CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: Interessado(s) 1: Interessado(s) 2: PRT 5ª Região Sigiloso Petróleo Brasileiro S/A (Petrobrás) Assuntos: Trabalho na Administração Pública / Procuradora oficiante: Rosangela Rodrigues D. de Lacerda RECURSO ADMINISTRATIVO. Petrobrás. Concurso Público. Terceirização. Supostas irregularidades em contratação de pessoal. Existência de outro procedimento em trâmite em que apurada a denúncia de terceirização ilegal. Necessidade de obtenção de informações quanto aos procedimentos já em trâmite no MPT e ações civis públicas ajuizadas em face da denunciada com o mesmo objeto investigatório ocorrência de terceirização ilícita. Pelo conversão do julgamento em diligência. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado com gênese em denúncia sigilosa, formulada em face da 1

2 Petrobrás, em que noticiadas supostas irregularidades no trâmite de certame com vistas à contratação de novos empregados. Narra a denúncia, verbis: No mês de abril de 2012, recebi via e por telegrama a convocação da Petrobrás para apresentar os documentos e encaminhamento para os exames médicos admissionais no Rio de Janeiro. Após apresentação dos documentos, e estando todos de acordo com o solicitado, fui encaminhado para a realização dos exames médicos com os demais convocados e depois convocado a comparecer no mês de maio para a continuação dos exames. Como não ocorreu até o momento a convocação para a assinatura do contrato, peço vosso auxílio em relação à situação que até o momento causou para mim diversos prejuízos como ter perdido meu emprego por faltas a 5 dias no mês de a bril e mais 2 e meio no mês de maio para apresentação dos documentos e exames médicos, custos de viagem e hospedagem, descontos dos dias de falta no trabalho, expectativas, insônia, ansiedade, impossibilidade de me empregar novamente pela incerteza de ser chamado, ter que deixar o emprego de lado e passar por tudo novamente, dentre outros. Faço essa denúncia por entender que se o concurso vencer e eu, bem como todos os demais convocados, não formos chamados, está havendo um grande abuso e desrespeito por parte da Petrobrás com as pessoas envolvidas, que investiram tempo, recursos 2

3 e expectativas, que têm sonhos e objetivos, que existe uma família por trás de tudo, que passaram necessidades para ir até lá realizar os exames e que no final terão seus planos frustrados, situações que em palavras não é possível descrever. Por ter grande parte do corpo técnico em segurança do trabalho terceirizado, uma atividade-fim, ratificado no próprio edital, a Petrobrás está infringindo as diversas legislações relacionadas, bem como gerando custo bem maior para a União para poder contratar terceiros que custam mais que próprios. Já está tramitando no MPT do Rio Grande do Norte, um processo sob o número /0 MPT-RN, que denuncia estes acontecimentos, e seria muito importante essa instituição tomar ciência deste também. Há também uma ação civil pública sob o nº na 2ª Vara da 4ª Região do Poder Judiciário da Justiça do Trabalho de Canoas no Rio Grande do Sul já julgada em relação a terceirização que ocorre na Petrobrás e subsisdiárias. O ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu o arquivamento liminar do procedimento sob os seguintes fundamentos (fl. 83/86), verbis: (...)... o edital da Petrobrás tem de ser interpretado em seu conjunto de disposições e regras. 3

4 Ora, uma vez aprovado o candidato na qualificação técnica, é feita a sua convocação para exames médicos, psicoteste e exame de vida sociofuncional, de sorte que nem sempre os que são convocados para esta etapa serão chamados para admissão, por um motivo muito simples: como o exame médico, o psicoteste e o levantamento sociofuncional são ELIMINATÓRIOS, a Petrobrás (e todos os entes da Administração Pública direta ou indireta) sempre convoca mais candidatos para realizá-los que o número de vagas, para que, em uma eventual eliminação, já existam candidatos aptos para assumir o posto, imediatamente. Esta conduta é adotada em toda a administração publica, especialmente no Poder Executivo, e não há qualquer ilegalidade. Repita-se: a Petrobrás convoca mais candidatos aprovados do que o número de vagas para realizar os exames médicos, psicoteste e exame de vida sociofuncional, para evitar, por exemplo, a perda da vaga, caso algum candidato seja eliminado nesta etapa. Quanto à questão da terceirização da Petrobrás, já vem sendo investigada em outras regionais, de sorte que não há necessidade de instauração de outro procedimento investigatório. Em nosso sentir, contudo, a questão sub examine não enseja a instauração de procedimento investigatório no âmbito do Ministério Público do Trabalho, dada a natureza individual do direito cuja violação é denunciada, bem como pela ausência de ilicitude da conduta da denunciada, quanto à convocação do denunciante não quanto à terceirização. 4

