15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental
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- Walter Furtado Gentil
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1 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELO PROCESSAMENTO DA ÁGUA DE COCO E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE: O EXEMPLO DA ÁGUA DE COCO DA AMAZÔNIA IND. E COM. LTDA ACQUA. Kamilla Cavalcante Mendes 1 ; Anderson Conceição Mendes 2 Resumo Com a expansão do consumo de água de coco nos últimos anos houve também a multiplicação de empresas que beneficiam e processam esta água. Com isso, uma verticalização dos riscos de poluição e degradação ambiental são eminentes junto aos despejos de resíduos sólidos. Nesse trabalho mostraremos como é feita a gestão dos resíduos sólidos, seguindo a Lei /2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), na Água de Coco da Amazônia ACQUA, empresa de processamento de água de coco situada na região metropolitana de Belém dando enfoque aos riscos eminentes desses rejeitos e a tratativa desses despejos, dando uma visão de parte do gerenciamento ambiental que pode ser aplicado para empresas que possuem esta atividade econômica. Abstract The expansion of coconut water consume recently has also been proliferated for benefiting and to process this water by companies. Thereby, the verticalization of pollution and environmental degradation risks are distinguished from solid waste dumps. In order to show how do the solid residues management, in accordance to the Law /2010 National Solid Waste Policy (PNRS), in the Amazon Coconut Water - ACQUA, coconut water processing company located in the metropolitan area of Belém, highlighting the eminent risks and the dealings of these evictions, allowing a view of part of the environmental management that may be applied to companies with such economic activity. Palavras-Chave Gestão de resíduos sólidos; Água de coco; Meio ambiente. 1 Engª Química, ACQUA - PA, (91) , kamillaeq@hotmail.com 2 Geól.,Dr., Universidade Federal do Oeste do Pará - PA, (91) , Anderson.mendes@ufopa.edu.br 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1
2 1. INTRODUÇÃO O consumo de água de coco e a industrialização deste são crescentes e significativos no Brasil. Grande parte deste consumo é do produto in natura. A partir do levantamento realizado no ano de 2000 observou-se que havia no país cerca de 80 indústrias de pequeno porte e três de grande porte, envasando a água de coco, sendo que tal consumo já concorre diretamente com o mercado de refrigerantes (Carrijo, 2002). De acordo com a ABIA Associação Brasileira das Indústrias de Alimento o consumo de refrigerantes é de cerca de 10 bilhões de litros/ano já o consumo de água de coco representa 1,4% desse mercado, ou seja, 140 milhões de litros (ABIA, 2000). De acordo com o grupo do Vale do São Francisco, o mercado nacional de água de coco, natural e envasada, giram em torno de 600 milhões de litros por ano (Update, 2002). Com a expansão desse segmento industrial e o crescimento dessa atividade econômica, surgem as investigações quanto aos impactos gerados ao meio ambiente devido aos resíduos gerados durante o processamento dessa matéria prima. Segundo dados do IBGE de 2009 a região Norte detém o segundo lugar no ranking de produção do fruto, coco, chegando a colher mil frutos (divulgado pela EMBRAPA). Com isso é visto o ascendente crescimento de empresas processadoras dessa matéria prima, sendo um dos mercados o processamento do endosperma líquido, a água de coco mediante as tecnologias de extração e conservação desse insumo. O beneficiamento da água de coco (endosperma líquido) se dá através de um processo de esterilização do líquido, para fazer com que a carga microbiana no líquido reduza fazendo com que aumente o tempo de prateleira (aproximadamente 10 meses) desse produto já envasado. Esse processamento segue algumas etapas descritas do fluxograma como vemos na Figura 1, para várias destas etapas do processo surgem resíduos sólidos que segundo a ABNT NBR os resíduos sólidos são definidos como resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou de corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. É visto que com o aumento de empresas desse segmento ocorre o aumento da geração de determinados resíduos sólidos, líquidos e gasosos, neste trabalho abordaremos os resíduos sólidos decorrentes desse processo fabril, com isso surgem preocupações com os impactos ambientais gerados e há a necessidade de seguir normas federais de controle ambiental. Os problemas gerados pelos resíduos sólidos podem ser definidos como desequilíbrio ambiental e saúde pública. Com isto é vista a necessidade de buscar alternativas que possam equacionar essa questão para que se alcance melhor qualidade de vida. No presente trabalho veremos o gerenciamento dos resíduos sólidos de uma empresa que trabalha com o processamento de água de coco seguindo a Lei /2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde serão destacados os tipos resíduos e as tratativas de tais rejeitos. 