O EIXO NIETZSCHE-SPINOZA, À LUZ DA NOÇÃO DE PERSONAGEM

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1 O EIXO NIETZSCHE-SPINOZA, À LUZ DA NOÇÃO DE PERSONAGEM CONCEITUAL, EM DELEUZE RESUMO Dois momentos são perpassados neste artigo, são eles: primeiramente, compreender, ou melhor, buscar em Deleuze uma certa compreensão da noção de personagem conceitual, noçao essa lançada na obra Qu est-ce que la philosophie? (em parceria com Guattari); e, em seguida, a partir desta compreensão, mostrar como Deleuze encara sua relação com os pensadores Nietzsche e Spinoza, e como, tendo-os transformados em seus personagens, Deleuze usa-os para compreender a filosofia propriamente. Palavras-chave: conceito- Nietzsche- personagem conceitual- Plano de Imanência- Spinoza Graduado e licenciado em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e atualmente concluindo o mestrado em filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. eduardo_rio86@hotmail.com 224

2 1. O PERSONAGEM CONCEITUAL PROPRIAMENTE Deleuze fez brotar ao longo de sua obra diversos personagens, pesonagens conceituais. Alguns partindo de figuras psicossociais como: o louco, o trabalhador, o professor público, o filósofo, etc.; outros advindos da história, das artes, das ciências, da religião, etc.; mas nenhum universo cedeu à Deleuze tantos personagens quanto o seu próprio, a filosofia. Temos uma lista extensa de filósofos que lhe serviram de personagem, assim como de comentadores desses filósofos, e em alguns casos raros ainda temos os comentadores desses comentadores, que não chegam a ser propriamente personagens n um plano, mas flashes de personagens figurantes, por assim dizer, dentro de um plano populoso. Deleuze põe sua erudição em um trabalho constante para fazer habitar seus planos. É preciso lembrar que o personagem conceitual não é o representante do filósofo, é mesmo o contrário 1. É uma proposta provocativa, pois aparentemente vai contra tudo que poderíamos intuir a respeito dos personagens. Ora, o que seria Zaratustra senão um avatar de Nietzsche? Mas é bem pelo contrário, diz Deleuze. A idéia defendida por ele é que, na verdade, os filósofos seriam os receptáculos de seus personagens. Desta forma, segue o pensador francês, os personagens não devem ser confundidos com símbolos e alegorias; os personagens não são a ponte entre o filósofo e a sua necessidade de expor seu pensamento. Pelo contrário, ao defender que o personagem tem vida própria, ele está defendo então que o filósofo é, antes sim, a ponte entre o personagem e a própria vida do personagem (isto é, a filosofia) que se passa no plano de imanência. Viver, para esse personagem, é propriamente produzir filosofia, sua vida é um devir filosófico, daí a importância de tratar do movimento dentro do plano. Contudo, não eliminemos o filósofo dessa relação, tampouco devemos diminuir sua importância, ele é fundamental posto que é o portador dessa vida-personagem. Se morre o filósofo, não morre o personagem, porém morre a cabeça, ou ventre, onde nasceu o personagem. Sabemos que o Sócrates de Platão se apresentava como uma parteira de Idéias 2, e isto indicava para Platão o trabalho do filósofo para com seus discípulos; o que Deleuze nos apresenta é uma nova figura de filósofo, é o filósofo enquanto parturiente, porém não apenas de idéias, mas de personagens. Essa figura faz-nos aproximarmos muito mais à concepção nietzschiana que o corpo é um edifício de almas múltiplas. E aos discípulos (no caso os leitores), frente a essa nova figura sugerida por Deleuze, caberia o dever de reconhecer esses personagens, pois pode acontecer que o personagem conceitual apareça por si mesmo muito raramente, ou por alusão. Todavia, ele está lá; e, mesmo não nomeado, subterrâneo, deve sempre ser reconstituído pelo leitor 3. 1 DELEUZE, G. & Guattari, F. O que é a Filosofia?, Edidora 34, São Paulo, 2005, pp PLATÃO, Teeteto Livro VI. 3 DELEUZE, G. & Guattari, F. O que é a Filosofia?, Edidora 34, São Paulo, 2005, pp

