ASSEMBLEIA NACIONAL. Auditório Nacional, 25 de Abril de 2017

Transcrição

1 1 ASSEMBLEIA NACIONAL Discurso do Presidente da Assembleia Nacional, Engº Jorge Santos, na Sessão Solene de Boas Vindas, aos Presidentes dos Parlamentos da CEDEAO, Moustapha Cissé Lo e Pan-africano, Roger Nkodo Dang Auditório Nacional, 25 de Abril de 2017 Senhor Primeiro Ministro de Cabo Verde, Excia Senhor Presidente do Parlamento Pan-africano Senhor Presidente do Parlamento da CEDEAO Senhora Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Senhoras e Senhores Membros do Governo de Cabo Verde Senhoras e Senhores Deputados à Assembleia Nacional Senhoras e senhores Deputados dos Parlamentos da CEDEAO e Pan-africano Ilustres Membros da Delegação Parlamentar da CEDEAO e Pan-africano Senhor Procurador Geral da República Senhor Presidente do Tribunal de Contas Senhora Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial Senhor Provedor da Justiça Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia Senhores Presidentes das Câmaras e Assembleias Municipais Eminência Cardeal Arlindo Furtado, Bispo de Santiago Reverendo David Araújo, Superintendente da Igreja Nazarena Senhoras e Senhores Membros do Corpo Diplomático e das Organizações Internacionais Digníssimas autoridades civis, militares e religiosas Digníssimos representantes das organizações da sociedade civil Senhores Representantes das Associações africanas em Cabo Verde Senhoras e senhores jornalistas nacionais e estrangeiros Distintos Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores

2 2 O Parlamento cabo-verdiano, que tenho a honra em presidir, está a passar por momentos gratificantes e memoráveis que ficarão seguramente nos anais da nossa Casa Parlamentar. Dignos de registo, estes dias, que coincidem com o primeiro ano de mandato da IX Legislatura, estão a ser verdadeiramente encorajadores para a nossa Casa Parlamentar e sua projecção externa, nas vertentes da diplomacia parlamentar e relações externas. Há sensivelmente quinze dias, foi com igual regozijo e brilho que recebemos também em Sessão Solene de Boas Vindas, o Presidente da Republica de Portugal, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Senhor Presidente do Parlamento Pan-Africano Senhor Presidente do Parlamento da CEDEAO Nesta ocasião singular, gostaria de manifestar, em nome do Parlamento cabo-verdiano, a nossa satisfação pela vossa presença no nosso país, distinguindo-nos com delegações parlamentares de alto nível, revelador da importância que atribuem ao nosso país, às suas instituições e suas gentes, assim como demontradores da vossa confiança no futuro da integração regional africana, qual

3 3 desafio em que Cabo Verde se inclui com empenho e comprometimento. Auguro, pois, a vossas Excias e suas digníssimas delegações uma boa estadia no nosso país, esperando que, na sequência da intensa agenda de trabalhos e de visitas às nossas instituições e seus principais dirigentes políticos, os resultados venham a revelar-se manifestamente reconfortantes. Esta sessão solene é singular e histórica. Pela primeira vez, na história das nossas relações parlamentares, conseguimos reunir ao mesmo tempo e num mesmo espaço, os dois mais importantes responsáveis dos Parlamentos da CEDEAO e Pan-africano, o que traduz uma clara relação simbiótica e dialógica de instituições e actores parlamentares africanos de relevo, em busca de caminhos consistentes, céleres e seguros a favor do nosso continente. Asseguro-vos que este vosso efectivo comprometimento com a causa africana, de forma comum e partilhada, dignificam o nosso parlamento e estimulam a construção contínua da nossa democracia, em absoluta consonância com todos aqueles que se batem pela democratização completa do continente africano.

4 4 A vossa visita a Cabo Verde acontece justamente um ano após a realização sequencial de três actos eleitorais, em que os nossos concidadãos, nas nossas ilhas e na nossa diversificada e empenhada diáspora, foram chamados a escolher os seus legítimos representantes: nas eleições legislativas, que resultaram na formação de uma nova maioria e um novo Governo, em seguida; nas eleições autárquicas com a escolha dos novos eleitos locais nos vinte e dois municípios e, por fim; nas eleições presidenciais que culminaram com a reeleição do Presidente da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca. O veredito popular, que foi protagonizado num clima de tranquilidade e expresso com manifesto sentido de cidadania, veio, mais uma vez, provar a maturidade cívica e democrática do nosso povo, a credibilidade e justeza fundacional das nossas instituições e a solidez e sustentabilidade dos ganhos que enformam o nosso processo de construção da democracia nacional. Efectivamente, a nossa estabilidade política, a nossa paz social e a convergência dos actores políticos e sociais em questões de regime, de efeito crucial para a nação, são conquistas que não podemos negligenciar, uma vez que já que se erguem, em contínuo e de forma persistente, como factores potenciadores do crescimento económico, da promoção do emprego, da

5 5 redução das desigualdades e das assimetrias sociais e regionais, do reforço da nossa identidade e da afirmação do país no contexto regional, continental e mundial. Senhor Primeiro-Ministro Caros Parlamentares Ilustres convidados Nos dias de hoje, torna-se cada vez mais premente, na relação entre países, particularmente no âmbito do nosso continente, a contrução de um quadro de parcerias e cumplicidades que desemboquem em iguais vantagens mútuas e substanciais. Não há vencedores e vencidos nas relações entre os Estados e Nações. A parceria para o desenvolvimento exige, mormente no nosso espaço político e económico, partilha de visão, de experiências e de responsabilidades, numa perspectiva de potenciação de complementaridades, factor que demanda de todos nós compromissos firmes e consequentes, sobretudo em matéria de integração política e económica, bem assim das suas desejáveis repercussões em cada uma das nossas sociedades e estados.

