ary Sudan Diretor Secretário Fabricio Massi Salla 2º Diretor Secretário Rogério Pena Chineze Diretor Financeiro Rodolfo Tramontini Zanluchi 2º Diretor Financeiro Marcelo Paganucci Ontivero Diretor Comercial Herson R. Figueiredo Júnior Diretor Industrial Marcelo Bisatto Cardoso Diretor de Serviços Brasilio Armando Fonseca Diretor de Comércio Internacional Luigi Carrer Filho Diretor de Produtos Fernando Lopes Kireeff Diretor Institucional Rosangela Khater Presidente do Conselho da Mulher Empresária CONSELHO DELIBERATIVO Carlos Alberto De Souza Faria David Dequêch Neto Eduardo Yoshimura Ajita Enio Luiz Sehn Júnior Fábio Aurélio Mansano Malaré José Guidugli Júnior Marcelo Massayuki Cassa Nivaldo Benvenho Oswaldo Pitol Rubens Benedito Augusto Silvana Martins Cavicchioli Valter Luiz Orsi Wellington Moreira CONSELHO FISCAL Titulares Jaime Celeste Ponce Michel Menegazzo Gouvêa Ronaldo Pena Chineze Suplentes Marcus Vinícius Bossa Grassano Marcus Vinicius Gimenes Rafael Andrade Lopes Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo mercadoemfoco@acil.com.br Paulo Briguet Coordenação Fernanda Bressan Edição Susan Naime Reportagem Josoé de Carvalho Fotografia Thiago Mazzei Projeto gráfico Diego Rigon Menão Superintendente Claudia Motta Pechin Coord. Comercial e SPC Barbara Della Libera Analista de Marketing Colaboradores Aurélio Cardoso Diogo Mendes Guto Rocha Jota Kalinka Amorim Renato Oliveira Thamiris Geraldini Impressão Midiograf Tiragem 8 mil exemplares

4 Agenda agosto 2013 ATENDIMENTO E VENDAS FINANÇAS MARKETING GESTÃO DE RH WEB DIVERSOS Como iniciar sua empresa nas redes sociais Sheila Dal Ry 05 a 07 de agosto 19h às 23h Conhecer as redes sociais mais utilizadas no Brasil Cases de sucesso e insucesso Identificar qual a melhor para divulgar a sua empresa Criar o perfil da empresa nas redes sociais Elaborar as estratégias para obter melhor resultado nas redes Não associados R$160,00 Associados R$80,00 Negociação e vendas Sidney Kayamori 05 a 07 de agosto 19h às 23h A venda competitiva no mercado globalizado As qualidades do profissional de vendas Estratégia de vendas e negociação Fechamento de vendas O reforço positivo do pós-venda Não associados R$160,00 Associados R$80,00 Proteção ao crédito Claudia Pechin 08 de agosto 10h às 12h Informações sobre o novo cenário do SPC no Brasil Treinamento do sistema das consultas ao SPC Detalhamento das consultas e inclusão e exclusão de inadimplentes Gratuito exclusivo para associados Assistente financeiro: formação e atualização Thiago Terzoni 13 a 15 de agosto 19h às 23h Contabilidade financeira Finanças corporativas Gestão de custos Classificação de custos Funções do profissional na área financeira Não associados R$280,00 Associados R$230,00 Curso Marketing Digital DBO Marketing 16, 17, 23 e 24 de agosto 19h às 23h Planejamento Estratégico digital Planejamento de Conteúdos otimizados Planejamento de web sites otimizados Mídias Sociais, em especial Facebook Campanhas interativas e integradas Links patrocinados (SEM) Marketing Monitoramento e Métricas Não associados R$420,00 Associados R$300,00 Internet no ambiente de trabalho: o que pode e o que não pode Grassano & Associados 20 de agosto 19h A internet como ferramenta de trabalho O que a empresa pode controlar Como fazer esse controle Justa Causa Gratuito Assistente fiscal: formação e atualização Danieli Corbari 20 e 21 de agosto 19h às 23h Introdução ao: ICMS, IPI, PIS E COFINS, ISSQN Códigos da NF-e: CFOP, CST, CSOSN, NCM Benefícios Fiscais: Isenção, Redução da Base de Cálculo, Diferimento, Suspensão, Imunidade, Diferencial de Alíquota Principais Operações com Nota Fiscal: Vendas, Devolução de Mercadoria, Bonificação, Remessa Para conserto, Amostra Grátis Não associados R$230,00 Associados R$180,00 Os 10 hábitos dos vendedores eficazes Milton Bettoni 21 e 22 de agosto 19h às 23h Negociar e não apenas atender Buscar a auto-motivação Comprometimento e atitude ética Criar um relacionamento com os clientes Ter metas, planos e controles Não associados R$230,00 Associados R$180,00 Como gerenciar compras e controlar estoques Charles Vezozzo 23 e 24 de agosto Dia 23 19h às 22h Dia 24 8h30 às 17h30 Custo líquido do produto Estoque mínimo e máximo Rotação geral de mercadorias Custo financeiro do estoque parado Não associados R$160,00 Associados R$80,00 Ganhe lucratividade vendendo valor e não preço Natasha Bacchi 26 a 28 de agosto 19h às 22h Como provar que sua solução vale mais do que as dos concorrentes Saia do comparativo de preços Convença o cliente a pagar mais Aproveitando o relacionamento com o cliente Não associados R$155,00 Associados R$77,00 Desenvolvimento de gerentes Agmar Vieira Júnior 28 a 30 de agosto 19h às 23h A Administração como fator estratégico para o desenvolvimento empresarial O que os gerentes devem fazer Alguns atributos das organizações de sucesso: Características de empresas bem-sucedidas As lições que podem ser aprendidas das Melhores Empresas para se Trabalhar Não associados R$280,00 Associados R$230,00 Saiba mais: capacitacao@acil.com.br ou com Tatiane Goes: tgoes@acil.com.br Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR Av. Saul Elkind, 1820 Regional Norte Curta