3 Deleuze vai tão longe nessa tese que chega a propor que Descartes e Cusa deviam, inclusive, assinar o Idiota, assim como fez Nietzsche em suas cartas derradeiras, assinando-as como: Anticristo, Dionísio, Monstro, Fênix, etc. Há aí o risco de não apenas o personagem realizar a sua vida de forma plena, mas do filósofo ser confundido com o próprio personagem. Quanto a isso trataremos mais adiante, por hora só precisamos saber que essa vida virtual que deve desfrutar o personagem através da obra do autor pode acabar por desfigurar, para alguns, o papel do filósofo. Não nos é estranho ouvir de vez em quando: ah, Nietzsche não fez filosofia! Ele fez literatura, poesia, outra coisa.... Essa crítica nos remete à Platão novamente, provavelmente o primeiro dentro do universo da filosofia a buscar uma pureza para tal. Na República ele nos diz que o filósofo deve ser o rei de sua polis, contudo, também nos diz quem deve ser o filósofo, com isso ele não cria apenas a categoria do que seja o filósofo, mas joga para fora da cidade todos aqueles que não o são, os que somente se assemelham à ele. Platão vê nessa semelhança um risco e uma ameaça, fazendo surgir assim uma forma de acusar e de combater que se estende até hoje; não se tratará de apontar para o adversário e lhe dizer: o senhor é um péssimo filósofo, mas sim de apontar e dizer: o senhor não é filósofo! O ostracismo é a arma de Platão, e muitos outros ao longo da história da filosofia recorreram à ela. Desta forma, sobra ao personagem conceitual, posto no plano, seu campo de batalha, o dever de pelejar contra outros personagens. Platão não vai às vias de fato com Górgias ou Protágoras, ele dá a Sócrates esse papel, ele põe Sócrates no plano da luta, e dá-lhe o movimento de lutar. A filosofia carece então sempre de rivais 4, e de pretendentes para lutar contra os rivais são eles rivais ou pretendentes, simpáticos ou antipáticos, mas sempre personagens. Há um modo de ser que nos descreve e nos revela o que é, ou quem é, um personagem dentro de uma obra; porém, não há regras específicas para apontar como devem ser. Devemos nos manter conscientes que os personagens conceituais são irredutíveis a tipos psicossociais, embora haja penetrações incessantes (...) os personagens conceituais e os tipos psicossociais remetem um ao outro e se conjugam 5. Assim, existem personagens que vêm da história, ou da política, outros vêm da mitologia grega, cristã, judaica, oriental, pagã, etc.; uns são figuras comuns que ganham ares filosóficos, como o juiz, o promotor, o professor público, o pensador privado, o trabalhador, o burguês, etc.; alguns personagens são simplesmente adjetivos: o idiota, o amante, o embusteiro. Não existe fim para as categorias e classes de personagens, pois não existe fim para a questão quem poderia ser personagem? do Deus cristão ao Demônio socrático. Todos esses permeiam a filosofia com suas representações e modos de ser. Alguns fazem mais sucesso numa dada época, como foi o herege ou o ímpio dentre os medievais, ou então o proletário e o burguês no século XIX. Os personagens conceituais têm, com a época e o meio históricos em que aparecem, relações que só os tipos psicossociais permitem avaliar 6, e 4 Ibíd., p Ibíd., p Ibíd., p

4 assim o personagem possui uma parcela da qualidade do plano que habita. Isto é, num plano que representa um tribunal, encontramos um personagem-juiz, aí também partimos de certos entendimentos prévios do que seja: tribunal e juiz. E todas essas questões devem ser levadas em conta quando pensamos em um personagem advindo de uma figura comum do dia-a-dia ou um extraído da mitologia. Contudo, há uma classe especial de personagens que parece nunca sair do gosto-comum dos filósofos, que é o próprio filósofo. A filosofia parece, por vezes, depender apenas de si mesma para dar continuidade a sua vida. Existem épocas de pura originalidade, em que os conceitos são criados e lançados aos montes pelos filósofos, e conjuntamente são lançados à vida os personagens falantes desses conceitos. Por outro lado, há épocas, tanto na filosofia como na vida de um dado pensador específico, que parece que nada de original ali quer vir à tona senão sua própria cultura, suas próprias críticas, ou sua própria leitura de outro filósofo. É preciso não confundir o que estamos falando aqui com um simples fazer história da filosofia. Nossa proposta é de reconhecer filosofia dentro da filosofia, é perceber como filósofos se tornam intercessores dentro da obra de outro pensador. Há uma equação simples que nos diz instintivamente que: quando um médico clinica, ou quando um motorista dirige, estão simplesmente exercendo suas funções; porém, quando um desses se pergunta: o que é clinicar? o que é dirigir? estão fazendo outra coisa. E essa outra coisa é uma equação mais complexa, cujo novo x da questão seria algo muito próximo a filosofia, e de vez em quando seria propriamente filosofar. Assim, quando um filósofo se pergunta: o que é filosofar? Mutatis mutandis, ele repete essa equação complexa que trataram anteriormente o médico e o motorista, porém agora o x tem um valor duplicado, lidamos agora com um 2x. Assim como os outros os não-filósofos apelam para conceitos que em seus universos são novos, o filósofo apela não apenas para novos conceitos para responder a questão, ele também precisa se voltar a antigos conceitos, pois um conceito está privado de sentido enquanto não concorda com outros conceitos 7. O filósofo precisa olhar o passado e reconhecer algo ali, algo que se aplique a sua questão, e que faça caber dentro dela todos aqueles que receberam a alcunha de filósofo. Pois deve haver em comum algo que dê a todos esses o mesmo título. Eis como os filósofos fazem dos colegas de profissão seus personagens. Basta uma releitura, uma crítica, uma homenagem, ou mesmo uma tentativa de conciliar dois ou mais pensadores dentro de um dado plano (uma escola de pensamento, um círculo, um período, etc.) e pronto, faz-se brotar mais personagens. Poderíamos fazer cadeias interessantes: Sócrates foi personagem de Platão, que por sua vez foi personagem de Nietzsche, que por sua vez personagem de Deleuze, que por sua vez é personagem nessa dissertação; ou um caminho inverso, Althusser transformara Marx em seu personagem, que por sua vez transformara Hegel, que por sua vez transformara muitos outros com sua História da Filosofia. 7 Ibíd., p

