FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE. Anderson Daniel Gomes

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1 0 FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACIS Anderson Daniel Gomes Sombra e Contratransferência na relação terapêutica: A importância da análise no reconhecimento da sombra do analista. ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA JUNGUIANA São Paulo 2015

2 1 ANDERSON DANIEL GOMES Sombra e Contratransferência na relação terapêutica: A importância da análise no reconhecimento da sombra do analista. Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Psicologia Junguiana da Faculdade de Ciências da Saúde FACIS. São Paulo 2015

3 2 Tu não vês o que és. O que vês é tua sombra Rumi

4 0 Agradecimentos Gostaria de agradecer aos meus amigos que abriram mão da minha presença para que eu me dedicasse inteiramente a este trabalho. Agradeço também a Deus por me dar coragem e força para insistir no caminho que escolhi. Um grande agradecimento aos amigos de classe que se juntaram em um grupo na reta final onde cada um entregava palavras de motivação e assim todos se motivaram com um único objetivo, um abraço à Williams, Janaina, Carlynha, Carla, Cátia e Mari! E por último, mas não menos importante, agradecer a minha terapeuta Simone que ameaçou parar de me atender quando falei que iria abandonar esse trabalho.

5 0 Resumo Este trabalho tem por objetivo apresentar subsídios teóricos que comprovem a importância da análise para o analista, abordando inclusive a consequência da falta deste processo e a possibilidade de impedir a evolução no setting terapêutico do profissional. Para tanto, são apresentados aspectos da psicologia junguiana como definição de ego, inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, complexos, sombra, transferência e contratransferência. Palavras-Chaves: Sombra, Transferência, Contratransferência Psicologia Junguiana, Jung.

6 0 Lista de Figuras Figura Figura

7 0 Sumário INTRODUÇÃO... 7 CAPÍTULO - 1 CONCEITOS DA PSICOLOGIA ANALÍTICA CONCEITO DE EGO PERSONA COMPLEXOS INCONSCIENTE PESSOAL INCONSCIENTE COLETIVO E ARQUÉTIPOS SOMBRA CAPÍTULO - 2 TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA...19 CAPÍTULO - 3 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DO ANALISTA SOBRE O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO A ANÁLISE DO ANALISTA CONCLUSÃO...30 REFERENCIAS...32

8 7 Introdução Este trabalho aborda aspectos gerais sobre o conceito de sombra na psicologia analítica. Para Jung, a sombra constitui um problema moral que desafia a personalidade do eu como um todo, pois exige de qualquer pessoa o reconhecimento de aspectos obscuros da personalidade (Cf. Jung, 2012a p. 19). Desta forma, na relação analista/analisando, que neste trabalho será denominada relação terapêutica, também é preciso levar em consideração os aspectos obscuros do analista. O reconhecimento do analista a respeito de sua própria sombra é fator essencial para a continuidade de qualquer processo terapêutico, pois é preciso levar em consideração que os conteúdos do inconsciente se manifestam primeiro de forma projetada em pessoas ou condições objetivas (fenômeno da transferência) ou, no caso da relação terapêutica, a contratransferência, que se dá do analista para o analisando. Segundo Jung, é inevitável que o médico, ou melhor, que o analista de certa forma seja influenciado a tal ponto que sua saúde nervosa também sofra alguma perturbação ou dano, assim como a constelação de um complexo materno de analisando pode ativar algum complexo inconsciente no analista. Desta forma, o presente trabalho se atem aos aspectos gerais da transferência, contratransferência e sombra com foco na perspectiva do analista. Assim como Jung, Marie Louise Von-Franz e Adolf Guggenbühl-Craig abordaram o problema da transferência dentro da psicoterapia, entende-se que é preciso demonstrar a importância da análise do próprio analista e os problemas que a falta desta faz na relação terapêutica principalmente no que se refere a sombra do próprio analista.

9 8 As Justificativas para elaboração deste trabalho estão nas percepções do autor no caminho trilhado por ele e sua decisão de com a psicoterapia, desde então tem estudado e participado de diversas formações em diferentes tipos de escolas e metodologias como programação neurolinguística, psicologia transpessoal, técnicas regressivas memórias e agora psicologia analítica. Durante todo este caminho foi possível ter a percepção de como a psicoterapia ou a análise de quem busca uma especialização no campo da psicologia é de certa forma negligenciada, pois pouco se fala da necessidade da psicoterapia para o próprio terapeuta. Por ter uma formação acadêmica na área de administração, teve a preocupação com a própria análise, mas é diante e principalmente na psicologia junguiana que percebe o quanto é necessário a entrega do próprio analista para lidar com seus próprios complexos e principalmente sua sombra. Como Objetivos o trabalho busca ampliar o entendimento do conceito da sombra e da contratransferência, assim como evidenciar os problemas causados pela falta de preparação e consciência do analista a respeito de sua própria análise durante uma formação de analista junguiano, além da necessidade de se abrir para um verdadeiro confronto com a própria sombra. Jung deixa claro em toda sua obra a necessidade deste confronto, segundo o autor: [...] as qualidades inferiores e até as condenáveis também me pertencem, me conferem substancialidade e corpo: é minha sombra. Como posso ter substancialidade sem projetar minha sombra? O lado sombrio também pertence a minha totalidade, e ao tomar consciência da minha sombra, consigo lembrar-me de novo de que sou um ser humano como os demais. (JUNG, 2011a p. 73) Ainda para complementar a necessidade de tomar a consciência da sombra por parte do próprio analista, Adolf Guggenbühl-Craig (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 11) diz que "não ficaremos nunca livres do mal. Mas podemos aprender a lidar com ele". Define-se então o problema apresentado neste trabalho ao suscitar os seguintes questionamentos: Na formação de um analista junguiano a falta de análise pode atrapalhar o reconhecimento da sombra? Não ter experiência de forma empírica com a própria sombra pode se tonar um fator limitante para o bom andamento do trabalho de análise junguiana dentro setting terapêutico? Diante destas questões deve-se levar em consideração a hipótese de que conhecer os aspectos da sombra é fator essencial para o andamento de uma análise junguiana, mas além deste conhecimento, é de fato primordial saber como é o confronto com a sombra, e como isto