5 ÍNDICE SOLIDARIEDADE Quando 1% vale muito... NEGÓCIOS Vocação tecnológica AÇÃO 2013 Para ser visto o ano todo 6 ASSOCIATIVISMO Parceria com o lado de lá ERA DIGITAL Cidades conectadas MANIFESTAÇÕES Ruas do Brasil: palco de mudanças O MONITOR DA CÂMARA Plano Diretor fica para o segundo semestre AVIAÇÃO ANAC de portas fechadas para Londrina 10 JEITINHO Londrina e o cumprimento das leis PERFIL Simples segredos, grandes negócios SUBSEDE DA COPA Tranquilidade agrada Japão... GRUPO GEVASCO História e sucesso AMOR AO PRÓXIMO Os empresários da comunhão PING PONG Hauly fala sobre ações à frente da Fazenda NOTAS ACIL As principais notícias da ACIL HUMOR Palavras, imagens, ideias de Jota POLÊMICA: PEC 33 impõe limites às decisões do STF CRESCIMENTO OU DESENVOLVIMENTO? Decisão leva a rumos bem diferentes Associação Comercial e Industrial de Londrina 5

6 AÇÃO julho de

7 CAMPANHAS VÃO POTENCIALIZAR VENDAS DO VAREJO Por Fernanda Bressan Independente da área em que se atua, qualidade é algo essencial para quem busca o sucesso e quer atingir metas. Há, por exemplo, os 5S s das empresas (Senso de Utilização, Senso de Ordenação, Senso de Limpeza, Senso de Saúde e Senso de Autodisciplina) e os 5R s da sustentabilidade (Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar). Quando falamos do varejo, o foco recai sobre os 5P s do marketing: Ponto, Produto, Pessoal, Preço e Promoção. Foi pensando em potencializar um desses Ps no caso a Promoção - que a ACIL criou a Ação 2013, uma série de campanhas para potencializar as vendas em diferentes períodos do ano. Há comerciantes que não têm recursos para fazer isso sozinhos, as campanhas promocionais e mesmo as institucionais feitas em datas específicas são ferramentas para que eles possam participar e aproveitar o movimento gerado. As campanhas envolvem mídia, que amplia a divulgação, além de materiais publicitários que indicam as lojas participantes, diz Brasílio Fonseca, diretor da ACIL. Segundo ele, a entidade percebeu que o varejo está passando por mudanças, não sendo possível sobreviver só com pequenos esforços isolados. Tínhamos que mostrar a importância de planejar, de estabelecer estratégias que serão adotadas ao longo do ano e não fazer apenas campanhas pontuais, completa. As primeiras ações foram institucionais, realizadas no Dia das Mães e Dia dos Namorados. Elas serviram para mostrar que podemos fazer coisas bem-feitas, indica Fonseca. O primeiro ponto alto das campanhas esse ano será o Dia dos Pais. Pela primeira vez, a entidade vai conduzir uma campanha premiada. Os consumidores que comprarem nas lojas participantes vão preencher cupons que serão sorteados. Os prêmios são vale-compras que poderão ser utilizados para comprar produtos em qualquer uma das lojas que integram a Ação VT s nas rádios e televisões vão informar a população sobre a novidade; lojistas poderão identificar as lojas com adesivos de vitrine e cartazes. Depois terá ainda o Dia das Crianças, Londrinatal com prêmios e Janeiro Cultural, uma ação diferente para trazer alegria ao mês em que boa parte da população está em férias. Um festival está sendo preparado com espetáculos, exposições e shows. Estamos fazendo algo diferente, propondo uma organização, um planejamento com campanhas que têm uma continuidade e estimulam o varejo em diferentes momentos, detalha Brasílio Fonseca. O fato de as campanhas serem programadas traz facilidade para os empresários, que podem programar também o orçamento. Temos vários tipos de pacotes para atender a todas as empresas e há a possibilidade de parcelar o valor das campanhas. Para trazer ainda mais facilidades, fomos atrás de patrocinadores para ajudar a viabilizar a campanha em conjunto com os empresários que aderirem à ideia. Sicredi, Sercomtel, Sincoval, Midiograf e CooperCard são parceiros. Isso ajuda a ficar mais tranquilo para o associado e faz a campanha ser autossustentável, cita. A Ação 2013 tem ainda outro diferencial. Alguns materiais foram pensados para que o lojista possa inserir sua logomarca nele. Se o pequeno não tem condições de criar uma campanha sozinho, nós fazemos em conjunto e ele pode fazer parte disso. O cartaz pode ter a marca da loja dele. O empresário também terá condições diferenciadas caso queira fazer propaganda na TV ou na rádio nesses momentos. Essa é a essência do associativismo, completa o diretor da ACIL. Ele lembra que Londrina é uma cidade com pouco mais de 500 mil habitantes e que até bem pouco tempo tinha no comércio de rua as grandes opções de compra. Com a abertura de novos shoppings, essa oferta se multiplicou, levando à necessidade de um repensar o varejo. Precisamos oferecer um atrativo para o comércio de rua poder competir frente a essa nova realidade. Aliás, estimular a competitividade é um dos pilares do associativismo e a razão de ser da ACIL. Queremos que nossos associados sejam mais competitivos e essa é a Ação 2013, resume. Quem quiser participar da campanha pode entrar em contato na ACIL: Associação Comercial e Industrial de Londrina 7

8 SOLIDARIEDADE Por Fernanda Bressan Quando falamos em 1% de qualquer coisa, pensamos em algo que não tem muito valor. Oferecer 1% de desconto, por exemplo, chega a parecer brincadeira. Mas no Hospital do Câncer o seu 1% vale muito. Esse é o mote da nova campanha que vai arrecadar recursos para a conclusão da obra do prédio de 8 andares que só está de pé graças ao apoio da comunidade londrinense. Com a campanha Adote 1m2, o Hospital ergueu a estrutura dos 8 andares e concluiu os 2 primeiros pavimentos, que vão abrigar a nova sala de espera do ambulatório e a parte de diagnósticos, com exames de imagem importantíssimos, incluindo a ressonância magnética. A previsão é de que em outubro aconteça a inauguração desses dois pavimentos. Agora, para que os outros 6 sejam concluídos, será preciso unir a força do 1%. A campanha Doe 1% pela Vida é para retomar as obras. Vamos trabalhar andar por andar, começando pelo terceiro piso que será a área da quimioterapia. O custo para equipar cada pavimento, incluindo piso, fiação, estrutura para instalar os equipamentos, está estimada em R$ 1 milhão. Trabalhando com foco, piso a piso, fica mais fácil, diz a gestora de ações estratégicas, Mara Rossival Fernandes. Feita dentro do Hospital com o apoio da Viação Garcia, a campanha terá outras ações, como venda de camisetas e da pulseira Eu amo a vida que terá a informação do tipo sanguíneo da pessoa. Os produtos estarão à disposição no hospital e também em pontos de vendas. Empresários que queiram colaborar vendendo o produto podem entrar em contato com o hospital. Terminar essa obra é importantíssimo e precisamos alavancá-la. Começamos pela sala de espera em respeito ao nosso paciente e acompanhantes. Quando a obra finalizar, todo o atendimento ambulatorial, à exceção da radioterapia, serão feito no novo prédio, diz Nelson Dequech, presidente do Hospital do Câncer. Inaugurar esse espaço é um momento especial para ele, que desde que 8 julho de