5 2. O EIXO NIETZSCHE-SPINOZA E é desta forma que seguimos dizendo que não foge ao conhecimento público que alguns nomes aparecem mais vezes que outros na bibliografia de Deleuze. J.-N. Vuarnet mesmo, em uma entrevista à Deleuze (em 1968), coloca a pergunta: Você consagrou livros a Hume, a Nietzsche, a Kant, a Bergson, a Proust, a Masoch. Poderia explicar essas escolhas sucessivas? São convergentes? Você não tem um interesse particular por Nietzsche? 8. Dentre os filósofos que se tornaram personagens conceituais simpáticos em Deleuze podemos distinguir duas espécies. De um lado temos aqueles que auxiliam ao filósofo a fazer filosofia, a pensar certos conceitos e responder certos problemas; e, por outro lado, temos aqueles que fazem mais do que dar um suporte para pensar filosoficamente, mas que também auxiliam a pensar o que vem a ser propriamente a filosofia. E é nessa segunda categoria que encontramos Spinoza, Lucrécio, Nietzsche, Bréhier. Se seguimos nesse momento apenas com Nietzsche e Spinoza, não é por diminuir a importância de Lucrécio ou Bréhier; mas coloquemo-nos a pergunta: onde está Lucrécio ou Bréhier [nominalmente] na obra de Deleuze? Assim, para alcançarmos esses nomes em Deleuze seria preciso avançar em um dado nível de interpretação e especulação, dentro de sua obra, fazendo com que isto demonstre menos o papel do personagem conceitual do que a importância desses pensadores na obra deleuziana; por outra via, Nietzsche e Spinoza são expostos aos borbotões, com eles diminuímos a quantidade de especulações por nos sobrarem citações. Mais ainda, é preciso dizer que não pretendemos aqui diminuir a importância de Hume, Bergson, Leibniz, Proust, entre outros, dentro da criação deleuziana. Porém, o que Deleuze faz a partir de Nietzsche e Spinoza são movimentos completamente diferentes. É inegável dizer que ele trabalha, nesses dois autores, conceitos seus como: vontade, potência, ressentimento, etc. (em Nietzsche); ou, substância, atributos, afetos, etc. (em Spinoza). Mas ele também trabalha outra coisa com esses dois filósofos, um algo que serve de balança para interrogar e compreender a filosofia, para medi-la propriamente e esse algo é a própria filosofia. Nietzsche e Spinoza não foram mais filósofos do que Kant ou Descartes, Heidegger ou Platão, porém, servem bem mais do que qualquer um desses, e outros, para auxiliar Deleuze à colocar, e desenvolver, a questão: o que é a filosofia? É exatamente a partir da resposta que Nietzsche e Spinoza dão a essa questão, ou pelo menos de uma interpretação deleuziana dessa resposta, que o próprio Deleuze irá selecionar outros filósofos para lhe servirem também de personagens. O eixo formado pelos sistemas de pensamento de Nietzsche e Spinoza servirá para apontar que Hume, Bergson, Foucault, etc., acompanharam esse mesmo eixo, e por isso são aliados, dentro de uma fauna de personagens, ou melhor dizendo, de um zoológico de personagens. Esse eixo Nietzsche- Spinoza torna inteligível o modo de fazer filosofia dentro do plano deleuziano. O eixo se 8 DELEUZE, G. A Ilha Deserta, São Paulo, Editora Iluminuras, 2009, pp

