Neralueia Silva de Andrade impetrou Mandado de Segurai

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAIBA GABINETE DO DESEMBARGADOR ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA MANDADO DE SEGURANÇA N." /001 RELATOR :Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. IMPETRANTE :Neralúcia Silva de Andrade. ADVOGADO :Alberto da Franca Pereira. IMPETRADO :Secretário da Receita do Estado da Paraíba INTERESSADO:Estado da Paraíba por seu Procurador Sérgio Roberto Felix de Lima ACÓRDÃO EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ISENÇÃO DE ICMS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. NECESSIDADES ESPECIAIS. DIREÇÃO HIDRÁULICA. CONVÊNIO 03/2007/CONFAZ. DECRETO ESTADUAL N /2009. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. PRECEDENTE DESTE EG. PLENO. REJEIÇÃO DO INCIDENTE. RESTRIÇÃO DE HIPÓTESES. IMPOSSIBILIDADE. INCLUSÃO SOCIAL. CONCESSÃO DA ORDEM. Enquanto não for editada a lei complementar necessária à instituição do ICMS, os Estados e o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar n 24/75, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria. O objetivo da lei que criou a isenção foi excepcionar o tratamento dado aos deficientes físicos, reduzindo-lhes os ônus fiscais na aquisição de veículo automotor, corno forma de compensação dos encargos com as adaptações necessárias ao seu manuseio pelo proprietário. É ilegal o ato administrativo que indefere requerimento de isenção de ICMS com base em Decreto Estadual que restringe hipóteses elencádas no Convênio ICMS 03/2007. VISTO, examinado, relatado e discutido o presente procedimento de MANDADO DE SEGURANÇA, em que figuram como partes, Neralúcia Silva de Andrade. Impetrante, o Secretário da Receita do Estado da Paraíba, na qualidade de Impetrado, e o. Estado da Paraíba, na qualidade de interessado. ACORDAM os Membros do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, seguindo o voto do Relator, conforme a Súmula de julgamento constante dos autos, f. 88, conhecer do "mandamos" para conceder-lhe a ordem. VOTO Neralueia Silva de Andrade impetrou Mandado de Segurai tra ato

2 praticado pelo Secretário de Estado da Receita da Paraíba, que indeferiu pedido de isenção de ICMS para aquisição de veículo adequado às necessidades especiais. Alegou que é portadora de "'Espondilodiscoartrose' cervical entre os seguimentos C4-05, evoluindo com 'braquialgia' de ambos os membros superiores e 'Artrite reumatóide" com repercussão nas mãos (CID M 54.2, M 54.1, M 54.5 e M47)". e que o seu requerimento de isenção foi indeferido, porquanto suas patologias não constavam no rol do ANEXO II. do Decreto Estadual n , de 27 de maio de que regulamenta a matéria, mesmo com a apresentação do Laudo Pericial assinado por médicos do DETRAN/PB. Sustentou que o Decreto /09 está em desacordo com o Convênio ICMS 03/2007, pois restringiu a hipótese de concessão do beneficio da isenção. quando estabeleceu pequeno rol de doenças e determinou que apenas os portadores de tais enfermidades desfrutariam desse beneplácito legal. Pugnou pela concessão da ordem para que fosse realizado o ato de concessão da isenção do ICMS, requerendo o deferimento da liminar para suspender o ato que indeferiu a isenção do tributo. Liminar indeferida, f. 46/47, sob o fundamento de que inexiste possibilidade de configuração de perigo a ser suportado pela Impetrante, visto que se no transcorrer da relação processual fosse concedida a segurança, a Impetrante seria notificada da decisão para realizar a compra do veículo. Notificada a autoridade apontada como coatora para prestar informações, tendo ela assim o feito às f. 50/59, alegando que o CID:1\454.2, M54.1. M54.5 e M47 de que é portadora a Impetrante não está relacionado no Decreto de 27 de maio de 2009, e que o laudo não atestou que ela era deficiente física ou portadora de invalidez absoluta. Aduziu que não podia ser dada interpretação extensiva ao Convênio ICMS 03/07, por absoluta vedação legal, e que não há direito adquirido a obtenção da isenção em virtude da aquisição de outro veículo com o benefício legal, tendo em vista que houve modificação na ordem jurídica. Pugnou pela denegação da ordem pela legalidade do ato praticado. Intimado, o Estado da Paraíba ingressou no feito, f. 75/83, arguindo incidentalmente a inconstitucionalidade formal do Decreto n /2009, sob o argumento de que o Convênio ICMS 03/2007 exige lei em sentido formal deste Estado para produzir eficácia. Defendeu a legalidade do ato questionado nestes autos, por ente ler que a doença alegada pelo Impetrante não consta no rol das doenças benefíiadas pela isenção e que não há possibilidade de aplicar analogia na situação de isençã Alegou que o Impetrante deixou de demonstrar a disponibili ad ntanceira r