9 assumiu o cargo luta para humanizar o atendimento. Infelizmente tudo depende de dinheiro, nosso atendimento é feito quase que a totalidade pelo SUS e nossa prioridade sempre vai ser o paciente. Podemos parar a obra em alguns momentos, mas nunca o atendimento, reforça Dequech. Os mais de 5 mil pacientes em atendimento no hospital geram uma demanda de mil procedimentos por dia. Além deles, há outros 10 mil em acompanhamento, sendo observados para averiguar se há risco de desenvolver novamente o câncer. Isso sem falar no número de pessoas que buscam o local para tratamento, vindas de diferentes pontos do país. O movimento está crescendo e é por isso que temos que fazer essa ampliação de qualquer forma, resume Nelson Dequech. As primeiras doações para a campanha já ocorreram. A Viação Garcia e o Londrina Esporte Clube doaram seu 1%. Do LEC, a doação veio da renda do jogo entre Londrina e São Paulo. O faturamento da Viação Garcia do dia desse jogo também teve 1% revertido para o hospital. Esses exemplos mostram que há várias maneiras de dar seu 1%. Pode ser 1% de um trabalho novo, de um dia de faturamento da empresa, de um negócio que foi fechado, da renda de um evento, de um dia ou mês de trabalho. De 1 em 1%, Londrina vai ajudar o HCL a concluir essa obra, que é para todos. E as empresas que doarem poderão usar o selo da campanha em suas lojas ou negócios. Os jogadores do LEC Germano, Celsinho e Danilo, acompanhados do técnico Tencati, estiveram no hospital e visitaram a ala infantil. Junto com o mascote do Tubarão, o time entregou bolas às crianças e adolescentes internados. Pacientes e funcionários se alegraram com a visita, que também se encaixa na doação que podemos fazer ao outro. Quem quiser fazer a doação para a campanha pode fazer o depósito na contacorrente aberta na Caixa Econômica Federal (agência 1.553, conta-corrente , operação 003. Razão Social: Instituto de Câncer de Londrina). Dentro de alguns dias as doações também poderão ser feitas pelo site do hospital, pagando com cartão de crédito. Para saber mais, acesse org.br ou ligue para Jogadores do LEC visitam crianças internadas Associação Comercial e Industrial de Londrina 9

10 AVIAÇÃO ANAC DE PORTAS FECHADAS PARA LONDRINA Apesar do compromisso assumido pela direção da Agência, escritório local está encerrando atividades. Decisão causa revolta entre representantes da comunidade londrinense Por Paulo Briguet O Brasil parece ser mesmo o país do absurdo. E um dos principais absurdos nacionais é acabar com aquilo que funciona bem. Isso está acontecendo agora em Londrina, diante dos nossos olhos: a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) resolveu fechar o seu escritório no Aeroporto Internacional José Richa. Ocorre que o escritório da ANAC (antes, sob o nome de DAC) existe há mais de 50 anos em nossa cidade e durante esse tempo cumpriu com eficiência o seu papel. Londrina é um dos centros aeronáuticos mais importantes e tradicionais do País. Anualmente, o escritório da ANAC realizava mais de provas de habilitação de pilotos, comissários e mecânicos de aeronaves. Cerca de 30% desses profissionais vinham de outras cidades para realizar a prova em Londrina, o que significava um considerável ganho para a rede hoteleira e de serviços. Mas as perdas econômicas talvez sejam o menor problema neste caso. Realmente inaceitável é o desrespeito com a cidade e sua tradição aeronáutica. No dia 20 de março, representantes da sociedade civil londrinense reuniram-se em Brasília com o presidente em exercício da ANAC, Carlos Pellegrino. Diante do grupo, o sr. Pellegrino garantiu que o escritório da ANAC em Londrina continuaria realizando as provas de habilitação para pilotos, comissários e mecânicos até que se formatasse uma PPP (parceria público-privada) para que as escolas de aviação locais pudessem aplicar os exames. No começo de junho, os londrinenses foram surpreendidos com a notícia de que a ANAC voltará atrás em sua decisão. Os seis computadores e todo o mobiliário do escritório que funciona no Aeroporto de Londrina serão transferidos para Campo Grande (MS). O funcionário responsável pela ANAC em Londrina, Tilson Souza, 10 julho de

