COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA COORDENAÇÃO DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO LÍNGUA PORTUGUESA NOTA DE AULA 07/ 2º TRIMESTRE
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1 COORDENAÇÃ O DO 1º ANO GABARITO COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA COORDENAÇÃO DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO LÍNGUA PORTUGUESA NOTA DE AULA 07/ 2º TRIMESTRE Como garantir um bom resultado durante a leitura de um texto? A garantia de uma boa leitura pode ser sintetizada nos cinco elementos que todo leitor deve identificar num texto. Ei-los: 1. TEMA ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer do texto; 2. PROBLEMA (situação discursiva) aquilo que provocou o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento de motivação do autor; 3. TESE: a ideia de afirmação do autor a respeito do assunto. O que o autor fala sobre esse tema? Que posição assume, que ideia defende? O que quer demonstrar? 4. OBJETIVO (intenção discursiva) a finalidade que o autor busca atingir. O objetivo pode estar implícito ou explícito no texto; 5. IDEIAS CENTRAIS (tópico frasal) ideias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar ideias centrais ou secundárias. Acesso em 26/04/2016. Leia abaixo o texto de Raphael que recebeu nota 1000 no Enem 2015, sob o tema "A persistência da violência contra a mulher no Brasil" e responda às questões propostas. Os conectores destacados em vermelho referem-se à coesão sequencial, enquanto os conectores em azul referem-se à coesão referencial por substituição. Equilíbrio Aristotélico Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao 1
2 voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social. É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à problemática. Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil. Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país. 2
3 Proposta de exercícios de análise e interpretação textual. a) Analise o tema abordado no texto. Comprove a sua resposta assinalando uma expressão que faça referência a esse tema em cada uma das partes do texto. Sublinhado e negritado no texto. b) Divida o texto em três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão). Resposta no item c, abaixo. c) Divida cada parágrafo em três partes (tópico frasal, argumentação e conclusão) e, com base na leitura da nota de aula 05, identifique a forma sob a qual cada tópico frasal é elaborado. 1º parágrafo Introdução da redação (gancho (exposição inicial sobre o tema e tese) Tópico frasal: Alusão histórica gancho Argumento: Alusão histórica Tese: Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social. Desenvolvimento da redação 2º parágrafo Tópico frasal: Declaração inicial Argumentos: Citação direta e comparação 3
4 3º parágrafo Tópico frasal: Declaração inicial Argumentos: Citação direta e comparação Conclusão da redação 4º parágrafo Tópico frasal: Declaração inicial (reafirmação da tese {paráfrase}) Argumentos: proposta de intervenção. d) Identifique a tese proposta pelo autor. Explicitado no item c, acima. e) Explique, por meio de um parágrafo padrão, a intencionalidade discursiva do autor e as estratégias argumentativas utilizadas por ele. Raphael tem como propósito discursivo defender a tese de que a violência contra a mulher no Brasil está intrinsecamente relacionada a questões legais e culturais. Para isso, ele utiliza como estratégia argumentativa o argumento de autoridade, uma vez que fundamenta seus argumentos com citações indiretas de autores como Aristóteles e Durkheim. No primeiro parágrafo, para sustentar a ideia de que a violência contra mulher está relacionada a falha na aplicação das leis de proteção à mulher (Leia Maria da Penha), o autor utiliza o conceito aristotélico de que a justiça só alcança equilíbrio na sociedade se for aplicada por meio da política. Já, no segundo parágrafo, o autor se baseia na teoria de Durkheim para destacar que o machismo, por ser um pensamento passado de geração a geração nos núcleos familiares e na sociedade de modo geral, é também um fator de legitimação social do comportamento de violência contra a mulher. Assim, Raphael, ao utilizar autoridades reconhecidas no universo acadêmico, elabora uma argumentação que propicia maior credibilidade à tese defendida. 4