6 6 Caros colegas Parlamentares Devemos todos trabalhar afincadamente para remover os obstáculos políticos, jurídicos e institucionais que ainda persistem relativamente ao processo de ratificação dos principais instrumentos jurídicos da CEDEAO e da União Africana. O esforço de engajamento de Cabo Verde no processo de integração regional deve ser contínuo e efectivo, sem perder de vista a necessidade de acomodação das suas especificidades, vulnerabilidades condicionalidades, enquanto território insular e fisicamente fragmentado, comportando descontinuidades geográficas que, em termos de integração equilibrada e equitativa das suas parcelas, demandam multiplicadamente recursos associados em todos os níveis de projecção do desenvolvimento nacional. É importante referir a este propósito que falar de uma União Africana e da CEDEAO de cidadãos, implica necessariamente pugnar pela realização, material ou imaterial, de cada uma das sociedades que as integram, tendo em conta as suas dinâmicas em termos de desenvolvimento substantivo e ininterrupto, bem assim das suas expectativas.

7 7 E estes pressupostos são tão válidos quanto a necessidade premente de se enquadrar os adequados mecanismos que possibilitem a implementação dos mecanismos jurídicos inerentes à afirmação de uma União Africana e da CEDEAO de cidadãos, designadamente no campo instrumental da mobilidade e da facilitação do negócio, no que contêm de prodigioso e geração de riqueza. Para tanto, a criação de condições económicas, ao nível dos transportes e comunicações, conducentes a uma maior aproximação de Cabo Verde ao espaço continental Africano revela-se um imperativo. Com efeito, o sucesso do processo de integração regional e continental dependerá em larga medida do desempenho e da boa-governação de cada um dos Estados-Membros. Todo o processo deve ser alavancado por via de projectos bem alicerçados e estruturalmente sólidos e credíveis, dimensão estratégica. com forte Senhor Primeiro-Ministro Caros Parlamentares Excias Minhas senhoras e meus senhores

8 8 Os elementos de crença e convicção que movem Cabo Verde no sentido da sua integração regional e continental revelam-se firmes e inquestionáveis. Somos conscientes das afinidades históricas e culturais que nos vinculam ao projecto de integração africana e das valias e valências estratégicas de cada um dos membros do espaço Africano. Propugnamos a defesa, em coerência e consistência estratégica, dos interesses globais africanos na sua relação com os parceiros de desenvolvimento, quer a nível bilateral, quanto multilateral. Do lado de Cabo Verde importa realçar, neste particular, a excelência das nossas relações bilaterais com vários países europeus e com a própria União Europeia, com a China, os USA, o Brasil, entre outros, tradicionais e importantes parceiros do nosso processo de desenvolvimento. Continuaremos a ser um país aberto ao mundo e ao diálogo entre as nações. Senhor Primeiro-Ministro

9 9 Caros Parlamentares Ilustres convidados A par da migração clandestina, que tem assolado vários dos nossos países e todo o continente, resultado sobretudo da ausência de estabilidade política e social, da pobreza extrema e da falta de esperança das populações, o nosso continente tem um desafio ingente e inadiável: A integração da nossa juventude. O futuro da África dependerá largamente daquilo que fizermos hoje em prol dos nossos jovens. Quer a visão CEDEAO 2020, como a Agenda África 2063, assumem a juventude como objectivo central e estratégico para o continente. O Continente africano passa, nos nossos dias, por um processo de transição demográfica. O dividendo demográfico, enquanto fenómeno extraordinário na vida dos países, principalmente em África, apresenta-se potencialmente como uma janela de oportunidade para os nossos países e para todo o continente. A estrutura da população africana aponta para uma predominância da camada jovem, enquanto população activa e produtiva, abundantemente disponivel para o mercado.

10 10 O aproveitamento desta oportunidade demográfica dependerá seguramente de apostas em sectores-chave, quais sejam a estabilidade política, a qualificação das nossas instituições, a promoção da cidadania, transparência e boa governação, a qualidade do ensino, a sociedade do conhecimento, as reformas económicas, melhor acesso ao mercado de trabalho, a igualdade de género, entre ouras reformas estruturantes. Senhor Primeiro-Ministro Caros colegas Parlamenatares da CEDEAO e do PAP Minhas senhoras e meus senhores Não podia deixar de aproveitar esta oportunidade ímpar e exaltante, para enaltecer a vontade política nacional, já manifestada pelos governantes cabo-verdianos, no sentido do reforço da presença institucional e diplomática de Cabo Verde na CEDEAO e na União Africana. Podem crer, Srs. Presidentes dos Parlamentos Pan-Africano e da CEDEAO e ilustres colegas, que a vossa presença nesta Casa da Democracia marcará uma página na história do Parlamento caboverdiano e constituirá um marco indelével e impulsionador dos crescentes esforços de Cabo Verde em direcção à sua desejável, propícia e frutuosa integração africana.

11 11 A todas as entidades e organizações que nos honraram com a sua presença nesta cerimónia solene, manifestamos o nosso profundo agradecimento. Viva Cabo Verde! Viva a CEDEAO! Viva a União Africana!