10 9 acontece dentro de um processo de análise junguiana, principalmente para que os aspectos obscuros do próprio analista não sejam impedimento para o andamento de qualquer trabalho realizado com analisandos em terapia. Os conceitos utilizados neste trabalho são da psicologia junguiana. São eles, conceito de ego, de persona, de complexos, de inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, arquétipos e principalmente de sombra, de transferência e contratransferência. Considera-se que estes conceitos possibilitem o entendimento adequado dos aspectos levantados neste trabalho. A base teórica para a reflexão se encontra pautada basicamente na obra completa de Carl Gustav Jung e principalmente nos volumes "A prática da psicoterapia", "Ab-reação, análise dos sonhos e transferência", "Aion" e "Os arquétipos e o inconsciente coletivo". Nos volumes citados se encontram os principais conceitos e ideias apresentadas neste trabalho como, por exemplo, o conceito de sombra, transferência e contratransferência. Além da obra de Jung outros livros e autores foram essenciais para a definição do problema, entre eles, a obra "Abuso do poder na psicoterapia" do autor Adolf Guggenbühl-Craig, médico e analista junguiano, que discute exatamente o problema da sombra do analista, assim como dos demais agentes de saúdes (médico, agentes sociais, sacerdotes e magistrados); "O encontro analítico" do analista junguiano Mario Jacoby, Ph.D. em filosofia e Religião pela universidade de Zurique, destaca os aspectos da transferência e contratransferência; "Psicoterapia", leitura de referencia que discute aspectos da análise junguiana escrito por Marie-Louise Von Franz, fundadora do Instituto C.G. Jung de Zurique, que colaborou diretamente com Jung entre 1933 e Outras obras que foram utilizadas no trabalho se encontram nas referencias. O procedimento metodológico e técnico utilizado no nesta monografia seguiu a linha da pesquisa bibliográfica, sendo estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo trata de conceitos fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. O conceito de ego é abordado para que se possa entender de que maneira tomamos consciência dos fatos, em seguida o conceito de persona, que são as máscaras para se adaptar ao mundo. Dando continuidade, apresenta-se o conceito de complexos e como podem nos tomar, o conceito de inconsciente pessoal, coletivo e arquétipos e como se formam essas áreas do inconsciente estudas por Jung. Por último o conceito de sombra, buscando o entendimento dos aspectos obscuros da personalidade.

11 10 O segundo capítulo aborda os principais conceitos relacionados à transferência e contratransferência, fenômenos estudados por Jung, que utilizou a alquimia para falar sobre o assunto. Terceiro capítulo, debate a importância da análise do próprio analista. Dividido em dois subitens, o primeiro que apresenta o processo de individuação e sua importância para o desenvolvimento do analista diante dos seus analisandos, o segundo expõe os problemas enfrentados pela falta da análise do analista, buscando demonstrar a importância de se submeter à análise e o que a falta da mesma pode causar para o analista e para os analisandos. Todo esse embasamento teórico possibilita uma reflexão acerca do problema levantado, culminando então nas considerações finais.

12 11 Capítulo - 1 Conceitos da Psicologia Analítica 1.1 Conceito de Ego O eu na psicologia junguiana pode ser entendido também como o ego, na tradução da obra de Jung para a língua portuguesa podemos encontrar o termo eu, no dicionário critico de análise junguiana é utilizado o termo ego. No volume 14/1 p.150 também iremos encontrar o termo eu, mas na edição traduzida do livro A busca do Símbolo de Edward C. Whitmont encontramos uma referencia de Whitmont a mesma p.150 do volume 14/1, porém, utilizando o termo ego, com isso pode se concluir que na obra eu e ego têm o mesmo significado. A base na qual o eu se encontra é formada por um lado de conteúdos conscientes e por outro de conteúdos inconsciente, que em algum momento podem ou não atravessar os limites do inconsciente em direção a consciência. Todas nossas experiências da nossa existência individual constituem o eu como fator consciente através do impacto entre fatores somáticos e o mundo exterior. O eu é o centro da consciência e todos os conteúdos que se encontram na consciência estão relacionado com o eu, que para Jung (JUNG, 2012 p. 150) é a condição indispensável para toda e qualquer consciência, uma vez que esta não é outra coisa senão a associação de um objeto ou conteúdo ao eu. Todas as experiências e atos vividos por um ser humano passam por esse campo da consciência, que se estende até tocar o campo do desconhecido, segundo Jung, Teoricamente é impossível dizer até onde vão os limites do campo da consciência, porque este pode

13 12 estender-se de modo indeterminado. Empiricamente, porém, ele alcança sempre seu limite todas as vezes que toca o âmbito do desconhecido. (JUNG, 2012a p. 13) O eu constitui apenas uma parte da personalidade, pois para Jung a personalidade global inclui o desconhecido de tal forma que seria impossível fazer uma descrição total da personalidade, assim Jung relaciona a personalidade global com o si-mesmo e diz que (JUNG, 2012a p. 16), a personalidade global que existe realmente, mas que não pode ser captada em sua totalidade fosse denominado si-mesmo. Da mesma maneira com que o ser humano se debate com o mundo exterior a respeito das nossas decisões, o mesmo também acontece nos limites da consciência em um conflito com fatos do si-mesmo. Além de existir este confronto com o si-mesmo, o eu ainda pode ser modificado por este ultimo: É inclusive notório que o eu não é somente incapaz de qualquer coisa contra o si-mesmo, como também é assimilado e modificado, eventualmente, em grande proporção, pelas inconscientes da personalidade que se acham em vias de desenvolvimento. (JUNG, 2012a p. 16) Desta forma, fica evidente de acordo com os estudos realizado por Jung, que mesmo o eu sendo o centro da consciência não representa o todo da psique, apenas um fator complexo entre muitos, pois, o todo é o si-mesmo que também inclui os conteúdos do inconsciente, ou seja, o complexo do eu é o sujeito da consciência, enquanto o si-mesmo é o sujeito do meu todo. 1.2 Persona Persona conforme o entendimento de Jung é a atitude externo que o individuo tem para se relacionar com o mundo ao seu redor de forma aceitável em cada ambiente, segundo Jung, "é uma máscara que sabe corresponder, por um lado, às suas intenções e, por outro, às exigências e opiniões do meio ambiente, prevalecendo ora um ora outro. (JUNG, 2012d p. 426) Deste modo podemos entender o uso do termo persona, do latim personae, que quer dizer máscara e na antiguidade representava o papel que cada ator iria desempenhar ou de acordo com Jung, "os povos primitivos usam mascaras como forma de exaltar ou transformar uma personalidade. (JUNG, 2012b p. 38)

