CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 15ª Região Campinas/SP Interessado(s) 1: Algar SA Empreendimentos e Participações Interessado(s) 2: Xtal Fibercore Brasil S/A Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): Outros temas Procuradora oficiante: Catarina Von Zuben RECURSO ADMINISTRATIVO Sucessão empresarial. Questão já sob o crivo do Poder Judiciário. Falta de atribuição ministerial in casu. Recurso administrativo conhecido e não provido. Promoção de Arquivamento homologada. RELATÓRIO Trata-se de procedimento preparatório instaurado em razão de denúncia encaminhada pela empresa Algar SA Empreendimentos e Participações em face da empresa Xtal Fibercore Brasil S/A, relatando, em síntese, que a denunciada estaria praticando, no âmbito do Judiciário, atos fraudulentos em flagrante prejuízo a extrabalhadores e à própria denunciante, uma vez que figura como 1

2 responsável em diversas ações movidas contra a denunciada, algumas, inclusive, já em fase de execução. A i. Procuradora oficiante promoveu o arquivamento do presente feito, conforme peça às fls. 320/321, verbis: Em primeiro lugar, o que se verifica é nítida questão de sucessão empresarial, com responsabilização da denunciante em inúmeras ações trabalhistas existentes. Tem-se, pois, que o interesse maior que se visa salvaguardar, com a denúncia, é o da própria denunciante. Em segundo lugar, tendo o Judiciário Trabalhista reconhecido a responsabilização da denunciante, os ex-empregados da denunciada estão tendo saldados seus créditos. Além disso, de acordo com o depoimento colhido e da análise das diversas reclamações trabalhistas apresentadas, entende esta Procuradora que os trabalhadores da empresa, incluindo o próprio diretor, foram abandonados à própria sorte pela empresa controladora, Fibercore, a qual, sediada nos Estados Unidos da América, teve sua falência decretada. As questões processuais relativas à reclamatória intentada pelo depoente foram resolvidas na seara própria, não havendo que se falar em atuação investigativa. 2

3 Por fim, não vislumbra qualquer resultado prático em prosseguimento deste procedimento, uma vez que a empresa encerrou suas atividades, seus sócios não podem ser aqui acionados, alem de que o único empregado que restou (depoente), é credor de verbas trabalhistas, não havendo contra quem se buscar ajustamento de conduta. Intimadas as partes do arquivamento em questão, o denunciante apresenta recurso administrativo às fls. 329/338, cujos trechos abaixo merecem destaque, ad litteram: (...) Muito embora a nobre Procuradora tenha, na decisão de fls.,argumentado que as questões processuais relativas à reclamatória intentada pelo depoente foram resolvidas na seara própria, não havendo que se falar em atuação investigativa, com o devido respeito, não procede conforme acima exposto. Dessa forma, necessário que a presente medida retorne à fase instrutória para que a Recorrente seja intimada sobre todos os atos, bem como possa efetivamente participar e auxiliar no processo investigatório, principalmente de audiências. (...) Conforme esclarecido acima é imperativa e necessária a atuação ministerial na situação apresentada pela Recorrente. (...) 3

4 Não se trata de simples sucessão empresarial, mesmo porque a empresa sucessora seria a título de argumentação a empresa denunciada, e não a recorrente. Não se discute as arbitrariedades processuais provocadas nas reclamatórias em face da Recorrente, mas sim as práticas realizadas pelo Sr. Antonio Carlos, bem como manobras utilizadas em conluio com a empresa denunciada como sucintamente exposto anteriormente. Não se trata apenas de buscar ajustamento de conduta por meio da atuação empresarial, mas principalmente de buscar a declaração de nulidade do acordo celebrado pelo Sr. Antonio Carlos (por meio de ação rescisória, por exemplo). De averiguar os atos suspeitos praticados pelo Sr. Antonio Carlos e pelos prepostos da empresa denunciada. (...) Ante todo o exposto, requer a reconsideração pela nobre Procuradora dos termos expostos em fls. 300/301, a fim de que seja dado prosseguimento ao procedimento investigatório. 351), a denunciada quedou-se inerte. Intimada para oferecimento de contrarrazões (fl. 4

5 Em seguida, conclusos os autos ao i. Órgão Ministerial oficiante, foi o arquivamento do procedimento mantido, sob os seguintes fundamentos, verbis: Em manifestação ao recurso apresentado, ratifico as razões do arquivamento proposto, acrescentando que, ainda que se considere que o diretor presidente da empresa investigada tenha praticado fraude processual em sede de reclamação trabalhista fato este discutível, conforme exposto anteriormente a questão deságua, inevitavelmente, em sucessão empresarial. É contra justamente referida sucessão que a denunciante se insurge. Reitero, assim, a conclusão anterior no sentido de que o interesse maior que se visa salvaguardar, com a denúncia, é o da própria denunciante, que vem saldando os créditos de trabalhadores executados perante a Justiça do Trabalho. Logo, por se tratar de interesse empresarial, não há que se falar em atribuição ministerial para atuação. vieram os autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, É o relatório. 5

6 VOTO - FUNDAMENTAÇÃO Apresenta-se hábil e tempestivo o Recurso Administrativo ora em análise (fls. 329/338). A justificativa contida na promoção de arquivamento de fls. 320/321 é suficiente a ensejar o encerramento do presente feito, verbis: (...) Por fim, não vislumbra qualquer resultado prático em prosseguimento deste procedimento, uma vez que a empresa encerrou suas atividades, seus sócios não podem ser aqui acionados, além de que o único empregado que restou é credor de verbas trabalhistas, não havendo contra quem se buscar ajustamento de conduta. Em outras palavras, inexistiria provimento útil a se tutelas sendo o presente caso mais um dentre inúmeros em que se verifica retirada de capital estrangeiro de acordo com a oscilação do mercado internacional, deixando-se a descoberto trabalhadores, credores, Governo Federal... Logo, de qualquer ângulo que se analise a questão, entende-se que inviável a atuação ministerial. 6

7 Evidencia, portanto, dos presentes autos, matéria referente a disputa de interesses empresariais, o que, em tese, escapa à necessidade de intervenção do Parquet laboral. No que pertine à presença da denunciante no pólo passivo de inúmeras ações trabalhistas movidas contra a denunciada, possui a irresignada meios ou instrumentos processuais próprios, em sede judicial, para a solução dos problemas decorrentes de uma suposta responsabilidade trabalhista errônea. Ademais, as razões recursais não trazem fundamentos capazes de infirmar e reformar a proposição de indeferimento ora hostilizada. A judiciosa decisão arquivatória ora combatida, com a qual comungo e cujos fundamentos adoto como parte integrante deste voto, deve subsistir por seus próprios fundamentos. Cabe manter-se, por homologação, o arquivamento proposto pela digna Procuradora oficiante. CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO e NÃO PROVEJO O RECURSO ADMINISTRATIVO em exame e HOMOLOGO a 7

8 promoção de arquivamento exarada às fls. 320/321 dos presentes autos. providências de estilo. Retornem os autos à origem para as Brasília, 20 de outubro de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Membro da CCR RELATORA ffpam 8