CÁTEDRA DE PORTUGUÊS LÍNGUA SEGUNDA E ESTRANGEIRA. FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS (UEM) e INSTITUTO CAMÕES
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- Arthur Quintanilha Gama
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1 CÁTEDRA DE PORTUGUÊS LÍNGUA SEGUNDA E ESTRANGEIRA FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS (UEM) e INSTITUTO CAMÕES COLÓQUIO PORTUGUÊS EM CONTEXTO AFRICANO MULTILINGUE: EM BUSCA DE CONSENSOS SESSÃO DE ABERTURA Magnífico Reitor da Universidade Eduardo Mondlane Senhores Membros do Corpo Diplomático Estimados Conferencistas e Oradores da Mesa Redonda Prezados Convidados Caros Colegas e Estudantes Quero começar por agradecer a vossa presença, que constitui para nós uma honra e revela, ao mesmo tempo, o interesse que suscitam as questões linguísticas que giram em volta da língua portuguesa. Nesta minha breve intervenção, quero dar algumas informações sobre a história da Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira, que teve a iniciativa de organizar este Colóquio, e também vou falar um pouco dos bastidores deste Colóquio: como foi concebido e estruturado. Esta Cátedra tem ainda uma vida muito curta, estamos a trabalhar há menos de dois anos, desde Outubro de Durante o primeiro ano de existência, que corresponde sensivelmente a 2010, a Cátedra teve pouca visibilidade a nível interno e externo: estávamos a estabelecer os alicerces teórico-metodológicos da nossa pesquisa e a procurar dinâmicas de trabalho apropriadas aos objectivos dos nossos projectos. Assim, ao longo deste primeiro ano: - foi constituída a equipa-da-cátedra : seis docentes de dois Departamentos da Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) da UEM (Línguas e Linguística e Literatura) e a leitora do Instituto Camões; - definimos os projectos de pesquisa que estávamos em condições de desenvolver, com qualidade, tomando em consideração o percurso de investigação dos nossos docentes, e tendo também como referência os objectivos da Cátedra estabelecidos no protocolo UEM/IC. Foi assim que: criámos o Observatório de Neologismos do Português de Moçambique (ONPM) sob coordenação da Prof. a Doutora Inês Machungo: uma base de
2 dados informatizada, de neologismos do português de Moçambique, constituída a partir de textos da imprensa escrita e oral; e desenhámos o projecto de Didáctica do Português L2 sob coordenação da Dra Conceição Siopa: uma plataforma multifacetada orientada para a implementação de métodos de ensino e produção de materiais instrucionais adequados ao ensino da escrita à população universitária moçambicana. Foi também ao longo deste primeiro ano que concebemos o website da Cátedra: o meio que escolhemos para dar visibilidade - a nível nacional e internacional - à pesquisa já disponível sobre o português língua não materna, incluindo naturalmente a pesquisa desenvolvida pela equipa da Cátedra. A criação deste website trouxe consigo a necessidade de desenvolver outras pesquisas, destinadas a satisfazer os objectivos traçados para esta sala de visitas virtual. Foi assim que: - demos início à recolha sistemática de Bibliografia sobre o Português de Moçambique, um pequeno mas importante projecto que visa dar a conhecer a literatura científica já produzida sobre o português de Moçambique, que teve o seu início na década de 60: esta bibliografia inclui não só as referências dos estudos já realizados, mas também os textos originais, sempre que isso é possível; - criámos um Consultório Linguístico, em que disponibilizamos fichas informativas sobre questões relacionadas com o uso do português em contexto africano ( devemos dizer línguas bantu ou línguas bantas? ; como é que devemos escrever a palavra palhar? ; etc.). Foi também neste período que começámos a estabelecer redes internacionais de parceria com diversas universidades (Universidade de Lisboa, Universidade de Barcelona, Universidade de São Paulo) e que identificámos, a nível nacional, colaboradores para algumas das nossas linhas de trabalho. No segundo ano de vida da Cátedra, ainda em curso, o trabalho de toupeira iniciado em 2010 está a dar os seus frutos. Este foi/está a ser um ano em que para além de termos dado continuidade aos projectos de pesquisa traçados em 2010 a Cátedra saiu à rua e interagiu, de forma consistente, com a comunidade universitária e não só. Sem querer fazer um relatório exaustivo das nossas actividades, destaco apenas algumas: - lançamento oficial do nosso website plataforma indispensável para o ONPM (uma base de dados que não pára de crescer: neste momento, já estão disponíveis mais de 1000 neologismos), mas também para os outros produtos científicos que colocámos on line. Agora já é possível dizermos aos nossos estudantes que consultem o website da Cátedra para obterem uma certa referência bibliográfica ou para acederem a um certo texto, algo impensável até há pouco tempo. Temos muitos planos para a expansão deste website: alargar a bibliografia ao português de Angola, abrir uma secção para a qual até já há uma proposta de nome, doc.teca onde pretendemos difundir textos de qualidade não publicados, etc.; - participação nas Jornadas da Língua Portuguesa que se realizaram em Nampula, saindo assim desta cidade-feudo em por vezes nos enclausuramos;