11 FIM DO ESCRITÓRIO DA ANAC É UM DESRESPEITO A LONDRINA já recebeu o comunicado de sua transferência para o Núcleo Regional de Aviação de Manaus. Não há qualquer dúvida: a ANAC está fechando as portas em Londrina. Cidade tem tradição na aeronáutica Com 40 anos de trabalho na aviação civil e 15 anos em Londrina, Tilson Souza conta que o escritório local já chegou a ter sete funcionários. Desde os tempos do DAC, quando as provas vinham em malotes, realizei milhares de provas aqui, afirma Tilson. Gerações e gerações de pilotos, muitos deles atuando hoje em linhas internacionais, fizeram suas provas de cheque em Londrina. Autoridades da aviação civil já disseram várias vezes que a cidade tem uma das melhores estruturas para aplicação de provas para pilotos no País. Isso é facilmente explicável pelo fato de que a cidade conta com três escolas de aviação uma delas, o Aeroclube de Londrina, com 42 anos de atividade, além do curso superior de Ciências Aeronáuticas na Unopar (com 226 alunos). As escolas de aviação locais formam todos os anos 330 profissionais nos cursos de Piloto Privado; 120 nos cursos de Piloto Comercial; 75 nos cursos de Comissário de Bordo; e 70 nos cursos de Mecânico de Aeronaves. Somente no Aeroclube foram realizados 100 voos de cheque e 40 voos de recheque no ano passado. A cidade também conta com uma clínica médica especializada em realizar exames em profissionais de aeronáutica. Mensalmente, essa clínica de 85 a 100 exames em pilotos; anualmente, portanto, mais de exames deixarão de ser feitos. Em 2012, passaram pelo Aeroporto de Londrina passageiros e kg de cargas embarcadas. A movimentação do terminal vem crescendo a cada mês. O que torna a situação mais grave é a quebra de compromisso por parte da ANAC. Estivemos presentes à reunião em Brasília e recebemos do sr. Carlos Pellegrino a garantia de que as provas continuariam sendo realizadas em Londrina. Flávio Montenegro Balan, presidente da ACIL Quebra de compromisso Estamos nas mãos dos governantes, diz o funcionário de uma companhia aérea. Segundo ele, o argumento da ANAC de que só haverá escritórios em capitais não possui a mínima consistência. Campinas e Macaé, por exemplo, são capitais? No entanto, vão continuar com escritórios. Sobretudo neste momento, em que a comunidade luta para ampliar a pista e dar melhores condições estruturais ao Aeroporto Internacional José Richa, a notícia do fechamento do escritório da ANAC é inaceitável, diz o presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan. Mas o que torna a situação mais grave é a quebra de compromisso por parte da ANAC. Estivemos presentes à reunião em Brasília e recebemos do sr. Carlos Pellegrino a garantia de que as provas continuariam sendo realizadas em Londrina. A ACIL e entidades do Núcleo Desenvolve Londrina enviaram um ofício a autoridades do governo federal exigindo a permanência do escritório da ANAC na cidade. A diretoria da ANAC sustenta a versão de que nada prometeu nesse sentido ao grupo londrinense. Fica, portanto, uma palavra contra outra. Mas um fato é incontestável: Londrina, uma das cidades mais importantes no cenário da aeronáutica brasileira, está sendo desrespeitada e abandonada. A quem interessa um absurdo tão grande? Tilson Souza, que será transferido para Manaus: Várias gerações de pilotos fizeram prova em Londrina Associação Comercial e Industrial de Londrina 11

12 NEGÓCIOS Por Renato Oliveira Dois dos setores produtivos de maior destaque da região - a construção civil e a tecnologia da informação (TI) ganharam neste primeiro semestre o reforço de multinacionais que, após se consolidarem no mercado, vão ressaltar a nova vocação que Londrina vem fomentando: a atração de empresas com foco em produtos que aliam tecnologia, inovação e alto valor agregado. A chegada da francesa Atos, que presta serviços em TI, e o anúncio da instalação da americana Sunlight Technologies, fábrica de produtos solares de alta tecnologia para atender a construção civil, representam juntas investimentos da ordem de R$ 350 milhões, além de gerarem ao menos mil novos postos de trabalho em cinco anos. Na primeira quinzena de junho, os executivos da Sunlight Technologies confirmaram que a multinacional vai instalar operações em até 120 dias no município. Segundo o diretorpresidente, Scott Rettberg, esta é a primeira filial da empresa no Brasil, que possui unidades apenas nos Estados Unidos e Índia. Ele diz que Londrina foi escolhida por causa do potencial que a construção civil representa enquanto mercado para comercializar placas que transformam energia solar em elétrica, que pode ser utilizada em casas, edifícios, empresas e indústrias. Há muitos clientes potenciais por causa da construção civil na região, incluindo Maringá e Curitiba. Isso faz de Londrina um local estratégico para operar como base. A presença de portos secos facilita ainda a importação para outros países da América Latina, argumenta ele, que calcula investimentos totais da ordem de R$ 325 milhões. Com sede provisória na Avenida Tiradentes, a Atos funciona desde março em Londrina e fornece serviços de desenvolvimento de softwares para a área de TI como consultoria, integração e gerenciamento para empresas. O Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), segundo o presidente Bruno Veronesi, está em fase de finalização do projeto de lei que oferece incentivos que ratificaram a entrada da companhia na cidade. Atualmente, a Codel paga parte do aluguel da Atos, que está investindo cerca de R$ 25 milhões na cidade. Junto com outras cinco empresas, a Atos vai se instalar no nosso parque industrial que está em fase de construção, na Avenida Saul Elkind, conta Veronesi. Ele diz que no 12 julho de

