Bom dia Cabo Verde, bom dia nha pov! (cantou o imortal Manuel D Novas).

Transcrição

1 Assembleia Nacional DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL, ENG. JORGE SANTOS, NA SESSÃO SOLENE ESPECIAL COMEMORATIVA DO 13 DE JANEIRO DIA DA LIBERDADE E DA DEMOCRACIA Palácio Assembleia Nacional, 13 de Janeiro de 2019 Bom dia Cabo Verde, bom dia nha pov! (cantou o imortal Manuel D Novas). Senhor Presidente da República e digníssima esposa Senhor Primeiro-Ministro Senhor Presidente do Tribunal Constitucional Senhora Presidente do Supremo Tribunal da Justiça Senhoras e senhores Deputados Nacionais Senhoras e senhores Membros do Governo Senhor Ex. Presidente da República, Comandante Pedro Pires e digníssima esposa Senhor Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial Senhor Presidente do Conselho Superior do Ministério Público Senhor Presidente do Tribunal de Contas 1

2 Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia Senhores Presidentes de Câmara e Assembleias Municipais Senhores Combatentes da Liberdade da Pátria Senhores Representantes do Corpo Diplomático e de organismos internacionais Senhores Conselheiros e Altos Dirigentes da Administração do Estado Senhores Representantes das Confissões Religiosas Senhores Representantes das organizações da sociedade civil Senhores Jornalistas Caros estudantes Minhas senhoras e meus senhores Permitam-me, em primeiro lugar, em nome dos Deputados Nacionais, manifestar o meu profundo júbilo, pela presença nesta sessão solene, de Sua Excia o Senhor Presidente da República, Doutor Jorge Carlos Fonseca, que, nos últimos três anos, nos tem honrado com a sua presença e comunicação nesta nobre cerimónia comemorativa do Dia da Liberdade e da Democracia. 2

3 Aos Representantes do Corpo Diplomático, expresso, igualmente, a nossa sincera gratidão pela amizade e cooperação cada vez mais diversificada ao longo de décadas, com impacto decisivo no nosso processo de desenvolvimento e no bem-estar dos cabo-verdianos. Aos jovens, estudantes e organizações da sociedade civil, manifestamos a nossa satisfação pela vossa presença, que é demonstrativa do interesse e da esperança no futuro de Cabo Verde. Enfim, a todos vós que se dignaram estar connosco nesta linda manhã de Domingo, o nosso sincero agradecimento, também extensivo aos cabo-verdianos que nos acompanham através da comunicação social e das redes sociais, nas ilhas e no mundo. Efetivamente, pela terceira vez consecutiva, a Assembleia Nacional de Cabo Verde celebra, de forma solene e oficial, as comemorações alusivas ao 13 de Janeiro Dia da Liberdade e da Democracia. Parabéns à Democracia. Parabéns ao povo cabo-verdiano. Este é sempre momento para celebrar os ganhos do Cabo Verde Democrático. 3

4 Comemorar o 13 de janeiro: É celebrar a conquista da liberdade e da dignidade da pessoa humana. É celebrar a livre escolha dos cidadãos dos seus legítimos representantes para os diferentes órgãos de poder, a nível nacional e local. É celebrar as conquistas a nível dos direitos sociais e políticos plasmados na Constituição Democrática de É celebrar também a afirmação de Cabo Verde no mundo, por via do respeito dos direitos humanos e pelos progressos realizados nos mais diferentes indicadores de desenvolvimento humano. Um povo é a sua história. Cabo Verde e os cabo-verdianos devem assumir, sem quaisquer condicionalismos, todas as fases do nosso processo de afirmação enquanto Nação Global Crioula. Devemos nos orgulhar do percurso realizado, que nos faz hoje, um povo com identidade e com a esperança de um futuro promissor. 4

5 Este é momento para refletirmos sobre o passado, não na perspetiva de julgamentos interesseiros, mas enquanto aprendizagem para construirmos um futuro alicerçado nos valores da confiança, da tolerância e da realização constante do bem comum. Cabo Verde é património de todos os cabo-verdianos, residentes e espalhados pelos quatro cantos do mundo. Acredito que muito do futuro desta terra, passará largamente por uma visão tranquila e desapaixonada da sua história e pela compreensão objetiva dos fenómenos sociais que nos permitem, a cada momento, identificar as grandes prioridades para Cabo Verde, que deverão contar com o concurso de todas as suas forças sociais e políticas, mormente da parte daqueles que têm a responsabilidade na realização das reformas e das políticas públicas nacionais e locais. O percurso realizado desde 1991 dá-nos razões para acreditar nas virtualidades e nas potencialidades da nossa democracia e do nosso sistema político, que vai ganhando contornos de irreversibilidade, aliás, facto reconhecido pela comunidade nacional e pelos organismos e parceiros internacionais. 5

