CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Transcrição

1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 23ª Região Interessado(s) 1: Sigiloso Interessado(s) 2: Caixa Econômica Federal - CEF Assuntos: Fraudes Trabalhistas Procurador oficiante: Rafael Garcia Rodrigues RECURSO ADMINISTRATIVO TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. Identidade de objeto investigatório com expediente administrativo em trâmite na PRT 10ª Região em razão dos ditames da OJ 130 do TST. Pelo conhecimento e não provimento do Recurso Administrativo em análise. Pela homologação da proposta arquivatória. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo com gênese em denúncia sigilosa formulada em face da Caixa Econômica Federal, noticiando a utilização de mão de obra terceirizada de forma irregular, revelando provável fraude às normas trabalhistas. 1

2 O ilustre Órgão ministerial oficiante indeferiu a a instauração de inquérito civil, sob os seguintes fundamentos (fl. 06), verbis: (...) No caso em apreciação, a denúncia de fls. 02 indica como denunciada a Caixa Econômica Federal, empresa que têm milhares de agências espalhadas pelo Brasil, e não apresenta nenhum fato concreto, limitando-se a informar que se trata de desvirtuamento da intermediação de mão de obra ou terceirização ilícita, provavelmente copiados do próprio site do MPT. Por tudo isso, entendo inviabilizada a abertura de inquérito civil para apuração dos fatos denunciados. (...) Com essas breves considerações, INDEFIRO a abertura de inquérito civil contra Caixa Econômica Federal, com fundamento no art. 5º, alínea a da Resolução nº69 de 12 de dezembro de Intimado o denunciante da decisão de indeferimento, este apresentou recurso administrativo (fls. 12/13), cujos trechos abaixo merecem destaque, ad litteram: (...) Pois bem, verifica-se que a decisão de indeferimento da instauração de inquérito civil, ora objurgada, não se afigura correta, dado que a noticia de desvirtuamento da intermediação de mão de obra ou 2

3 terceirização ilícita foi dada por mim em breves escritas, via do site da Procuradoria do Trabalho em Mato Grosso, contra a Caixa Econômica Federal, onde especifiquei que havia sido aprovada em concurso público para o cargo de advogado, pólo do Estado de Mato Grosso, de modo que penso que não seria necessário especificar, mesmo porque cuidava-se, friso, de noticia postada no sítio eletrônico do órgão, onde as informações são breves, que se tratava da CEF sediada nesta unidade federativa, podendo as informações serem requisitadas nesta capital. Ademais disso, poderia o Órgão Ministerial ter instaurado procedimento preliminar, ou seja, procurar ao menos apurar o mínimo de informações sobre a notícia de existência de terceirizações de escritórios de advocacia e advogados em Mato Grosso em detrimento de candidatos aprovados em concurso público de provas e títulos ocorrido no ano de 2010, de cujo certame sequer foi convocado/nomeado um candidato para então proferir a decisão de indeferimento, a qual vem de encontro com os preceitos básicos do Ministério Público, garantidos pelo art. 129 da Carta da República. Com vistas dos autos, a i. Procuradora então oficiante manteve o arquivamento, com base nas seguintes razões: Redistribuído o feito a esta signatária, determinei, inicialmente, a juntada dos Relatórios de encaminhamento dos autos do IC nº /2 e REP nº /0 à PRT-10ª Região, mencionados no Termo de Autuação de fl. 03, os quais veiculam temas relacionados ao objeto da presente representação, a fim de deixar registrado que a lesão denunciada a área de atuação desta Regional. Feitos tais esclarecimentos, mantenho a decisão de fls. 06/07 por seus próprios fundamentos, agregando a estes o fato de que, por ser a lesão 3

4 denunciada extensiva a outros estados da Federação, conforme já reconhecido no IC nº /2 (fls. 22/23), sua reparação deverá ser perseguida pela PRT 10ª Região, por força do disposto na OJ 130 do TST. Contrarrazões às fls. 34/37. a esta relatora. Por distribuição deste feito na CCR, vieram os autos É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO Em que pese apresentar-se hábil e tempestivo o Recurso Administrativo ora em exame (fls. 11/12), não encontra, no mérito, prosperidade. Da leitura dos autos, depreende-se tratar o procedimento de questão de suma relevância à atuação do Ministério Público do Trabalho, uma vez que relacionado a irregularidades referentes prática de terceirização ilícita em fraude às leis trabalhistas. Entretanto, apesar de haver o d. Órgão Ministerial então oficiante, Dr. Rafael Garcia Rodrigues, inicialmente 4

5 baseado o encerramento do presente procedimento com supedâneo em suposta inépcia da peça de ingresso, tem-se que o elemento determinante ao arquivamento do feito são as informações prestadas às fls. 22/23 e 27/28, pela i. Procuradora do Trabalho, Dra. Eliney Bezerra Veloso, a quem foi o expediente redistribuído, conforme certidão de fl. 18. De fato, da análise das peças juntadas às fls. 22/23, avilta-se que a irregularidade nestes autos denunciada já está sob investigação no âmbito da Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, nos autos do IC nº /2, em razão de seu caráter supraregional e em consonância com os ditames da OJ nº130 do TST. Inegável, portanto, que seria contraproducente e, até mesmo, atentatório ao princípio constitucional da eficiência, a manutenção de procedimento administrativo cujo objeto de investigação é idêntico a expediente distinto com instrução deveras avançada no âmbito da PRT 10ª Região. Dessa forma, entende-se, que a justificativa contida na decisão de fls. 27/28 é suficiente a ensejar o encerramento do presente procedimento. 5

6 proposto pelo digno Procurador oficiante. Cabe manter-se, por homologação, o arquivamento CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER e NÃO PROVER o Recurso administrativo sub examine, e de HOMOLOGAR a promoção de arquivamento às fls. 06/07, determinando o retorno dos autos à origem para as providências de estilo. Cientifiquem-se os interessados e a Chefia da Procuradoria Regional do Trabalho de origem. Brasília, 24 de agosto de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA ffpam 6