LIDERANÇA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR GERAL DA JUSTIÇA DE SÃO PAULO DOUTOR MARCIO ELIAS ROSA GERALDO CRUZ, Deputado Estadual Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com endereço na Avenida Pedro Álvares Cabral, nº 201, gabinete/sala º andar, São Paulo SP, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos do art. 6º, da Lei Federal nº 7.347/85 1 e art. 11, inciso II, do Ato Normativo º 484 CPJ 2, de 05/10/2006, apresentar a presente REPRESENTAÇÃO para que se proceda à apuração de possível inconstitucionalidade, ilegalidade e improbidade na conduta de GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, com endereço na Av. Morumbi, Portão 2 - Morumbi - São Paulo SP, pelas razões a seguir expostas: 1 1 Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção. 2 Art. 11. O inquérito civil poderá ser instaurado: (...) II mediante representação, nos termos do artigo 6º da Lei nº , de 24 de julho de 1985, e das disposições deste ato normativo; (...)

2 BREVE RESUMO DA PRESENTE REPRESENTAÇÃO A lei de proíbe a revista íntima dos visitantes nos estabelecimentos prisionais do Estado, conceituando revista intima como todo procedimento que obrigue o visitante a despir-se; fazer agachamentos ou dar saltos; ou submeter-se a exames clínicos invasivos, posto ser vexatória e contrária aos direitos humanos. Para garantir segurança ao estabelecimento prisional, a lei /2014 previu a revista mecânica executada em local reservado por meio da utilização de equipamentos como scanners corporais; detectores de metais; aparelhos de raios X; e outras tecnologias que preservem a integridade física, psicológica e moral do visitante revistado. A lei previu ao final: Art. 5º.O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua publicação. O GOVERNO DE SÃO PAULO NÃO CUMPRIU A LEI /2014, POIS NÃO A REGULAMENTOU NO PRAZO DE 180 DIAS DE SUA PUBLICAÇÃO. 2 O GOVERNO DE SÃO PAULO NÃO CUMPRE A LEI /2014 POIS NAS UNIDADES PRISIONAIS DO ESTADO AINDA VIGORA A REVISTA ÍNTIMA NOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS DO ESTADO. DESCUMPRINDO A LEI /2015 O GOVERNO DE SÃO PAULO VIOLA O PRINCIPIO DA LEGALIDADE, VIOLA AS CONSTITUIÇÕES FEDERAL E ESTADUAL. DO DIREITO A Constituição Federal no art. 37, caput, estabelece: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

3 A Constituição Estadual no art. 111 estabelece: Artigo A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade, motivação e interesse público. Brevemente, vejamos o principio da legalidade na lição de Celso Antonio Bandeira de Mello 3 : O (princípio) da legalidade é específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e dá identidade própria. (...) É, em suma: a consagração da idéia de que a Administração Pública só pode ser exercida na conformidade da lei e que, de conseguinte, a atividade administrativa é atividade sublegal, infralegal, consistente na expedição de comandos complementares à lei. A Lei /2014 é sucinta e clara DOC e a previsão para sua regulamentação em 180 (cento e oitenta) dias era razoável para a compra dos equipamentos previstos em seu art. 3º. e necessários, entre outras medidas, para seu cumprimento. Ocorre que o prazo já se esgotou e o Governo de São Paulo não cumpre os dispositivos legais! O aparato do Estado continua agindo como se não houvesse lei, sequer havendo prazo previsto para que as condições estejam postas para que a lei seja cumprida vide DOC. 02 em que é mencionada informação do Governo Estadual a respeito. Como é possível que o Governador do Estado de São Paulo deixe de cumprir a lei impunemente, havendo no Estado de São Paulo um órgão como o Ministério Público de São Paulo, comandado por Vossa Exa. e com as atribuições legais que lhe foram estabelecidas? É fato que há uma lei, que determina um comando ao Governador. Se não há cumprimento da lei, cabe ao Parquet tomar as medidas cabíveis. É preciso apurar a responsabilidade do Governador de São Paulo pelo não cumprimento e pela não regulamentação da lei que proíbe revista íntima. Se o Governador de São Paulo considera como letra morta a lei /2014 e optou, se dessume, por ignorá-la ao invés de regulamentá-la ou quiçá propor sua revogação impõe-se a questão: É DADO AO GOVERNANTE IGNORAR LEI VIGENTE QUE LHE DETERMINA UM COMANDO? 3 3 Curso de Direito Administrativo, 27ª Edição, Editora Malheiros, p. 99 e 100

4 A conclusão é evidente, não há justificativa para a conduta do Governador de São Paulo ao ignorar a lei /2014 aprovada pela Assembléia Legislativa, e é preciso a tomada de medidas por este Parquet. CONCLUSÃO É preciso que esta Procuradoria Geral de Justiça tome as providências pertinentes para que o Governador de São Paulo esclareça as razões de não cumprimento da Lei /2014, que proíbe a revista íntima nas unidades prisionais de São Paulo, bem como esclareça as razões do descumprimento do principio da legalidade previsto nas Constituições Federal e Estadual É preciso que este Gabinete de Procuradoria Geral de Justiça continue honrando as elevadas atribuições que lhe cabem, em defesa da legalidade e da transparência públicas, para apurar se há indícios da improbidade administrativa caracterizada no art. 11 da Lei 8429/92: Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: (...) II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;(...) 4 As medidas ora sugeridas visam à instrução de inquérito civil, que ora se requer seja instaurado, para apuração dos fatos e, constatadas improbidades, sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis por parte deste Parquet. Finalmente registre-se que no Pará, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul direitos humanos são garantidos e a proibição de revista íntima em unidade prisionais é fato vide DOC. 03 A 05. São Paulo, 08 de junho de Geraldo Cruz Deputado Estadual Líder da Bancada Partido dos Trabalhadores

5 RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS DOC DESCRIÇÃO 01 Lei / Matéria publicada no link /juiz-proibe-que-revistas-intimas-sejam-feitas-em-presidio-de-rioclaro.shtml 03 Matéria publicada no link 04 Matéria publicada no link 05 Matéria publicada no link 5