13 NOVAS EMPRESAS CONFIRMAM NOSSA VOCAÇÃO EM TECNOLOGIA Junto com outras cinco empresas, a Atos vai se instalar no nosso parque industrial que está em fase de construção, na Avenida Saul Elkind, caso da Sunlight Technologies, houve uma reunião com representantes do município que solicitaram formalmente quais incentivos que pretendem pedir. Isso ainda vai para análise. No momento, eles estão locando barracão e acertando a vinda que deve ocorrer antes do final do ano. Segundo Veronesi, até dezembro deve sair a resposta definitiva de uma indústria farmacêutica americana que há cerca de dois anos procura um município para instalação de uma filial no Brasil. A empreitada ficou conhecida como Projeto Amarelo. A negociação está sendo intermediada pela Deloitte, empresa especializada em prospecção de mercado. Londrina está entre as finalistas junto com outras cidades. A decisão definitiva sai nos próximos meses. Estamos otimistas que vamos levar, diz o presidente da Codel. Contendo a evasão Embora a administração pública tenha interesse e trabalhe para atrair novos investimentos, o empenho do presidente da Codel desde que assumiu o cargo, há seis meses, é para manter empresas locais. Veronesi acredita que cidades como Cambé e Ibiporã se tornaram interessantes por causa da ausência de políticas voltadas à industrialização e incentivo ao empresariado das últimas gestões em Londrina. Ele cita a Indusbelo (biomedicina) e a Ágile (softwares de gestão pública) como os casos mais recentes notórios de empresas da área tecnológica que estavam de malas prontas para irem embora de Londrina, mas que o município conseguiu reverter o quadro. Scott Rettberg e John Tuttle apresentam a célula solar fotovoltaica No momento, é mais viável reter empresas aqui do que trazer de fora. Há uma lista de gente que estava aguardando terrenos e outros incentivos que chamamos para conversar. Alguns já haviam decidido e a situação era irreversível. Outros não. A Indusbelo, por exemplo, é daqui e agora vai para o parque tecnológico, comemora. Outro trabalho que deve ser priorizado, concomitante à atração de empresas, é o fomento de setores fortes no município, como a consolidação do Parque Tecnológico, que fica na saída para Ibiporã. Temos empresas que exportam para outros países como a Indusbelo e a Angelus e ambas vão para o parque, onde já está instalado o Instituto de Pesos e Medidas (IPEM) e logo vai receber um Laboratório de Alimentos, afirma. APL O lado positivo é reforçar a imagem da região como polo de tecnologia. A partir do momento que a Atos e Sunlight se instalam aqui, isso confirma nossa vocação em tecnologia com respaldo no mercado. A avaliação é do presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) de TI, Pedro Casagrande Campos, grupo responsável por discutir as diretrizes do setor da tecnologia da informação em Londrina. O APL é formado por representantes de empresas, instituições de ensino e órgãos de apoio. De acordo com Campos, a abundância de mão de obra, presença de um polo empresarial tecnológico e qualidade de vida que a cidade oferece tornam o ambiente favorável à vinda de multinacionais da área de TI e correlatos. Com um mercado formado na maioria por micro e pequenas empresas, o presidente da APL diz que o ramo predominante dentro da TI é o de desenvolvimento de softwares para gestão e controle administrativo de empresas (ERP s). Esse é o forte. Concentra mais empresas porque tem mais mercado. Mas existem outros que se destacam nas áreas de transporte, saúde, automação industrial e logística, elenca. Na hora de quantificar quem atua na área tecnológica, o presidente da APL diz que o órgão tem um cadastro de 250 empresas no perímetro de cidades entre Cornélio Procópio e Apucarana. Londrina concentra 70% deste total. Já a Codel possui um levantamento que contabiliza 600 empresas da área cadastradas na cidade. Estrutura A presença de universidades e instituições especializadas no ensino técnico na área da tecnologia da informação é o trunfo que diferencia Londrina dos concorrentes na hora de disputar a instalação de um novo empreendimento. De acordo com consultor do Sebrae e gestor do APL de Londrina, Fabrício Bianchi, cerca de 20 instituições de ensino superior (públicas e privadas) com cursos ligados à computação e TI e o Senai fornecem trabalhadores que garantem o suporte para quem pretende se instalar em Londrina. A vinda de uma empresa como essa mexe com o mercado de trabalho. Chegam profissionais de fora para trabalhar aqui, mas o impacto positivo está no aproveitamento da mão de obra formada aqui. Mas não pode ocorrer de forma desestruturada, senão gera impacto negativo. O prefeito Alexandre Kireef e o presidente do grupo Atos na América Latina, Alexandre Gouvêa, na inauguração da empresa em Londrina Associação Comercial e Industrial de Londrina 13

14 POLÊMICA Por Susan Naime PEC 33 IMPÕE LIMITES ÀS DECISÕES DO SUPREMO Após arquivamento da PEC 37, sociedade questiona Câmara dos Deputados sobre emenda à constituição que modifica relação entre os três poderes O tumulto político que ocasionou uma crise entre os poderes Legislativo e Judiciário impôs nova reflexão à sociedade brasileira. Trata-se da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33, que impõe limites às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). A PEC foi protocolada em 2011 pelo deputado federal Nazareno Fontelles (PT- PI) com a justificativa de ativismo judicial. Em outras palavras, o tribunal estaria criando normas que seriam de competência da Câmara dos Deputados. Se for aprovada, a proposta irá modificar a relação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, e permitirá ao Congresso Nacional ter controle sobre ações do STF. Na prática, o Supremo não teria mais a última palavra sobre mudanças na Constituição. Quando a PEC 33 foi apresentada o clima pesou entre os dois poderes e o que se notou foi uma tentativa irremediável de abafar o mal estar. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, estava em Nova York Na semana do ocorrido. Em exercício, ocupava o seu lugar o ministro Ricardo Lewandowski, que logo tratou de disparar um comunicando negando qualquer tipo de crise. Do outro lado, nos Estados Unidos, Joaquim Barbosa emitiu uma nota por meio de sua assessoria de imprensa repudiando a PEC 33. A carta dizia que há quase 80 anos existia a tradição já consolidada de se permitir que o Supremo Tribunal Federal declare a inviabilidade jurídica de uma lei votada pelo Congresso, por violação de uma cláusula constitucional. Por que alterar isso agora, em pleno século XXI? Essa medida, se aprovada, fragilizará a democracia, enfatizava o ministro. OAB Londrina critica PEC A Ordem dos Advogados do Brasil subseção Londrina já se posicionou contrária à PEC 33 por entender que ela fere o princípio da separação dos poderes, sendo uma indevida intromissão do Poder Legislativo nas atribuições do Poder Judiciário. Os congressistas têm de entender que o Poder Judiciário, numa democracia plena, é quem dá a última palavra nos conflitos submetidos ao Judiciário, nos conflitos levados ao que o povo denomina de Justiça. A discussão sobre ser ela (a PEC) inconstitucional ou não é prematura e controversa. O próprio Supremo Tribunal Federal pode ter de julgar No meu modesto entendimento, o Congresso está buscando tirar poderes da Suprema Corte brasileira sem uma boa justificativa para isso, devemos todos ficar vigilantes, presidente da OAB Londrina, Artur Piancastelli isso mais adiante, se ela for promulgada, pontua o presidente do órgão, Artur Piancastelli. Piancastelli também se atentou para o fato de certas 14 julho de