14 13 Um bom exemplo sobre a persona nos dias de hoje, uma mulher que tem um cargo executivo no trabalho e precisa ser extremamente organizada, rigorosa e exigente, mas por outro lado na sua vida pessoal não é tão organizada, não é nada rigorosa e muitas vezes totalmente submissa, segundo Jung (JUNG, 2012b p. 72) "A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; (...) destinada por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do individuo". 1.3 Complexos Durante as pesquisas realizadas através dos testes de associações em que o objetivo era medir a tempo de resposta a determinado estímulos dados através de palavras, onde quem participava do experimento deveria responder com outra palavra, Jung notou um comportamento autônomo e entendeu que não existe um processo psíquico isolado, mas sim conteúdos psicológicos que se juntam e se atualizam, e que são disparados através de uma situação exterior, segundo Jung (JUNG, 2012f p. 53), todas as vezes que uma palavra estímulo toca em alguma coisa ligada ao complexo escondido, a consciência do eu é alterada ou mesmo substituída por uma resposta originária do referido complexo. Jung passa a usar o termo constelação e explica que A constelação é um processo automático que ninguém pode deter por própria vontade. Esses conteúdos constelados são determinados complexos que possuem energia específica própria. (JUNG, 2011e p. 41) Quando um complexo está constelado, perdemos nossa autonomia ao ponto de perder a autonomia de nossos atos, ou como Jung diz: [...] os complexos podem ter-nos. A existência dos complexos põe seriamente em dúvida o postulado ingênuo da unidade da consciência que é identificada com a "psique", e o da supremacia da vontade. Toda constelação de complexos implica um estado perturbado de consciência. Rompe-se a unidade da consciência e se dificultam mais ou menos as intenções da vontade, quando não se tornam de todo impossíveis. (JUNG, 2011e p. 43) De forma Jung define os complexos: É a imagem de uma determinada situação psíquica de forte carga emocional e, além disso, incompatível com as disposições ou atitude habitual da consciência. Esta imagem é dotada de poderosa coerência interior e tem sua totalidade própria e goza de um grau relativamente elevado de autonomia... (JUNG, 2011e p. 43)

15 14 Devido a esse caráter autônomo que Jung levanta a questão da personalidade fragmentária, pois quanto maior for à energia psíquica dos conteúdos constelados maior a autonomia dos complexos, deste modo, todos correm riscos em potencial de ter um complexo constelado, seja o analista ou o analisando. A quantidade de energia relacionada ao complexo também está ligado a ter ou não consciência de determinado complexo, quanto estamos inconscientes de nossos complexos, maior o risco, segundo Jung (JUNG, 2011e p. 45), isto naturalmente lhes confere uma liberdade ainda maior. Quando se fala de complexos e sua implicações, temos que levar em consideração que o analista como observador da situação analítica, influencia e é influenciado através de seus próprios complexos, levando em consideração que a liberdade do eu tanto do analista quanto do analisando termina na esfera dos complexos. (Cf. Jung, 2011e p. 51) Entre os muitos complexos que podem existir, destacam se alguns como o complexo de inferioridade, o complexo de poder, o complexo de pai ou paterno, o complexo de mãe ou materno, o complexo de ansiedade e o complexo de ego, que conforme explica Jung (JUNG, 2011e p. 174), é um complexo fortemente estruturado que, por estar fortemente ligado à consciência e à sua continuidade, não pode nem deve ser facilmente alterado, sob pena de enfrentar sérias perturbações patológicas. Essa relação entre o eu fica mais claro na explicação de Jung que diz (JUNG, 2011e p. 260), Os outros complexos aparecem associados, mais ou menos frequentemente, ao complexo do eu, e deste modo se tornam conscientes, mas podem existir também por um longo período de tempo sem se associarem ao eu. Na composição de um complexo, existe uma parte mais superficial relacionada com individuo, ou de forma mais clara, tem como fonte conteúdos do inconsciente pessoal ou parte mais primitiva que se relaciona com o inconsciente coletivo. Sobre essa constituição do complexo Edward C. Whitmont da a seguinte definição baseado na interpretação de Jung: Ao primeiro ele chamava de casca do complexo; ao segundo de núcleo. A casca é aquela superfície que imediatamente se apresenta como padrão peculiar de reação, dependente de uma rede de associações agrupadas em torno de uma emoção central e adquirida individualmente, logo de natureza pessoal. (WHITMONT, 2014 p. 59)