6 Deveremos, pois, concluir, que o sistema político que escolhemos tem satisfeito e correspondido as expetativas dos cidadãos, a paz social e a estabilidade necessária ao nosso país. Tenho dito e reafirmo que não podemos negligenciar ou minimizar o valor da nossa estabilidade política. Mais do que um conceito ela tem-se afirmado, de facto, como um trunfo para Cabo Verde. Ela concorre para a coesão e paz sociais, para um melhor ambiente económico e de negócios e para a credibilização do país na sua relação com os diversos espaços de integração, a nível regional continental e mundial. Senhor Presidente da República Senhores Deputados Ilustres convidados Nestes tempos complexos, de constantes ameaças e incertezas, em quase todos os continentes, a relação entre os representantes e os representados, ganha relevância crucial para a sobrevivência do sistema democrático e para a paz social. Enquanto país aberto ao mundo e com forte dimensão diaspória, Cabo Verde deve estar atento aos sinais e alertas, para encontrar 6

7 respostas às inquietações de uma sociedade civil cada vez mais atuante e ciosa dos seus direitos e aspirações. Reafirmo que a abertura do Parlamento à sociedade ergue-se como o principal desafio da reforma parlamentar em curso e do próprio sistema político cabo-verdiano. Esta casa do povo e da democracia deve assumir-se, como o centro do sistema político cabo-verdiano, criando espaços para o reforço do debate político e para a expressão das diversas sensibilidades existentes entre os cabo-verdianos, nas ilhas e na imensa e pujante diáspora. A qualificação da nossa democracia passa pelo reforço da capacidade institucional das instituições democráticas, mas, sobretudo, da sua capacidade em se relacionar com os diferentes segmentos sociais e das respostas que dão aos cidadãos. A relação entre a classe política e a sociedade deve alicerçar-se na transparência. Tenho para mim, que quanto mais transparentes forem as nossas decisões maior será a legitimidade para se afirmarem junto do seu principal destinatário: o povo cabo-verdiano. 7

8 O estabelecimento do contrato social entre os representantes e os representados deve ser encarado como uma necessidade do funcionamento do sistema social e político. É fundamental que saibamos interpretar os sinais dos tempos e antecipar as respostas às inquietações da sociedade. É que o sistema político deve estar, sempre, ao serviço dos cidadãos. O Parlamento tem desempenhado, no Cabo Verde Democrático um papel de primeiro plano, no que diz respeito à sua função legislativa, de centro do debate político e na conformação da vontade política, concorrendo para a qualificação da democracia e para a estabilidade política e social. A reforma parlamentar em curso tenta responder à essa necessidade central de aproximação dos eleitos aos eleitores e do reforço da credibilidade e transparência da atividade parlamentar. O novo Regimento, aprovado com os votos de todas as forças políticas presentes nesta Assembleia, veio cumprir essa necessidade, com a realização de sessões bimensais, maior centralidade às Comissões Especializadas ou os debates mensais 8

9 com o Primeiro-Ministro e Ministros, concorrendo para uma maior eficácia do parlamento, maior fiscalização da atividade governativa e por conseguinte a um maior escrutínio dos cidadãos. Neste dia de democracia e liberdade apelo, enquanto Presidente da Assembleia Nacional, a abertura ao diálogo, à tolerância, ao respeito pelo outro e ao entendimento sobre questões fundamentais para Cabo Verde. Quanto maior é a convergência dos principais atores políticos sobre questões estruturantes e de regime maior será a sua legitimidade junto da sociedade e a sua sobrevivência no tempo. O entendimento das principais forças políticas em relação aos objetivos nacionais permanentes reduz a margem para aparecimento, de discursos ou movimentos populistas que, não sendo adequadamente analisados, podem por em causa conquistas já alcançadas. Já demos provas de maturidade política e estou confiante que estaremos à altura das exigências do sistema político e das aspirações dos cidadãos. 9

10 Temos que encarar de frente as reformas de que o sistema político e o país reclamam e necessitam. Teremos que, provavelmente, revisitar a Lei dos Partidos Políticos, a Constituição da República e encarar com sentido realista as reformas atinentes à organização política e administrativa do Estado. Em questões essenciais para a Nação, não há protagonistas ou vencedores e vencidos. O vencedor será sempre: Cabo Verde. Senhor Presidente Senhor Primeiro-Ministro Ilustres Deputados Caros Representantes do Corpo Diplomático Não podia deixar de aproveitar esta solene oportunidade para me referir à Diplomacia Parlamentar, enquanto elemento do sistema nacional da Politica Externa. Enquanto legítimos representantes do povo cabo-verdiano temos tido, em concertação com os outros órgãos de soberania, um papel ativo nas relações com os diversos espaços de integração de Cabo Verde. Realço, porque oportuno, a recente VIII Assembleia Parlamentar da CPLP, que reuniu na Cidade da Praia, parlamentares de todos os países lusófonos. 10