3 para adquirir ou manter o veículo, pugnando pela denegação da ordem por ausência de direito líquido e certo. Foram os autos com vistas ao Ministério Público que deixou de se manifestar acerca do mérito, f. 61/66. É o relatório. A arguição de inconstitucionalidade suscitada pelo Estado da Paraíba não prospera. A isenção, como exceção ao princípio da igualdade fiscal, deve ser interpretada restritivamente, mas não pode ferir o princípio da isonomia. O objetivo da lei que criou a isenção foi excepcionar o tratamento dado aos deficientes físicos, reduzindo-lhes os ônus fiscais Da aquisição de veículo automotor, como forma de compensação dos encargos com as adaptações necessárias ao seu manuseio. Embora a Constituição Federal exija lei em sentido formal para estabelecer hipóteses de isenções, a Lei Complementar necessária para instituir o ICMS não foi editada, restando aos Estados Membros e ao Distrito Federal a celebração de. convênios nos termos da LC no 24/75 para fins de fixar normas reguladoras da isenção. Este Egrégio Tribunal Pleno já se manifestou nesse sentido: CONSTITUCIONAL E TRIBI ETÁRIO. ARGUIÇÃO DE 1NCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL. DECRETO ESTADUAL /2009. AFRONTA A CARTA MAGNA. ART. 155, 2, INC. XII, 'G' DA CF. NORMA QUE PRECEITUA A EXIGIBILIDADE DE LEI COMPLEMENTAR PARA DELIBERAR ISENÇÃO FISCAL AOS ESTADOS E DF. ART. 34, 8 DA ADCT. RESSALVA. POSSIBILIDADE DE REGULAR A MATÉRIA MEDIANTE CONVÊNIO ENQUANTO NÃO EDITADA A LEI COMPLEMENTAR. RECEPÇÃO DA LC 24/75. EXISTÊNCIA DE CONVÊNIO ICMS 03/07. REJEIÇÃO DO INCIDENTE. Enquanto "não for editada a lei complementar necessária à instituição do ICMS, os Estados e o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar n 24/75, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria. MANDADO DE SEGURANÇA. ICMS. ISENÇÃO, DEFICIENTE FÍSICO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ADAPTAÇÃO ESPECIAL. ITEM DE SÉRIE. DECRETO 1\1' /2009. ILEGALIDADE. OFENSA AO PRINCIPIO DA ISONOMIA. PRESENÇA DO DIREITO LIQUIDO E CERTODA IMPETRANTE. CONCESSÃO. É ofensivo ao direito liquido e certo da impetrante ato que indefere pedido de outorga de isenção na aquisição de veiculo automotor, com fulcro em dispositivo de decreto que extrapola os limites da lei e do convênio interestadual, além de afrontar o principio da isonom ia. Processo: Relator: Dra. MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDESE, Juiza Convocada. Orgão Julgador: Tribunal Pleno. Data do Julgamento:12/05/2010. Isso posto, rejeito o incidente de inconstitucionalidade. No mérito, a Impetrante ahneja a concessão da ordem para 1CMS para a compra de veículo automotor novo, com câmbio de macl nção de iático e

4 direção hidráulica, para ser dirigido por motorista portador de necessidade especial. constando no laudo médico 950/06: "PericianCla portadora de 'Espondilodiscoartrose" cervical entre os seguimentos (C4-05 e C6-C7) evoluindo com "braquialgia" de ambos os membros superiores e "Artrite reumatoide" com repercussão para as mãos. CID:M54.2, M54.1. M54.5 e M47", da Controladoria Regional de 'Trânsito CRT. Comissão de Exames Especiais. A Impetrante é portadora de deficiência física. constatada pelo órgão de trânsito competente (DETRAN-PB). que atestou a deformidade, recomendando-lhe dirigir veículos com direção hidráulica e considerou-a inapta definitivamente para dirigir veículos automotores convencionais, conforme laudo da Comissão de Exames Especiais subscrito por dois médicos, datado de 27/12/2006. O objetivo do Convênio ICMS 03/2007 que criou a isenção foi excepcionar o tratamento dado aos deficientes físicos, reduzindo-lhes os ônus fiscais na aquisição de veículo automotor, como forma de compensação dos encargos com as adaptações necessárias ao seu manuseio pelo proprietário. A matéria foi regulamentada pelo Governador do Estado da Paraíba, ao baixar o Decreto N , publicado no Diário Oficial de 27 de maio de 2009, que não só restringiu a isenção do ICMS, como definiu os portadores de deficiência física corno sendo apenas os que tenham patologia cujos CID's estejam relacionados no Anexo 11, que elenca pouco mais de 50 deficiências. De urna só vez, o mencionado Decreto executivo contrariou vários dispositivos de leis federais e o princípio constitucional da isonomia, pois impediu aos que comprovem a deficiência adquirirem veículo com isenção de tributo. Ademais, o portador de deficiência conta com proteção especial, e cumpre ao Estado, nos termos do artigo 23, II, da CF, cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de necessidades especiais. A Impetrante demonstrou, aqui, sua total incapacidade para dirigir automóveis comuns, sua habilitação para fazê-lo com veículos adaptados, e a sua capacidade econômica para adquirir veiculo novo Marca Honda, modelo Fit LX CVT, f. 26/27, possuindo, portanto, direito líquido e certo ao benefício fiscal, tanto que já teve a isenção de IPI concedida pela Receita Federal f Posto isso, rejeitado o incidente de inconstitucionalidade arguido pelo Estado da Paraíba, no mérito, concedo a segurança declarando a ilegalidade das restrições contidas no art. 1, 3, I, "a", e Art. 2', I, que reportam ao ANEXO II, do Decreto n /2009, como sendo as únicas hipóteses de concessão do benefício almejado e, por conseqüência, ordeno à Autoridade coatora a expedição do competente atp isentivo do ICMS na forma e fins requeridos na exordial. É O VOTO. Presidiu a sessão, com voto, o Excelentíssimo Senhor Desemb Gepésio

5 Gomes Pereira Filho, dele participaram. além deste Relator, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores e Juizes de Direito Convocados, Frederico Martinho da Nábrega Coutinho, Maria das Graças Morais Guedes Juíza convocada, Márcio Murilo da Cunha Ramos e Francisco Francinaldo Tavares Juiz convocado. Presente à sessão a Excelentíssima Senhora Procuradora de Justiça Jacilene Nicolau Faustino Gomes, Procuradora de Justiça. Segunda Seção Especializada Cível, Sala de Sessões do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba) em 11 de julho de /. Gabidete i o TJ/PB em João Pessoa-P 12 de jul, ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA Relator

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