ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N i iiiiii mil mil mu iim um imi uni nu nu * * Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n , da Comarca de São Paulo, em que é agravante BANCO BRADESCO S/A sendo agravado COMERCIAL CAMPINEIRA DE COMBUSTÍVEL LTDA. ACORDAM, em 18 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ROQUE MESQUITA (Presidente), RUBENS CURY E WILLIAM MARINHO. São Paulo, 27 dei abril de #1 ROQUETMESQyiTA PRESIDENTE E RELATOR

2 VOTO N AGRAVO DE INSTRUMENTO N ( ) RELATOR JUIZ(A) PROLATOR(A) AGRAVANTE AGRAVADA LTDA INTERESSADOS OUTRO COMARCA DESEMBARGADOR ROQUE MESQUITA RODOLFO CÉSAR MILANO BANCO BRADESCO S/A COMERCIAL CAMPINEIRA DE COMBUSTÍVEL EDUARDO MARTINS DA CRUZ (ESPÓLIO) E SÃO PAULO EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL - Pedido de usufruto sobre imóveis penhorados - Oposição de credor hipotecário - Inadmissibilidade - Pleito do exeqüente que tem respaldo legal - Inexistência de prejuízo aos direitos do credor hipotecário - Agravo não provido. 1) Cuida-se de agravo de instrumento tirado de ação de execução e voltado a reforma de decisão que deferiu pedido de usufruto de imóveis penhorados que estão gravados com hipoteca ao recorrente. Sustenta o agravante, em síntese, que é credor dos interessados, tendo estes lhe dado em garantia de financiamentos hipoteca de imóveis, os quais foram penhorados na presente execução, com o posterior deferimento de usufruto em favor da agravada, o que não pode prevalecer, pois o recorrente tem preferência de crédito, tendo, inclusive, já ingressado com ação executiva e penhorado os imóveis em questão. Diz que a aplicação dos AGRAVO DE INSTRUMENTO N ( ) - SÃO PAULO - VOTO

3 artigos 716, 717, 718 e 721 do CPC não pode prejudicar o direito real de garantia hipotecária, com base nos artigos e do CC, devendo a decisão ser reformada para indeferir o pleito formulado pela recorrida, mantendo a preferência do crédito hipotecário, inclusive em relação ao usufruto. O art. 526 do CPC foi cumprido (fls. 312/313) e a parte contrária apresentou contraminuta (fls. 317/322). Recurso regularmente processado e preparado. É o relatório. 2) Dispõem os artigos 716, 717, 718 e 721 do CPC, respectivamente: "O Juiz pode conceder ao exeqüente o usufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito". "Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exeqüente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios". "O usufruto tem eficácia, assim em relação ao executado como a terceiros, a partir da publicação da decisão que o conceda". "É lícito ao credor, antes da realização da praça, requerer lhe seja atribuído, em pagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado". Acerca do usufruto de imóvel, ensina Humberto Theodoro Júnior (Curso de Direito Processual Civil, V. II, 41 a ed., Ed. Forense, p. 397): "A finalidade do instituto é realizar a execução segundo o princípio da menor onerosidade para o devedor (art. 620), preservando-lhe, quanto possível, a propriedade ou domínio sobre o bem penhorado". No caso vertente, a decisão, ao deferir o pedido de usufruto dos imóveis em questão, atendeu aos referidos dispositivos legais, estando em consonância com a jurisprudência, como se verifica a seguir (agravo de instrumento , que julgou questão semelhante envolvendo o agravante e a agravada, relatado pelo eminente Desembargador Souza Lopes, integrante da 38 a Câmara de Direito Privado desta Corte): AGRAVO DE INSTRUMENTO N ( ) - SÃO PAULO - VOTO

4 li TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO "Emerge da lei, artigo 721, do Código de Processo Civil, o Direito do credor requerer lhe seja atribuído em pagamento o usufruto do imóvel penhorado. No caso dos autos, ingressou o agravante na execução, na qualidade de terceiro interessado, pois que, como credor hipotecário, entende não ser possível o usufruto solicitado pelo agravado. Todavia, sem razão o agravante. O usufruto não impede a alienação ou mesmo a adjudicação do imóvel, de sorte que, não se sobrepõe o usufruto ao direito real de garantia assegurado ao agravante pela hipoteca. Essa questão restou bastante clara nos termos do r. despacho guerreado que seguiu, estritamente, o disposto nos artigos 721 e 722, ambos do Código de Processo Civil. Não há o conflito sugerido pelo agravante, ou seja, a aplicação dos artigos 721 e 722, do Código de Processo Civil, não abala, repita-se, o direito real do credor hipotecário. Por óbvio que, havendo a arrematação do imóvel ou mesmo sua adjudicação, não terá o credor que utiliza o usufruto para reaver seu crédito, como prosseguir com este meio e, embora a lei não consigne textualmente o prazo em que deverá cessar o usufruto, salvo, como é lógico, até a extinção do crédito do exeqüente, o deferimento do usufruto presume que se adjudicado o imóvel pelo credor hipotecário ou, ainda, arrematado, a execução do usufruto deve cessar naquele ato. Examinada a questão sob essa ótica, tem-se que o presente agravo não pode ser acolhido, pois estaria obstando o direito do credor, assegurado na lei processual civil, que, repita-se, não conflita com o direito do credor hipotecário". Impende ressaltar, então, que não há vinculação entre os frutos a serem conferidos ao exeqüente e o crédito hipotecário. O deferimento do usufruto sobre os referidos imóveis não causa nenhum prejuízo ao agravante, já que ele mantém hígido seu direito real de garantia hipotecária e preferência de seu crédito. AGRAVO DE INSTRUMENTO N ( ) - SÃO PAULO - VOTO

5 Esta corte já decidiu: "Cumpre registrar também que o fato de existir hipoteca sobre os bens em discussão não afasta a possibilidade de constituição do usufruto, pois esta não impede o exercício do direito real de garantia" (agravo de instrumento n , Rei. Des. Roberto Mac Cracken, j. 26/05/2010). Bem por isso, mantém incólume a r. decisão, da lavra do eminente magistrado Rodolfo César Milano. 3) Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso. São Paulo, 27 de abril de 2011 ROQUE MESQUITA Relator AGRAVO DE INSTRUMENTO N ( ) - SÃO PAULO - VOTO