PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÂO PAULO ACÓRDÃO

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1 IRiaittl.Df JUSTIÇA IVCWmiWtHlK TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÂO PAULO ACÓRDÃO DE * w^ JUS TIÇA DE SÃO PAULO ACORDAO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de Mogi das Cruzes, em que é apelante ADHEMAR FERNANDES DE TOLEDO ME E OUTRO, é apelado FÊNIX BIRITIBA COMERCIO DE ARTEFATOS DE MADEIRA LTDA EPP. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "AFASTARAM A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V.U.", de conformidade com o voto do (a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente sem voto), REINALDO CALDAS E RENATO SARTORELLI. São Paulo, 30 de janeiro de ANTÔNIO NASCIMENTO RELATOR

2 ÍRiJM Vi! nr.xvik*,hu IKMkt.IWIÍi "im 4 a Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes/SP Apelante: ADHEMAR FERNANDES DE TOLEDO ME Apelada: FÊNIX BIRITIBA COMÉRCIO DE ARTEFATOS DE MADEIRA LTDA EPP MM. Juiz de Direito: Dr. MARCOS ALEXANDRE SANTOS AMBROGI VOTO N APELAÇÃO CÍVEL - BEM MÓVEL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - AUSÊNCIA DE ELEMENTOS A FUNDAMENTAR A PRETENSÃO DOS AUTORES PELOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS - DANOS MATERIAIS DEVIDOS, PORÉM LIMITADOS. Negócio jurídico envoivendo bem móvel. Motor automotivo alienado sem as perfeitas condições de uso. Direito de exigir o valor proporcional do preço. Comodato. Ausência de prova de culpa do comodatârio. Incidência da regra da "res perít domino" (Cód. Civil, art. 240). Carência de provas a corroborar a asserção do autor a respeito da ocorrência de danos morais. Meros aborrecimentos. Indenização indevida. RECURSO DESPROVIDO, preliminar afastada.

3 TRÍÍÍf \il «( Jf ST1Í > "II IKU«UK<<!)i. Ií~4 A sentença de fls. 220/223 julgou parcialmente procedente a ação de indenização por danos morais e materiais ajuizada por Adhemar Fernandes de Toledo contra Fênix Biritiba Comércio de Artefatos de Madeira Ltda EPP, para condenar a ré ao pagamento da quantia de R$ 3.000,00, com correção monetária desde o ajuizamento da demanda, além de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação. Julgou, ainda, improcedente o pedido reconvencional. Em vista da sucumbência recíproca, o autor foi condenado a pagar 40% do valor das custas e despesas do processo, arcando a ré com os restantes 60%. A requerida também foi condenada a arcar com os honorários advocatícios, fixados em 4% do valor da condenação. Opostos embargos declaratórios, pelo autor, a fls. 228/230, foram eles rejeitados, a fls. 231/232, pelo MM. Juiz de Direito. Inconformado, o autor interpôs, a fls. 235, recurso de apelação, arrazoando-o a fls. 236/245. Alega que faz jus ao recebimento da importância relativa ao motor vendido à demandada. Afirma que a ré lhe devolveu o veículo emprestado com o motor fundido, razão pela qual necessitou alienar o caminhão a terceiro, sem motor e câmbio. Argumenta, por isso, que deve receber a diferença entre o valor efetivo do bem (R$ ,00) e aquele pelo qual foi ele efetivamente vendido (R$ 8.000,00). Reitera que a atitude da requerida é passível de acarretar indenização por danos morais. Impugna a divisão do ônus sucumbência). 2

4 1BH N*l «!'» ST!< * JIJL IfAliÜlttOftl 1T* Recurso recebido e processado. Contrarrazões a fls. 250/255. É o relatório. Cuidam os autos de ação de indenização por danos morais e materiais decorrente de compra e venda de bem móvel. Alega o autor, Adhemar Fernandes de Toledo, microempresário, que, em 04/03/2010, vendeu à ré um motor marca MWM, para o veiculo Ford F4000, pela quantia de R$ 9.000,00. Relata que enquanto procedia à retifica da peça emprestou à requerida o caminhão Chevrolet D60, cor bege, placa BTR 7326, a fim de que ela continuasse prestando seus serviços. Afirma que a demandada lhe devolveu o bem com o motor fundido, bem como nada pagou pela peça que havia retificado. Requer o recebimento do preço pelo serviço, prestado, além da quantia relativa à depreciação do seu caminhão, sem prejuízo de indenização por danos morais. Em sua defesa, o réu argumentou que o serviço prestado foi defeituoso e que necessitou realizar nova retifica no motor adquirido do autor. Por isso, requer seja ressarcido dos valores despendidos para o novo reparo do bem. 3

