ASSEMBLEIA NACIONAL GABINETE DO PRESIDENTE. Discurso de S.E o PAN na cerimónia de abertura da Reunião Deslocalizada da Comissão Mista da CEDEAO
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- Júlio Rodrigues Fontes
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1 ASSEMBLEIA NACIONAL GABINETE DO PRESIDENTE Discurso de S.E o PAN na cerimónia de abertura da Reunião Deslocalizada da Comissão Mista da CEDEAO Senhor Representante do Presidente do Parlamento da CEDEAO, Senhor Co-Presidente da Comissão Mista, Senhora Deputada Coordenadora dos Deputados de Cabo Verde na CEDEAO, Senhoras e Senhores Deputados do Parlamento cabo-verdiano, Senhoras e Senhores Deputados do Parlamento da CEDEAO, Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Em nome da Assembleia Nacional, permitam-me saudar a todos e formular os votos de boas-vindas aos colegas Deputados do Parlamento da CEDEAO, a quem desejo uma óptima estada nas nossas ilhas. Espero que estes dias sejam ao mesmo tempo agradáveis e proveitosos, e que os objectivos preconizados sejam plenamente conseguidos. Foi com simpatia que recebi o convite para presidir a este acto de abertura da Reunião Deslocalizada da Comissão Mista da CEDEAO. Por outro lado, posso acrescentar que é sempre com muita honra que o nosso país acolhe eventos desta natureza. Cabo Verde tem-se esforçado para ser útil à Região Oeste Africana e estará sempre disponível para, na medida das suas possibilidades, participar na construção de soluções que permitam à Africa trilhar o caminho do progresso e do desenvolvimento. É nessa perspectiva que participamos na presente reunião do Parlamento da CEDEAO que visa
2 fazer o ponto da situação e adoptar medidas de combate à corrupção e ao branqueamento de capitais, fenómeno mundial e com incidência em África. Assistimos com muita apreensão às causas e às consequências da problemática sobre a qual esta Comissão Mista se vai debruçar nos próximos dias. Por via do crime organizado, do narcotráfico e, consequentemente, das suas ligações com diversos tipos de violência, com a corrupção e o branqueamento de capitais, temos de admitir que estamos face a um enorme desafio. Assim, congratulamo-nos com esta iniciativa do Parlamento da CEDEAO para se debruçar e analisar uma matéria tão candente. Isto revela que entre os seus parlamentares é consensual a necessidade de cooperação e da troca de experiência entre os Estados membros sobre este assunto. Com efeito, a corrupção prejudica o processo de desenvolvimento económico por ser um autêntico sorvedouro dos dinheiros públicos. Daí a oportunidade do tema a que esta Comissão Mista se propõe tratar para prevenir e evitar as ruinosas consequências desta prática. Através do branqueamento de capitais, esses malfeitores pretendem ocultar a origem ilícita dos bens resultantes das suas actividades criminosas e terem uma cobertura legal para as diversas fontes criminosas dos seus rendimentos. O objectivo é esconder a verdadeira fonte ilegal do dinheiro e criar uma nova justificação limpa para a sua origem. Se facilitarmos o acesso ao capital e ao sistema financeiro, estaremos também a facilitar, por exemplo, o financiamento do terrorismo a organizações e grupos terroristas e aos seus financiadores. Infelizmente, alguns dos países da nossa sub-região sofrem actualmente com o flagelo do terrorismo e este constitui uma ameaça para todos nós. Para combater este tipo de crime, são necessárias diversas medidas complementares e, de entre elas, adequar a Lei à presente conjuntura. Mas, igualmente, urge que os procedimentos de investigação sejam céleres e eficazes. Que os infractores sejam julgados e condenados. Senhoras e Senhores Deputados: Somos todos desafiados a rechaçar a corrupção e o branqueamento de capitais, através da Boa Governação. Esta é a melhor via para gerir e utilizar de forma criteriosa os recursos públicos colocados à disposição das instituições governamentais. Assim se consegue uma gestão com