16 15 Whitmont explica que a segunda parte corresponde ao centro do complexo sendo este núcleo um padrão humano universal chamado de arquétipo do inconsciente coletivo ou da psique objetiva. (WHITMONT, 2014 p. 62) Pensar que não possuímos um complexo é o fator principal de abertura para a autonomia do complexo, nesta autonomia onde o ego é retirado de cena, tudo pode acontecer e somente após o complexo deixar de nos afetar é que podemos tomar consciência de nossos atos. 1.4 Inconsciente pessoal A partir dos estudos de Freud, entende-se que tudo que não se encontra na consciência se encontra no inconsciente, ou melhor, tudo que um dia esteve na consciência, mas não era adequado foi reprimido ou recalcado, desta forma fica claro que sua natureza é exclusivamente pessoal (Cf. Jung, 2012c, p.11). Para Jung se tal conceito formasse uma única verdade, seria possível acessar todos os conteúdos do inconsciente através da análise, uma vez que são conteúdos reprimidos ou recalcados desde a infância até o momento, seria possível esvaziar o inconsciente, contudo, através de seus estudos Jung nos mostra que o inconsciente nunca se encontra em um estado de repouso, mas sim, sempre criando ou reorganizando. Na camada do inconsciente pessoal repousa tudo que uma pessoa já vivenciou, já pensou, já sentiu e já conheceu, e que por algum motivo já não se encontra mais na consciência. O inconsciente pessoal se caracteriza segundo Jung "por aquisições derivadas da vida individual e em parte por fatores psicológicos que também poderiam ser conscientes. (JUNG, 2012b p. 24) Podemos identificar os conteúdos desta área do inconsciente quando é possível ter um reconhecimento sobre eles e seus efeitos no passado, ou seja, sabemos sua origem especifica. Muitos destes conteúdos que foram reprimidos para o inconsciente podem ser notados através das projeções e transferências. 1.5 Inconsciente Coletivo e Arquétipos Ao se aprofundar na psique humana através do olhar da psicologia analítica, encontramos o inconsciente coletivo, assim como também os arquétipos. Diferente do inconsciente pessoal,

17 16 que tem sua formação em tudo que fez parte de nossa vida, mas que neste momento não se encontra na consciência, o inconsciente coletivo trás informações da raça humana, informações que são herdadas desde os tempos mais remotos, neste nível da psique não é possível fazer uma distinção do que é nosso e o que é de todos nós, a exemplo do que Jung fala, "mal o inconsciente nos toca e já o somos". (JUNG, 2012c p. 30) Um exemplo interessante sobre uma experiência que pode ilustrar o que seria este contato com inconsciente coletivo é uma passagem que Pierre Weil, um psicólogo e educador francês conhecido na psicologia transpessoal, conta sobre uma experiência em um retiro de três anos com monges do Tibet, ao encontrar seu mestre, Weil comenta teve um sonho e que viu clara luz, imediatamente o mestre pergunta: - Quem é que viu a luz? E Weil responde. - Eu mestre! E rapidamente o mestre o corrigiu. - Ainda não é, enquanto estiver alguém vendo a luz, não é. (WEIL, 1997) Quando estamos diante de conteúdos do inconsciente coletivos podemos notar, por exemplo, na análise de um sonho que tais conteúdos não fazem parte da historia pessoal do individuo, pois não existe nada que relacione certos conteúdos a algum fato de sua vida ou característica pessoal, esses conteúdos seguem através de um tempo pré-infantil ou os restos da vida dos antepassados, segundo Jung "são imagens não preenchidas, por serem formas não vividas pessoalmente pelo individuo, seriam como herança de vida ancestral". (JUNG, 2012e p. 89) Para essas imagens do inconsciente coletivo Jung fala sobre os arquétipos. O conceito de arquétipo anda em paralelo com o conceito de inconsciente coletivo, pois é parte de seu conteúdo. O arquétipo indica a existência de determinadas formas na psique, segundo Jung "estão presentes em todo tempo e em todo lugar. (JUNG, 2012c p. 52) O termo arquétipo tem sua origem da palavra archetypus e que Jung explica ser uma perífrase de "είδος 1 platônicos", os arquétipos são encontrados na mitologia e nas religiões com as suas mais diversas variações, nos contos de fada e nos sonhos, segundo Jung "são como vasos primordiais que, expressa qualquer coisa mental ou psicológica. (JUNG, 2014 p. 141) 1 είδος é traduzido como tipos

18 17 Os arquétipos são como formas arcaicas que representam conteúdos do inconsciente e que são incompreensíveis ou formas sem conteúdo, e conforme Jung explica representam um modelo básico de comportamento instintivo". (JUNG, 2012c p. 53) Jung faz uma analogia entre arquétipos e instintos supondo que o primeiro seria como imagens inconscientes dos próprios instintos (JUNG, 2012c p.53), neste sentido o autor complementa: 1.6 Sombra O instinto é essencialmente um fenômeno de natureza coletivo, isto é, universal e uniforme, que nada tem a ver com a individualidade do ser humano. Os arquétipos tem esta mesma qualidade em comum com os instintos, isto é, são também fenômenos coletivos.(jung, 2011e p.77) As observações de Jung a respeito dos arquétipos demonstram que os mais nítidos são os da sombra, a anima para o homem e o animus para a mulher, porém a sombra é o arquétipo mais facilmente observado a primeira vista, segundo ML Von Franz, a sombra é tudo aquilo que faz parte da pessoa, mas que ela desconhece. (VON FRANZ, 2003 p. 12) Apesar desta facilidade Jung faz uma advertência a este respeito sobre a possibilidade do eu desempenhar um papel negativo, dificultando assim o reconhecimento da sombra. (Cf. Jung, 2012a p. 19) A dificuldade deste reconhecimento se da em virtude de ocorrer um confronto moral, pois se trata de aspectos obscuros da personalidade que por muitas anos ou quase uma vida inteira foram negados. Esses aspectos obscuros que constituem a sombra possuem uma natureza emocional e de certa forma possuem um grau de autonomia. Quando estamos em contato com a nossa sombra as emoções deixam de ser uma atividade, são como eventos que tomam o individuo. Segundo Jung a sombra revela a inferioridade e a existência de uma parte da personalidade não desenvolvida, o autor explica que: Nesta faixa mais profunda o individuo se comporta, relativamente as suas emoções quase ou inteiramente descontroladas, mais ou menos como os primitivos que não só é vitima abúlica de seus afetos, mas principalmente revela uma incapacidade considerável de julgamento moral. (JUNG, 2012a p. 20) Através do trabalho de análise é possível integrar esses aspectos sombrios da personalidade, porém, a grande quantidade energia exigida no reconhecimento da sombra muitas vezes

