MINISTÉRIO DA FAZENDA Secretaria de Acompanhamento Econômico Coordenação Geral de Transportes e Logística
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- Vítor Gabriel Cabral Chagas
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1 MINISTÉRIO DA FAZENDA Secretaria de Acompanhamento Econômico Coordenação Geral de Transportes e Logística Parecer Analítico sobre Regras Regulatórias nº 229/COGTL/SEAE/MF Brasília, 28 de agosto de Assunto: Audiência Pública nº 07/2015, da ANTT, que objetiva obter subsídios e informações adicionais para o aprimoramento da minuta de Resolução que trata da atualização/revisão da metodologia para cálculo da Taxa de Retorno do Fluxo de Caixa Marginal - WACC, de que trata o artigo 5º da Resolução nº 4.075, de 3 de abril de Ementa: Sugestões acerca da referência utilizada para determinar o grau de confiabilidade e revisão do período de aplicação da Taxa. Acesso: Público 1) Introdução 1. A Agência Nacional de Transportes Terrestres ANTT submeteu à Audiência Pública nº 07/2015 uma minuta de Resolução que trata da atualização/revisão da metodologia para cálculo da Taxa de Retorno do Fluxo de Caixa Marginal - WACC, de que trata o artigo 5º da Resolução nº 4.075, de 3 de abril de 2013.
2 2. Neste contexto, o objetivo deste parecer é apresentar as contribuições da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (SEAE) para aperfeiçoamento do documento mencionado, considerando as suas atribuições, explicitadas no art. 29 do Anexo I do Decreto nº 7.482, de 16 de maio de ) Das Melhores Práticas Regulatórias 3. A clara identificação do problema, a apresentação de justificativa para a proposição e a explicitação dos normativos legais que fundamentam a proposta são parte fundamental das melhores práticas regulatórias e são essenciais para a melhor compreensão da matéria pela sociedade. Avalia-se que, no presente caso, a agência atendeu a esses pré-requisitos. 4. A Resolução nº 3.651/2011 deixou em aberto a metodologia de cálculo das variáveis da fórmula de que trata o seu artigo 8º (taxa de desconto a ser utilizada nos fluxos dos dispêndios e das receitas marginais para efeito de equilíbrio, com base no WACC), que deveria ser proposta pela área técnica competente e validada mediante processo de audiência pública. Após análise das contribuições recebidas na fase de participação e controle social, a Resolução nº 4.075/2013 foi publicada. Em 2014 foram alterados os critérios de enquadramento nos estágios de remuneração do capital por meio da Resolução nº 4.296/2014. Quadro 1 Critérios de enquadramento. Prazo de Concessão 1º Estágio 2º Estágio 3º Estágio 20 anos 1ª ao 6º ano 7ª ao 14º ano 15ª ao 20º ano 25 anos 1ª ao 5º ano 6ª ao 16º ano 17ª ao 25º ano 30 anos 1ª ao 5º ano 6ª ao 21º ano 22ª ao 30º ano 5. A criação de mecanismo de Fluxo de Caixa Marginal foi motivada para adequar a inclusão de investimentos e custos operacionais necessários não previstos originalmente nos contratos de concessão, com níveis de remuneração calculados através de taxas de retorno compatíveis com a percepção de risco e expectativas macroeconômicas, como foi 2
3 salientado na Nota Técnica nº 039/GEROR/2013, de 13 de março de 2013, anexo V da Resolução nº 4.075/2013: A cada ciclo quinquenal de aplicação da taxa de retorno, contado a partir da entrada em vigor do 1º ciclo, os parâmetros dependentes de séries históricas sofrerão atualização, para acompanhar a realidade macroeconômica. Entretanto, a critério da ANTT, caso seja constatada alteração significativa das condições de financiamento do setor, poderá implicar na revisão do cálculo da taxa de retorno do Fluxo de Caixa Marginal. 6. Como as condições de financiamento do setor e a percepção de risco do mercado se diferem daquelas preconizadas à época da Nota Técnica ANTT nº 039/GEROR/2013, a presente audiência pública propõe não apenas a atualização das séries históricas das proxies utilizadas como referência no cálculo de WACC, mas também a introdução de uma abordagem probabilística com o objetivo de agregar maior grau de confiabilidade ao regulador para a tomada de decisão acerca da atratividade da taxa de retorno do Fluxo de Caixa Marginal, compatível com o custo de oportunidade do ente privado e sua percepção de risco no cenário macroeconômico atual. O quadro 2 apresenta a composição do capital da concessionária nos três estágios da concessão. Quadro 2 Percentual de financiamentos ponderados nas estruturas de capital de referência. Período de Concessão x y 1º Estágio 49,53% 21,23% 2º Estágio 29,96% 34,20% 3º Estágio 17,05% 39,78% 7. Foram elaborados gráficos de densidade de probabilidade referentes à taxa livre de risco (IDkA Pré 5SA), prêmio de risco de mercado e taxa de inflação (IPCA). Os dados utilizados para definição dos seus respectivos valores correspondem ao Z crítico do intervalo de confiança de 90% do gráfico de distribuição de probabilidades, considerando o teste bicaudal, onde se aplica α/2 nas duas caudas da distribuição. 8. As três faixas de retorno obtidas, segundo a Nota Técnica ANTT nº 01/SUEXE/SUREG/2015, levam em conta concomitantemente a conjuntura econômica do 3
