EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO DE PONTA GROSSA (PR)

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO DE PONTA GROSSA (PR) O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, em face do r. despacho de fls. 1201, vem perante Vossa Excelência se manifestar nos seguintes termos: I. DA AUSÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA Argumentam erroneamente as rés que a presente ação civil pública apresenta litispendência com outras em trâmite perante diversos juízos federais do Estado do Paraná. Não há litispendência em relação às demais ações civis pública em trâmite perante as circunscrições judiciárias de Maringá, Cascavel, Guarapuava, Londrina e Curitiba seja em vista do objeto restrito desta ação, sejam em vista do disposto no art. 16 da Lei n.º 7.347/85. c:\documents and settings\administrador\configurações locais\temp\mxlibdir\pedgiorodovias.doc

2 2 Superada a presente preliminar, por sua inteira impropriedade, passamos a analisar as demais impugnações antecedentes do mérito da ação. II. DA LEGITIMIDADE ATIVA Não pode haver dúvida sobre a legitimidade do Ministério Público para a propositura da presente ação. Não se busca aqui discutir sobre interesses privados de menor importância. Pretende o MPF defender o direito fundamental à liberdade de locomoção. A atribuição do PARQUET para propositura da presente ação civil pública fundamenta-se no artigo 129, inciso III da Constituição Federal, combinado com o artigo 5º da Lei 7347/85 e artigo 5º, inciso I, alínea h, inciso V, alínea b e artigo 6º, inciso VII, alínea b, todos da Lei Complementar 75/93. De igual sorte, tutela-se o direito individual homogêneo dos usuários ( consumidores ) da rodovia, dada a violação da facultatividade de sua utilização ( art. 81, inc. I e III, do CDC ). De outra parte, considerando que a liberdade de escolha do usuário, previsto no art. 7º, II, da Lei 8987/95,

3 3 incorporou-se ao conceito de serviço adequado ( art. 6º, X, da Lei 8.078/90 ), seu desrespeito deve ser prontamente coibido pelo Ministério Público, na qualidade de representante dos interesses usuários, razão da presente medida. Exsurge irrefutável, destarte, a legitimidade ativa do Parquet para propositura da presente ação, na defesa dos interesses difusos da pessoa humana e individuais homogêneos dos consumidores ( usuários da estrada ), uma vez que a cobrança do pedágio, nos moldes realizados, conforme restará demonstrado adiante, consubstancia ato ilegal. Assim a legitimidade ad causam do Ministério Público Federal decorre do permissivo para a defesa do patrimônio público, da moralidade e probidade administrativa, em benefício do direito difuso posto que pertencente à coletividade indeterminada, ou, em última análise, albergando direito coletivo dos usuários das questionadas rodovias. III DA LEGITIMIDADE PASSIVA Figuram no pólo passivo da presente ação a UNIÃO FEDERAL, que delegou a administração e exploração das rodovias federais ao Estado do Paraná, através de Convênio de Delegação.

4 4 Situa-se também no pólo passivo desta ação o ESTADO DO PARANÁ, tendo em vista que, obtida a delegação, promoveu a concessão da administração e exploração de obras e serviços da referida rodovia às empresas concessionárias. Igualmente são requeridas na presente lide o DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM DNER e o DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DER/PR, autarquias federal e estadual, respectivamente, as quais intervieram nos Convênios de Delegações. A empresa CAMINHOS DO PARANÁ S/A, concessionária do lote 04 do Anel de Integração do Paraná e a empresa RODONORTE CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS INTEGRADAS DO NORTE S/A, na condição de concessionária do Lote 05 do Anel de Integração do Paraná, ambas com direito à exploração de obra e serviços de trechos da rodovia federal BR-277, apresentam-se como litisconsortes passivos necessários desta ação, uma vez que estarão sujeitas aos efeitos diretos do resultado desta lide. IV DA COMPETÊNCIA Tendo em vista que a União delegou a administração e exploração da rodovia federal em questão ao Estado

5 5 do Paraná, que por sua vez está concedendo à iniciativa privada, a competência para conhecer as questões relativas à concessão é da Justiça Federal, de acordo com o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal. Por sua vez, o objeto da presente lide restringe-se aos trechos da rodovia federal já referidos, todos dentro dos limites de jurisdição deste Juízo. Em face ao exposto, as preliminares devem ser julgadas improcedentes e, tendo em vista que a matéria objeto da presente lide é meramente de direito, requer-se o julgamento antecipado da lide. Ponta Grossa/PR, 13 de Novembro de Fernando José Araújo Ferreira Procurador da República

6 6 DOCUMENTOS EM ANEXO 1. Mapa rodoviário do Paraná; 2. Mapa esquemático do Anel de Integração do Paraná; 3. Edital de Concorrência Pública Internacional n.º 004/96; 4. Contrato n.º 074/97 referente ao lote n.º 004; 5. Edital de Concorrência Pública Internacional n.º 005/96; 6. Contrato n.º 075/97 referente ao lote n.º 005; 7. Edital de Concorrência Pública Internacional n.º 006/96; 8. Contrato n.º 076/97 referente ao lote n.º 006; 9. Artigo publicado na revista Ciência Jurídica/77, set/out/97, págs , Regime Jurídica do Pedágio, de Hélvio Simões Vidal;

7 7 10. Artigo publicado na RT 430/33 Pedágio Condições para a sua Cobrança, de Hely Lopes Meirelles; 11. Sentença proferida pelo Excelentíssimo Juiz Federal Sergio Fernando Moro na Ação Civil Pública n.º ; 12. Requerimento enviado a Procuradoria da República no Paraná, pela representante dos moradores do bairro Lavrinha em São José dos Pinhais, Magaly Rosi Schoenau. 13. Matéria veiculada no jornal O Estado do Paraná de 26 de setembro de 1999, caderno Cidades, pág. 1, com o título Arriscam a vida para evitar o pedágio.