19 18 falham de modo que não conseguimos reconhecer tais aspectos como pertencentes a nós mesmos e são projetados em outras pessoas do mesmo sexo de forma inconsciente, segundo Jung: [...] não é o sujeito que projeta, mas o inconsciente. Por isso não se cria a projeção, ela já existe de antemão [...] as projeções levam a um estado de autoerotismos ou autismo, em que se sonha com um mundo cuja realidade é inatingível. (JUNG, 2012a p. 20) As projeções fazem parte da sombra, ou seja, essas projeções são o lado obscuro da própria personalidade, e a falta de reconhecimento de tais projeções abre à possibilidade da autonomia, segundo Jung, "a consequência da projeção é um isolamento do sujeito em relação ao mundo exterior, pois em vez de uma relação real, o que existe é uma relação ilusória." (JUNG, 2012a p. 21). O autor também nos chama a atenção para as projeções que afloram do sexo oposto, pois desta forma, estaremos nos confrontando com a anima (para o homem) e/ou o animus (para a mulher). Devemos lembrar ainda que a sombra antes de tudo representa o inconsciente pessoal, mas ainda sim, faz parte de temas mitológicos e que quando tratados como arquétipos nos defrontamos com uma resistência muito maior por se tratar de um confronto com um aspecto absolutamente mau. Sobre aspecto Jung fala a respeito da figura do "trickster": O "trickster" é a figura da sombra coletiva, uma soma de todos os traços de caráter inferior. Uma vez que a sombra individual é um componente nunca ausente da personalidade, a figura coletiva é gerada sempre de novo a partir dela. Mas nem sempre isso ocorre sob forma mitológica [...] ela é projetada sobre outros grupos sociais e outros povos. (JUNG, 2012c p. 271) É importante lembrar também que a sombra não representa apenas o lado inferior, que por baixo desta casca negra é possível também encontra aspectos positivos. O reconhecimento da sombra nos leva a humanização, nos levar a relacionamento mais real, segundo Jung: O reconhecimento das sombras conduz à modéstia fundamental de que precisamos para admitir imperfeições. Esse reconhecimento e constatação consciente devem sempre acompanhar as relações humanas. Estas não repousam sobre a diferenciação e a perfeição, pois apenas ressaltam as diferenças ou trazem a tona exatamente o oposto; ela se baseia sobretudo nas imperfeições, naquilo que é fraco, desamparado e necessita de ajuda e apoio. (JUNG, 2011d p. 63)

20 19 Capítulo - 2 Transferência e Contratransferência A transferência é algo natural que acontece em qualquer relação, não é uma obra exclusiva do trabalho terapêutico. Umas das bases da relação terapêutica entre o analista e o analisando se encontra em torno do fenômeno da transferência, que para Jung (JUNG, 2011b p. 46), "o êxito ou fracasso do tratamento tem, no fundo, muito a ver com ela". Mesmo sendo um fator importante, ainda sim, não é algo simples de resolver, mesmo que o analista tenha todo conhecimento da teoria analítica, o próprio Jung alerta que conhecimento e bom senso não bastam, pois conforme autor explica. A transferência pode ser comparada aqueles medicamentos que para uns são remédio e, para outros, puro veneno [...] certos casos uma mudança para melhor, em outros, um entrave, um peso, ou coisa pior, e num terceiro caso, finalmente, pode ser relativamente irrelevante. Entretanto, é quase sempre um fenômeno critico que brilha nas mais diversas cores, e a sua ocorrência é tão significativa quanto sua não ocorrência. (JUNG, 2011b p. 47) Por se tratar de um fenômeno relacionado ao inconsciente, Jung fez uso da simbologia alquímica principalmente do Rosarium Philosophorum como forma de representar o que acontece na transferência, segundo Jung, "tais representações contêm a relação da transferência, embora não de forma consciente, mas como pressuposto inconsciente. (JUNG, 2011b p. 48) Antes que se possa compreender a transferência, se faz necessário saber que a projeção é o primeiro fenômeno do inconsciente possível de observar através da análise clinica, essas projeções vão em direção a pessoas ou em condições objetivas de forma subjetiva, muito destes conteúdos projetados são integrado ao individuo, segundo Jung (JUNG, 2011b p. 53), "pelo simples reconhecimento de que fazem parte do seu mundo subjetivo".

21 20 Para Jung "o processo psicológico da transferência é uma forma específica do desenvolvimento mais generalizado da projeção" (JUNG, 2011c p. 154). É através da transferência que se torna possível o confronto e reconhecimento de todas nossas projeções infantis, possibilitando assim nossa evolução e expansão de nossa consciência. O ponto de ligação entre a projeção e a transferência é através das emoções, segundo Jung (JUNG, 2011c p. 156), "a emoção dos conteúdos projetados sempre forma uma ligação, uma espécie de relacionamento dinâmico entre o sujeito e o objeto, que é a transferência". A transferência acontece nos casos em que não é possível a total integração destes conteúdos projetados, o que não é integrado é transferido, entre esses conteúdos transferidos Jung deixa explicito a relação com os progenitores do sexo oposto (Cf. Jung, 2011b p. 53), em complemento o Dr. Adolf Guggenbühl-Craig, diz: Na transferência, vê-se em outra pessoa algo que não existe, ou talvez só exista de forma latente ou nascente. Como se sabe, o paciente pode ver no analista um pai ou irmão, um amante, um filho ou filha, e assim por diante - quer dizer, ele pode transferir para o analista traços pertencentes aos personagens que tiveram um papel importante em sua vida. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 46) Jung da o devido reconhecimento à Freud a respeito do enorme valor terapêutico da ligação entre medico/paciente, no caso da psicologia analítica, entre analista/analisando. Mesmo reconhecendo seu devido valor, Jung não concorda com o fato de a técnica freudiana procurar evitar a ocorrência da transferência na medida do possível. Jung firma que em certos casos "tal procedimento pode prejudicar consideravelmente o efeito terapêutico. É inevitável que o médico seja de certa forma influenciado, e que sua saúde nervosa sofra alguma perturbação ou dano. (JUNG, 2011b p. 54) A essa perturbação ou dano ao qual Jung faz referencia, é dado o nome de contratransferência na qual o fenômeno acontece do analista para analisando e não mais do analisando para o analista como na transferência, é preciso ter em mente que assim como o paciente é influenciado por esses conteúdos do inconsciente, o analista também pode ser influenciado, para Jung: O fato de o paciente transmitir ao medico um conteúdo ativado do inconsciente também constela neste último o material inconsciente correspondente, através da ação indutiva regularmente exercida em maior ou menor grau pelas projeções. Medico e paciente encontram-se assim numa relação fundada na inconsciência mútua. (JUNG, 2011b p. 59)