6 torna os óculos de Deleuze para ler outros autores, e consequentemente os óculos dos leitores para ler Deleuze. Uma última ressalva. Poderíamos dizer, por exemplo, que quanto mais Deleuze afirma o movimento que é desterritorializante em Bergson, mais ele está se afirmando um nietzschiano que busca destruir os ídolos estabelecidos; assim como, ao afirmar com Leibniz que a liberdade está contida apenas neste mundo presente, Deleuze está afirmando que não há fuga daquele melhor dos mundos possíveis que encontra seu germe em Spinoza porém, mesmo isso sendo verdade, não é esse tipo de influência que essa dissertação tentará justificar. Posto que, não se pretende aqui reduzir a obra desses autores (e outros mais), ou as intercessões que eles causaram em Deleuze à um substrato spino-nietzschiano. Não é uma questão de reduzir tudo à uma leitura spinozista ou nietzschiana, mas sim de fazer ver porque Nietzsche e Spinoza participam de um lugar de destaque dentro da releitura deleuziana da história da filosofia. Não se busca aqui reduzir toda grandeza da filosofia à métodos, estruturas, ou julgamentos impostos por esses dois autores. O que Deleuze parece apontar é que eles são para si como óculos que servem para ler outros autores, e não juízes de uma verdade, ou de um modus operandi de fazer filosofia. Ao dizer que são óculos, buscamos dizer que são translúcidos quando sobrepostos a outras filosofias e que clareiam nessas outras filosofias aquilo que interessa à Deleuze. Contudo, não nos basta apenas dizer que esses dois servem como óculos, precisamos ir ao texto e buscar por quais lentes operam esses óculos. Assim, voltamos à pergunta de Vuarnet, mais especificamente a última pergunta da sequência apresentada anteriormente: Você não tem um interesse particular por Nietzsche? e se voltamos propositalmente a essa pergunta, é porque sua resposta nos é cara; eis a resposta: ele [Nietzsche] reinventa essa crítica total que é, ao mesmo tempo, uma criação, positividade total 9. Crítica essa que funciona através dos conceitos de sentido e valor, e que por pensar assim, Deleuze na mesma entrevista diz que a filosofia contemporânea é nietzschiana por estar sempre repetindo esses dois conceitos. Se tal é verdade, ou se Deleuze estava sendo apenas tendencioso ao fazer essas declarações isso não caberá a este espaço julgar e responder, porém, a declaração supracitada nos serve para mostrar o peso de Nietzsche na forma que Deleuze compreende a filosofia contemporânea. Para ele, mesmo quando a filosofia contemporânea deturpa as noções de valor e de sentido, ela não está deixando de perpassar por Nietzsche, posto que, segundo Deleuze, ela está sendo anti-nietzsche, ou até algo pior. Mas sempre tendo o filósofo alemão como referência. Quando Deleuze faz Nietzsche parecer em sua bibliografia, faz com que pareça ao leitor que ali há apenas um manual dos conceitos nietzschianos. O leitor não pode ser ingênuo. O que se pretende em Nietzsche e a Filosofia, não é apenas apresentar Nietzsche 9 Ibíd., p

7 ao público; o que está em jogo é uma pergunta, o que é a filosofia? e esse livro seria a primeira tentativa de responder essa pergunta. Como germe de uma resposta, Deleuze nos apresenta, primeiramente, a crítica como sendo o ato maior da filosofia. Daí entendemos porque foi necessário para Deleuze escrever também um manual sobre a filosofia de Kant; entender suas críticas, nesse momento da imaturidade, seria precisamente entender o que é filosofar. Porém Nietzsche se impõe aí. Se Kant introduz a crítica na filosofia, Nietzsche é aquele que realmente faz criticar. Pois Kant não empreendeu a verdadeira crítica, porque não soube colocar o problema em termos de valor (... enquanto o que Nietzsche faz é estabelecer uma luta...) contra aqueles que subtraem os valores à crítica, contentando-se com inventariar os valores existentes ou criticar as coisas em nome de valores estabelecidos (e os exemplos dados aqui são Kant e Schopenhauer); mas também contra aqueles que criticam os valores fazendo-os derivar de simples fatos, de pretensos fatos objetivos 10 (seriam, segundo Deleuze, os utilitaristas e os sábios). O que Nietzsche faz é uma suspensão dos valores estabelecidos, voltando à origem com a genealogia para daí extrair seus novos valores. Defender um conceito passa a ser igualmente: estabelecê-lo, e fazê-lo valer, no lugar que antes haviam valores estranhos ao filósofo. Platão está sempre fazendo perguntas através de Sócrates, e não são poucas vezes que as perguntas nos soam infantis: o que é o amor? O que é o belo? Etcetera. Todos nós achamos que sabemos intimamente o que são tais coisas, entretanto, colocar a questão e estabelecer o valor ao que é posto, inventar valor onde antes havia uma certeza, inventar mesmo um passado, reescrever uma história, onde antes não havia essa história, isso é filosofar. Vale reforçar essa idéia de que não se trata de voltar as origens para afirmar o que sabemos hoje, não se trata de transportar nossos valores ao sentido original. A história é dada até o ponto em que é aceita. Por isso, resgatemos aqui, novamente, o conceito de guerra criadora (ou reescritora) de história, trabalhado em Foucault. Então, quando falamos em voltar à origem, e criar valor a partir dela, isso não servirá mais apenas para responder o que é a filosofia. Outra pergunta faz brotar desta resposta, seria ela: o que quer aquele que diz o que é a filosofia? 11 pois a história é dada enquanto aceita, logo a resposta da primeira pergunta é mutante de acordo com a resposta dessa nova pergunta. Platão não responde o que é a filosofia a partir dos mesmos interesses, ou dos mesmos valores, sequer com os mesmos conceitos, que Deleuze por exemplo. E assim, cabe ao personagem conceitual interceder e fazer valer a resposta de seu filósofo dentro desse grande plano de imanência que é a própria filosofia. De acordo com o que deseja aquele que põe a pergunta o que é filosofia? aparecerão personagens convenientes às respostas. Em grande parte, e nisso reside uma inteligência estratégica, aqueles que colocam essa questão apresentam como personagem desse plano um personagem conceitual. Dizer que o filósofo deve fazer isso... agir assim... tratar de tal questão, etc., é fazer do termo filósofo, ou da figura psicossocial-filósofo, um personagem da própria resposta, da própria filosofia. 10 DELEUZE, G. Nietzsche e a Filosofia. Editora RÉS, Cidade do Porto, 2001, pp Ibíd., p

