Correção monetária: como apresentar um cálculo completo ao judiciário
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- Victor Gabriel Ayrton Aquino Canedo
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1 Correção monetária: como apresentar um cálculo completo ao judiciário
2 Introdução Certamente não é fácil apresentar uma planilha de cálculos precisa ao Judiciário. São muitos fatores a serem levados em consideração. As fórmulas, os índices e suas correções, a necessidade de que estejam muito bem discriminados, dentre outros fatores, contribuem para a complexidade desta tarefa. E não são poucos os indexadores. Existem os econômicos, os diversos e aqueles que são determinados pelos tribunais. Cada qual com suas tabelas exclusivas e com suas datas próprias de mudança. Um desafio e tanto. Esse tipo de situação exige muita disciplina com relação ao acompanhamento dos dados e muita flexibilidade ao utilizá-los. Isso não é algo grave e que impeça o progresso de um escritório contábil ou advocatício, até porque todos os escritórios instalados no Brasil devem acompanhar os mesmos dados, excluindo-se os dados regionais. Porém, é uma necessidade que pode tornar a rotina muito improdutiva de quem acompanha essas modificações. Por isso, é sempre necessário procurar atalhos que resolvam esses complicadores.
3 Introdução O advento da automação, por exemplo, é um belo atalho para a resolução de vários problemas ligados a cálculos que levam muito tempo para serem realizados. Fora essas questões, existe a necessidade de cumprir os prazos, acompanhar os andamentos de processos, manter os cadastros de clientes em dia, cuidar da administração financeira, entre outras situações. O importante é ter em mente que o cálculo de correção monetária, mesmo sendo complexo, pode ser realizado de forma bastante simples se realizado com as ferramentas corretas, principalmente aquelas que agilizam os processos permitindo que o foco se firme nos negócios e não em rotinas de cálculo. Confira neste e-book algumas informações sobre correção monetária e como apresentar um cálculo completo ao judiciário. Boa leitura!
4 Capítulo 1 O que é correção monetária A correção monetária, também chamada atualização monetária, é a atualização do valor do dinheiro considerando-se as perdas por inflação. Enquanto os juros impactam diretamente na redução de valor da moeda, a atualização monetária serve para recuperar o preço justo. A atualização monetária é uma forma de correção exclusiva do Brasil, criada em meados dos anos sessenta do século passado. Portanto, se compararmos à existência dos juros, que existem desde a Antiguidade, pode-se dizer que é algo relativamente novo. Hoje, a correção monetária é determinada pelo Conselho Federal de Contabilidade e trata-se de um Princípio Fundamental da Contabilidade. Antes de ser controlada pelo Conselho Federal, a determinação dos valores ocorria por meio do Governo Federal e era chamada de Correção Monetária de Balanço. Em 1994, como medida para conter a inflação que na época era muito alta, houve a alteração de quem deveria estabelecer os valores dos índices.
5 Capítulo 1 O que é correção monetária Partindo disso, há regras para a utilização da correção monetária. Elas seguem os princípios para aplicação da atualização em relação a pessoas físicas e empresas: Todos os itens pertencentes a uma empresa ou uma pessoa deverão ter os valores corrigidos os parâmetros são os índices determinados pelas autoridades governamentais competentes. Os cálculos para os valores relativos aos bens fixos de uma pessoa ou empresa deverão ser feitos de forma separada dos valores em dinheiro. Em se tratando de empresa, o histórico do balanço patrimonial com os débitos e créditos deverão ser atualizados segundo os valores atuais estabelecidos pelos índices. É interessante que toda empresa possa destinar uma reserva chamada lucros a realizar para que, com as devidas correções, parte desse montante seja destinado a provisões e investimentos futuros. Como se percebe, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, há uma utilidade contundente em se analisar a forma como a correção monetária pode influir nos valores de pagamento de uma determinação judicial, ou ainda, de se verificar quanto vale um negócio.