15 PROPOSTA REPRESENTA AMEAÇA À DEMOCRACIA decisões do STF serem levadas ao Congresso e ratificadas para somente após valer, serem aplicadas, caso a proposta de emenda a Constituição seja aprovada. Haverá, ainda, imensa dificuldade para declarar-se uma lei inconstitucional, pois no Supremo, por exemplo, haverá necessidade de no mínimo nove votos dos onze possíveis, um quórum demasiado alto. Ou seja, o STF será enfraquecido. No meu modesto entendimento, o Congresso está buscando tirar poderes da Suprema Corte brasileira sem uma boa justificativa para isso, devemos todos ficar vigilantes, informa. Contudo, o órgão não acredita na aprovação da emenda, tendo em vista o movimento popular das ruas exigindo outra atitude da classe política. Creio que ela não será aprovada, talvez sequer seja colocada em pauta tão cedo. Estaremos atentos aos trâmites da proposta e, se ela avançar, o que não acreditamos, certamente iremos mobilizar toda a classe e a sociedade brasileira contra isso, revela Artur Piancastelli. Conheça a emenda A PEC 33/2011 altera três artigos da Constituição de A quantidade mínima de votos para declaração de inconstitucionalidade de leis passaria a ser de quatro quintos dos membros dos tribunais. Na prática, seriam necessários os votos de nove dos 11 ministros. Atualmente são seis. Outra modificação e talvez a de maior repercussão seria a respeito da decisão sobre a inconstitucionalidade de Emendas à Constituição. Após o julgamento pelo STF, caberia ao Congresso Nacional concordar ou não com a decisão. Caso discorde, o assunto é submetido a plebiscito. O terceiro artigo alterado e não menos importante condiciona o efeito vinculante de súmulas aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal à aprovação pelo Poder Legislativo. Em resumo, caberia ao Congresso a aprovação de súmulas e não mais ao STF. Tramitação A PEC 33 foi aprovada em 24 de abril de 2013 pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e agora aguarda a criação de Comissão Temporária na Mesa Diretora do Legislativo e o encaminhamento na Coordenação de Comissões Permanentes. O Regimento Interno da Câmara dos Deputados determina que em caso de emenda à Constituição, seja criada uma comissão especial para analisar o projeto. Se o texto foi aprovado na comissão, a PEC será votada no plenário. No final do mês de abril o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), optou por paralisar a tramitação da PEC no Legislativo e não instalar a comissão especial por não possuir uma definição muito clara sobre a sua legalidade.

16 ASSOCIATIVISMO Por Diogo Mendes Nada de motociclista com o bagageiro levando bujões de gás, nem de motorista com o curso de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP) vencido, muito menos de revendas ilegais. Desde abril de 2013, essas são algumas das reivindicações dos empresários do gás que agora se consideram assim. O amadurecimento é resultado da união dos empresários no Programa Empreender, desenvolvido pela ACIL. Todas as terças-feiras, eles se reúnem na entidade para buscar melhorias e resolver gargalos do setor. 18 participantes preenchem as 20 vagas oferecidas e vão de maneira pontual às reuniões que já caminham para o 9º encontro, tudo supervisionado por consultoria. No grupo, há ainda dois revendedores da região, um de Cambé e o outro de Rolândia. A carreira de empresário do gás de Ailton Aparecido Maistro, da Empresa Romaco, deu o pontapé em junho de Naquele período, existiam poucas revendas, o mercado era menos competitivo, agora está mais difícil entrar e permanecer no mercado. Hoje, para ele, o mercado está diferenciado, pois tem muitos revendedores, portarias e venda clandestina. Fica difícil viver no negócio, mas na minha empresa fico no mínimo 12 horas por dia, cuidando e gerenciando, afirma. O segredo para a longevidade, segundo Maistro, é a administração de custo. Trabalho em cima de números todos os dias, desde as despesas de telefone à energia dos veículos, deve ter o controle no geral, revela. Para se ter uma empresa bem administrada, precisa levar tudo na ponta de lápis. Em meados de 2000, diz Maistro, a clandestinidade na revenda de gás deslanchou de forma crescente. No começo dessa década uma pessoa abria uma empresa e percebia que não ia bem, investia na venda por moto, uns até de bicicleta. Isso foi proliferando, a fiscalização deveria ser mais severa para quem está irregular. Tocar uma empresa não é fácil com base no profissionalismo. Para ele, o Empreender traz benefícios. O concorrente não é nosso inimigo. Queremos, com essas iniciativas de aprendizado [associativista], sermos vistos como empresários do gás e não vendedores, assevera Maistro. Com o diálogo aberto, as coisas podem fluir. Penso de um jeito, você do outro, com a conversa tudo pode entrar num acordo. Assim venho de Rolândia em todas as reuniões aqui na ACIL, declara. Acostumado às variações de novos ares e cidades, o empresário paulistano Arnaldo Marques, da empresa GasUltra, veio em 2005 de Curitiba para Londrina. Egresso de outra empresa como gerente, decidiu abrir a própria. Sai da companhia que trabalhava e foi um passo para me tornar um revendedor, hoje faz um ano que abri a minha em Londrina. Mudar de cidade para mim e como pular de bairro, acostuma, brinca. O empresário fala como o grupo do Programa Empreender lida 16 julho de

