É de se realçar, a preocupação dos Governos da Macaronésia no reforço dos instrumentos de financiamento no quadro da coesão

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1 ASSEMBLEIA NACIONAL Discurso do Presidente da Assembleia Nacional, Engº Jorge Santos, na abertura das IX Jornadas Parlamentares Atlânticas Faial, Açores, 18 de Junho de 2018 Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, Dra. Ana Luís Senhora Presidente do Parlamento das Canárias, Dra. Carolina Darias Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região da Madeira, Dr. José Lino Gomes Senhores Deputados dos Grupos de Ligação Senhores Dirigentes Parlamentares Senhores profissionais da comunicação social Minhas senhoras e meus senhores Permitam-me, em primeiro lugar, agradecer à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na pessoa da sua ilustre Presidente, Dra. Ana Luís, pela hospitalidade e simpatia evidenciadas desde a nossa chegada neste lindíssimo arquipélago. 1

2 Em São Miguel e agora aqui no Faial, nesta magna casa representativa do povo açoriano, posso confessar-vos que nos sentimos como se estivéssemos numa das nossas ilhas da morabeza, em Cabo Verde. Saúdo, igualmente, os meus colegas Presidentes do Parlamento das Canárias, Ana Darias e da Assembleia Legislativa da Região da Madeira, José Lino Gomes, pela amizade e vontade que têm manifestado no estreitamento e aprofundamento das relações de cooperação e amizade com Cabo Verde e entre os nossos cidadãos. Não estarei a exagerar se disser, que existe entre nós, legítimos representantes dos nossos cidadãos, uma forte cumplicidade, alicerçada em vínculos históricos, culturais e geográficos indestrutíveis, mas também motivada por desígnios comuns, no quadro da nossa pertença à Região da Macaronésia. Já se passaram quase 28 anos sobre a realização das primeiras jornadas parlamentares atlânticas e, só temos razões para continuar a consolidar as relações entre os nossos Parlamentos e através deles, contribuir para o reforço da institucionalização da Região da Macaronésia. 2

3 Estas IX Jornadas Parlamentares sucedem a II Cimeira dos Arquipélagos da Macaronésia, que reuniu os Chefes do Governo das Canárias, Açores, Cabo Verde e Madeira, na ilha de São Miguel, nos dias 1 e 2 de Junho. A Declaração Final da Cimeira dos Líderes dos nossos Governos foi uma demonstração clara da vontade firme e inabalável da construção e afirmação desta importante região situada no Oceano Atlântico Medio e que se ergue como uma real plataforma de aproximação entre a Europa, África e Américas. Desta II Cimeira destacaríamos, pela sua importância e alcance, algumas decisões de cariz político, institucional e económico, quais sejam: O reforço do diálogo e articulação política e estratégica entre os arquipélagos e a institucionalização da Conferência dos Governos da Macaronésia, de caráter permanente, constituída pelos Líderes dos respetivos Governos; Relevância às questões dos oceanos, com a promoção da Economia Marítima ou a criação do Observatório para as alterações climáticas ou ainda à cooperação económica, com enfoque no turismo, trocas comerciais e investimento empresarial. É de se realçar, a preocupação dos Governos da Macaronésia no reforço dos instrumentos de financiamento no quadro da coesão 3

4 territorial e da convergência entre os diversos atores políticos no que à relação desses territórios insulares com a União Europeia e África, diz respeito. Cabo Verde tem privilegiado, a abertura e a política de aproximação e de aprofundamento do diálogo político com parceiros bilaterais, como são os casos de Portugal ou Espanha e multilaterais, como são os casos da CEDEAO ou União Europeia. O nosso Parlamento aprovou recentemente uma Lei de isenção de vistos de entrada em Cabo Verde de cidadãos provenientes de todos os países da Europa, visando facilitar a circulação de pessoas e potenciar as relações socioecónomicas e culturais entre nossos países e regiões. Hoje, Cabo Verde é membro permanente e ativo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, uma importante comunidade de aproximadamente 340 milhões de pessoas. Há dez anos temos, igualmente, uma Parceria Especial com a União Europeia que pretende valorizar a vocação de Cabo Verde para uma aproximação às RUP da Macaronésia e ao resto da UE, intensificando simultaneamente as suas relações com a subregião da África Ocidental no âmbito da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). Sra. Presidente Ilustres Deputados Minhas Senhoras e meus Senhores 4