3 - realização de um encontro com professores de Português do ensino secundário de várias escolas do país, em que auscultámos as suas dificuldades e também conhecemos as suas iniciativas criadoras no processo de ensino. Não posso deixar de referir que 2011 é também o ano em que graças ao empenho da direcção da FLCS vamos ter o nosso próprio espaço físico, um acontecimento sem dúvida importante como garantia de boas condições de trabalho. Não vou alongar-me mais sobre a história desta Cátedra: o que gostaria de salientar, é que, apesar de sermos uma pequena equipa, a investigação que estamos a desenvolver, as iniciativas que estamos a ter e, sobretudo, a vitalidade que estamos a demonstrar poderão constituir uma referência e uma fonte de inspiração para outras equipas de investigação, seja a nível da UEM ou de outras instituições universitárias moçambicanas. Esperamos assim que a Cátedra possa contribuir para fazer da nossa universidade uma instituição de excelência e uma referência, com reconhecimento na arena nacional e também internacional, correspondendo desta forma ao apelo dirigido à comunidade universitária pelos novos corpos dirigentes da UEM. Gostaria agora de vos falar um pouco do nosso Colóquio, antes de darmos a palavra aos ilustres conferencistas e oradores da Mesa Redonda que aceitaram generosamente partilhar connosco o seu saber e as suas experiências profissionais. Como sabem, concebemos este Colóquio com um forum aberto de reflexão e análise junto de um público seleccionado, das complexas questões que emergem do uso do português como língua não materna em contexto multilingue. Assim, ao desenhar o programa do Colóquio, tivemos de tomar decisões de vária ordem, relacionadas, entre outras, com os objectivos e o formato deste evento, assim como com os oradores a convidar e o público a mobilizar. No que se refere aos objectivos, considerou-se fundamental promover a reflexão e o debate público sobre: - questões relacionadas com o contacto do português com as línguas bantu; - o processo de nativização do português em Moçambique; - estratégias de gestão de diferentes línguas ex-coloniais; - o papel do português no desenvolvimento nacional e no contexto internacional. Foi tomando como referência estes objectivos que iniciámos os contactos com os nossos conferencistas e oradores da Mesa Redonda. Como sabem, esta é sempre uma fase delicada da organização de um evento desta natureza, em que não estamos seguros de que aqueles que elegemos como figuras proeminentes, aceitem e/ou tenham disponibilidade para participar. Neste caso, fomos bem sucedidos: todos aceitaram o nosso convite para participar no Colóquio e para colaborar connosco. Permitam-me que expresse aqui, publicamente, em nome de toda a equipa da Cátedra
4 e em meu nome pessoal, o nosso sincero agradecimento: a vossa participação neste Colóquio é uma honra e um privilégio que queremos valorizar. Um outro aspecto sobre o qual tivemos de tomar uma decisão diz respeito ao formato do Colóquio: como tiveram já oportunidade de ver pelo programa, optámos por ter apenas sessões plenárias, relativamente longas, de modo a que conferecistas e oradores convidados possam interagir com o público, sem a pressão do tempo que é comum em muitos eventos deste tipo. Gostaríamos que os participantes deste Colóquio tenham possibilidade de colocar as suas questões e exprimir as suas ideias, de forma a que, ao terminar este encontro, todos nós nos sintamos não só enriquecidos com as reflexões, certamente valiosas dos conferecistas e oradores, mas também mais bem apetrechados para analisar a nossa realidade linguística. Por fim, uma palavra sobre a audiência seleccionada para assistir a este Colóquio. Na impossibilidade de abrir as nossas portas a um público alargado, considerámos que devíamos dar prioridade àquela faixa da nossa comunidade que pela sua actividade profissional actual ou futura está interessada e precisa de aceder a informação diversificada e sofisticada sobre o uso e gestão do português num contexto tão complexo como o nosso aqui em Moçambique. Por outro lado, acreditamos também que as suas intervenções ao longo deste vão ajudar-nos a compreender melhor as atitudes e percepções sobre o português por parte das camadas sociais mais directamente envolvidas no uso desta língua, quer se trate de professores, jornalistas, investigadores ou de escritores. A terminar, uma referência especial aos patrocínios e apoios que recebemos para organizar este Colóquio. Gostaria de destacar, em primeiro lugar, o apoio do Professor Lourenço do Rosário na concepção e organização deste Colóquio. Para o Ministério da Ciência e da Tecnologia, para o Instituto Camões e para a Direcção da Faculdade de Letras e Ciências Sociais vai também o nosso agradecimento pelo apoio que nos concederam, permitindo que, apesar das nossas limitações financeiras, tivéssemos condições para realizar este Colóquio. O nosso muito obrigado a todos! Perpétua Gonçalves
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