22 21 Muitas vezes na terapia é transferido para figura do analista um arquétipo de salvador, de mago branco, homem sábio que irá salvar o paciente de qualquer problema e que irar curá-lo de tais males, seja do passado ou do presente. Nesta inconsciência mútua, o analista é exigido mais ainda, pois, é como se aquilo que perturba o analisando fosse transferido para o analista, e caso o analista não esteja preparado para receber essa carga, analista e analisando podem se tornar reféns desta inconsciência, reféns de uma batalha direta com as trevas. Jung buscou o auxílio na alquimia e principalmente nas figuras do Rosarium Philosophorum, por entender que os alquimistas, assim como os analistas travam essa batalha de maneira idêntica, onde o alquimista já não sabia se era ele quem realizava a obra ou se ele mesmo era obra. A figura abaixo representa uma situação psíquica interpretada por Jung da seguinte forma. Figura 1 A situação psíquica descrita pela gravura corresponde exatamente ao que se deduz da cuidadosa análise da transferência. A situação convencional do início segue-se uma "familiarização" inconsciente com o parceiro, através da projeção das fantasias infantis (e arcaicas) que antes incidiam sobre os membros da própria família do paciente e que o mantém acorrentado por fascínio (de tipo positivo ou negativo) a seus pais e irmãos. (JUNG, 2011b p. 103) Através do estudo da figura 1, Jung monta um diagrama que demonstra como é a dinâmica que acontece entre duas pessoas na ocorrência de uma transferência, o mesmo esquema,

23 22 porém mais didático, também foi demonstrado por Mario Jacoby (JACOBY, 2011) analista junguiano de Zurique. Figura 2 O diagrama demonstra a varias interações que acontecem entre analista e analisando, demonstra a comunicação consciente linha "a", a influência subjetiva que analista e analisando podem causar mutuamente no inconsciente de cada um, representado nas linhas "e" e "f", o produto desta influencia é a interação com o próprio inconsciente linhas "d" e "c". E na linha "b", no nível inconsciente, segundo Jacoby, é que acontece a transferência e contratransferência. (Cf. Jacoby, 2011 p. 50) O envolvimento de analista e analisando no processo analítico, coloca em evidência a possibilidade de que conteúdos do analista também podem constelar nesta relação, neste sentindo Von Franz (VON FRANZ, 2011 p. 262), diz que "o complexo materno negativo de um analisando, por exemplo, evoca na memória do analista imagens negativas semelhantes", Jacoby (JACOBY, 2011 p. 54) complementa, "o analista inconscientemente vivencia seu paciente como se ele tivesse expectativas como as de sua mãe; ele teme a perda de amor, caso ele decepcione seu paciente", é exatamente neste momento que o analista pode sofrer os efeitos da contratransferência. O estado de presença e consciência que o analista tem de si próprio durante uma sessão, pode contribuir e aguçar sua percepção da contratransferência que pode estar ocorrendo. Essa percepção é a luz que pode revelar se é uma transferência positiva ou negativa, como exemplo o caso contato por Jacoby para ilustrar: Uma jovem mulher, analisando minha por muitos anos, veio um dia para a sessão e disse: "Eu simplesmente não sei se sonhei isso ou se realmente aconteceu". Ela balbuciou essa frase com um tom de voz retraído, depressivo e ligeiramente pueril. Eu pude me ouvir respondendo de forma bastante

24 23 rápida e com um tom um pouco ríspido e irritadiço: "Você certamente deve saber se algo é sonho ou realidade". (JACOBY, 2011 p. 58) Nesta situação Jacoby, tem a percepção de sua resposta e se questiona, o que o levou a responder de tal forma, a se comportar daquela maneira, após essa autoanálise e a resposta de sua analisando, pode perceber que agiu da mesma maneira que a mãe da jovem, o que abriu caminho para explorar tal comportamento. (Cf. Jacoby, 2011 p. 59) Essa autoconsciência pode dar ao analista a real noção do que pode estar acontecendo entre ele e seus analisando, direcionando assim a análise de forma positiva. O trabalho de base da transferência acontece inicialmente entre os aspectos mais sombrios da alma humana, afinal todos trazem um aspecto inferior, ou seja, uma sombra, que constitui um perigo real. Ao trabalhar com a sombra corre-se o risco de ser subjulgado por ela, contudo, podemos tomar consciência de tais aspectos obscuros e com essa consciência a possibilidade de não se deixar vencer por tal força.

25 24 Capítulo - 3 A importância da análise do analista 3.1 Sobre o processo de individuação Dentro do caminho que é percorrido na terapia de analítica, podemos entender o processo de individuação como um dos mais importantes, pois a individuação é a busca da totalidade, Jung (JUNG, 2012c p. 274), "usa o termo "individuação" no sentido do processo que gera um "indivuduum" psicológico, uma unidade indivisível, um todo". completa Jung explica que: Jung ainda complementa: Em uma definição mais A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do individuo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva. É, portanto um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade individual. (JUNG, 2012d p. 467) Uma vez que o individuo não é um ser único, mas pressupõe também um relacionamento coletivo para sua existência, também o processo de individuação não o leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso e mais abrangente. (JUNG, 2012d p. 468) Antes que o processo de individuação possa se tornar a meta mais importante na análise junguiana, é preciso levar em consideração as bases desse processo, para que se possa seguir adiante, Jung usa como exemplo o potencial que uma planta pode atingir, no entanto, é necessário que essa planta possa crescer onde foi plantada (Cf. Jung, 2012d p. 468), ou seja, são necessárias raízes fortes. O solo fértil que oferece a possibilidade deste crescimento pode ser entendido como o EU que, segundo Jung (JUNG, 2012a p. 17), é o sujeito de todos os esforços de adaptação e que exerce um papel altamente significativo neste processo de individuação, uma das principais

