Câmbio, Competitividade e Investimento
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- Natália Vilarinho Klettenberg
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1 Câmbio, Competitividade e Investimento Lucas Teixeira (BNDES) Laura Carvalho (EESP)
2 Introdução Questão: a desvalorização cambial resolverá o problema de perda de competitividade e de compressão de margens da indústria brasileira, estimulando ao mesmo tempo as exportações líquidas e o investimento? Objetivo específico: analisar o impacto de variações cambiais sobre as margens de lucro, a competitividade e o investimento dos setores econômicos pela ótica dos custos de produção. Metodologia: modelo de preços de Leontieff, a partir de dados da MIP (2009).
3 Aspectos teóricos Em modelos com competição imperfeita, preços são formados por mark-up sobre custos unitários nominais de produção (trabalho, insumos nacionais e importados): P = (1+τ ) wb + p a a + ep m m ( ) Em setores de bens não comercializáveis, aumentos de custos podem ser repassados para preços, mantendo o mark-up. Já em setores de bens comercializáveis, que sofrem concorrência estrangeira, aumentos de custos (em geral) reduzem a margem de lucro.
4 Aspectos teórico Efeito de desvalorizações da taxa de câmbio sobre as margens de lucro (Blecker, 2008): Alivia a concorrência estrangeira, permitindo algum aumento do mark-up e dos preços, o que reduz o salário real. Eleva o custo dos insumos importados, o que pode diminuir esse aumento de margem.
5 Aspectos teóricos Investimento é função da parcela da demanda total (doméstica e exportações) atendida pela produção doméstica. Efeito não linear das margens de lucros: taxa mínima de lucro é necessária para a realização do investimento. Câmbio pode ter efeito positivo se elevar as exportações e as margens de lucro (para acima do mínimo), e não reduzir muito o consumo.
6 Competitividade no Brasil Indústria de Transformação 23,0 21,0 19,0 17,0 15,0 13,0 11,0 9,0 7,0 5, T T T T T T T T T T T T T2 Coef. de Exportações Penetração das Importações Fonte: IPEADATA - CNI
7 Competitividade no Brasil 22% EOB (% do VBP) 20% 18% 16% 14% 12% 10% Indústria (ex. commodities) Commodities Fonte: IBGE (Tabelas de Recursos e Usos)
8 Metodologia Modelo de preços de Leontief O preço de oferta de qualquer setor: Determinado pelo custo unitário de produção (invariável) Não é influenciado pelo nível de produção Mostra a determinação dos preços, levando em consideração o processo de transmissão inter-setorial de mudanças preços Introduzimos mark-up nominal exógeno
9 Metodologia Margens estão comprimidas e preço está acima do que seria competitivo internacionalmente: não há espaço para elevação de margem. Duas possibilidades, a partir do aumento do custo de importados: Eleva preços e mantém margem; Mantém preços e reduz margem.
10 Margens constantes Setor Máquinas para escritório e equipamentos de informática Produtos químicos Material eletrônico e equipamentos de comunicações Outros equipamentos de transporte Defensivos agrícolas Produtos e preparados químicos diversos Tintas, vernizes, esmaltes e lacas Fabricação de resina e elastômeros Var. Preço (%) 4,68 3,65 3,47 3,12 2,94 2,94 2,90 2,88
11 Evolução da Margem Máquinas para escritório e equipamentos de informática 25,0% Produtos químicos 12,0% 10,0% 8,0% 20,0% 15,0% 6,0% 4,0% 10,0% 2,0% 5,0% 0,0% -2,0% ,0% Ano
12 Trade-off Setores não aproveitam muito a desvalorização para ganhar competitividade, mas mantém margem. Setores ganham competitividade, mas reduzem margem. Efeito ambíguo no investimento: efeito de demanda vs margem.
13 Setores com maior trade-off Automóveis, camionetas e Caminhões e ônibus Máquinas para escritório e Material eletrônico e Fabricação de resina e Defensivos agrícolas Outros equipamentos de Produtos químicos Máquinas e equipamentos, Artefatos de couro e calçados Produtos e preparados Peças e acessórios para Eletrodomésticos Metalurgia de metais não- Máquinas, aparelhos e Artigos do vestuário e Artigos de borracha e plástico Tintas, vernizes, esmaltes e Celulose e produtos de papel Alimentos e bebidas Refino de petróleo e coque Têxteis Fabricação de aço e Perfumaria, higiene e limpeza Cimento Outros produtos de minerais Produtos de metal - exclusive Aparelhos/instrumentos Móveis e produtos das Produtos farmacêuticos Produtos do fumo Jornais, revistas, discos Produtos de madeira - Álcool
14 Setores com maior trade-off Setor Automóveis, camionetas e utilitários Caminhões e ônibus Máquinas para escritório e equipamentos de informática Material eletrônico e equipamentos de comunicações Fabricação de resina e elastômeros Defensivos agrícolas Outros equipamentos de transporte Produtos químicos Var. Preço (%)/EOB 6,11 1,39 1,18 0,90 0,80 0,58 0,49 0,37
15 Preço relativo do Investimento Desvalorização cambial encarece o investimento Aumento de preço da oferta nacional: 0,84% Aumento de preço do Investimento: 2,01%
16 Resultados Setores mais dinâmicos (eletrônicos e química) apresentam maior peso de importados nos seus custos. Indústria automobilística aparenta pouca capacidade de acomodar choques cambiais. Dada a baixa competitividade, os setores podem estar numa etapa de recomposição de margens. No curto prazo, o efeito do câmbio na taxa de investimento pode não ser muito expressivo.
17 Outras vias Salários: gera desestímulo ao consumo e assim também afeta a indução a investir. Desonerações: alivia o conflito entre salários e lucros, mas tem custo fiscal. Aumento da produtividade do trabalho: infra-estrutura, inovação, mudança estrutural.
18 Etapas futuras Investigar a diferença entre o preço doméstico e o preço internacional nos setores comercializáveis. Endogeneizar reajustes salariais na matriz de preços. Simular desonerações fiscais.
Impacto do IMF e do sistema atual sobre os preços
Arroz em casca 15,72 30,25 Milho em grão 15,21 32,16 Trigo em grão e outros cereais 15,70 32,66 Cana-de-açúcar 15,47 32,68 Soja em grão 15,83 33,01 Outros produtos e serviços da lavoura 14,10 31,31 Mandioca
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