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA 2.1. Localização e Acesso O município de Ananindeua pertence à mesorregião metropolitana de Belém com sede municipal nas seguintes coordenadas geográficas: 01º de latitude Sul e 48º de longitude Oeste de Greenwich. O município ocupa uma posição privilegiada e bom acesso como é o caso da rodovia Federal BR-010 (Belém-Brasília) e as Estaduais PA-16, PA-17 e PA-5. Seus limites são ao Norte - Município de Belém, ao Sul - Rio Guamá, Leste - Municípios de Benevides e Marituba e Oeste - Município de Belém. A empresa ACQUA - Água de Coco da Amazônia Ind. & Com. Ltda, esta sitiada dentro do parque industrial, em Ananindeua (Figura 1). 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2
3 Figura 1. Mapa de localização da área estudada Caracterização Geológica O município de Ananindeua é representado geologicamente por sedimentos arenoargilosos da unidade Pós-Barreira, bem como os sedimentos continentais holocênicos do Grupo Barreiras. A Formação Pós-Barreiras é formada por rochas areno-argilosas, geralmente maciças. Contudo é possível observar estruturas de deposição de dunas eólicas (Rossetti et al, 1989). Apresentam espessuras variadas e tem origem ligada ao desmantelamento e formação da unidade Barreiras (Costa & Horbe, 1995). A Formação Barreiras é amplamente distribuída no litoral norte do Brasil e vários autores se referem a ela enfatizando os seus aspectos litológicos e as relações estratigráficas. A formação é representada por depósitos siliciclásticos constituídos por uma variedade de rochas onde se destacam arenitos maciços e estratificados, argilitos laminados a maciços, pelitos e conglomerados (Góes & Truckenbrodt, 1980; Rossetti et al, 1989). 3. CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS De acordo com a NBR 10004, os resíduos possuem classes de acordo com os seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. É sabido que de acordo com a NBR vista são considerados resíduos sólidos os que estiverem nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição, ficando incluídos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, esgotos, aqueles gerados em equipamentos e instalações 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3
4 de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor tecnologia disponível. Quanto à classificação estes podem ser: Classe I: PERIGOSOS Aqueles que apresentam periculosidade em função de suas propriedades físicas, química ou infectocontagiosas, podendo apresentar riscos a saúde pública e ao meio ambiente. Aqueles que apresentam uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, e/ou patogenicidade, conforme propriedades definidas pela NBR Classe II: NÃO PERIGOSOS IIA NÃO INERTES: aqueles que não se enquadram nos resíduos classe I ou II. Os resíduos Classe IIA podem ter propriedades como biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. IIB- INERTES: qualquer resíduo que quando amostrado de uma forma representativa, de acordo com as NBRS e 10007, não teve nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. 4. RELAÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E GERAÇÃO DE RESÍDUOS Para obter o produto final, água de coco processada, a matéria prima passa por várias etapas, de onde surgirão rejeitos. Ao longo dessa cadeia produtiva serão necessários vários tipos de insumos que irão gerar resíduos, tanto sólidos como líquidos ou gasosos. Os insumos utilizados são de diversos tipos e estados físicos, como produtos químicos, aditivos líquidos e sólidos, materiais de embalagens, vapor de aquecimento, materiais auxiliares, entre outros. Visando os rejeitos sólidos gerados durante o processo fabril da referida empresa, observamos que estes, se enquadram nas diversas classes citadas na NBR No Fluxograma de produção (figura 2) abaixo vemos as seguintes etapas produtivas: filtração, formulação, esterilização, estocagem asséptica, liberação CQ, centrifugação, estocagem da água centrifugada, tanque de alimentação STORK e FLEX, envase, embalagem, paletização, liberação positiva e expedição, onde são indicadas as etapas que geram os rejeitos sólidos. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4
5 Figura 2: Fluxograma indicando o processamento de água de coco na empresa ACQUA 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5