26 25 metas e pode se entender como o principio deste caminho é o reconhecimento dos nossos aspectos sombrios, sendo este reconhecimento a base para o autodesenvolvimento. (Cf. Jung, 2012a p. 19) Ainda sobre a individuação e a sombra segundo Jung diz: À medida em que a sombra representa a figura mais próxima da consciência e a menos explosiva, ela constitui também aquele aspecto da personalidade que, na análise do inconsciente, é o primeiro a manifestar-se. Sua figura aparece no início do caminho da individuação, em parte ameaçadora, em parte ridícula. (JUNG, 2012c p. 266) Entendemos desta forma que o confronto com a sombra é inevitável para aquele que realmente deseja percorrer o caminho do processo de individuação, somente desta forma é possível o autoconhecimento verdadeiro de forma a considerar o todo que somos, ou seja, a auto aceitação, neste sentido, segundo Verena Kast: O processo de individuação é um processo de diferenciação: a peculiaridade, a natureza única de uma pessoa devem se exprimir. Um componente indispensável disso é autoaceitação, juntamente com as respectivas possibilidades e dificuldades [...] A aceitação de si mesmo, das possibilidades e dificuldades, é uma virtude básica a ser concretizada no processo de individuação. (KAST, 2013 p. 10) Sendo o eu o meio de adaptação ao mundo externo, a cooperação entre este meio de adaptação e a meta buscada pelos caminhos de auto realização do si mesmo é em si o processo de individuação, segundo Jung: A colaboração do inconsciente é sábia e orientada para a meta, e mesmo quando se comporta em oposição à consciência, sua expressão é sempre compensatória de um modo inteligente, como se estivesse tentando recuperar o equilíbrio perdido. (Jung, 2012c p. 275) O analista talvez seja o único ponto de equilibrio que o analisando pode encontrar no inicio de sua análise quando este último, se encontra envolvido em meio as projeções, transferências e sombras escondidos por trás dos sentimentos e sensações mais desagradáveis. Ser o espelho menos distorcido possivel para o analisando sem que o próprio profissional se perca de si mesmo, é o grande desafio, pois exige muito mais do próprio analista a autoconsciência de que ele próprio não pode se ausentar do seu processo de individuação.

27 26 Quando nos tornamos mais conscientes de nós mesmos, precisamos também estar cientes da diferença de cada pessoa. Essa consciência a nosso próprio respeito possibilita estar consciente de podemos vivenviar a mesma situação das mais variadas formas possiveis. 3.2 A análise do analista Trabalhar envolvido com o inconsciente é preciso mais que técnica, é preciso estar consciente que a qualquer momento analista e analisando podem estar submerso no mais profundo e escuro oceano. Jung sempre deixou claro que a técnica é sim importante, assim também com o lado humano do próprio analista, desta forma, o analista pode vivenciar junto com o analisando seu próprio processo de autoconhecimento. Está claro também a importância do analista se submeter a uma análise didática, mas que deve ir muito além da didática, deve vivenciar todo encontro analítico na pratica. O analista, esteja ele em fase de aprendizagem ou já experiente, deve buscar seu processo de individuação incansavelmente, mais que qualquer outra pessoa. A falta desta análise coloca em risco o analisando, mas também o analista, que pode se encontrar dominado por sua sombra e vivenciando temas mitológicos, cada analisando que passa em seu consultório pode ser a Quimera colocada como prova, tal como foi para Belerofonte, o herói mitológico que por não reconhecer sua própria sombra se esqueceu de sua condição humano 2. Dr. Adolf Guggenbühl-Craig, expõe muito bem o problema da falta de reconhecimento da sombra pelo próprio analista, segundo Craig (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 20), "a sombra profissional do analista contém não apenas o charlatão e o falso profeta, mas também a contrapartida daquele que ilumina, ou seja, uma figura que vive imersa no inconsciente." Essa figura que vive no inconsciente se negligenciada pelo analista, pode toma-lo sem aviso. Neste sentido, Jung (JUNG, 2011a p. 69) diz que quando se tem consciência daquilo que se oculta, o prejuízo é evidentemente menor do que quando não se sabe que se está recalcando e o que se recalca, complementando a fala Jung, Guggenbühl-Craig explica (GUGGENBÜHL- CRAIG, 2008 p. 41), "o fato de haver eterno desencontro entre valores conscientes e o poder 2 Belerofonte e a luta contra a quimera, (BRANDÃO, 2012)

28 27 da sombra interessada em destruí-los cria uma tensão dinâmica, mas também uma dolorosa insegurança". Assim como acontece na projeção e em consequência também na transferência, não se tem consciência do que verdadeiramente vivenciamos com o próximo, no caso do analista, não se tem consciência do que é projetado no analisando de tal forma que nos perdemos na transferência em direção ao analisando, ou seja, nos perdemos na contratransferência, ficamos inseguros, não sabemos mais o que fazer. O analisando que busca uma terapia muitas vezes acredita que irá encontrar soluções mágicas e conhecimentos secretos que possam tira-los de determinados estados ou obter soluções criativas que sozinhas nunca pensariam essas fantasias podem influenciar o analisando de alguma forma, assim como a fantasia do analista também pode influenciar seu analisando, é exatamente o que explica Guggenbühl-Craig: É evidente que uma pessoa é influenciada pelas fantasias que tem a respeito de si mesma. Mas é um pouco mais difícil de perceber como suas fantasias sobre outra pessoa podem influenciar esta, mesmo se não verbalizadas [...] Quando duas pessoas se encontram, suas psiques se defrontam em sua totalidade; o consciente e o inconsciente, o dito e o não dito, tudo afeta o outro. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 50) Devemos lembrar que a partir da análise o inconsciente tanto do analista quanto do analisando passam a interagir, assim como também pode acontecer com a sombra de ambos, o analista que salvar e analisando que busca ser salvo. Entrar no papel daquele que nunca erra, traz para o analista o peso de todos os problemas não resolvidos de cada analisando, mas também o peso dos seus próprios conteúdos inconscientes que nunca se esgotam conforme exporto por Jung: Jamais análise alguma seria capaz de suprimir definitivamente todas as inconsciências. O que temos que aprender nunca se esgota, e jamais deveríamos esquecer que cada caso novo levanta novos problemas, e vai dar oportunidade que se constelem pressupostos inconscientes que até então não tinham aflorado. (JUNG, 2011a p. 133) Assim também é válido para os aspectos sombrios que nunca estiveram perceptíveis para o analista, quanto mais inteiro com o nosso todo mais podemos ter o devido reconhecimento da sombra que passa antes pelo reconhecimento da persona que representamos, o descobrir desta persona é como deixar a máscara que carregamos cair, é neste momento que podemos ver nossa sombra.