17 IDEAL DA ACIL FORTALECE E CAPACITA AS EMPRESAS com a figura do revendedor irregular, sem nenhum aspecto legal e descompromissado com as normas de seguranças. Os objetivos principais desse núcleo são dois pontos: a formação do empresário na metodologia e aprendizado e o cumprimento da legislação das revendas, atendendo aos órgãos reguladores. Assim se lida com a clandestinidade, afirma. A cada momento, o aperfeiçoamento profissional pode ocorrer. Apreendemos com os erros dos outros e com os acertos também. A velocidade de uns é diferente da de outros participantes, uns com passos largos e outros, curtos. Mas a velocidade de aplicação do grupo está sendo boa e é óbvio que alguns desde o primeiro momento já estão pondo em prática o que estão apreendendo na ACIL, finaliza Marques. Reciclagem profissional: posta em prática Cleide Mendes: Muitas coisas que estamos vendo aqui já estou aplicando no meu negócio. Na ACIL a gente se renova para o mercado No ramo desde 2004, a empresária Cleide Mendes, da empresa Catuaí Comércio de Gás, diz que foi um desafio entrar no negócio porque precisou, com o tempo, ir conhecendo as características muito particulares sobre a venda de gás. Foi uma oportunidade que tive na época e pleiteei de peito aberto. Comecei a estudar na internet com o meu ex-sócio e resolvemos tocar o negócio. Percebendo o setor desprovido, Cleide decidiu investir em formação e reciclagem profissional e foi uma das primeiras a aderir ao Empreender. Decidi participar do programa por causa de melhorias mesmo, principalmente na parte de cursos e capacitação, porque o setor estava muito carente disso. Dos pontos positivos, Cleide elenca que já mudou o visual físico da sede da empresa, está em fase de padronização da frota de veículos conforme a legislação e repaginou os uniformes dos funcionários. Muitas coisas que estamos vendo aqui já estou aplicando no meu negócio. Na ACIL a gente está buscando e nos renovando para o mercado. A empresária afirma que, além dos clandestinos, o Vale-gás nas redes de supermercados é algo que deveria ser fiscalizado com rigor. O mercado pode, sim, vender gás, desde que tenha lugar apropriado para guardar e comercializar, mas não é isso que vem sendo feito, justifica. Para ela, vários pontos no segmento da revenda de gás precisam melhorar. Há 20 anos trabalhando com gás, o empresário Martin Saffaro, da empresa SG - representante da Supergasbras, também está no programa e se preocupa com o alastramento dos irregulares. A maior dificuldade que percebo é a pulverização desse tipo de concorrência desleal. Por outro lado, ele sinaliza uma maciça profissionalização das revendas legalizadas, com a criação de grupos, que acabam embasados por um ideal associativista que pretende dinamitar a clandestinidade do gás doméstico. Percebo uma reciclagem, sem dúvida, até pelo apoio que a ACIL oferece para gestores e empresários, menciona o empresário. Troca de experiências Comunicativa, extrovertida e falante, a consultora Sheila Dal-Ry Issa é a consultora do Núcleo de Gás do Empreender. Segundo ele, a gestão do negócio figura entre as principais dúvidas trazidas pelos participantes. Na correria, eles estão ligados no piloto automático e não param para analisar o mercado, como está o atendimento das empresas. A partir dessa dúvida central, temos outras, desde a abordagem ao telefone até o planejamento estratégico. O ideal associativista, para a consultora, está presente na cidade auxiliando na capacitação e fortalecimento das empresas. Acredito que ainda tem muita coisa a ser trabalhada e trocada, mas estamos indo no caminho coerente, sempre pensando em rever e melhorar experiências passadas para as futuras serem rentáveis. Para ela, não é fácil colocar numa mesma sala pessoas concorrentes, mas o amadurecimento vem com os encontros. Houve por meio do programa todo um processo de sensibilização e hoje o nosso grupo é muito unido, trocando experiências e total entrega. A consultora destaca que com ações sinérgicas os participantes pararam de olhar apenas para o próprio negócio e estão refletindo a respeito dos confrades. Semelhanças Martin Saffaro: A maior dificuldade que percebo é a pulverização desse tipo de concorrência desleal (clandestinidade). O principal objetivo do programa é atrair empresas do mesmo setor e desenvolver trabalhos juntos, na verdade realizar um planejamento estratégico para que essas empresas vejam pontos semelhantes com as outras, declara a coordenadora do Programa Empreender, Valéria Furlan Sitta. O programa existe há cerca de 6 anos e em 2012 passou por mudanças. Fizemos um novo desenho de programa. Nesse ano voltamos com a proposta apresentada pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (FACIAP) e começamos novos núcleos. Temos meta para criar 3 novos núcleos em 2013, projeta. Referente ao núcleo de gás, a coordenadora diz que os participantes tiram do papel muitos assuntos surgidos em debate. As mudanças desse núcleo foram muitos rápidas, as empresas que eram concorrentes não tinham noção do que o outro empresário fazia na outra empresa e quais ações deviam tomar. Agora, um conhece o outro e há uma cobrança recíproca e amigável. Ninguém conhece melhor o negócio do que os próprios empresários. Associação Comercial e Industrial de Londrina 17

18 ERA DIGITAL Por Kalinka Amorim Despertar os municípios paranaenses para a importância da implementação de tecnologias. Essa foi a tônica dos discursos apresentados durante a rodada regional de Londrina, uma das que antecede o I Congresso Paranaense de Cidades Digitais, marcado para os dias 21 e 22 de novembro, em Curitiba. O evento, realizado na ACIL, teve a participação de mais de 22 municípios. Londrina, dentro desse contexto de Cidades Digitais, já deu passos importantes. Desde 1992, vem construindo a ideia de ser um polo tecnológico que agrega valor e dissemina conhecimento. Os londrinenses têm uma vocação para a informática e a tecnologia da informação, afirma o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Daniel Pelisson. Ele explica que não é toda cidade que detém uma operadora de telefonia e comunicação com fibra ótica. Dentro desse panorama, Pelisson diz que várias ações estão sendo realizadas para tornar a inclusão digital uma realidade. Temos oito centros de informática espalhados entre a zona urbana e a rural que disponibilizam acesso gratuito à internet. A Sercomtel ao Ar Livre é outro exemplo. Mais de 19 mil pessoas fazem uso desse serviço. No próprio portal da Prefeitura é possível o cidadão encontrar mais de 40 serviços que podem ser solicitados online. Com tudo isso e mais a vocação empresarial para essa área 18 julho de