5 Intimado o denunciante da decisão de arquivamento, este apresentou recurso administrativo (fls. 88 e 89/101), cujos trechos abaixo merecem destaque, ad litteram: Como não ocorreu a convocação para a assinatura do contrato, resolvi realizar a denúncia porque a situação causou para mim diversos prejuízos, como ter perdido meu emprego por faltar a 5 dias no mês de abril e mais 2 e meio no mês de maio para apresentação dos documentos e exames médicos, custos de viagem e hospedagem, descontos dos dias de falta no trabalho, expectativas, insônia, ansiedade, impossibilidade de me empregar novamente pela incerteza de ser chamado, ter que deixar o emprego de lado e passar por tudo novamente, dentre outros, que também ocorreu com diversos outros candidatos. Fiz a denúncia por entender que se o concurso vencesse eu, bem como todos os demais convocados, não fôssemos chamados, estaria havendo um grande abuso e desrespeito por parte da Petrobrás com as pessoas envolvidas, que investiram tempo, recursos e expectativas, que têm sonhos e objetivos, que existe uma família por trás de tudo, que passaram necessidade para ir até lá realizar os exames e que no final teriam seus planos frustrados, situações que em palavras não é possível descrever. Peço a essa comissão que reveja o caso, inclusive pelo fato de estar representando o interesse de centenas de pessoas não só no pólo de Macaé, mas em diversos outros espalhados pelo Brasil em que aconteceram esses abusos com relação a esse mesmo concurso por parte da Petrobrás em que centenas de 5

6 candidatos foram prejudicados e onde se feriu os princípios do art. 37 da Constituição Federal. Com vistas dos autos, a i. Procuradora oficiante manteve o arquivamento do procedimento pelas mesmas razões já delimitadas. Ausência de contrarrazões. a esta relatora. Por distribuição deste feito na CCR, vieram os autos É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO Administrativo ora em análise (fls. 88 e 105). Apresenta-se hábil e tempestivo o Recurso O i. Órgão Ministerial oficiante fundamenta sua tese arquivatória, sobretudo, no argumento de não procedência das irregularidades levantadas pelo denunciante, uma vez que as contratações dos empregados aprovados em certame realizado pela Petrobrás estavam ocorrendo de acordo com as normas previstas em edital. 6

7 Outrossim, o d. Parquet oficiante também salientou a existência prévia de distintos procedimentos investigatórios em trâmite em outras Regionais, bem como a judicialização da questão perante a Justiça laboral, abarcando a questão referente à terceirização de atividade fim promovida pela empresa denunciada, o que encontra respaldo, inclusive, na própria peça de ingresso ( Já está tramitando no MPT do Rio Grande do Norte, um processo sob o número /0 MPT- RN, que denuncia estes acontecimentos Há também uma ação civil pública sob o nº na 2ª Vara da 4ª Região do Poder Judiciário da Justiça do Trabalho de Canoas no Rio Grande do Sul ). A situação de não convocação dos concursados e a utilização de obreiros terceirizados podem estar interligadas, ou seja, não convocam os concursados porque os postos de trabalho e os cargos estão ocupados por trabalhadores contratados por interpostas pessoas, razão pela qual entendo que a justificativa contida no relatório de arquivamento de fls. 83/86 não é suficiente a ensejar o encerramento do presente procedimento. Assim, tendo em vista que um dos fundamentos arquivatórios esposados pelo i. Órgão Ministerial oficiante em relação à investigação da ocorrência de terceirização ilegal no âmbito da Petrobrás é a existência de outros procedimentos em trâmite no Ministério Público do 7

8 Trabalho com o mesmo objeto, tanto na PRT 21ª Região quanto ação civil pública proposta pela PRT 4ª Região, tem-se que a obtenção de informações relacionadas a tais expedientes revela-se de inegável importância para a adequada apreciação do recurso interposto pela parte irresignada, assim como para a realização da atividade revisional cabível a esta CCR/MPT. portanto, é medida que se impõe. A conversão do presente julgamento em diligência, Por fim, ante a necessidade de obtenção das informações supracitadas, fica sustado o exame do Recurso Administrativo interposto às fls. 89/101 até o cumprimento do deliberado no presente voto. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONVERTER o presente julgamento em DILIGÊNCIA, para que se busquem informações acerca do supramencionado procedimento em trâmite na Procuradoria Regional do Trabalho da 21ª Região e da Ação Civil Pública, também já referida, oriunda da Procuradoria Regional do 8

9 Trabalho da 4ª Região, com vistas à verificação de seus objetos de investigação, assim como seu atual estado naquelas regionais. Oficiem-se às mencionadas Procuradorias Regionais da 21ª Região e da 4ª Região, para que prestem as informações necessárias à presente diligência. Por conseguinte, fica sustado o julgamento do Recurso Administrativo constante no presente procedimento até o cumprimento da diligência e advento das informações determinadas por esta C. CCR ao d. Órgão Ministerial oficiante. Cientifiquem-se os interessados e a Chefia da Procuradoria Regional do Trabalho de origem. Brasília, 22 de fevereiro de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA ffpam 9