5 mim \ \\ M» stu = 93= llt It.WKI 1KOIII Hí~4 Ao prestar a tutela jurisdicional, o MM. Juiz de Direito acolheu parcialmente a pretensão do autor e rejeitou o pedido do réu. litigantes está incontroversa nos autos. A relação jurídica firmada entre os O autor alienou à requerida o motor MWM, comprometendo-se a entregá-lo apto para utilização (fls. 39). Esta não refuta a contratação, arguindo, porém, que o produto não se prestava aos fins a que se destinava. A despeito das afirmações do apelante, os elementos dos autos revelam que o motor alienado à ré já se encontrava defeituoso desde o momento de sua entrega. A prova oral é suficientemente esclarecedora dos desdobramentos fáticos ocorridos após a transação havida entre os litigantes. Oscar Hideo Tamaoki, mecânico profissional, narrou que o representante legal da requerida levou o veículo F4000 até seu estabelecimento, para revisão dos freios. Ao dar início aos trabalhos, o depoente constatou a fundição do motor, motivada pela falta de lubrificação. 4

6 TRIW :.Y'! itl- HMK* *m riivitrtww n-» Afirmou que procedeu ao conserto do veículo, inclusive com a troca de peças (fls. 193/193v ). Não se pode olvidar, destarte, que o motor apresentava sério problema, o que inviabilizava sua utilização. Logo, não pode ser cobrado da ré o valor integral do produto adquirido, haja vista que necessitou despender considerável soma para seu reparo (fls. 105/108). De se registrar, ainda, que o apelante afirmou lhe serem devidos somente R$ 7.000,00, dos R$ 9.000,00 originariamente contratados, pois o cheque número 58 foi devidamente descontado em sua conta (fls. 05). Está suficientemente demonstrado, por outro lado, que, embora tenha apresentado vício, o motor vendido pelo autor já se encontrava novamente apto para o uso regular. Assim, não tendo havido a redibição do contrato pela requerida, de rigor sua obrigação de pagar ao autor o valor do produto adquirido, observadas as ressalvas acima apontadas. E, por dar adequada solução ao ponto controvertido, cumpre destacar o que decidiu o MM. Juiz de Direito: 5

7 TfllMMl»l JIMIO Mil I KM «I I4C< «l IHH "Quanto ao serviço, observa-se, então, que a mora restou inútil a prestação ao requerente (CC, art. 389 e 395, parágrafo único), permitindo a compensação dos cheques, parcialmente, nos termos do art. 476 do Código Civil. Parcialmente, pois, de uma maneira ou outra, o réu adquiriu do autor o motor e dele se aproveita até hoje (nesse caso, o inadimplemento não é absoluto), de modo que, para se evitar enriquecimento indevido, deve pagar a este a quantia de R$ 3.000,00, à míngua de informações precisas a respeito do valor do motor" (fls. 222v ). Inexistindo elementos nos autos a infirmar a correção do valor arbitrado por S. Ex 8., fica mantida a condenação no patamar fixado. No que tange aos danos materiais pela suposta depreciação do valor do caminhão Chevrolet D60, não há prova de que a ré tenha dado causa ao alegado prejuízo. ^"^ Consta dos autos que o recorrente deu referido bem em comodato gratuito à ré, que, nos termos do art. 582 do Cód. Civil, tinha a obrigação de usá-lo consoante fixado em contrato. Se assim agiu, não pode responder por perdas e danos. domino, estampada no art. 240 do Cód. Civil: Incide, portanto, a regra civil da res perit 6

8 TKiltl \ il iir II STI< *.íderkukukom KM "Ari Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239". são suficientes para gerar abalo moral indenizável. Por fim, os fatos narrados pelo autor não Aborrecimentos do cotidiano, por si sós, não engendram direito à indenização por danos morais, como bem demonstra a lição de Sérgio Cavalieri, trazida a lume pelo douto magistrado a quo, e à qual se acrescentam as seguintes observações de Antônio Jeová Santos: "Além da vontade de alguns em ser vítimas de danos morais, existem aqueles que enxergam a lesão espiritual em qualquer situação que se lhes apresente. Tornaram-se comuns pedidos de indenização por danos morais que vêm cumulados com qualquer outro pedido. Se alguém pleiteia o reembolso de despesas hospitalares porque o plano de saúde ou o seguro se recusou a cobri-las, dando interpretação restritiva a certa cláusula do contrato, o autor da demanda não se contenta somente com o pedido de reembolso. Há de encontrar o dano moral. E ele advém (segundo esse autor hipotético), da humilhação que passou por não ter dinheiro para suportar as despesas médicas. Evidente que não existiu o dano moral pretendido. " 1 SANTOS, Antônio Jeová. Dano moral indenizável. 3 a ed. São Paulo: Método, 2001, p. 131/132.

9 [Rflif.Vil BV X M K <..*ro imriwin m-* Postas estas premissas, rejeitada a preliminar, nega-se provimento ao recurso. Antônio (Benedito do) Nasciment< RELATOR 8