8 *** Deleuze volta a questão o que é filosofia? trinta anos depois, e responde-a finalmente, não mais apenas como crítica, mas como: filosofar é criar conceitos 12 ; ainda assim, ele está tomando emprestado de Nietzsche, algo que nada mais é senão fazer genealogia; e respondendo a pergunta quem quer saber o que é a filosofia com uma resposta tipicamente nietzschiana. Diz-nos Deleuze que Nietzsche faz-se inserir no kantismo de forma as avessas, pois quando Nietzsche retoma a crítica (tal qual aponta Kant), não mais parte de valores dados não há em Nietzsche um interesse em defender a paz, o belo, a razão, etc., se esses valores não forem relevantes, afirmativos e criativos. O que Nietzsche faz é restabelecer a crítica, porém, a partir de valores à criar, ou à serem encontrados, pelo filósofo (cuja linguagem para criar tais valores seria a linguagem dos conceitos). Deleuze em Nietzsche e a Filosofia nos dá o exemplo da doença, que por si é uma força reativa, uma força que serve para debilitar e enfraquecer o indivíduo; porém, existem aqueles que quando estão doente encontram aí muito mais forças para viver, para reagir, enfim, para extrair da sua própria doença uma boa luta, um valor novo 13, na doença, ele vê de preferência um ponto de vista sobre a saúde 14. A crítica não funcionará mais aí do ponto de vista do moribundo que aceita a doença, tampouco do ressentido que se volta a hipocondria (isto é, aceitando a resposta de outros, dos médicos, dos valores estabelecidos); a crítica em Nietzsche fez nascer de uma força negativa valores que serão nobres e afirmativos. Desta forma, ao dizer que com as noções de sentido e de valor a filosofia contemporânea se tornara nietzschiana, Deleuze também está nos indicando que, por estarmos inseridos na filosofia a partir de um olhar contemporâneo (pois não podemos fugir ao nosso próprio tempo), somos também, nós, filósofos nietzschianos. Assim sendo, mesmo quando estamos a criticar a filosofia de Nietzsche, e acreditamos fazer a verdadeira crítica, tentamos sempre fugir aos valores estabelecidos para afirmar essa crítica, o que faz com que tal crítica se realize exatamente pelo modo como Nietzsche projetou o que seria criticar. Não mais por uma razão que julgaria a própria razão, valores que julgariam valores; o novo nasce aqui, quando a partir de Nietzsche, Deleuze põe em seu plano o seguinte pensamento: somente a criação conceitual poderá então julgar a razão, os valores, os sentidos, o velho, o ultrapassado, a doença, a cura, etc. A esta altura do texto, Nietzsche está posto já em destaque na obra de Deleuze, Nietzsche é aquele que ensina como se deve filosofar (para Deleuze). E assim, reconhecemos aqui sua nobreza. Porém, Deleuze volta sempre à Spinoza quando é preciso destacar um filósofo por excelência. Parece haver um certo esforço deleuziano para 12 DELEUZE, G. & Guattari, F. O que é a Filosofia?, Edidora 34, São Paulo, 2005, pp DELEUZE, G. Nietzsche e a Filosofia. Editora RÉS, Cidade do Porto, 2001, pp Ibíd., p