11 Nós assumimos a Presidência da Assembleia Parlamentar da CPLP, na sequência, aliás, da presidência de Cabo Verde da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, durante a Cimeira do Sal do passado mês de Julho. Durante dois dias debatemos questões importantes prevendo realizações impactantes em áreas como: Mobilidade, Cooperação Temos tido, igualmente, agenda intensa e de grande engajamento e responsabilidade em outras organizações como a Assembleia Parlamentar da Francofonia, o Parlamento da CEDEAO, o Parlamento Pan-africano e a nível das Jornadas Parlamentares da Macaronésia. Estamos convencidos que um país como Cabo Verde, aberto ao mundo, com uma pujante diáspora, com forte potencial turístico, de atração de investimentos e de constituição de uma plataforma de circulação no Atlântico Médio, deve potenciar cada vez mais as suas relações externas e colocá-las ao serviço do desenvolvimento e da afirmação do país no contexto global. Senhor Presidente Ilustres deputados Minhas senhoras e meus senhores 11

12 Cabo Verde passou de país inviável em 1975 para país de rendimento médio desde Hoje o nosso PIB cresce a 5%, o desemprego situa-se em 12,6% (dados de 2017) e o Investimento Direto Externo cresce a 12,8% ao ano, principalmente no turismo e na economia de serviços. Temos uma Constituição moderna e uma democracia liberal respeitada no mundo. Conseguimos avanços assinaláveis em vários indicadores de desenvolvimento humano, como a saúde, a educação, luta contra a pobreza e em vários outros direitos sociais que nos permitiram alcançar boa parte dos Objetivos do Desenvolvimento Milénio e nos colocam também em boa posição para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Realizámos conquistas importantes na infraestruturação do país, numa justiça independente, numa imprensa livre, num poder local autónomo e pujante, na igualdade de género e na defesa e promoção dos direitos das crianças, na integração da nossa 12

13 diáspora no nosso processo de desenvolvimento, para não falar dos sucessos a nível da cultura e do desporto. Sentimo-nos orgulhosos do percurso de sucesso realizado, mas temos potencial para construir um país ainda melhor. Com um crescimento económico mais robusto e sustentado no tempo, mais emprego qualificado, mais rendimentos para as pessoas e famílias, melhor e maior conectividade entre as ilhas e com o mundo, mais segurança, em suma, com mais qualidade de vida para os nossos cidadãos. Permitam-me enaltecer os esforços que o país está a empreender para transformar as nossas vulnerabilidades em oportunidades, contando com os recursos humanos internos, com o investimento externo e com os parceiros bilaterais e multilaterais de desenvolvimento. Esses esforços devem poder dar respostas no sentido de transformar o país num centro geopolítico e económico relevante no Atlântico Médio, aproveitando o potencial do nosso imenso e rico mar e os nossos recursos humanos. 13

14 Assumirmo-nos como parecer importante da segurança, na plataforma de ligação entre África, Europa e Américas e na resolução sustentável da problemática dos transportes, enquanto fator de unificação do mercado nacional e da coesão social e territorial. Assumirmos uma estratégia real de resiliência a nível nacional, fazendo face as mudanças climáticas e catástrofes naturais e secas continuadas, com consequências negativas ao nível do equilíbrio ambiental, principalmente no sector agrário e na segurança alimentar. Senhor Presidente Ilustres deputados Minhas senhoras e meus senhores Falar de Cabo Verde é falar da sua juventude. Investir, hoje, nos jovens é garantir o presente e cuidar do futuro de Cabo Verde. Devemos procurar sustentabilidade e assertividade nas políticas de educação, formação e empregabilidade, que permitam a 14

15 integração dos jovens no mercado interno e na sua afirmação no mercado global. Temos um país com uma média de população de cerca de 28 anos. Temos mais de 60 mil jovens excluídos do sistema de ensino e do mercado de trabalho. As respostas devem acontecer hoje. O país não pode deixar de aproveitar esta oportunidade que nos é oferecida pelo dividendo demográfico e poder cumprir os ODS 2030 e a Agenda África O futuro está ao nosso alcance. Temos a obrigação de trabalhar para que cada cabo-verdiano tenha mais rendimentos e construa a sua felicidade e sermos cada vez mais úteis ao mundo. Agradeço pela paciência e atenção dispensadas. Viva a Liberdade e Democracia. 15