ATIVIDADES DE PESCA NA PRAIA DA PINHEIRA.
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1 ATIVIDADES DE PESCA NA PRAIA DA PINHEIRA. Luis Felipe Cavalcante de Oliveira 1 ; Dra. Ana Regina de Aguiar Dutra (orientadora) 2 INTRODUÇÃO Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a produção brasileira de pescado, no ano de 2007, alcançou um volume estimado de toneladas, o que correspondeu a um crescimento de 2% quando comparado com o ano anterior. Segundo o mesmo ministério, esta produção correspondeu a R$ 3,6 bilhões (Sebrae/SC, 2010). A pesca desempenha importante papel na economia catarinense, o estado é o maior produtor de pescado e crustáceos do país. Os cerca de 500 quilômetros de litoral contribuem para que a atividade pesqueira de Santa Catarina seja bastante diversificada, tendo sua produção baseada em diversas espécies de peixes, crustáceos e moluscos, capturados por diferentes tipos de embarcações e métodos de pesca. Em 2007, Santa Catarina alcançou o primeiro lugar na produção de pescado nacional com um volume de ,5 toneladas (um incremento de 11,9% em relação a 2006) (Sebrae/SC, 2010). A partir de um diagnóstico feito pela Epagri, em 2004, sobre a pesca artesanal, os dados obtidos revelam uma importância da pesca artesanal, pois indicam a existência de pescadores em atividade no Estado, sendo eles responsáveis por uma produção de toneladas de pescado por ano, o que demonstra um aumento de 2,35 vezes na produção em relação ao ultimo dado oficial publicado em 1999, em que a pesca artesanal possuía uma estimativa de captura de toneladas de pescado. A pesca artesanal eleva em cerca de 30% a produção catarinense de pescado, tomando-se em conta as estatísticas referentes ao ano de 2000, da pesca industrial, que atingiu um total de toneladas capturadas. A - se fundamental para alavancar ainda mais o setor e auxilia-los a compreender suas atividades e a representatividade econômica, bem como conscientizá-los no que concerne a realização das tarefas e cuidado com a saúde dos mesmos. 1 Acadêmico de Engenharia de Produção da Unisul, bolsita do Art Professora e pesquisadora do Curso de Engenharia de Produção Unisul
2 O objetivo principal do presente projeto foi de estudar ergonomicamente as condições de trabalho relacionadas às atividades de pesca na Praia da Pinheira. MÉTODOS A população ou corpus do presente estudo compreende os pescadores da Praia da Pinheira, que pescam com embarcações. Os pescadores envolvidos são aqueles que se utilizam ou não do biodiesel como combustível para alimentar suas embarcações. O projeto acontecerá mediante o emprego da metodologia ergonômica, organizada da seguinte forma: A) Análise ergonômica das atividades dos pescadores da Praia da Pinheira Essa etapa contempla três fases distintas: a.1) Análise Ergonômica da Demanda: nesta fase caracterizamos a produção mundial, brasileira e catarinense de pescado, bem como levantou-se junto à literatura os acidentes e incidentes mais frequentes ocorridos na atividade de pesca e, ainda, mapeou-se as legislações vigentes, nos âmbitos mundial, nacional e estadual, ligadas a saúde e a segurança do pescador. a.2) Análise Ergonômica da Tarefa: nessa fase identificou-se as condições técnicas, ambientais e organizacionais dos pescadores. Foi-se necessário o levantar as informações sobre as condições de trabalho, acidentes e incidentes a partir da análise de documentos, observações e entrevistas com os pescadores, eventualmente, medições (nível de pressão sonoro, iluminação, temperatura do ar) dos locais de trabalho (nos ranchos, no mar). Para o levantamento dos acidentes e incidentes das atividades dos pescadores da Praia da Pinheira, empregou-se a técnica de incidentes críticos. A Técnica de incidentes críticos (TIC) consiste em um conjunto de procedimentos para reunir observações diretas sobre o comportamento humano, de maneira a facilitar sua utilização para a solução dos problemas práticos e a elaboração de princípios psicológicos compreensíveis (FLANAGAN apud SANTOS et al, 1997). a.3) Análise Ergonômica das Atividades: nessa fase identificou-se os comportamentos cognitivos e físico-musculares, adotados pelos pescadores para a realização das suas atividades laborais. Além do registro dos comportamentos físico-musculares dos trabalhadores em campo, por meio de filmagem e fotografias, se empregam outros métodos e