6 Os resíduos sólidos (rejeitos) gerados durante o processamento da água de coco possuem como destinos o tratamento e despejados no meio ambiente, ou são reciclados (Figura 2, Tabela 1). A empresa ACQUA Água de coco da Amazônia Ind. E Com. Ltda. seguindo as normas da lei /10 Politica Nacional de Resíduos Sólidos, recrutou outras empresas para tratarem de cada resíduo, dentro de sua classificação ABNT NBR , estas empresas faram o beneficiamento dos resíduos sólidos. Na tabela 01, observa-se o mapeamento dos do destino dado aos rejeitos da empresa. TABELA 01: Mapa de descrição e destino de rejeito sólido produzido pela ACQUA. REJEITO RESÍDUO SÓLIDO DIRECIONAMENTO BENEFICIAMENTO 1 Casca de coco Verde ETEMA Adubo 2 3 e 4 5 e 6 Bombonas plásticas Sacas plásticas Material plástico Papelão Paletes de Madeira Material de embalagem Tetra Brik Paletes de Madeira Material plástico Papelão J.B.S Marques - Magma AMAFIBRA Tetra Pak AMAFIBRA São higienizadas e retornam a serem envasadas São co-processadas ou incineradas Retorna a empresa para serem recicladas São co-processadas ou incineradas Material de embalagem Tetra Brik Tetra Pak Retorna a empresa para serem recicladas 5. GESTÃO E TRATAMENTO DO RESÍDUO SÓLIDO Dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos intitulada na Lei nº /10 é vista a necessidade em enfrentar um dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos, prevendo a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). Também é visto nessa politica a divisão das responsabilidades no ciclo de vida dos produtos entre os geradores e resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística dos resíduos e embalagens pós-consumo e pré-consumo. A empresa ACQUA, consciente de sua responsabilidade com o meio ambiente, faz a classificação de seu resíduo sólido gerado ao longo do seu processo fabril, entra com parcerias com empresas que reciclam ou tratam esse rejeito através de acordo e contratos, envia os rejeitos para reciclagem e/ou tratativas e por fim faz a fiscalização se esta sendo dado o destino correto para tal rejeito. Este é o processo de cumprimento da Lei n /10, seguido pela empresa ACQUA, onde os rejeitos são direcionados a destinos específicos e receberam tratativas diferenciadas de acordo com a sua classe (Tabela 02). 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6
7 Tipo de resíduo sólido Casca de coco Verde Bombonas plásticas Procedência Extração da água de coco Produtos químicos como Ácidos, Soda caustica e Peróxido de hidrogênio. TABELA 02: Gestão do resíduo sólido. Classe do resíduo Potencial impactante CLASSE IIA NÃO INERTES CLASSE I PERIGOSOS Sacas plásticas Sacas de açúcar CLASE I PERIGOSOS Material plástico Papelão Palete de Madeira Material de embalagens tetra Brik Resto de fitas 3M, papel filme e resto de embalagens plásticas. Resto de embalagens que chegam e rejeito das embalagens do processo Rejeito da produção onde são usados para empilhar as caixas de produto acabado Rejeito de produtos acabados descartados durante o processo CLASSE I PERIGOSOS CLASSE IIA NÃO INERTES CLASSE IIB CLASSE I INERTES PERIGOSOS Destino ETEMA J.B.S Marques Jorge Barbosa da Jorge Barbosa da Jorge Barbosa da AMAFIBR A TETRA PAK Finalidade / adubo Coprocessamento/ Incineração 6. CONCLUSÕES A gestão de resíduos sólidos gerados pela ACQUA segue as normas da Lei /10 Política Nacional de Resíduos Sólidos e também demostrou tratá-los seguindo a Classificação Nacional de Resíduos Sólidos de acordo com a NBR A importância para o meio ambiente na gestão e tratamento do resíduo sólido está cada vez mais demonstrada nas preocupações de empresas com o destino final de seu produto e subprodutos associando sua imagem com uma produção limpa. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Água de Coco da Amazônia IND. e COM. LTDA ACQUA pelo suporte e disponibilização de informações para realização deste trabalho. REFERÊNCIAS ABIA, Associação Brasileira das Industrias Alimentícias. Notícias do seguimento de Bebidas Disponível em: Acesso em 14 de mai ABNT NBR 10004, Resíduos sólidos Classificação. Disponível em: Acessado em 15 Jan AGECOM/BA. Vale do São Francisco exporta US$ 800 milhões por ano (16/07/2009). Disponível em: Acesso em: 27 nov CARAVEO, F. J., BACA, G. A., TIRADO, J. L. y SÁNCHEZ, F. El cultivo hidropónico de tomate empleando polvo de bonote como sustrato, y su respuesta al amonio y potassio". Agrociencia, 30, p , º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7
8 CARRIJO, O. A.; LIZ, R. S. de; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p , COSTA, M.L & HORBE, A.M.C. (1995). Pedras de ferro de interface areia-argila no perfil laterítico da ilha de Mosqueiro (região Norte do Brasil). Caderno de Geociências- IBGE, 14: GÓES, A. M. & TRUCKENBRODT, W. (1980). Caracterização faciológica e interpretação ambiental dos sedimentos Barreiras na região bragantina, nordeste do Pará. In: CONGRES SO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 31., Camburiú. Anais..Camburiú: Sociedade Brasileira de Geologia, p , v. 2. IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção Agrícola Municipal (PAM). Pará: vários anos. Disponível em: Acesso em: 20 Ago Lei /10 Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: Acessado em 15 Jan MDIC, Ministério do desenvolvimento indústria e comércio exterior, Disponível em: Acesso em 26 jun ROSSETTI, D.F., et al. (1989). Estudo Paleoambiental e estratigráfico dos sedimentos Barreiras e Pós-Barreiras na Região Bragantina, Nordeste do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: 1, º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8
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