19 LONDRINA SAIU À FRENTE E É UMA CIDADE DIGITAL Lygia Pupatto: Não há mais como pensar em prefeituras que não tenham seu governo eletrônico e não ofereçam serviços que facilite a vida dos contribuintes tecnológica, Londrina tem a possibilidade de se consolidar cada vez mais como polo tecnológico, atesta. Londrina é uma Cidade Digital. Ela saiu à frente mesmo antes do governo lançar esse programa. Esses canais de recursos abertos pelo BNDES irão ajudar Londrina a alavancar ainda mais esse setor, avalia Pelisson. Mesma opinião compartilha Rosi Sabino, diretora de Ciência e Tecnologia da Codel. Londrina vem construindo essa ideia de polo tecnológico desde 1992, quando um grupo de lideranças se reuniu para traçar os rumos do desenvolvimento. Desde então, a constituição de estruturas e a união de entidades a favor desse conceito vem acontecendo constantemente, afirma. Para a secretária de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Lygia Pupatto, o Brasil vive um momento em que a tecnologia de comunicação e informação estão a cada dia mais presentes na vida da sociedade. Isso exige uma postura diferente das administrações públicas que têm que acompanhar esse caminho que está sendo trilhado pela sociedade. Não há mais como pensar em prefeituras que não tenham seu governo eletrônico e não ofereçam serviços que facilitem a vida dos contribuintes, afirma. Ela explica que a própria Lei de Acesso à Informação, promulgada pela presidente Dilma Rousseff, exige que todos os poderes públicos disponham os dados para a sociedade. Qualquer pessoa pode solicitar e muitas prefeituras ainda não disponibilizam essas informações. O próprio escopo da lei determina que essas atualizações sejam realizadas pela internet. Não dá mais para se pensar uma prefeitura que não contenha esses recursos, admite. Muitas são as demandas de infraestrutura a serem vencidas. É nesse sentido que o Governo Federal vem trabalhando. Nesse conceito já existem 80 municípios com até 50 mil habitantes em fase de implantação. Destes, oito se concentram no Paraná. A expectativa é que até o final de 2013 esse projeto-piloto esteja em funcionamento, assegura. Para as cidades com mais de 50 mil habitantes, Lygia explica que um acordo com o BNDES está sendo fechado para que possam desenvolver ou ampliar suas cidades digitais. O representante do departamento de gestão pública do BNDES, Jorge Henrique de Araújo Souza, explicou que o Programa de Apoio à Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT) foi desenvolvido para atender municípios de todos os portes, mas boa parte das cidades que aderem ao recurso contam com população com mais de 150 mil habitantes. Os valores, conforme ele, pode atingir até R$ 10 milhões por município, permitindo financiar projetos para a melhoria e transparência da administração pública. Londrina por contar com uma população de mais de 500 mil habitantes é um dos polos que poderá receber os recursos do BNDES para despontar ainda mais na área de tecnologia. Tecnologia ajuda no combate ao êxodo rural O município de Bandeirantes, Norte Pioneiro do Paraná, é um dos contemplados. Mas os esforços para trazer a inclusão digital começaram bem antes. Em 2008, a prefeitura detectou um problema: o êxodo da juventude para cidades mais desenvolvidas. A maioria dos jovens reclamava que ficava isolada do mundo, sem informação e acesso a tecnologias. Com a própria mão de obra local, formada por universitários da área de Tecnologia da Informação, da Universidade do Norte do Paraná (UENP), uma empresa foi constituída, participou de uma licitação, ganhou e presta até hoje o serviço que leva internet via rádio para mais de pessoas que vivem na zona rural de Bandeirantes. Fizemos um planejamento e 70% dos moradores da Zona Rural passou a ter internet via rádio, afirma o secretário da Administração, Wanderson de Oliveira. Além desse avanço, conta ele, outros setores também foram beneficiados. Com a implantação desse sistema, a saúde municipal foi conectada, o que facilitou a vida dos usuários. Os oito postos de saúde estão interligados. Isso possibilitou a redução de custos nos exames, consultas e medicamentos. Ele conta que o programa Cidades Digitais vem de encontro com uma das políticas do município que é oferecer um serviço de qualidade ao cidadão. Temos 3,5 Km de rede de fibra ótica. Se olharmos o tamanho da cidade é pouco porque poderíamos estender mais. Ao mesmo tempo é satisfatório, mas vamos buscar mais. É uma oportunidade que temos de levar a educação, a inclusão social e a inclusão digital para todos. Parceria promete alavancar a região Para o presidente da Sercomtel, Christian Schneider, Londrina pode ser a mola propulsora para a competitividade e atratividade de novas indústrias na cidade e região. A Sercomtel tem a expertise de como fazer isso se tornar realidade nos municípios menores. Por isso, estamos de portas abertas para firmar parcerias onde a Sercomtel entra com a capacidade técnica e os municípios com o investimento que pode ser obtido através do próprio PAC das Cidades Digitais, garante. Christian Scneider: A Sercomtel tem a expertise de como fazer isso se tornar realidade nos municípios menores. Por isso estamos de portas abertas para firmar parcerias Associação Comercial e Industrial de Londrina 19

20 MANIFESTAÇÕES RUAS DO BRASIL: PALCO DE MUDANÇAS Por Thamiris Geraldini Desde o impeachment de Collor, há 20 anos, o Brasil não via manifestações populares tão intensas como as percebidas no último mês. Um pequeno curto circuito num fio incendiou os demais. O que teve início em São Paulo, contra o aumento no valor das tarifas de ônibus, acabou se alastrando por diversas cidades do país. Assim, o que antes era uma causa única acabou desencadeando uma pauta de reivindicações bem mais ampla. Enquanto as manifestações se alastravam, alguns resultados já eram percebidos como a diminuição na tarifa do transporte em diversas cidades, além do arquivamento da PEC 37, que previa a retirada de poder de investigação do Ministério Público. Os protestos em São Paulo foram marcados pela forte repressão policial. A partir daí, as ruas do País foram tomadas por manifestantes eles protestavam pelo direito de protestar. Em Londrina não foi diferente. Mais de 10 mil pessoas percorreram as ruas em protesto contra a PEC 37 e 33, o caos na saúde, a melhora nos serviços de transporte público, contra a corrupção, entre outros variados motivos. Na opinião do professor de ética e filosofia política Clodomiro Bannwart, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), os protestos no país refletem o descontentamento com o sistema partidário vigente. A crítica é ao sistema políticopartidário que não funciona e não representa o interesse real da população como deveria ser. O povo está indignado com a maneira como é conduzida a política no nosso país. Além de demonstrar a indignação, o intuito dessa onda de manifestações é colocar alguns pontos na pauta da política nacional e assumir um espaço onde a população tem voz. Para o estudante Fabio Botão, a situação veio à tona em um momento importante e acabou A ACIL defendeu a derrubada da PEC 37, e o que antes era uma reivindicação hoje é vitória. Agora os focos estão na PEC 33, na finalização do julgamento do mensalão, na instauração de uma CPI do pedágio no Paraná e na urgência de reformas tributária e política no país Flávio Balan, presidente da ACIL chamando a atenção de todo o mundo. Esta era uma revolta que dormia no brasileiro há muito tempo. Explodiu exatamente num momento em que o mundo está focado no Brasil, graças à Copa das Confederações. O momento não poderia ser mais oportuno, acredita. De acordo com o promotor do Ministério Público Cláudio Esteves, que foi para as ruas contra a PEC 37 antes do arquivamento do projeto, a onda de protestos que se alastrou pelo país é algo que estava dormitando na consciência popular há muito tempo, sobretudo na dos jovens. Se esse for o início da construção de uma nova cultura para o Brasil, manifestações com foco podem ser importantes para um progresso no país. O presidente da ACIL, Flávio Balan, vê com bons olhos a onda de manifestações que está ocorrendo. Porém, na opinião dele, para que haja progresso, é preciso que os protestos sejam direcionados. O povo está acordando e isso é fruto da disponibilidade de informações online. Porém, não devemos ir para as ruas sem motivos definidos. É preciso ter foco. Para Balan, fica mais fácil atingir resultados quando os protestos são impulsionados por causas específicas. A ACIL defendeu a derrubada da PEC 37, e o que antes era uma reivindicação hoje é vitória. Agora os focos estão na PEC 33, na finalização do julgamento do mensalão, na instauração de uma CPI do pedágio no Paraná e na urgência 20 julho de