Hoje a FCSH celebra os seus 35 anos.

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1 Hoje a FCSH celebra os seus 35 anos. Fazemos festa num contexto em que nos querem fazer acreditar que não há nada para celebrar. Apesar de sermos instituição pública, sentimos que a maior ameaça que nos é imposta vem de quem nos tutela, com crescentes restrições financeiras sobre nós e sobre os nossos alunos, que veem aumentar as dificuldades em financiar os seus estudos. Vivemos o momento estranho em que governantes da coisa pública se lhe referem como uma entidade que lhes é alheia e não como aquilo que têm de governar e gerir. Neste contexto, podíamos pensar que celebrar é estranho. Mas a verdade é que a FCSH tem razões para festejar, não apenas por tradição, mas porque os seus membros trabalham em contra-ciclo, fazendo-a crescer e desenvolver-se mesmo quando as pressões externas nos fariam deprimir. Ao contrário de outros, os nossos docentes, investigadores, funcionários e estudantes veem a FCSH como sua e não como um ser que lhes é estranho. Página 1

2 É graças a este esforço coletivo e comprometido que hoje nos podemos orgulhar da nossa história, do nosso presente e olhar para o futuro com esperança e otimismo. Há dados recentes que vale a pena referir e que dão testemunho de tudo o que podemos celebrar. Através dos seus departamentos, coordenadores de curso e com estratégias de comunicação diversificadas, temos vindo a assumir lideranças regionais e nacionais na captação de alunos. Num ano de significativa retração, a Faculdade preencheu 96,6% das vagas de 1.º ciclo na 1ª fase e 102% na segunda fase. Fomos líderes nacionais em colocação e médias nos cursos de Antropologia, Ciências da Comunicação, Ciência Política e Relações Internacionais e Tradução. Fomos líderes regionais nos cursos de Estudos Portugueses, História, História da Arte, Línguas, Literaturas e Culturas Modernas, Filosofia e Geografia e Planeamento Regional. Isto significa que a FCSH, em Lisboa, é líder em 10 das suas 14 licenciaturas. Dito de outra forma, reforçámos este ano o nosso estatuto de maior escola de Ciências Sociais e Humanas do país. Este foi também um ano em que departamentos e unidades de investigação se aliaram para apresentar propostas aos Programas de Doutoramento FCT. Neste concurso, foram submetidas, na área das Página 2

3 Ciências Sociais e Humanas, 92 propostas de Programas de Doutoramento no país. Apenas 13 foram financiadas. Dessas, 4 estão na FCSH e uma é desenvolvida em parceria com a FCT. Recrutámos, assim, para os próximos 4 anos, 60 bolsas de doutoramento nas áreas da Antropologia, dos Estudos Artísticos, da Globalização e da Linguística. O sucesso e a liderança nacional neste concurso devem-se ao mérito das propostas e ao cuidado posto pelos departamentos na sua preparação. Este sucesso revela também o reconhecimento da qualidade da nossa formação avançada. Ainda ao nível do ensino, este foi o ano de arranque do Programa Pedro Hispano. Neste âmbito, pusemos de pé uma Winter School em metodologias de investigação nas Ciências Sociais e Humanas, duas graduate conferences para apresentação de trabalhos em curso pelos doutorandos, várias conferências e uma Summer School sobre Sociedade, Ciência e Cultura. A par da Escola Doutoral da NOVA, o Programa Pedro Hispano tem permitido que os nossos doutorandos interajam e se relacionem com os seus colegas de outras áreas disciplinares, reforçando a matriz interdisciplinar que esta Faculdade tem inscrita na sua história. Também na investigação, temos motivos para celebrar. Destaco três sinais positivos. Página 3

4 A investigadora Carla Fernandes, do CLUNL, recebeu uma bolsa Starting Grant do European Research Council, no valor de mil euros. O sucesso desta investigadora mostra-nos que estes concursos não são só para os outros, não foram inventados apenas para as outras áreas científicas. É possível apresentar candidaturas e melhor ainda é possível ganhá-las. Ao longo deste ano, as Unidades de Investigação têm vindo a desenvolver um trabalho sério de posicionamento e organização para o concurso de financiamento de projetos estratégicos. Têm sido meses de trabalho, explorando sinergias, até enterrando velhas guerras, na construção de uma rede mais racional e mais competitiva. O esforço dos coordenadores das Unidades de Investigação tem sido louvável e faz-me crer que, daqui a um ano, estaremos a celebrar o sucesso destas candidaturas. Na passada segunda feira, o Conselho Científico aprovou unanimemente os projetos a apresentar, apadrinhando-os e mostrando que todos eles são da Faculdade e, por isso mesmo, cada investigador deve desejar o sucesso de todas as propostas apresentadas pela instituição, independentemente da sua afiliação individual. Importa, finalmente, dar conta do investimento que a FCSH tem vindo a colocar na excelência da investigação. Os nossos indicadores de produtividade são claros: a FCSH tem sabido diversificar e Página 4

5 internacionalizar os seus produtos de investigação, sem descurar os que são tradicionalmente reconhecidos na área. Este estímulo à produção é evidente e será daqui a pouco recompensado na atribuição do Prémio Santander à Unidade de Investigação E-Geo. Para além do mérito absoluto dos nossos geógrafos, deve ser lembrado que esta foi uma Unidade de Investigação mal avaliada no último ciclo, que não se encostou a essa má avaliação e que dá prova de uma orientação para resultados que, indubitavelmente, dará frutos. Queremos crescer na relação com a sociedade e mostrar-nos mais para fora e para isso estamos a desenvolver o empreendedorismo e projetos de criação de valor de forma mais estruturada. A relação com o mundo lá fora passa muito pelas boas relações que estabelecemos com quem por cá passa. O entusiasmo com que a Dra. Inês Pedrosa respondeu ao nosso convite para nos honrar com a sua presença nesta festa mostra que conseguimos tocar nos que nos conhecem. Não somos apenas uma faculdade, somos uma escola em que a proximidade com os alunos nos define e envolve aqueles que servimos. O facto de já ter lido o seu quarto romance faz-me entender a escolha do título, mas ainda assim, posso especular e acreditar que aquele Fazes-me falta é um bocadinho dirigido também à FCSH. Agradeço a sua presença e testemunho, também pelo simbolismo de ter connosco a Diretora da Casa Fernando Pessoa no ano em que a Página 5

6 literatura da FCSH festeja a atribuição do Prémio Pessoa ao investigador Richard Zenith e do Prémio Reina Sofia ao Professor Nuno Júdice. Temos, pois, muitos motivos para festejar. Muitas destas coisas boas que aqui referi ou mesmo todas - são ainda o fruto da gestão dos últimos anos. Esta é a primeira festa dos últimos 8 anos em que não é o Prof. João Sàágua a dar as boas vindas. É a ele que devemos muito disto e tendo já eu feito vários agradecimentos públicos hoje faço apenas questão de dizer publicamente que, certamente, a instituição (Faculdade e Universidade) não o deixará descansar muito tempo, para não desperdiçarmos mais oportunidades de fazer festa no futuro. Hoje premiamos vários investigadores e empreendedores e também aqueles que já cá trabalham há 25 anos. Dou os parabéns a todos, mas sobretudo aos melhores estudantes de cada curso que vão ser premiados. O mérito de cada um de vocês é a prova de que estamos a cumprir a nossa missão e que, por isso mesmo, ainda que outros não queiram, nós continuaremos a festejar. Prof. Doutor João Costa Diretor da FCSH/NOVA 10 de Outubro de 2013 Página 6