4 momento, a estrutura de utilização das fontes de financiamento e a estrutura de capital correspondente a cada estágio de maturação das concessões reguladas pela ANTT na busca de uma estrutura ótima do setor, tanto no cálculo do custo de capital próprio quanto no custo de capital de terceiros, respeitando os limites impostos pelas instituições financeiras. Ademais, está sendo proposta uma estratégia de compartilhamento de riscos com grau de confiabilidade entre 70% e 80%, definido com base em um estudo internacional citado na nota técnica em comento, para a convergência entre o WACC regulatório e o custo de oportunidade do investidor. O quadro 3 apresenta os valores resultantes da aplicação da abordagem probabilística. Quadro 3 Resultado do WACC regulatório após a aplicação do Método de Monte Carlo. 1º Estágio 2º Estágio 3º Estágio Médio WACC 8,59% 9,31% 9,92% 9,17% 3) Efeitos da Regulação sobre a Sociedade 9. A distribuição dos custos e dos benefícios entre os diversos agrupamentos sociais deve ser transparente, até mesmo em função de os custos da regulação, de um modo geral, não recaírem sobre o segmento social beneficiário da medida. 10. A Resolução ANTT nº 4.075/2013, a qual a proposta em análise está subordinada, prevê em seu artigo 5º que os parâmetros para o cálculo da taxa de desconto serão revistos quinquenalmente. Durante o período de cinco anos podem ocorrer alterações significativas na realidade econômica, de modo que a adoção de um prazo relativamente longo de aplicação da taxa de desconto pode provocar certo desalinhamento em relação às condições do mercado, seja acarretando em dificuldades para a realização de novos investimentos pelas concessionárias, pelo fato destas considerarem que não serão remuneradas adequadamente pelo novo investimento a ser realizado, seja remunerando excessivamente os concessionários pelos novos investimentos, o que acaba onerando demasiadamente a tarifa. Apesar de estar prevista a possibilidade de atualização dos parâmetros em um prazo menor do que 5 anos em caso de alteração relevante das condicionantes econômicas, tal possibilidade é discricionária da agência, o que pode acarretar na manutenção desse cenário desfavorável por longos períodos, ou para o Poder Concedente, ou para a Concessionária. 4
5 11. Desta forma, sugere-se a alteração do art. 5º da Resolução ANTT nº 4.075/2013, de forma que a atualização dos parâmetros dependentes de séries históricas ocorra em período inferior a cinco anos, com o objetivo de diminuir eventual defasagem da taxa de retorno ao longo do prazo de concessão. 12. Sugere-se, também, que se busque, além do estudo citado na Nota Técnica ANTT nº 01/SUEXE/SUREG/2015, outros estudos internacionais na fundamentação da escolha do grau de confiabilidade entre 70% e 80% para a estratégia de compartilhamento de risco. Como mencionado na nota técnica, a escolha de um determinado nível de confiabilidade trata-se de um processo de tomada de decisão de nível de risco e fundamentar essa escolha favorece a justificativa de convergência entre o WACC regulatório e o custo de oportunidade do investidor. 4) Análise do Impacto Concorrencial 13. O impacto concorrencial de uma medida regulatória pode ocorrer por meio de: i) limitação no número ou variedade de fornecedores; ii) limitação na concorrência entre empresas; iii) diminuição do incentivo à competição; e (iv) limitação das opções dos clientes e da informação disponível 1. Considerando tais critérios, não foram verificados indícios de que a proposta em análise resulte em impactos concorrenciais negativos. 5) Considerações Finais 14. Ante o exposto, considerando o âmbito de suas competências e dado o teor da matéria, a SEAE recomenda que a ANTT: (i) adote um período de revisão da taxa de retorno inferior ao que atualmente vem sendo praticado, isto é, um prazo de aplicação da taxa de retorno menor do que 5 anos; 1 OCDE (2011). Guia de Avaliação da Concorrência. Versão 2.0. Disponível em: 5
6 (ii) inclua novos estudos na análise para definição do grau de confiabilidade baseado em padrões internacionais, para definir a convergência entre o WACC regulatório e o custo de oportunidade do investidor. À consideração superior. MYLENA M. DE ALENCASTRO COSTA Gerente ROBERT RAMON DE CARVALHO SOUSA Gerente RODRIGO ROSA DA SILVA CRUVINEL Coordenador CLEYTON MIRANDA BARROS Coordenador-Geral de Transportes e Logística De acordo. PABLO FONSECA PEREIRA DOS SANTOS Subsecretário de Regulação e Infraestrutura 6
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