29 28 Se perceber sem a máscara da persona é talvez um dos acontecimentos mais difíceis dentro da análise, é a catarse sem nenhum tipo de maquiagem, é a luz que queima a alma e desconstrói quem somos e como diz Jung (JUNG, 2011a p. 73) é à constatação dos fatos pelo coração. A figura que sustentamos talvez por uma vida inteira deixe de existir, ficamos sem rumo, sem chão, sem saída. Neste momento abre se um espaço para aflorar quem somos verdadeiramente, abre um espaço para o ser humano mais real. Somente quem passou por essa experiência pode saber qual é a dor de descobrir algo que já não faz mais sentido, Von Franz dá o exemplo de como é a medida a grandeza de um xamã, ela explica que "a grandeza ou a importância de um xamã depende da frequência e da profundidade com que ele penetrou no inconsciente e de quanto sofrimento ele suportou para fazer isso". (VON FRANZ, 2011 p. 305) Quando Jung fala que precisamos experimentar do mesmo método antes que possa ser um analista, nas palavras de Jung (JUNG, 2011a p. 87) como pode alguém educar, se ele mesmo não foi educado, como pode esclarecer, quando está no escuro do que diz respeito a si mesmo, e como poderá purificar se ainda é impuro, talvez ele queira falar exatamente deste encontro da sombra, o encontro da sombra do analista, figura essa que nem mesmo o próprio analista tem conhecimento. O objetivo da psicoterapia conforme explana Jung (cf. Jung, 2011a, p.95) é dar meios para que o individuo possa suportar o sofrimento, no caso do analista, quando se coloca no papel de salvador, esta talvez seja a evidência clara de que não pode suportar o sofrimento do analisando a sua frente e ao mesmo tempo se ausentar do seu próprio sofrimento, segundo Guggenbühl-Craig: Em relação ao analista Jacoby complementa: Para ajudar uma pessoa que sofre devido a uma situação existencial trágica que não se alterará mesmo que aumente o contato com o inconsciente devemos igualmente confrontar nossa própria situação trágica, expressa pelo fato de que quanto mais procuramos ser bons psicoterapeutas, ajudando nossos pacientes a ampliar sua consciência, mais nos ocorre cair no lado oposto de nosso luminoso ideal profissional. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 36) Ter vivenciado a própria neurose com sua ansiedade, sentimentos de culpa e complexos, pode ser muito vantajoso. Entretanto, é também certamente importante ter vivenciado o modo com que uma pessoa pode, através da análise, torna-se capaz de lidar e superar ao menos as partes mais

30 29 problemáticas de sua própria psicologia. Para ser um analista, é necessário ser relativamente estável, bem equilibrado e serem capazes de lidar de forma bem-sucedida com as manifestações da própria neurose. Este é o significado do ditado chinês que diz que um médico sem sua própria ferida não é um bom médico. (JACOBY, 2011 p. 134) Esse confronto do analista com a sua própria situação trágica, muitas vezes estará relacionada a sua sombra, e nesta relação analista/sombra não existe qualquer teoria que possa ajudar mais que a própria profundidade humana, a vontade real de querer se confrontar com o que há de mais sombrio na própria alma. O conhecimento deste confronto com a própria sombra é o meio pelo qual podemos levar o analisando adiante. Muitas vezes Jung deixa claro que além de seu profundo conhecimento sobre a psicologia por ele desenvolvida o mesmo deixa sua experiência de vida, ou deveríamos entender como sua profundidade humana intervir no processo analítico, mas para que isso aconteça, devemos saber até onde nossa alma pode levar outra alma.

31 30 Conclusão O trabalho apresentou um pequeno recorte da teoria analítica, e mesmo nesta pequena passagem percebermos como todos os tópicos aqui presentes estão ligados entre si. Por exemplo, não é possível ter o entendimento do que Jung chama de ego sem entender a divisão do inconsciente e toda a dinâmica que ocorre entre complexos, sombra, transferência e contratransferência. Foi apresentado também o que ocorre no fenômeno da transferência e contratransferência, fenômenos estes que podem determinar o bom andamento da análise. Saber tecnicamente todos estes conceitos não é garantia para se tornar um analista junguiano, mesmo após passar por uma formação acadêmica, neste sentido, podemos ir além das recomendações do próprio Jung sobre a necessidade do analista também se submeter a uma análise didática, além desta própria análise é necessário ultrapassar a linha da didática, não só experimentando, mas também vivenciando todos esses conteúdos e principalmente a sombra do próprio analista. Fica claro que além de todo nosso conhecimento profundo da psicologia analítica, a experiência de vida, ou o conhecimento de nós mesmos, está a todo o momento fazendo parte da análise lado a lado com o analisando, temos a mesma percepção com os outros autores que se encontram citados neste trabalho quando se aproveitam muito das suas próprias percepções. Como é possível seguir com o analisando na busca de entender o sentido de toda paralisia na vida dele sem sentir por um instante que seja a mesma paralisia, como podemos seguir no trabalho de analista sem deixar que minha sombra transforme a experiência do analisando baseando na própria falta de experiência do contato com a sombra do próprio analista.

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