3 mais transparência, com fiscalização do cumprimento das normas e com menos oportunidades à corrupção. Mesmo admitindo que as realidades sociais e económicas são distintas, entre os países, elas não podem criar impedimentos na luta contra a corrupção e o branqueamento de capitais. Os valores associados à Boa Governação, como sejam a Democracia, a Justiça e os Direitos Humanos são universais, devem prevalecer sobre os demais, e propiciar uma resposta comum para um problema global. Tratando-se de um tipo de crime transnacional, nenhum país poderá ter a pretensão de, sozinho, conseguir resolvê-lo. Esta luta só poderá ser vencida com o concurso, o esforço, a solidariedade e a cooperação de todos. Por sua vez, as instituições, principalmente as judiciais, têm que ser fortes para poderem responder de forma capaz aos desafios que se lhes apresentam. Do mesmo passo, uma sociedade civil e uma opinião pública actuantes, a par de uma imprensa livre, com jornalistas independentes, constituem aliados poderosos na vigilância, fiscalização e denúncia desses crimes. Eles desempenham um papel complementar em relação à acção das instituições com competência na matéria. Para merecerem a confiança dos cidadãos e constituírem um exemplo para a sociedade, os políticos devem ser exemplos de probidade e exercer as suas funções de forma modelar. Os seus padrões de conduta e princípios morais devem estar acima de quaisquer suspeitas. Minhas Senhoras e Meus Senhores: Só há corrupção porque alguém se deixa corromper, ou seja, porque há ainda aqueles que estão dispostos a ajudar os criminosos, facilitando o branqueamento de capitais. Há que quebrar esta cadeia e acabar com os facilitadores. Em suma, cada um terá que fazer a sua parte. No nosso país, o Parlamento, o Governo e os Tribunais têm procurado, cada um, cumprir com as suas responsabilidades, mas com convergência de posições. Este amplo consenso torna-se absolutamente necessário, tendo em conta a complexidade do fenómeno. O quadro legislativo cabo-verdiano é relevante e abrangente. Um Decreto-Legislativo prevê e regula, detalhadamente, a corrupção, activa e passiva, o tráfico de influência e algumas situações de conflito de interesses. A Lei define igualmente o regime jurídico do controlo público da riqueza dos titulares de cargos políticos. O branqueamento de
4 capitais está também regulado, e foi criada uma Unidade de Informação Financeira, com o objectivo de dar combate à lavagem de capitais. No domínio informático, foi instituído um upgrade ao Sistema Integrado de Gestão Orçamental e Financeira (SIGOF) que garante a transparência e consolidação das finanças e Contas Públicas para além da inclusão no sistema de um novo Plano de Contabilidade Pública. Cabo Verde é signatário da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Constata-se que a nossa legislação é penalizadora da corrupção e do branqueamento de capitais. Assim sendo, julgamos que esta reunião poderá ser uma oportunidade para, a partir da confrontação das várias experiências existentes na nossa sub-região, podermos encontrar as melhores soluções para o combate à corrupção e ao branqueamento de capitais. Mas, mais do que leis, é fundamental que haja uma vontade política capaz de mobilizar a sociedade e de dissuadir tais práticas. Nós os parlamentares, enquanto representantes eleitos dos nossos povos, temos a responsabilidade de estar na linha de frente do combate à corrupção e ao branqueamento de capitais, bem assim de outras formas de crime que entravam o desenvolvimento dos nossos países. Numa palavra, temos a responsabilidade de criar as condições para que os nossos povos possam viver em paz, usufruam de melhores condições de vida e sejam felizes. Cabo Verde estará sempre disponível para acolher reuniões desta natureza. As nossas portas e fronteiras estarão sempre abertas para receber os nossos irmãos do continente. Venham mais vezes partilhar a vossa experiência connosco, de modo a que juntos possamos fazer a caminhada rumo ao desenvolvimento a que todos temos direito. Termino, mais uma vez, louvando a pertinência da escolha do tema desta Reunião, e faço votos para que seja proveitosa a vossa jornada de trabalho. Declaro aberta a Reunião Deslocalizada da Comissão Mista da CEDEAO que analisa Os textos da CEDEAO em matéria de luta contra a corrupção e o branqueamento de capitais: Ponto de situação e perspectivas para a sua implementação efectiva. Muito obrigado e bom trabalho. Praia, Hotel Vista, 24 de Fevereiro de 2015
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