DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENG.

Transcrição

1 Assembleia Nacional DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENG. JORGE SANTOS, NA ABERTURA DA CONFERÊNCIA COMEMORATIVA DOS 40 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DO REINO DE ESPANHA. Assembleia Nacional, Salão de Banquetes, 25 de março de 2019 Senhor Presidente do Tribunal Constitucional Senhora Embaixadora do Reino de Espanha em Cabo Verde Senhores Membros da Mesa da Assembleia Nacional Senhores Líderes Parlamentares Senhores Deputados Nacionais Senhor Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia Senhores Embaixadores e Representantes dos Organismos Internacionais em cabo verde Senhores Moderadores e conferencistas Senhora Presidente da Comissão Nacional de Eleições Magistrados aqui presentes Senhora Bastonária da Ordem dos Advogados Senhores Representantes dos Serviços Públicos e da Sociedade Civil Senhores Profissionais da Comunicação Social Livre Ilustres convidados Minhas Senhoras e meus Senhores 1

2 É com grande honra, e em nome desta Casa Parlamentar, que me dirijo a esta vasta plateia, aqui presente para assinalar os 40 anos da Constituição Espanhola. Gostaria, nesta ocasião, de dirigir uma saudação muito especial à Sua Majestade o Rei Filipe VI e a todos os espanhóis, na pessoa da Senhora Embaixadora do Reino de Espanha, aqui presente, por esta tão importante data (o 40º aniversário da Constituição Espanhola). Esta conferência, constitui uma excelente oportunidade para celebrarmos as relações entre Cabo Verde e Espanha, e reafirmar os laços de amizade e de solidariedade que unem os nossos povos. Partilhamos os mesmos princípios democráticos e constitucionais. E acredito que, com a presença e contribuição dos ilustres conferencistas, este será um momento não só de comemoração, mas também de reflexão sobre o alcance dos valores e dos princípios plasmados e defendidos pelas nossas constituições. 2

3 De igual modo, sem falsa modéstia, creio que esta conferência será um momento de reflexão sobre os caminhos trilhados e os desafios a vencer para aprofundarmos o nosso diálogo e vincarmos o nosso compromisso em torno de valores como Democracia, Solidariedade, Estado de Direito e Desenvolvimento Equilibrado e Inclusivo. As nossas constituições representam o contrato social que os nossos povos assumiram, através de seus legítimos representantes, para preservar esses valores e garantir os direitos e as liberdades fundamentais, necessários a uma vida livre e em comunhão. Por conseguinte são elas (as nossas constituições) o principal garante para uma vivência em paz, em liberdade e com prosperidade. As comemorações que delas fazemos são, por conseguinte, muito importantes e momentos para reafirmamos o nosso compromisso para com os valores e princípios que contêm. 3

4 Minhas senhoras e meus senhores Excelências, Os anos de 1970 foram marcados por grandes mudanças políticas e pela emergência de novos regimes democráticos na Europa, com a Espanha a ser um dos grandes obreiros dessas mudanças. À semelhança de outras transições políticas, a democracia espanhola começou com aprovação de uma nova Constituição, a 6 de dezembro de A partir de então, o povo espanhol criou as condições políticas para a conversão do regime iliberal de então, numa democracia moderna, o que acabou por ser fundamental para o desenvolvimento político, o bem-estar social e económico atual dos cidadãos espanhóis. Hoje, com a nossa presença aqui, estamos a testemunhar esta história de sucesso dos 40 anos; a história de um país que soube dar passos firmes para a consolidação democrática e afirmar-se, no mundo, como um grande Estado de Direito Democrático. 4

5 Ora, numa altura em que o debate sobre a regionalização assume uma importância relevante entre nós; Em que o parlamento cabo-verdiano está a proceder à discussão e subsequente aprovação da Lei da Paridade; Em que procedemos à avaliação do impacto da Lei VBG, implementada no País desde 2011; Creio que celebrar os 40 anos da Constituição Espanhola é olhar para a nossa realidade arquipelágica e assinalar que, apesar das adversidades geográficas e culturais, Espanha soube trilhar, desde há alguns anos, um caminho de negociação política e de consenso que conduziu à aprovação do Estatuto de Autonomia, à adoção da importante Lei de Igualdade de Género e à criação de um quadro de combate à Violência Baseada no Género. Foram experiencias interessantes de construção de consensos, conseguidos sob a tutela da Constituição de 1978, e que, não estando isentos de erros e insuficiências, permitiram à sociedade espanhola avanços assinaláveis na criação de igualdade de oportunidades. 5

6 São, por conseguinte, exemplos que nos podem inspirar para construirmos as nossas próprias soluções, no que a essas matérias dizem respeito. Excelências, Para o caso de Cabo Verde, como todos sabemos, nos anos 90, demos os passos necessários para a liberdade e a democracia, que culminaram com as primeiras eleições livres, a 13 de Janeiro de Logo após a transição pacífica realizamos, à semelhança da Espanha, uma transição constitucional. Nessa transição constitucional, elaboramos a primeira constituição democrática de Cabo Verde, aprovada em 1992, que criou as condições essenciais para a nossa estabilidade política e social e para a consolidação democrática entre nós. Lançando um olhar retrospetivo sobre o percurso feito, não podemos deixar de destacar que, volvidos agora quase 27 anos, da vigência da nossa Constituição, a nova geração nasce e cresce numa sociedade democrática, em que os valores constitucionais fazem parte de toda a nossa vida social e quotidiana. 6

7 À semelhança da espanhola, a nossa Constituição vem tendo implicações fundamentais e determinantes ao nível das instituições, dos cidadãos e da sociedade. Posso afirmar que, tanto em Espanha como em Cabo Verde, foram muitas e extraordinárias as conquistas da nossa vivência democrática; mas, porque o mundo mudou substancialmente nesse período, também temos grandes e novos desafios pela frente. Desafios que nos interpelam a incrementar uma cooperação de excelência. Juntos, temos a obrigação e o dever de continuar a refletir as nossas constituições e criar as condições para preservar a nossa democracia; preparar os nossos países para que possam dar respostas às novas exigências e combater os desafios dos novos tempos; e assim permitir que os nossos cidadãos possam encarar o seu futuro com ânimo e tranquilidade e longe de tentações populistas. 7

8 Caros convidados Atentos às mudanças do nosso tempo e sempre disponíveis para fazer os esforços necessários, que nos dão a confiança e a esperança de que os ideais e os valores constitucionais, continuarão a ser a prática e o fundamento para a consolidação da democracia e para a melhoria constante do bem-estar das nossas sociedades. É este o espírito que nos anima! Declaro aberta esta Conferencia. Muito obrigado! 8