5 CONCEITOS BÁSICOS DE COESÃO TEXTUAL A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Esse encadeamento pode ser expresso por conjunções, por determinadas palavras, ou pode ser inferido a partir da articulação dessas ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será composto de um ou mais períodos também articulados; cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores ao_enem_2013.pdf 2.1 Coesão: uma propriedade textual responsável pelo encadeamento semântico entre frases ou parte delas, que se inter-relacionam para assegurar um dado desenvolvimento informacional. II MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL 1. Conceito: mecanismos de coesão são aqueles elementos lingüísticos responsáveis pela estruturação da seqüência superficial do texto. 2. Classificação A) Coesão Referencial: manifesta-se geralmente através de itens lingüísticos que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, como pronomes pessoais, demonstrativos e relativos. a) Substituição: ocorre quando um dado elemento lingüístico é retomado ou precedido por um outro elemento. No caso da retomada, tem-se a anáfora. Ex.: Carla tem um automóvel. Ele é verde. No caso da antecipação, tem-se a catáfora. Ex.: Quero dizer-te uma coisa: gosto de você. b) Reiteração: é a repetição de expressões que têm a mesma referência no texto. Repetição do mesmo item lexical: ocorre quando a retomada da informação se dá pela repetição das mesmas expressões lexicais. Ex.: O fogo destruiu tudo. O edifício desmoronou. Do edifício, sobrou absolutamente nada. Sinonímia: ocorre quando a repetição se dá pelo emprego de sinônimos. Ex.: O barulho é um dos problemas mais graves que afligem nossa civilização nesse século. Os milhões de ruídos que rodeiam o homem diariamente, em quase todos os cantos, em sua maior parte, são produzidos por ele mesmo. Hiperonímia/hiponímia: quando o primeiro elemento de uma seqüência lingüística mantém com um segundo uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo. Quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe, tem-se o hipônimo. Ex.: Um porco morreu devido a uma overdose de haxixe depois de ter comido grande 5
6 quantidade de droga que seu proprietário escondeu em uma fazenda em Vilagarciana de Carril, na Galícia, noroeste da Espanha. (Folha de São Paulo, 12/02/91). Expressões nominais definidas: ocorrem quando há retomadas de um mesmo referente por meio de expressões de natureza diversa, relacionadas com o nosso conhecimento de mundo. Ex.: Comemora-se o sesquicentenário de Machado de Assis. As comemorações devem ser discretas para que sejam dignas de nosso maior escritor. Seria ofensa à memória do Mestre qualquer comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu a sua vida, já que o bruxo do Cosme Velho continua vivo entre nós. Nomes genéricos: ocorrem quando há reintegração do item lexical pela utilização de nomes genéricos, como: pessoa, coisa, fato, gente, negócio, lugar, idéia, funcionando como itens de referência anafórica. Ex.: Até que o mar, quebrando o mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa, certa, e depositou na areia surpresa triste, um homem morto... B) Coesão Recorrencial: ocorre quando as retomadas de estruturas lingüísticas visam à progressão do discurso. Constitui um meio de articular a informação nova àquela já conhecida no contexto. a) Retomada de termos: ocorre quando a repetição de um mesmo termo exerce uma função determinada, de ênfase, intensificação etc. Ex.: Pedro, pedreiro, pedreiro esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem, que já vem... b) Paralelismo: ocorre quando os elementos lingüísticos são reutilizados em enunciados com sentidos diferentes. Ex.: Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor C) Coesão Seqüencial: tem a mesma função da coesão recorrencial: fazer progredir o texto, impulsionando o fluxo informacional. Difere da recorrencial por não apresentar retomadas de itens, sentenças ou estruturas. Alguns exemplos: a) Correlação de tempos verbais: todo enunciado deve satisfazer as condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação relativa que são características da referência da realidade. Ex: Ordenei que deixassem a casa em ordem. / Ordeno que deixem a casa em ordem. b) Conexão das orações (alguns exemplos): Condição: estabelece uma relação de dependência entre proposições. Ex.: Se chover, não iremos à festa. Causa: ocorre quando há entre duas proposições uma relação de causa- conseqüência. Ex.: Saiu-se bem no exame porque estudou muito. Finalidade: conexão entre as duas orações estabelece uma relação meio-fim. Ex.: Estuda muito a fim de passar no exame. 6