6 Capítulo 2 Correção monetária com juros A correção monetária com juros pode ser aplicada em diversas situações, bastando que exista alguma decisão judicial que precisará da atualização dos valores financeiros. Dessa forma, seguem os itens relacionados a Justiça Federal, que se aplicam ao país inteiro: 2.1 Em caso de dívida fiscal Os juros de mora não incidem sobre a multa de mora. Os indexadores a serem utilizados na atualização dos valores são a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) e TMMCTN (Taxa Média de Capacitação do Tesouro Nacional). Nesse caso, a incidência dos juros sobre a correção monetária é vedada. Em caso de contribuição previdenciária. A situação atual passou a valer a partir de fevereiro de A aplicação diz respeito a aposentados e pensionistas, por isso a incidência é de juros simples e não compostos. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Nesse caso, há indexadores específicos determinados pela Caixa que devem ser aplicados para a realização dos cálculos. A indexação é baseada conforme a Taxa de Referência (TR), criada pela Súmula 459 do STJ. Os juros de mora a serem aplicados serão os simples, por se tratar de pessoa física, de 0,5% ao mês. Em se tratando de correções relacionadas ao INCRA. Aplicam-se juros simples sobre o valor do débito. O índice de referência é a taxa Selic, com um 1% ao mês.
7 Capítulo 1 Correção monetária com juros 2.2 Liquidação de sentença Seguem as formas de aplicação dos cálculos judiciais em se tratando de juros de mora: Ações condenatórias em geral. A capitalização deve ser realizada de forma simplificada. É vedada a incidência acumulada de juros e correção monetária. A indexação para esse tipo de aplicação deve ser baseada na caderneta de poupança. Benefícios previdenciários. O indexador é também a taxa de rendimento da caderneta de poupança. Repetições de indébito. Nesse caso o índice base é a taxa Selic. Ela deve ser capitalizada em juros simples, não sendo permitida a incidência de juros de mora e correção monetária. Desapropriações diretas. Os juros moratórios devem ser aplicados de forma simples de 6% ao ano, tendo como referência a TR. Desapropriações indiretas. Há duas modalidades de juros nesse caso. Os moratórios são de 6% ao ano, aplicados de forma simples. Os compensatórios são compensáveis com os anteriores e ficam em 12% ao ano. Ações trabalhistas. Quando o devedor é a Fazenda, os juros são de 0,5%. Quando se tratam de empresas públicas e prestadores de serviço, são de 1%.
8 Capítulo 1 Correção monetária com juros Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Nesse caso o indexador é a Taxa de Referência e há dois tipos de juros a serem aplicados. Juros remuneratórios: quando a aplicação é da Lei 5705/71 e artigo 13º da Lei 8036 de 1990, o valor estabelecido é de 3% ao ano. Para casos enquadrados no primeiro artigo da Lei 8678/73, o valor fixado é de 6% ao ano. Juros de Mora: o indexador base é a taxa Selic, que deve ser aplicada de forma simples e está vedada a sua aplicação cumulada com correção monetária. Caderneta de Poupança. Nesse caso, há também mais de uma forma de aplicação dos juros. Juros remuneratórios: são capitalizados mensalmente. A taxa é de 0,5%. Juros de mora: a forma de indexação estabelecida é baseada na Selic, sendo vedada a aplicação cumulada com juros de mora e correção monetária. Os juros de mora e remuneratórios incidem concomitantemente. A Selic incidirá sobre o juro principal (moratório), havendo acréscimo dos remuneratórios.
9 Capítulo 3 Correção monetária aplicada a multas Multa é uma pena que se aplica a alguém quando este descumpre uma obrigação contratual. Confira algumas formas de aplicação: 3.1 Multa compensatória É chama da cláusula penal. Consta nos artigos 408 a 416 do Código Civil. O objetivo é garantir que as partes que assinam um contrato venham a cumpri-lo. 3.2 Multa moratória Parte da necessidade coercitiva para que se cumpra um comando legal. 3.3 Multa penitencial Essa multa serve como substituição pela indenização de descumprimento de contrato, também conhecida como arras. 3.4 Multa cominatória É uma multa que dura enquanto permanecer uma inadimplência. 3.5 Multa processual As multas processuais são aplicadas visando o cumprimento dos atos relacionados a processos em andamento. Aplicam-se, por exemplo, em casos de atrasos.
10 Capítulo 3 Correção monetária aplicada a multas 3.6 Multa em valor fixo As multas judiciais assumem basicamente duas modalidades: em valor fixo e em percentual sobre débito Valor fixo Caso seja necessário atualizar o valor da multa, deverão ser indicados os seguintes itens: O valor estipulado da multa Índice estipulado Data inicial e final da correção monetária A cláusula contratual na qual ficou prevista a multa Valor da correção monetária Em percentual sobre o débito Essa multa incide sobre o valor final do débito estipulado. Por exemplo, em se tratando de uma multa de 20% e o valor total estabelecido no contrato seja de R$ ,00, o valor da multa será de R$ 2000,00.