9 construir essa ponte, é difícil, aqui, negar a Nietzsche uma inspiração spinozista 15. Spinoza é o Cristo dos filósofos, o príncipe dos filósofos (Qu est-ce que la philosophie?); mas por quê? Por que fazer isso, tal qual Pompeu e Júlio Cesar dividindo e compartilhando Roma, Deleuze faz dividir e compartilhar esse território que é a filosofia em dois nobres: Spinoza e Nietzsche? E a resposta se baseia no seguinte: Nietzsche se faz nobre porque apresenta à Deleuze o que seria filosofar (é criar conceitos), já Spinoza, como tentaremos defender, se faz nobre porque filosofou, para Deleuze, como ninguém o fez dantes (o criador de conceitos). Seguindo mais uma vez os ensinamentos de Zaratustra, o primeiro nasce nobre porque impõe origem aos valores (com a genealogia), o segundo se faz nobre porque impõe valor às origens (com os afetos, substâncias, atributos e essências) e aí residem as duas grandes lutas da filosofia 16. Spinoza é Pompeu, Nietzsche é Júlio Cesar. Ora, Kant,ou Leibniz, ou Foucault, e todos os outros filósofos fazem mais, ou menos, do que Spinoza? Certamente que não. Mas então por que Spinoza é o príncipe dos filósofos, enquanto os outros são apenas senadores de toga, nobres porém não tanto? (o que de qualquer forma já é uma posição melhor do que ser um mero funcionário da filosofia, um professor público, um reiterador de conceitos que estão alhures). Para entender essa posição privilegiada de Spinoza, é preciso ignorar o tempo e a história tal qual conhecemos, isto é, linearmente. Pois se não fosse o empecilho cronológico, Deleuze até nos faria pensar que Spinoza é um legítimo nietzschiano. Feito essa prevenção voltamos a pergunta: por que para Deleuze, Spinoza e não outrem, é o príncipe da filosofia? Respondemos que: ele é o príncipe porque criou com mais intensidade do que qualquer outro. Ele fez valer, mais do que qualquer outro, aquilo que Nietzsche ditara como o trabalho de um filósofo ainda que tenha feito isso um século e meio antes de Nietzsche nascer isto é, Spinoza foi o grande criador de conceito, de planos, enfim, de filosofia. Poderiamos até dizer, então, que Nietzsche criou sua fórmula do que seja filosofar a partir de Spinoza. Posto que o que um indica em palavras está representado no outro em ações. Porém, não é o que realmente se apresenta se buscamos em Nietzsche propriamente onde nasce essa fórmula que diz que o papel do filósofo seja criar. Ela está apontada principalmente no Livro do Filósofo, no Ecce Homo e na Vontade de Poder. E é preciso dizer que sempre que ela aparece, não vem com um exemplo de Spinoza, tampouco como se esse pensador tivesse seguido-a mais ou melhor que outrem; mesmo que no Humano Demsasiado Humano Nietzsche tenha dito que Spinoza fora o mais puro dos sábios 17. Quando Nietzsche apresenta a fórmula que nos diz que é necessário criar conceitos 18, não é a respeito especificamente de Spinoza que ele discorre, mas a respeito de todos que fizeram filosofia principalmente os gregos. E é sobre todos os filósofos que tenta também cobrir a observação de Deleuze a partir de Nietzsche. Mas não é um criar estéril, não se trata de 15 Ibíd., p Ibíd., p NIETZSCHE, F. Humano Demasiado Humano. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005, pp NIETZSCHE, F. O Livro do Filósofos. Editora Centauro, São Paulo, 2003, pp

10 uma criação prática, utilitarista ou factual. A regra filosofar é criar, é dotada de subparágrafos. Criar deve significar, para o filósofo, criar em cima de tudo. Nietzsche reconhece Thales de Mileto como o primeiro filósofo, não apenas porque a tradiação assim o manda, mas porque Thales foi o primeiro a dar uma resposta (ainda que insatisfatória e incompleta) a respeito de tudo, a saber a água. O que faz Spinoza, ao longo de sua obra, senão criar em cima de tudo? Spinoza é o mais formidável dos filósofos, para Deleuze, pois nada lhe escapou. Não teria Bergson apreendido tudo também com seu movimento? Não teria Leibniz feito o mesmo, com a mônada? Poderiamos dizer que sim, mas ainda algo nos escaparia. Porém, onde está o movimento de Bergson, ou a mônada de Leibniz se lhes fugir certa consciência? no primeiro caso a consciência do observador, no segundo caso a consciência de um ser superior. Enquanto Spinoza cobre tudo de conceitos, nada escapa à sua substância, aos atributos, às essências, aos afetos. Até mesmo seu Deus se apresenta enquanto natureza, que em todos os lugares está e nada lhe é estranho. Não é difícil compreender porque por tantas vezes Spinoza fora acusado de panteísta e ateu fosse isso verdadeiro, relevante ou não. O que nos é de fundamental importância saber aqui é que Spinoza não descreve o mundo, e isso o diferencia de Aristóteles. Não lhe interessa explicar o todo. Seu trabalho se dá por conta de uma criação de uma representação que alcançasse a tudo, sem com isso dar fronteiras e limites as coisas, pois dar limites implicaria dizer que haveriam coisas que poderiam está além dessas fronteiras, logo, além do mundo. Spinoza cria, por assim dizer, o mundo, batiza-o com seus conceitos, tal qual o messias faz com a fé. Spinoza transmuta o mundo-água que conhecemos para um mundo-vinho um papel que parece sempre caber a um judeu. Porém, Spinoza não cai na armadilha dos lógicos. Seu trabalho não é dar inteligibilidade ao mundo. Quando ele aponta atributos que revelenam substâncias, não está dotando a essência, a natureza, Deus, etc., de um lógos inteligivél. Ele está apresentando um outro mundo, um que é tal qual esse em que vivemos, porém que ainda não nos havia sido apresentado. Não está explicando o mundo, está antes sim, remontando-o, construindoo através de conceitos, mas ainda mantendo as formas e ainda os mistérios. Por isso Spinoza é o Cristo dos filósofos, e os maiores filósofos não são mais do que apóstolos, que se afastam ou se aproximam deste mistério 19. Hume não é menos filósofo, tampouco Bergson, ou Kant; a questão é que Spinoza ousou levar sua filosofia a um nível que sequer o próprio Nietzsche poderia projetar ao aplicar sua fórmula do que seja filosofar. Esse novo mundo que Spinoza faz nascer é composto apenas por forças ativas, o que lhe rende uma crítica por parte de Hegel, que diz que Spinoza ignorou o negativo e sua potência 20 ; e chegamos mais uma vez à filosofia de Spinoza através da fórmula de Nietzsche, pelo olhar de Deleuze. Se em Nietzsche e a Filosofia Deleuze mostra que para Nietzsche havia dois 19 DELEUZE, G. & Guattari, F. O que é a Filosofia?, Edidora 34, São Paulo, 2005, pp DELEUZE, G. Espinosa, Filosofia Prática. Editora Escuta. São Paulo, 2002, pp