7 Conformidade: conexão das duas orações mostra a conformidade de conteúdo de uma oração em relação à outra. Ex.: O réu agiu conforme o advogado lhe havia determinado. Explicação: a conexão das duas orações mostra que a segunda explica a primeira. Ex.: Deve ter faltado energia por muito tempo, pois a geladeira está totalmente descongelada. Adição: em que a conexão das duas orações mostra um conjunto de idéias entre as proposições. Ex.: Chegou cedo e recebeu os convidados. Adversão: a conexão entre orações mostra a oposição de idéias entre elas. Ex.: Chegou cedo, mas nada fez. c) Conexão de enunciados em textos: por meio de encadeamentos sucessivos e diferentes entre dois ou mais períodos e entre parágrafos de um texto. Os elementos formais responsáveis por esse tipo de conexão são chamados operadores argumentativos. Ex.: João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem boa formação e apresenta um consistente programa administrativo. Além disso, revela pleno conhecimentos dos problemas da população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessas demagógica. BIBLIOGRAFIA FÁVERO, Leonor Lopes (1991) Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática. KOCH, Ingedore G. Villaça (1993) A coesão textual. São Paulo: Ática. Acesso em 26/04/2016 Proposta de exercícios 1. Analise o texto Equilíbrio Aristotélico, retirando, quando houver, os mecanismos de: 1.1 Coesão referencial por a) Substituição; b) Reiteração por repetição de um mesmo; c) Reiteração por sinonímia; d) Reiteração por hiponímia / hiperonímia; e) Expressões nominais definidas; f) Nomes genéricos. 1.2 Coesão recorrencial 1.3 Coesão sequencial (Consulte a tabela da nota de aula 03 para identificar o valor semântico de cada um). 2. Com base na leitura das notas de aula 03 e 05, identifique a forma sob a qual cada tópico frasal a seguir foi elaborado, desenvolva-o em parágrafo padrão, observando os mecanismos de coesão textual. a. O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho. b. O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano. c. Nunca se utilizou tanto a tecnologia como nos dias de hoje, mas será que a vida se tornou mais fácil por isso? Resposta pessoal 3. Complete os espaços com palavras ou expressões que permitam a coesão e a coerência, evitando, principalmente, que a linguagem do texto se torne repetitiva e imprecisa. 7
8 A morte da tartaruga O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu - a, nela, com um pau (tinha nojo) e constatou que ela tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, porém logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. Cuidado, senão você acorda o seu pai. Entretanto, o menino não se conformava. Pegou a no colo e pôs-se a acariciarlhe o casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobrezinho parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do bichinho de estimação. Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruguinha. A mãe disse: "Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei o que faço. Já lhe prometi tudo, todavia ele continua berrando desse jeito." O pai examinou a situação e propôs: "Olha, Henriquinho. Se ela está morta não adianta mais você chorar. Deixa a aí e vem cá com o pai". O garoto depôs cuidadosamente o animalzinho junto do tanque e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o filho no colo e disse: "Eu sei que você sente muito a morte dela. Eu também gostava muito da animália. Mas nós vamos fazer pra ela um grande funeral." (Empregou de propósito a palavra difícil.). O menininho parou imediatamente de chorar. "Que é funeral?". O pai lhe explicou que era um enterro. "Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastantes balas, bombons, doces e voltamos pra casa. Depois botamos a bichinha na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o 'Happy-Birth-Day- To-You' pra ela e você assopra as velas. Então, pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos na e botamos uma pedra em cima com o nome da tartaruga e o dia em que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?" O garotinho estava com outra cara. "Vamos, papai, vamos! A minha amiguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhá-la. " Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. "Papai, papai, vem cá, a tartaruguinha está viva!" O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. O bicho estava andando de novo, normalmente. "Que bom, hein?" - disse -" Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!" "Vamos sim, papai" - disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande - "Eu mato ela (mato-a)." Moral: O importante não é a morte, é o que ela nos tira. %20ANO.pdf Obs: O conteúdo de coesão e coerência está presente na gramática do aluno, p. 242 a
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