11 Capítulo 4 Correção monetária por índices de correção Uma tabela de correção monetária tem a finalidade de apresentar índices de correção automática, que consideram a inflação ocorrida, bem como a conversão devida às várias mudanças de moeda. A tabela de correção serve para atualizar valores diante de um valor antigo. Diante dos cálculos feitos antigamente, hoje, com os fatores multiplicadores, podemos dizer que houve uma grande evolução com a simplificação do processo por meio de indexação. Porém, mesmo com a simplificação dos processos, é fato que existem muitos índices e há a necessidade de saber qual deles se aplica em cada caso em particular, o que pode ser um complicador na hora de realizar os cálculos. Isso ocorre porque diferentes esferas jurídicas criam seus próprios indexadores (Estadual, Federal e Trabalhista).
12 Capítulo Correção monetária por índices de correção Aproveite para conferir alguns dos índices existentes: 4.1 Econômicos Taxa de Referência (TR). Trata-se de um índice para realizar as atualizações de ganhos com a poupança. Ela foi criada no Plano Collor II e não reflete os juros do mês anterior, já que, quando foi criada, o Brasil passava por uma situação de hiperinflação. IGP DI. Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna. É medido pela Fundação Getúlio Vargas e é uma versão do IGP. Ele é faz medições do dia 1 até último dia do mês. IGM PM. Índice Geral de Preços do Mercado. É uma das modificações do IGP. Mede bens de consumo e bens de produção e vários outros insumos. INCC. Índice Nacional da Construção Civil. Ele varia todo mês e também é medido pela Fundação Getúlio Vargas.
13 Capítulo Correção monetária por índices de correção 4.2 Índices Diversos ORTN. Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional. Já foi bastante utilizado como indexador a nível nacional. Foi substituído pelo BTN. BTN. Bônus do Tesouro Nacional. Extinto em OTN. Título emitido entre os anos de 1986 e 1989 em substituição ao índice Obrigação do Tesouro Nacional (OTN). INPC. Índice Nacional de Preços ao Consumidor. É calculado pelo IBGE. Tem como base as famílias entre 1 a 5 salários mínimos e residentes em regiões metropolitanas. 4.3 Índice Judicial CJF. Conselho de Justiça Federal. Este órgão possui um índice próprio para realização de cálculos.
14 Capítulo 4 Apresentação de cálculos ao juiz Como se percebe, são muitos os fatores a serem levados em consideração no momento de se realizar a correção monetária. E o fato de que após proferida a sentença não se possa entrar com um recurso para reconsiderar algum erro ou omissão de valores, faz com que o rigor com que os cálculos são feitos seja fundamental. Para que não se cometam erros ao longo dos cálculos, é preciso também ficar atento às minúcias técnicas relacionadas aos indexadores. Isso é importante inclusive para que se evite o retrabalho, o que tornaria os procedimentos bastantes improdutivos. Além disso, é importantíssimo que os cálculos, que serão apresentados ao juiz na forma de laudo ou parecer, estejam impecavelmente organizados e que sejam entregues dentro do prazo estipulado. Por esse motivo, dispositivos que automatizam os processos podem ser de grande utilidade. Eles evitam que se cometam erros de cálculo e agilizam o processo; em outras palavras, otimizam a tarefa.
15 Conclusão Cálculo com correção monetária é algo bastante complexo e que precisa de uma profunda atenção com relação aos procedimentos realizados. Por isso, é sempre importante se atualizar com as novidades técnicas que o mercado oferece, permitindo que a realização dos trabalhos seja feita da forma mais correta possível. Manter-se atualizado e adaptar-se às novas tecnologias é algo que, além de permitir uma facilitação dos procedimentos, torna-os mais simplificados e ágeis.
16 Sobre a Debit A Debit é uma empresa pioneira em soluções financeiras, com expertise na realização de cálculos trabalhistas e correção monetária. É uma referência nacional para advogados, contadores e profissionais de RH, com uma cartela de mais de 100 mil usuários por todo Brasil. Aproveite para conferir o Debit Atualiza, solução de cadastro gratuito que realiza cálculos relacionados aos índices de correção monetária descritos nesse texto de forma bastante simples e agilizada.
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