DESENHO CRÍTICO ANALISANDO A CRITICIDADE DOS ALUNOS NAS SALAS DE AULA DO BRASIL 1
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- Márcio Barroso Bugalho
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1 - SEPesq DESENHO CRÍTICO ANALISANDO A CRITICIDADE DOS ALUNOS NAS SALAS DE AULA DO BRASIL 1 José Eduardo Guterres Pereira Graduando em Pedagogia joseguterres@live.com Resumo: Precisamos tornar a educação crítica em nosso país. Devemos instigar em nossos alunos a curiosidade e a criticidade, pois desta maneira poderemos pensar em sujeitos cada vez mais atuantes em nossa sociedade. Para isto, o presente trabalho apresenta uma atividade de desenho para crianças, jovens e adultos, que os possibilita abrir seus olhos para a realidade, tornando-os sujeitos críticos de si mesmos, bem como do mundo ao seu redor. 1 Introdução Na atualidade a escola no Brasil, não permite o verdadeiro entendimento do aluno em relação aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Constatamos que, aliado ao currículo, os professores exercem a mera função de transmissores de conhecimentos já existentes, ou seja, a realidade cotidiana dos sujeitos aprendizes não vem sendo levada em consideração no contexto escolar. Falta ainda, aos professores, a consciência de que aprender criticamente é possível (FREIRE, 1998, p. 29), pois através desta concepção é que far-nos-emos sujeitos realmente dodiscentes 2 a ponto de criar um ambiente para a real aprendizagem. Em seu livro, Pedagogia da Autonomia Saberes necessários à prática educativa, Paulo Freire aborda diversos temas que deveriam ser apreendidos pelos professores a fim de orientar a formação do educador democrático e também implementar possibilidades de desenvolvimento de novos saberes na relação pedagógica. Em seu livro, Paulo Freire, destaca que ensinar exige rigorosidade metódica, aspecto onde evidencia-se a importância da presença 1 Trabalho desenvolvido e aplicado junto à crianças e jovens com bases em estudos sobre necessidade de educadores e educandos críticos nas salas de aula do Brasil. 2 Dodiscencia é o conceito que expressa a mutualidade inseparável entre educador e educando no processo de ensinar-aprender. Nos processos educativos e de aprendizagem há dodiscentes sujeitos do processo ensino-aprendizagem.
2 - SEPesq de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes (FREIRE, 1998, p. 29). Levando esses pressupostos em consideração, a proposição de atividades que exijam a criticidade dos alunos é uma necessidade constatada há algum tempo, mas que tem recebido escassas e superficiais ofertas. Eis que para vivenciar situações junto aos alunos, trago a atividade intitulada Desenho Crítico, pois utilizo-me da mesma para a exigência do desenvolvimento do senso crítico junto aos alunos, pois só assim podemos falar de saber ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos (FREIRE, 1998, p. 29). Assim, o presente trabalho aborda e reflete a partir da proposição de uma atividade prática de desenho para turmas de crianças ou jovens. Nela, estará evidenciada a importância do educador, através de suas competências, para buscar desenvolver nos educandos a criticidade em relação às coisas, ora tangíveis, ora intangíveis. Nesta perspectiva, aprofundaremos a importância da presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes (FREIRE, 1998, p. 29). 2 Metodologia Em um primeiro momento a atividade será realizada com crianças e jovens ao longo do ciclo de educação obrigatória (educação infantil, ensino fundamental e médio). Nesta abordagem devemos utilizar propostas que condizem com a realidade cotidiana dos alunos presentes em sala de aula, ou seja, deve-se buscar dar sentidos à atividade proposta. Para isso, nas escolas das áreas urbanas ou rurais, públicas ou privadas, com alunos em diferentes condições sociais e econômicas, sugere-se a proposta de quatro desenhos que possam condizer com suas realidades: árvore, casa, corpo humano e escola. Para realização da atividade, a turma será dividida em grupos de até quatro pessoas e para todos os grupos será indicado um dos temas proposto (árvore, casa, corpo humano ou escola), de modo que cada grupo deva realizar um destes temas. Os integrantes dos grupos receberão uma folha para o desenho, conforme o modelo que segue (figura 1)
3 - SEPesq Figura 1: Folha Padrão para Desenho Fonte: José Eduardo Guterres Pereira
4 - SEPesq Além disso, cada integrante de um determinado grupo deverá realizar a atividade de desenho com caneta/lápis de cor diferente ao demais integrantes de seu grupo. Preferencialmente os componentes do grupo não devem ter acesso visual aos desenhos dos demais integrantes de seu grupo, ou seja, devemos evitar os desenhos em roda para evitar que possa haver possibilidade de cópia do modelo de desenho dos colegas. Realizados todos os desenhos de determinado grupo, as crianças trocam seus desenhos entre si e adicionam pelo menos uma nova característica ao desenho que lhes foi entregue, mas devem registar na folha padrão seu nome e sua cor. Em seguida, realiza-se novamente estas trocas de desenhos de modo que todos os desenhos passem pelas mãos de todos integrantes até retornarem aos seus criadores. Ao final das rodadas de trocas e edições, os integrantes dos grupos devem reunir-se com seus desenhos, analisá-los e fazer a escola de um desenho para apresentar à turma. Caso haja mais de um grupo com o mesmo tema proposto, todos os desenhos casa, por exemplo, devem ser apresentados juntos para a turma. Ao apresentar o(s) desenho(s) para a turma, os alunos devem justificar a escolha daquele desenho. Depois de apresentado à turma, os demais alunos de fora deste(s) grupo(s) farão novas propostas de mais características a serem acrescentadas ao(s) desenho(s). Concluída a atividade, o professor recolhe todos os desenhos dos alunos e posteriormente faz a medição da criticidade de cada aluno, conforme gabarito de desenhos (Figuras 2, 3, 4 e 5), através dos desenhos realizados e das características acrescentadas ao demais desenhos de seus colegas. Os gabaritos têm por base orientar o educador a fim de relacionar as características dos desenhos com o nível crítico de cada educando. Para isso, foram analisados desenhos de crianças nos quais, em sua maioria, haviam carências de características fundamentais, mas que passavam despercebidas pelas crianças na hora de desenhar, pois estão acostumadas com desenhos mecânicos, de modo que não ensaiam o senso crítico na criação de seus desenhos. Muitas vezes as crianças davam-se por conta da falta de determinadas características quando recebiam em suas mãos os desenhos de seus colegas que assemelhavam-se demais com os seus, então percebiam a necessidade de pensar sobre aquele desenho para acrescentar novas características.
