ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N.º

Transcrição

1 PARECER N.º PROCESSO ADMINISTRATIVO- DISCIPLINAR. SERVIDOR DE INSTITUIÇÃO BANCÁRIA QUE SE VALE DE SUA FUNÇÃO PARA AUMENTAR OS SEUS LIMITES NO CHEQUE ESPECIAL E MOVIMENTA CONTA BANCÁRIA DE SEUS FAMILIARES, JUNTANDO, A POSTERIORI, PROCURAÇÃO AUTORIZATIVA, INCIDE NA PROBIÇÃO DO INCISO XX DO ART. 178 DA LEI COMPLEMENTAR N.º /94, CUJA CONSEQÜÊNCIA PODE SER A PENA DEMISSÓRIA, EX VI DO ART. 191, INCISO VII DA MESMA LEI. PUNIBILIDADE, ENTRETANTO, QUE JÁ ESTÁ PRESCRITA, POR FORÇA DO INCISO IV DO ART. 197 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. ARQUIVAMENTO SUGERIDO. Vem a exame e parecer da Equipe de Revisão da Procuradoria de Probidade Administrativa e de Processo Administrativo-Disciplinar o processo n.º /98.3, oriundo da Caixa Econômica Estadual, que encarta Processo Administrativo-Disciplinar instaurado contra EMÍLIO MANOEL DA SILVA TEIXEIRA, matrícula n.º , acusado de ter se valido das funções naquela autarquia bancária e, em 13 de outubro de 1997, creditado um empréstimo de R$ 2.000,00 (dois mil reais) em favor de sua mãe, dona Leonilda Glória da Silva Teixeira, em 12 parcelas, sem a autorização do comitê que examina essas operações. Posteriormente, dessa mesma conta, realizou duas retiradas: uma de R$ 900,00 (novecentos reais) e outra de R$ 40,00 (quarenta reais) e depositou na sua. Por igual, aproveitando-se de sua condição de servidor, aumentou o seu limite no cheque especial de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) para R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), fazendo alterações sucessivas de limite até chegar em R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) em 28 de outubro de 1997, e também movimentou a conta de seu

2 cunhado, o correntista Leonardo Torres da Silva, efetuando para sua conta, através de Comprovante de Lançamento, três transferências nos valores de R$ 800,00 (oitocentos reais), as duas primeiras, e de R$ 150,00 (conto e cinqüenta reais), a última. Constatada a irregularidade, na fase da inspeção, o inspecionado juntou comprovação da autorização da mãe e do cunhado (fls ). Restou, apenas, a elevação de seus limites, que foram pela instituição reduzidos para R$ 1.000,00 (hum mil reais). Com base nessas informações, foi determinada a instauração de processo administrativo-disciplinar contra o servidor, por infração aos incisos IV, V e VII do art. 177 e inciso XX do art. 178 combinado com os incisos VI e VII do art. 191 da Lei Complementar n.º /94. Remetido o expediente à Procuradoria-Geral do Estado, foi distribuído à 13.ª Procuradoria Regional e designada autoridade processante a Procuradora do Estado Dra. Eliete de Oliveira Valentini, que instalou os seus trabalhos em 26 de junho de 1998, e ouviu o indiciado na audiência de qualificação e interrogatório, devidamente acompanhado de defensor constituído (fls ). A defesa, por ocasião das alegações preliminares, sustentou a atipicidade dos fatos e arrolou três testemunhas. A autoridade processante, à sua vez, arrolou uma. Posteriormente, foi a autoridade processante substituída pelo Procurador do Estado Dr. Nilton Rogério Borges Miranda. Realizada a instrução sem alterar os elementos de prova contidos nos autos, especialmente o documental, eis que o responsável pela inspeção roborou o que levantara (fl. 93) e as testemunhas da defesa, familiares do indiciado, confirmaram a informação de que o autorizaram a realizar as operações (fls ). Encerrada a instrução, com as alegações finais, a autoridade processante recomenda a absolvição do indiciado (fls ). É o relatório. Não há nulidade a sanear, eis que obedecido o devido processo legal e exercitada a ampla defesa. No mérito, em que pese ficar provado que o indiciado valeu-se de seu cargo para lograr vantagens pessoais, ao creditar um empréstimo em favor de sua mãe, sem observância das formalidades habituais à espécie, e que aumentou o seu limite no cheque especial por três vezes em curto espaço de tempo, não há como enquadrar esta conduta em ilícito penal, uma vez que não houve transferência de valores públicos, sem retorno, ao patrimônio do indiciado ou de seus familiares, o que descaracteriza o tipo peculatário, razão por que incide apenas no inciso XX do art. 178, que poderia gerar a sanção demissória, ex vi do art. 191, inciso VII, que todavia deixa de aplicar-se por ter ocorrido a prescrição do direito de punir da Administração, por obra do art. 197, IV da Lei Complementar n.º /94. Propõe-se, destarte, o arquivamento do feito.

3 É o parecer. Sala de Sessões, 08 de outubro de José Hermílio Ribeiro Serpa, Relator. Dea Mara Ribeiro Lima, Luiz Felipe Targa, Roque Marino Pasternak.

4 Processo nº /98-3 Acolho as conclusões do PARECER nº , da Procuradoria Disciplinar e de Probidade Administrativa, de autoria do Procurador do Estado Doutor JOSÉ HERMÍLIO RIBEIRO SERPA. Submeta-se o expediente à deliberação do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado. Em 25 de novembro de Helena Maria Silva Coelho, Procuradora-Geral do Estado.

5 GABINETE DO GOVERNADOR Processo nº /98.3 Aprovo o PARECER nº , da Procuradoria-Geral do Estado, cujos fundamentos adoto para declarar EXTINTO, pelo implemento da prescrição, o Processo Administrativo-Disciplinar instaurado para apurar falta funcional atribuída ao servidor da extinta Caixa Econômica Estadual EMILIO MANOEL DA SILVA TEIXEIRA, Extranumerário, matrícula nº , do Quadro Especial dos Servidores da Administração e dos Recursos Humanos. À Procuradoria-Geral do Estado para as devidas anotações. Após, à Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos para ciência do interessado e demais providências pertinentes. PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 26 de novembro de GERMANO ANTÔNIO RIGOTTO, GOVERNADOR DO ESTADO.