11 tipos de forças: ativas (positivas, nobres, afirmativas) e reativas (negativas, tristes, ressentidas), já em Espinosa Filosofia Prática, ele mostra como há em Spinoza todo um projeto de fazer habitar no seu plano (esse novo mundo criado por ele) indivíduos que são apenas ativos, afirmativos isto é, Spinoza cria um mundo desejado por Nietzsche e estimado pela sua fórmula de filosofar. Spinoza, ao que Deleuze nos leva a acreditar, eleva a filosofia a um grau de altura que as outras filosofias sequer conseguem tocar, por isso os ademais filósofos são seus apóstolos, pois o plano criado por Spinoza não nos remete mais somente à um tribunal ou à uma guerra, ou à uma época histórica qualquer. O plano de Spinoza trata de uma exposição de um plano de imanência em que estão todos os corpos, todas as almas, todos os indivíduos 21. Se a regra é criar, eis aí a maior das criações. Spinoza leva sua filosofia longe demais para que os outros criem a partir dele, apenas em conjunto, podem os outros: esclarecê-lo ou fazer brotar dele visões que jamais deixam de retomar ao seu embrião spinozista. Até onde levar a filosofia? eis a questão que dota cada filósofo com mais ou menos nobreza. Spinoza levou-a aos limites da sua própria vida, o nobre que se expõe à morte pela honra. E até isso Deleuze parece levar em conta ao escolher Spinoza, e também Nietzsche, como gran personagens. Poderíamos destacar dois momentos na obra de Deleuze que fazem Nietzsche e Spinoza aparecerem indubitavelmente como personagens conceituais deleuzianos. São eles, as obras: Nietzsche e Espinosa Filosofia Prática. Isto porque as obras Nietzsche e a Filosofia, e Spinoza e o Problema da Expressão, são manuais 22. E dizer aqui que tais livros são manuais, não quer dizer que são vazios de conceitos exclusivamente deleuzianos. Dizer que são manuais, aqui, quer dizer que não há ainda a preocupação em apresentar os personagens que os compões, enquanto personagens propriamente, mas sim apresentar o plano em que esses personagens estão inseridos na obra de Deleuze. São manuais deleuzianos (e para o próprio Deleuze) e não manuais spinozista ou nietzschiano. Em Problema da Expressão trabalha-se o anti-cartesianismo de Spinoza, trabalha-se onde estão os conceitos que são operados por Spinoza (substância, forma, atributo, entre outros). Enquanto no Filosofia Prática, o cartesianismo já está superado, Descartes é um personagem antipático que não oferece perigo, mas que é útil para atravessar questões que seriam cansativas demais se fossem preciso ir tomá-las desde a origem; ainda quanto ao cartesianismo, ou um anti-cartesianismo, se é referido no Filosofia Prática, só é lembrado e não combatido, no mais, é lembrado apenas como retórica usada brevemente e na imaturidade por Spinoza. Podemos ver ainda mais fatores interessantes. Leibniz, por exemplo, quando esse aparece em O Problema da Expressão ganha um ar de Sancho Pança, um ajudante querido e carismático que se põe ao lado de seu Quixote contra a ameaça cartesiana (principalmente na Segunda Parte do livro, no capítulo Spinoza Contra Descartes); e se Leibniz mantém algum ar sanchesco em Filosofia Prática, é tão somente 21 Ibíd., p Cuja forma nos lembra até um pouco o modelo como é apresentado o La Philosophie Critique de Kant. 234