3 técnicas para melhor entender os referidos comportamentos cognitivos e físico-musculares, a saber: método NASA-TLX, escala de desconforto corporal e método OWAS. B) Síntese Ergonômica da Situação de Trabalho Essa etapa contempla duas fases distintas: b.1) Diagnóstico Ergonômico: nessa fase, formatou-se um diagnóstico das principais patologias ergonômicas, existentes na situação de trabalho analisada, que devem merecer uma transformação. Aqui foram identificadas, também, as causas e os efeitos dos acidentes/incidentes mais frequentes junto aos pescadores. b.2) Caderno de Encargos de Recomendações Ergonômicas: nessa fase, definiu-se as recomendações ergonômicas, visando uma melhoria das condições de trabalho e um aumento da produtividade e da qualidade dos pescados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Algo que ficou muito claro perante a pesquisa é que o fator cultural da técnica de pesca influi consideravelmente nas atividades e que a repetitivo nas mais diversas atividades, utilização EPI procedimentos nos barcos chocam-se em quesitos culturais e rotinas passadas pelas gerações de pescadores, deixando assim a compreensão de segurança a margem da eficiência e rapidez do processo sem a EPI. Ainda relacionado às questões climáticas, os trabalhadores ficam sujeitos as mudanças bruscas de temperatura, o que ocasionar o desenvolvimento de doenças como gripe, dores de garganta, ouvido e etc. As Figuras 1 e 2 ilustram..
4 - LX No quadro 1 ilustrado abaixo, foi feito um levantamento a partir das taxas e pesos ilustrados nas figuras 3, resultando em uma média ponderada global elevada.
5 Quadro 1 - Média ponderada global Figura 3 Escala da int4ensidade da carga mental de trabalho A partir do quadro 1 e da figura 3, percebe-se que a intensidade global de carga mental 12 j. Apesar dos dados ilustrados acima, pode-se melhorar essa média ponderada global utilizando-se mais do guincho para que não haja uma taxa tão alta de exigência física e nível de esforço. No quesito relacionado a questões físicas foi aplicado o método de escala de desconforto corporal e a aplicação dos métodos RULA e OWAS. O método Rula foi aplicado no momento em que é feita a descamação e o filé de peixe, enquanto que o método Owas foi aplicado no momento em que a rede de pesca é retirada do mar, como mostrado nas figuras abaixo. Nesse estudo ergonômico foram aplicados dois métodos, são eles: Rula e Owas. O método Rula foi aplicado no momento em que é feita a descamação e o filé de peixe (figuras 4 e 5), enquanto que o método Owas foi aplicado no momento em que a rede de pesca é retirada do mar, como mostrado nas figuras 6 e 7.
6 Figura 4 - Fazendo o filé de peixe Figura 5 - Resultado do método Rula. A partir das figuras ilustradas acima, conclui-se que a atividade exercida na figura 4 teve um nível de ação 3 (três), que é considerada um nível em que exige uma atenção maior a ponto de introduzir mudanças para que futuramente o trabalhador não tenha problemas com a saúde. Abaixo segue as figuras da atividade de retirada da rede do mar, a análise e o resultado a partir do método Owas. Sendo a figura 6 a forma de retirada da rede do mar sem o guincho e a figura 7 é a forma de retirada da mesma com o guincho. Mas devido aos maus tempos para navegar em alto mar, essas figuras foram apenas simulações.
7 Figura 6 - Retirada da rede do mar manualmente Figura 7 - Retirada da rede do mar com o guincho O resultado da figura 6 a partir do método Owas é apresentado na figura 8, atingindo a categoria de ação 2 (dois), ou seja, é uma categoria que não precisa de muitas correções, mas de cuidados para que num futuro próximo a saúde do trabalhador não seja afetada. Uma correção na postura do trabalhador para que previna esse acontecimento, seria posicionar as costas da melhor forma possível, deixando-a ereta.