5 - SEPesq Figura 2: Gabarito de Desenho (árvore) Fonte: José Eduardo Guterres Pereira
6 - SEPesq Figura 3: Gabarito de Desenho (casa) Fonte: José Eduardo Guterres Pereira
7 - SEPesq Figura 4: Gabarito de Desenho (corpo humano) Fonte: José Eduardo Guterres Pereira
8 - SEPesq Figura 5: Gabarito de Desenho (escola) Fonte: José Eduardo Guterres Pereira
9 - SEPesq 3 Resultados e Discussão Nesta atividade reconhecemos um aspecto que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura (KRAMER, 2007, p. 15), através dos desenhos das crianças, a fim de torná-las críticas de si mesma, bem como críticas da realidade explicitada ao seu redor. Ao longo dos desenhos apresentados pelas crianças notamos que a mecanicidade com que os produzem, apresenta-se como força contrária ao senso crítico de representação e entendimento mundanos. No desenho da árvore, por exemplo, o que vemos, em sua maioria, são desenhos mecânicos e estereotipados, impostos às crianças ao longo de sua vida escolar, deste modo raramente criam algo pessoal. É preciso fazer-lhes entender que ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã (FREIRE, 1998, p. 31). Temos o objetivo de estimular a liberdade de criação e edição da realidade nas crianças, além de instigar sua criticidade em relação aos pontos de vista dos demais colegas, ensinando também a respeitar suas opiniões e propor de maneira sutil a troca de conhecimentos e vivências dos educandos entre si e com o educador. Para que o desenho possa ser algo para que o aluno atribua sentidos é necessário um comportamento prescritivo, pedagógico (BENJAMIN, 1994, p. 132) por parte dele. Deste modo, a criação e a possibilidade de transformação do desenho, possibilita o entendimento da criança sobre a possibilidade de criação e transformação da realidade, seja esta social, política, econômica, etc. A ideia central do trabalho do professor crítico, que ensina criticamente, baseiase na concepção da formação escolar direcionada a formação social dos indivíduos ali presentes. Portanto, fazemos uso da ferramenta artística que é o desenho, para abordar junto às crianças estes temas. Penso que, independente da importância da alfabetização, o desenho é um dos recursos didáticas libertador, pois através da possibilidade livre de criação é que as crianças nos indicam seus mais remotos e pessoais, sentimentos, fazem interpretações e representam-nas do seu modo. Afinal, desenhar tem se apresentado como atividade de muita estima das crianças, principalmente na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Pensar na criticidade das crianças, implica em saber que elas podem fazer parte de um grupo de indivíduos atuantes. Sabemos que são a próxima geração e o quão faz-se importante um desenvolvimento que possa
10 - SEPesq transformar a realidade. O ensino das humanidades, portanto, deve ser trabalhado insistente e incansavelmente por todo corpo docente de nosso país. Deve-se saber respeitar os conhecimentos dos alunos, bem como valorizá-los no âmbito escolar, aproximando a escola da realidade cotidiana de nossos alunos. Nesse sentido, Freire destaca a importância da presença de sujeitos críticos nas salas de aula: só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas. Por isso é que o pensar certo, ao lendo sempre da pureza necessariamente distante do puritanismo, rigorosamente ético e gerador de boniteza, me parece inconciliável com a desvergonha da arrogância de quem se acha cheia ou cheio de si mesmo. (1994, p. 30) Então, é necessário (re)pensar nosso currículo escolar, de modo que o conhecimento prévio de todo e qualquer aluno seja valorizado e também ampliado dentro da sala de aula, a fim de dar maior sentido a aprendizagem do aluno por todo o seu período de escolarização. 4 Conclusões Não contribuiremos para uma sociedade mais justa e humana sem a adequada educação para as nossas crianças. Para isso, faço do trabalho apresentado uma ferramenta de trabalho para os demais colegas professores, a fim de estimular a criticidade de nossos alunos. Possibilitando assim, a constituição social crítica de nossos alunos e professores. 5 Palavras-chave Desenho; criticidade; educação; 6 Agradecimentos À querida e estimada professora Denise Wildner Theves que acreditando em meu trabalho mostrou-se incansável na orientação deste artigo. Ao que me contempla com qualidade e excelência em minha formação acadêmica.
11 - SEPesq Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos. 2ª edição. Brasília: Departamentos de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia Saberes necessários à prática educativa. 5ª edição. São Paulo: Paz e Terra, NORTON, Maíra. Revista Poiésis, Diante do aparelho: a experiência pedagógica do cinema em Walter Benjamin, Rio de Janeiro, n 19, p , Junho de 2012.
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