12 porque aí é lembrado, por Deleuze, que Leibniz nega ter visitado Spinoza em , tal qual o escudeiro da obra de Cervantes nega ter lutado contra gigantes em companhia de seu senhor. O que se repete sempre é, no Problema da Expressão são apresentados os conceitos, os problemas, os planos que formam o universo spinozista; enquanto no Filosofia Prática aparece propriamente o personagem-spinoza (que não se trata mais do filósofo e seu corpo, mas de um espectro criado para ocupar um plano de Deleuze), e também nos é apresentado como esse personagem transita no plano, como lida com os problemas, como cria e aplica os conceitos previamente apresentados. Mais até, em Filosofia Prática Deleuze nos aponta características desse personagem: criado como judeu, convertido a um ex-judeu, honrado, corpo magro, rosto arredondado, doente, asceta, viandante, etc. Tudo isso nos diz algo; não apenas sobre quem foi propriamente Spinoza, mas que tipo de personagem ele representa para Deleuze voltamos a questão o que quer Deleuze?, no caso: o que quer Deleuze objetivamente ao nos dizer tudo isso? Era necessário dizer isso? Tudo isso muda algo, acrescenta ou retira algo da filosofia deixada pelo homem Spinoza? Seja qual for a resposta que cada um possa vir a dar, todas essas perguntas são relevantes pois elas definem o personagem-spinoza ao leitor, e é sobre esse personagem conceitual que deve recair nosso olhar enquanto lemos Deleuze. Já em relação a Nietzsche o projeto parece ser até mais ousado. Em 1962 Deleuze publica Nietzsche e a Filosofia. Repetimos: um manual. Mas não um manual para ler Nietzsche. O que está em jogo nessa obra é apresentar um personagem, seus problemas, seus conceitos, mais que isso, seus interesses. Em Nietzsche e a Filosofia alguém joga dados com o destino, alguém afirma as forças ativas da vida, alguém diagnostica uma época, alguém combate o niilismo, o ressentimento a má consciência, etc. Esse alguém é Nietzsche, isso não é segredo. Porém, quem é Nietzsche até então? Um filósofo, eis o máximo de resposta que Deleuze dá para tal questão neste livro. Pois todas essas tarefas (lançar dados, diagnosticar, combater, etc.) nada mais são senão os deveres e as características de qualquer filósofo se Nietzsche fez isso mais ou melhor que outrem, isso já é uma questão que o Deleuze parece responder só mais adiante. E a resposta vem na obra Nietzsche. Essa obra possui duas características similares à obra Espinosa Filosofia Prática: uma breve biografia e uma espécie de sumário sobre peças fundamentais na obra do autor. Para qualquer um, seria muito mais indicado então dizer que essas duas obras (Nietzsche e Filosofia Prática) é que são realmente manuais, e não suas antecessoras, pois essas possuem tais explicações e exclarecimentos que são típicos de manuais. Então por que, e como, defender o exato oposto? Porque nessas obras os sumários de conceitos e personagens que são expostos não tratam mais do que foi dito pelos autores trabalhados nessas obras, mas sim, são discursos que pertecem agora aos personagens em que se converteram; são peças e pedaços de discursos. Quando se fala em atributo em Problema da Expressão há todo um trabalho de 23 Ibíd., p

13 localizá-lo na obra de Spinoza, de indicar seu significado e de evitar confusão com outros conceitos como substância e essência, por exemplo. Quando, no glossário de conceitos (de Espinosa Filosofia Prática), o atributo reaparece, não se trata mais do que ele seja, fala-se aí já do que ele não é, mas mais importante do que isso, fala-se aí de onde empregá-lo; isto é, alguém está empregando-o, utilizando-o, finalmente, e esse alguém é o personagem- Spinoza. Inclusive, a explicação do que seja atributo começa exatamente com um recorte de fala do próprio Spinoza, extraido da Ética. Em Nietzsche o mesmo acontece ao conceito de potência, não se fala nele mais tanto para explicá-lo, mas para fazê-lo tornar-se ato virtual através do personagem-nietzsche. E se dissemos anteriormente que tal projeto com Nietzsche era mais ousado, foi porque nesta obra Deleuze propriamente fala através de Nietzsche. Praticamente metade do livro são extractos nietzschianos, porém reorganizados de acordo com o desejo de Deleuze. Deleuze reescreve a ordem em Nietzsche. Assim como Spinoza recria o mundo, Deleuze recria Nietzsche nessa obra, o seu próprio Nietzsche em sua própria ordem e ritmo. E sobre as biografias que abrem essas duas obras (Espinosa Filosofia Prática e Nietzsche), elas merecem uma atenção filosófica especial. Nada é à toa em Deleuze. Roberto Machado 24 nos diz que Deleuze retoma a história da filosofia não para ensiná-la mas para daí extrair conceitos propriamente seus, voltar à um momento e falar dele é mudálo para algo que só há em Deleuze, e não naquele momento específico mesmo que de alguma forma o momento tenha ajudado a criar. Desta forma, tais biografias são como umbrais desta criação/mutação, verdadeiros portais por onde adentram os filósofos, as figuras históricas que de fato foram, e ao final saem personagens deleuzianos. E nesta geografia que forma os planos deleuziano tais portais estão precisamente posicionados, pois são sempre os primeiros capítulos, são fronteiras que demarcam o que é a descrição do plano (as obras que precederam) e o que é a existência do personagem dentro desse plano. *** 24 MACHADO, R. Deleuze, a arte e a filosofia. Editora Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2009, pp

14 BIBLIOGRAFIA DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix; DELEUZE, Gilles; MACHADO, Roberto; NIETZSCHE, Friedrich W.; O que é a filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34, A Ilha Deserta. Org. Luiz B. L. Orlandi. Editora Iluminuras, São Paulo, Nietzsche e a Filosofia. Trad. António Magalhães. Cidade do Porto: Editora RÉS, Deleuze, a arte e a filosofia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar Editor Ltda., Espinosa, Filosofia Prática. Trad. Daniel Lins e Fabien Lins. São Paulo: Editora Escuta, Deleuze, a arte e a filosofia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar Editor Ltda., O Livro do Filósofos. Trad. Rubens Eduardo Ferreira. São Paulo: Editora Centauro, Humano Demasiado Humano. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Editora Companhia das Letras,

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