8 Figura 8 - Aplicação do método Owas para a retirada da rede do mar manualmente Como ilustrado na figura 9, não há necessidade de mudanças em relação ao posicionamento do trabalhador na realização da atividade de retirada da rede com o guincho, mas devido à postura das costas que está torcida, precisa-se de uma atenção e cuidado para que em longo prazo as costas não sejam afetadas. Um método para resolver isso é deixando as costas eretas sem haver uma rotação da mesma. Figura 9 - Aplicação do método Owas para a retirada da rede do mar com o guincho
9 Quanto às questões relacionadas à saúde e segurança do trabalhador, não existe um setor responsável por estas ações junto aos pescadores da Praia da Pinheira, mas há uma norma regulamentadora que estabelece as disposições mínimas de segurança e saúde no trabalho, NR 30. Dependendo do tipo de embarcação, aplicam-se diferentes obrigações, um exemplo disso é o Apêndice I, que prevê disposições mínimas de segurança e saúde para os barcos de pesca novos, enquanto que o Apêndice II prevê disposições mínimas de segurança e saúde aplicáveis aos barcos de pesca existentes. Os acidentes de trabalho relacionados diretamente à pesca artesanal não são frequentes, devido ao baixo índice de rotatividade. Além disso, há um seguro que cobre os danos que os tripulantes da embarcação sofrem, não cobrindo os prejuízos materiais. Já as principais queixas estão relacionadas a questões físicas, como dores nos membros inferiores, devido ao balanço do barco provocado pelo mar e nos membros superiores quando ocorre o recolhimento da rede. Não existe uma regularidade de incidentes relacionados a problemas físicos, uma vez que a variação do cotidiano está diretamente relacionado às condições do mar, entretanto mesmo com dia calmo a parte motora é muito exigida. A embarcação possui motor e guincho que não possuem a proteção mais adequada para evitar acidentes. Também foi evidenciado queixas relacionados quando da atividade de limpeza dos peixes, pelos movimentos repetitivos e pela falta de equipamentos adequados para realização da atividade. Além do fato de não facilitar a realização do trabalho, corre-se o risco de acidentes de trabalhos, como cortes e perfurações, que para o pescador, influenciaria na realização das atividades do dia seguinte, já que o mesmo é autônomo. Ainda relacionado às questões climáticas, os trabalhadores ficam sujeitos a mudanças bruscas de temperatura, o que poderá ocasionar o desenvolvimento de doenças como gripe, dores de garganta, ouvido e etc. Quanto aos treinamentos, os pescadores aprendem os procedimentos de pesca quando novos, sendo assim, passam por um período de aprendizado para entenderem como se faz a retirada da rede de forma correta sem enrolá-la, além da descamação e corte do peixe, mas sendo supervisionado pelo pescador-proprietário da embarcação.
10 CONCLUSÕES Os resultados mostrados indi j consolidar a atividade sustentada da pesca artesanal. nidade, para alavancar e REFERÊNCIAS ABRAHÃO, J. SZNELWAR, L. I., SILVINO, A.; SARMET, M.; PINHO,D. Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blucher, BRASIL, Lei nº , de 29 de junho de GONÇALVES, Ligia Bianchi. Gestão de Segurança e Medicina do Trabalho: Normas Regulamentadoras e Fator Acidentário de Prevenção. São Paulo: Cenofisco, I ergonomia. P Edgard Blucher LTDA. 195 p. MARQUES, F.R. - RJ In: O Trabalho da Pesca:. Rio de Janeiro: Pro Uni-Rio / Unilagos. 61 p., NETO, D.G.; CORDEIRO, R.C.; HADDAD Jr., V. Janeiro. v. 21, n. 3, p , PI E E.. I Rio de Janeiro: Pro Uni-Rio / Unilagos. 77 p.., Rio de OLIVEIRA, Magno Markus F.F.G. de, UEP (Universidade do Estado da Paraíba), TELES, R.S.; VIDAL, M.C. E.. Rio de Janeiro: Pro Uni-Rio /Unilagos, FOMENTO O trabalho teve a concessão da Bolsa do Art 171 (FUNDES).
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