PARECER Nº É o relatório.

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Nathalia Marreiro Lisboa
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1 PARECER Nº Exoneração a pedido de servidor artigo 56, inciso I, da Lei Complementar nº /94. Considerações sobre a aplicabilidade da norma aos servidores submetidos ao regime estatutário por força do artigo 276, caput, do mesmo diploma legal. Retornam a esta Procuradoria-Geral do Estado os expedientes administrativos nº /95.8-SAA e nº /95.7-SAA, nos quais foi exarado o Parecer nº , de autoria da Procuradora do Estado Márjori Teixeira Düren, que recebeu aprovação governamental, opinando pela exoneração a pedido do servidor HORLANDO CAVALHEIRO SOARES, considerando-se que a postulação fora deduzida no interregno entre a finalização da sindicância para apuração de irregularidades cometidas e a instauração do processo administrativo disciplinar correspondente. A Subchefia Jurídica e Legislativa da Casa Civil suscita dúvida quanto à aplicação, ao caso concreto, do artigo 56, inciso I, da Lei Complementar nº /94, que trata da exoneração a pedido, em face da condição, ostentada pelo requerente, de servidor celetista estabilizado no serviço público estadual nos termos do artigo 19 do ADCT da CF/88, submetido ao regime estatutário por força do caput do artigo 276 da Lei Complementar nº /94, a teor da decisão proferida pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº É o relatório. Em virtude da declaração de inconstitucionalidade, pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, na ADIn nº , da expressão operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantes, constante do 2º do artigo 276 da Lei Complementar nº /94, entendeu esta Procuradoria-Geral do Estado que os servidores abrangidos pela transposição estão categorizados como

2 extranumerários estatutários, ainda que destitularizados de cargos, ou, se não formalmente destitularizados, pelo menos impedidos de usufruir de direitos estatutários privativos de titular de cargo efetivo. (Parecer nº , da lavra da Procuradora do Estado Elaine de Albuquerque Petry). Tal exegese foi roborada pela mesma Procuradora, no Parecer nº , em que preconizou: Destarte, com a decisão final do Excelso Pretório, cujo acórdão está publicado, os chamados transpostos da Administração Pública direta, autárquica e fundacional reputam-se servidores estatutários sujeitos ao regime do direito público, e vinculados à relação de função pública sem titulação de cargo efetivo, inclusive às normas da Lei Complementar nº que não se destinem exclusivamente aos ocupantes de cargos. (Os grifos constam do original). O instituto da exoneração vem contemplado nos seguintes dispositivos da Lei Complementar nº /94 Estatuto e Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado: Art A vacância do cargo decorrerá de: I - exoneração; (...). Art A exoneração dar-se-á: I - a pedido do servidor; (...). A inaplicabilidade à espécie do artigo 56, inciso I, do Diploma Estatutário, decorreria, no entender da Pasta Consulente, presume-se não está bem explicitada a indagação, da circunstância do dispositivo antecedente artigo 55 relacionar a exoneração à vacância do cargo, o que afastaria a incidência daquela norma ao servidor extranumerário, titular de função pública, tal qual definido pelo Pretório Excelso. Para o deslinde da questão, faz-se necessário o registro do entendimento doutrinário acerca do instituto da exoneração, que se diferencia, diametralmente, da figura da demissão:

3 Não se confunda, portanto, demissão, que é um rompimento punitivo da relação do servidor com o Estado, com a exoneração, que é resultado ou do exercício de uma faculdade do servidor ou de poder discricionário da Administração de desfazer o vínculo estatutário. (...). A exoneração exclui o funcionário do serviço público, por motivos não disciplinares, se ainda instável. É ato administrativo discricionário. Costuma-se usar a mesma denominação para a exclusão a pedido do funcionário. A expressão exoneração é empregada também para designar certos tipos de desprovimentos que não importam em exclusão do serviço público, mas perda de cargos em comissão, de funções gratificadas ou de certas atribuições especiais. (DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, Curso de Direito Administrativo, Editora Forense, 7ª edição, Rio de Janeiro, 1989, p. 239 e 251). Em idêntica diretriz a preleção de MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, in Direito Administrativo, Editora Atlas, 4ª edição, São Paulo, 1994, p. 358 e 384: A função abrangia, antes da atual Constituição, pelo menos, duas modalidades diversas: 1. (...); 2. a exercida, antes da atual Constituição, pelos chamados servidores extranumerários, interinos, temporários e que compõem um quadro de funções paralelo ao quadro de cargos; normalmente essas funções têm a mesma denominação, remuneração e atribuições dos cargos correspondentes, porém são de livre provimento e exoneração, não conferindo estabilidade àqueles que as exercem; (...). Vacância é o ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego ou função. falecimento. Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e

4 (Destaquei). JOSÉ CRETELLA JÚNIOR também adota essa posição: Pela exoneração desliga-se o funcionário público voluntariamente da relação jurídica que o vincula ao Estado. Por isso, nesses casos se diz exoneração a pedido. Não se confunde, em nosso direito, a exoneração com a demissão, porque, enquanto esta última assume o caráter de pena administrativa aplicada pelo Estado, a exoneração é um ato pelo qual a autoridade competente dá por findo o exercício das funções públicas de um funcionário, por iniciativa deste. ( Curso de Direito Administrativo, Editora Forense, 8ª edição, Rio de Janeiro, 1986, p Grifei). Ainda, conforme PLÁCIDO E SILVA, na obra Vocabulário Jurídico, Editora Forense, 11ª edição, Rio de Janeiro, Volume I, p. 249, exoneração significa a dispensa do funcionário do cargo que ocupa ou função que desempenha. Difere da demissão, que é a dispensa do cargo ou função como penalidade, por não servir o funcionário segundo os princípios instituídos. A exoneração, portanto, consiste no rompimento do vínculo jurídico que une o servidor público ao Estado quer detentor de cargo ou de função pública por iniciativa da Administração ou dele próprio, servidor. Na situação ora examinada, consoante já dito, o requerente fora submetido, em razão do disposto no artigo 276 da Lei Complementar nº /94, ao regime institucional, tendo a Suprema Corte, em ação direta de inconstitucionalidade, firmado o entendimento de que os abrangidos pela regra passariam à categoria de servidores extranumerários exercentes de função pública, eis que não detentores de cargos.

5 Assente que a aplicação do instituto da exoneração não se restringe ao titular de cargo, sendo extensível a todos aqueles vinculados estatutariamente à Administração Pública, concluo pela viabilidade da exoneração a pedido do servidor HORLANDO CAVALHEIRO SOARES, forte no artigo 56, inciso I, da Lei Complementar nº /94. É o parecer. Porto Alegre, 27 de maio de EUZÉBIO FERNANDO RUSCHEL, PROCURADOR DO ESTADO. Processo nº / SAA Processo nº / SAA

6 Processo nº /95.8 Acolho as conclusões do PARECER nº 12534, da Procuradoria de Pessoal, de autoria do Procurador do Estado Doutor EUZÉBIO FERNANDO RUSCHEL. Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário Extraordinário para Assuntos da Casa Civil. Em 31 de maio de1999. Paulo Peretti Torelly, Procurador-Geral do Estado.

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