+1*\ JiiiI. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. VISTOS, relatados e discutidos os presentes

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1 r +1*\ ACÓRDÃO JiiiI ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho REMESSA EX OFFICIO n /001 RELATOR: Des.Genésio Gomes Pereira Filho AUTOR: Norfil S/A Industrial Têxtil ADVOGADO: Mario Formiga Maciel Filho RÉU: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Peral, Harrison Targino REMETENTE: Juizo de Direito da 2 2 Vara da Fazenda Pública da Capital _ REMESSA OFICIAL Tributário ICMS Ação Anulatória Benefício fiscal concedido com base no art.10, inciso IX do RICMS/PB Mercadoria que não se enquadra nas hipóteses de diferimento Reforma da Sentença Provimento. - Esclareço, ainda, que a principal característica do diferimento é o adiamento do lancamento e pagamento tributários para etapa posterior da cadeia produtiva. Ou seja, não há isenção, ou extinção do imposto, apenas o adiamento da responsabilidade pelo ônus do imposto diferido, que fica a cargo do adquirente ou destinatário da mercadoria, na qualidade de sujeito passivo por substituição. - As peças descritas denotam a importação, respectivamente, de "partes e acessórios de bobinadeiras automáticas para fios elastanos" e "partes e acessórios de penteadoras de material têxtil", peças estas que não se enquadram na previsão do inc.ix do art. 10 do RICMS. autos. VISTOS, relatados e discutidos os presentes ACORDAM, os integrantes da Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO à Remessa, nos termos do voto do Relator e da certidão de julgamento de fl. 49. RELATÓRIO Cuida-se de Remessa oficial nos autos da Ação Ordinária e da Medida Cautelar interposta pela NORFIL S/A Indústria Têxtil em face do Estado da Paraíba.

2 A autora aduz que por diversos anos, com base no que dispõe o art.10, inciso IX do RICMS/PB teve os seus requerimentos acatados pela administração, no sentido de diferir a incidência de ICMS sobre a importação das máquinas que integram o ativo fixo da empresa. Ocorre que, nos pedidos mais recentes, apesar de serem iguais aos anteriormente concedidos, os requerimentos não foram acatados, sob o fundamento de que a autora não preenchia os requisitos do mesmo dispositivo legal. (fls. 02/07) Devidamente citado, o promovido apresentou contestação, afirmando que a empresa riao preenche os requisitos preconizados no artigo mencionado, visto que as peças e máquinas importadas são peças de reposição, não integrando o ativo fixo que menciona a Lei. Pugna, portanto, pela improcedência da Ação. (fls. 12/16) Autos conclusos ao Ministério Público, este opinou pela improcedência da ação. (fls. 18/23) Conclusos, o MM Juiz "a quo" julgou procedente o pedido da autora, nos termos da sentença de fls. 24/26, cuja parte dispositiva transcrevo in verbis: " Ante ao exposto, com fundamento no art. 10, inciso IX do RICMS/PB, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, decretando que a autora tenha o direito de desembaraçar suas mercadorias com a chancela do diferimento do ICMS. Condeno ainda o promovido ao pagamento de honorários de advogado que arbitro em R$ ,00 (Dez mil reais), tendo em vista o ínfimo valor da causa e de acordo com o que preceitua o art.20, 4 do Código de Processo Civil bem com restituição das custas. Remessa Oficial." Autos remetidos à Procuradoria, visto que a decisão a quo menciona inúmeros documentos encartados nos autos da Ação Cautelar, foi pedido o apensamento da mesma à estes autos. Despacho à f1.37. Determinação cumprida, fl.38. Novas vistas, a Douta Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento da remessa. (fls. 42/43). 110 É o relatório. VOTO Cuida-se de Remessa oficial nos autos da Ação Ordinária interposta pela NORFIL S/A Indústria Têxtil em face do Estado da Paraíba. O cerne da questão consiste em saber se o art. 10,inciso IX do RICMS/PB é aplicável ao caso. O ICMS, é um imposto sobre a circulação de mercadorias e prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, definição dada pelas legislações federal e estadual. Para definirmos a incidência desse imposto fazse mister conceituarmos o que seja mercadoria. Sobre mercadoria bem conceituou De Plácido e Silva, mencionado por Fernando Augusto Monteiro:

3 "Segundo o autor, somente o bem destinado ao comércio é que corresponde ao conceito de mercadoria. Não se trata de uma opinião isolada, mas de um entendimento quase que unânime na doutrina no sentido de que o bem corresponde ao gênero do qual a mercadoria é a espécie. Assim, somente a partir do momento em que um bem é colocado a venda é que ele corresponde a uma mercadoria, razão pela qual não temos dúvidas em afirmar que, até esse momento, o legislador não pode exercer a competência tributária e passar a estabelecer como hipótese de incidência do imposto circulação desse bem. Vale reiterar, somente a partir do momento em que estivermos diante de um bem destinado ao comércio é que o legislador poderá exigir o imposto sobre a sua circulação". I A Constituição Federal, em seu art. 155, 22, XII, "g" remete à lei complementar "a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados". O RICMS/PB prevê o diferimento "nas operações internas, interestaduais e de importação, realizadas com máquinas, aparelhos e 1111 equipamentos industriais destinados a integrar o ativo fixo do estabelecimento industrial (art.10,1x do RICMS/PB)". Desta forma, apenas nestas três hipóteses, ou seja, em sendo de máquinas, equipamentos ou aparelhos industriais e que sejam para integrar o ativo fixo é que fazem jus ao diferimento do ICMS, o que significa que sejam para o processo de produção, de modo que a empresa não seja consumidor final, hipótese que não caberia o mencionado diferimento. Um exemplo esclarecedor seria a importação do fio de algodão, para o processo de tecelagem. Os equipamentos importados pelo autor, descrito nas declarações de importação (Dl '5 ) n2 05/ e 05/ (fls.28/40;f1s.41/49 ação cautelar em apenso atestas peças de reposição de estoque, não contempladas nas previsões legais para diferimento do ICMS. Assim, as peças descritas às fls.36/39 e 48/49 (da ação cautelar) denotam a importação, respectivamente, de "partes e acessórios de bobinadeiras 10- automáticas para fios elastanos" e "partes e acessórios de penteadoras de material têxtil", peças estas que não se enquadram na previsão do inc.ix do art. 10 do RICMS. Ainda, o fato de existirem anteriores deferimentos da benesse tributária por parte do Fisco em relação à importação de materiais semelhantes aos ora analisados não implica na obrigatoriedade de concessão do diferimento na hipótese em análise, pois não há qualquer vinculação nestes anos. Portanto, uma irregularidade não justificaria a repetição de outra. Esclareço, ainda, que a principal característica do diferimento é o adiamento do lancamento e pagamento tributários para etapa posterior da cadeia produtiva. Ou seja, não há isenção, ou extinção do imposto, apenas o adiamento da responsabilidade pelo ônus do imposto diferido, que fica a cargo do adquirente ou destinatário da mercadoria, na qualidade de sujeito passivo por substituição. Assim dispõe a Lei Estadual n /96: I PERES, Fernando Augusto Monteiro. IPI, ICMS e ISS. Aspectos controvertidos na incidência sobre as atividades de construção civil. In Revista Tributária, ano 9, n. 41 São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 151.

4 .. Art. 9 0 Dar-se-á o diferimento quando o lançamento e pagamento do imposto incidente sobre determinada operação ou prestação forem adiados para uma etapa posterior, atribuindo-se a responsabilidade pelo pagamento do imposto diferido ao adquirente ou destinatário da mercadoria, ou usuário do serviço, na qualidade de sujeito passivo por substituição, vinculado à etapa posterior. Desta forma, reitero, o diferimento não é hipótese de extinção da obrigação tributária, mas apenas posterga a realização desta etapa subseqüente da cadeia produtiva de serviços por meio do mecanismo da substituição tributaria. 111 No caso em comento, em se concedendo o diferimento implicaria numa real isenção tributaria, pois a agregação das peças de reposição ao maquinário fixo da empresa inviabilizaria a saída subseqüente dos bens, tendo em vista que as citas peças se desgastam no processo produtivo, o que impossibilitaria a realização da etapa posterior e, conseqüentemente, o pagamento do imposto diferido. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO à remessa oficial nos termos acima expostos. É como voto. Presidiu os trabalhos o ínclito Desembargador Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento além do Relator Excelentíssimo Desembargador Genésio Gomes Pereira Filho, o Excelentíssimo Desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. Doriel Veloso Gouveia, Procurador de Justiça. 110 Sala de Sessões da Colenda Terceira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, aos 01 de abril de Des. Gen to Gomes a Filho Relata

5 ~PMø TIÇA Coordenaderia Judiciá Relidrado n141 /