IX Semana dos Direitos 2019 Sessão Plenária Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens

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1 IX Semana dos Direitos 2019 Sessão Plenária Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens Exmos. Senhores Deputados Regionais Exma. Senhora Presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Horta Exma. Senhora Presidente do Comissariado para a Infância e Juventude dos Açores Exmo. Senhor Vereador da Câmara Municipal da Horta, em representação do Senhor Presidente da Câmara Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal da Horta Demais Convidados Caras e caros Professores e Alunos 1

2 Sejam muito bem-vindos à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores! Gostaria em primeiro lugar de dirigir um cumprimento especial à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Horta por, mais uma vez, desenvolver esta iniciativa que permite estimular o pensamento e despertar o sentido de responsabilidade moral e social entre todos vós, crianças e jovens, desde o presente, com a vossa ação na escola, nos clubes e associações onde participam, até ao futuro, altura em que também serão responsáveis pela nossa sociedade, numa cidadania ativa e participada. Em segundo lugar, as minhas palavras são dirigidas a todos os professores envolvidos neste projeto. Gostaria de enaltecer o vosso empenho, a vossa dedicação e o vosso esforço para que esta iniciativa se concretize de forma continuada na nossa realidade escolar. 2

3 Gostaria, ainda, de fazer um cumprimento especial a todos os alunos que hoje assumirão a função de deputados. Agradeço a vossa presença e o vosso interesse em contribuir ativamente para este debate e juntarem as vossas vozes, as vossas opiniões e críticas, neste Parlamento que está sempre de braços abertos para vos receber. Este ano o tema escolhido pela CPCJ da Horta centra-se na reflexão sobre os mecanismos para a promoção e proteção dos direitos das crianças e jovens, consagrados na Declaração dos Direitos da Criança proclamada pelas Nações Unidas em Como sabem, em 1948, a Assembleia Geral da ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo sido adotada por Portugal em 1976, e esta tornou-se num guia internacional para orientação dos Estados que a adotaram, que, por sua vez, têm a obrigação de implementar 3

4 estas normas internacionais de direitos humanos, adotando legislação e outras medidas necessárias para assegurar que não existe violação dos direitos humanos. As crianças e jovens, pelas condições especiais a que estão sujeitas, são alvo de regulamentação especial. Não porque sejam meros sujeitos de proteção, mas sim, porque são igualmente detentores e beneficiários de todos os direitos humanos fundamentais. Portugal reconhece, valoriza e promove os direitos humanos em todas as instâncias. Dessa forma, ficou vinculado a um conjunto de princípios para os quais estabeleceu mecanismos de promoção e proteção da criança, que se foram desenvolvendo e reforçando ao longo dos anos. Destaco a instituição de legislação especializada, como é o caso da Lei nº147/99 de 1 de setembro - Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, e a criação de redes de apoio institucionais e especializadas, como é o caso das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens. 4

5 O Estado atua em parceria com a comunidade para ultrapassar os desafios e promover o superior interesse das crianças e jovens enquanto sujeitos titulares de direitos. Para isso, constituíram-se equipas multidisciplinares e interinstitucionais que são fundamentais para o processo de proteção e promoção, processo este que passa por identificar os problemas, proporcionar assistência e pugnar pelo exercício do direito e cumprimento da lei. Todo este processo deve ser célere, pois só agindo rapidamente, e com qualidade, é que estaremos a cumprir com os objetivos e com os princípios proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mas hoje gostaria, também, de chamar a vossa atenção para outra questão fundamental e intrinsecamente associada à questão dos direitos - Hoje é o Dia Internacional da Mulher. 5

6 Celebrar este dia é assinalar os direitos das mulheres, é assinalar as suas conquistas sociais, políticas e económicas, independentemente do seu contexto social. Acredito que, para muitos de vós, esta questão da igualdade de género, algo que neste dia privilegiamos especialmente, não seja um assunto do dia-a-dia. Ainda bem que é assim! Mas a verdade é que ainda vivemos numa sociedade em que homens e mulheres não têm direitos iguais, salários iguais para as mesmas funções, acessos iguais a carreiras de topo. Ainda vivemos numa sociedade em que as mulheres morrem às mãos dos seus companheiros, sendo que cada um de nós acaba por ser corresponsável pela inércia, umas vezes, incapacidade, outras vezes, preconceito, ainda demasiadas vezes, das autoridades policiais, judiciais, e da própria sociedade que também bastas vezes prefere não ver, não ouvir e calar! 6

7 Estamos no início de 2019 e em Portugal já morreram doze mulheres vítimas de violência doméstica. E sabemos, que nem todas as facetas da violência doméstica são conhecidas do grande público, muitas vezes ficam confinadas às quatro paredes das casas que deveriam ser sinónimo de amor e aconchego, mas que, na realidade, representam apenas o terror e o medo. As mulheres continuam a ser, claramente, o grupo onde se verifica a maior vitimização. Não nos podemos iludir, a violência doméstica só deixará de ser uma realidade quando houver uma efetiva alteração de atitude e de comportamentos que favoreçam uma mudança na nossa cultura e essa mudança começa hoje! Acabar com a violência e a vitimização de género, está intrinsecamente ligado à questão de uma Cidadania ativa. Isto implica que devemos, individualmente, desenvolver ações positivas baseadas no respeito para com os outros, independentemente do seu género, da sua etnia, das suas crenças ou da sua ideologia. 7

8 Devemos, por isso, combater comportamentos sociais estereotipados, cultural e historicamente construídos. Devemos, sim, fortalecer a cultura democrática, tomando consciência dos direitos e deveres de cada um, de que somos iguais e de que todos temos a mesma dignidade. É na Escola que recebemos a nossa educação formal, e é também aí que passamos grande parte da nossa vida, que conhecemos os nossos primeiros amigos, que nos formamos mentalmente como seres humanos, que criamos uma identidade e que nos definimos para a nossa vida futura como adultos. A Escola é, portanto, um espaço de excelência para o respeito pela diversidade de quem a frequenta e, como tal, devemos banir todas as atitudes que desenvolvam comportamentos negativos. Por isso, gostaria de chamar a vossa especial atenção para o cumprimento das vossas responsabilidades individuais para 8

9 com os outros, que começa no seio das vossas famílias, se prolonga na vossa Escola e culmina em todas as áreas da sociedade onde estejam envolvidos. Há ainda um grande caminho a percorrer e vocês fazem parte desse caminho. Neste Portugal livre e democrático, há quase 45 anos, eu represento a primeira geração nascida em liberdade: as mulheres já podem exercer uma profissão sem autorização do pai ou marido, as professoras e enfermeiras já podem casar com quem entenderem, sem autorização prévia do Estado, as mulheres casadas já podem viajar para fora de Portugal sem autorização dos maridos! Mas a minha geração ainda cresceu à luz de preconceitos culturais, históricos e sociais que apesar do plasmado na Lei ainda não foi possível alcançar a igualdade plena. É vossa a responsabilidade de alterar este panorama para o vosso futuro e para o futuro dos vossos filhos. A responsabilidade, no fundo, de assegurar o respeito absoluto pelos Direitos Humanos. 9

10 Só assim viveremos numa sociedade mais justa, mais livre e mais igualitária! Desejo um bom trabalho a todos! Horta, 8 de março de 2019 A Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores Ana Luísa Luís 10