5 Devemos sim, reafirmar a necessidade de uma convergência de interesses baseada no desenvolvimento de relações privilegiadas de cooperação decorrentes da nossa identidade atlântica, conferida pelos inegáveis laços históricos e geográficos e da nossa vocação marítima comum designada pelas vicissitudes naturais, que bem caracterizam e configuram estes arquipélagos. Estes arquipélagos constituem territórios de capital importância nas relações transatlânticas, na medida em que o nosso posicionamento geopolítico conferiu-nos o estatuto de plataformas naturais na construção e na manutenção da paz e da segurança no atlântico, um oceano estratégico a nível internacional, tanto do ponto de vista do desenvolvimento sustentável quanto do ponto de vista particularmente económico. É esse, decerto, um dos maiores desafios e oportunidades dos arquipélagos do Atlântico, que começam a ganhar expressão, com a decisão da criação nos Açores, do Centro para a Segurança do Atlântico (CESA) em parceria com os Estados do Sahel ao Golfo da Guiné que, estamos certos, será um auxílio substancial para a construção e manutenção da estabilidade e da paz no atlântico e consequentemente dos nossos arquipélagos da macaronésia. A conjuntura internacional atual, revela-se cada vez mais dinâmica e complexa, pelo que, requer atitudes conjuntas 5

6 relativamente a questões estruturantes como os transportes e as comunicações, a formação profissional e o ensino superior, a economia com especial ênfase para a economia marítima, a cultura, os direitos humanos e a luta contra a criminalidade organizada no atlântico, a preservação e proteção do meio ambiente para acautelar o avanço negativo das alterações climáticas, bem como o reforço da utilização das tecnologias de informação em prol do desenvolvimento das nossas populações. Assim, deveremos pautar as nossas relações pelo reforço e facilidade da mobilidade de bens, serviços e capitais em sentido reciproco bem como a securização dos mesmos; harmonizar o quadro legislativo e normativo, tanto quanto possível, do quadro legal que rege as relações económicas e comerciais entre as nossas regiões e entre estas e terceiros, visando a simplificação de procedimentos que permitam o estabelecimento de empresas nos nossos territórios; reforçar e promover o relacionamento entre os agentes sociais dos nossos arquipélagos, que englobe empresários, homens de cultura, investigadores e jovens. Só assim seremos capazes de promover um ambiente de negócios e de investimentos, que incentiva o sector privado e auxilia na criação de novas oportunidades regionais, por forma a reconhecermos a inevitabilidade da globalização em vez de empenhar esforços para a contornar ou evitar. 6

7 Neste quadro de relacionamentos e de construção de parcerias sustentáveis a Cooperação Parlamentar é fundamental e estruturante. O exercício pleno da função representativa constitui um capítulo nobre da democracia, enquanto sistema que melhor permite aos nossos povos explorar as suas potencialidades, reivindicar o desenvolvimento, o bem comum e participar ativamente nos destinos das nossas regiões. Creio, que estão criadas as condições psicológicas e políticas, para promovermos à consolidação e o reforço da cooperação parlamentar entre as Canárias, os Açores, a Madeira e Cabo Verde, elevando as nossas relações económicas, comerciais ao nível do nosso diálogo político. Só assim, estaremos em condições de competir e aproveitar as oportunidades que o cruzamento das rotas entre a Europa, Africa e Américas, nos proporcionam, neste mundo global. A aproximação dos nossos arquipélagos no Atlântico Medio, nesta Região da Macaronésia e a convergência de interesses Locais e Regionais, permitirão consolidar as nossas parcerias e a nossa dimensão atlântica e promover a escala necessária para o 7

8 posicionamento conjunto neste mundo cada vez mais competitivo. Torna-se, importante e prioritário a criação de mecanicismos de reforço das relações entre os Parlamentos para uma troca efetiva de experiências bem como com uma forte aposta na abertura do Parlamento à sociedade, para reforçar a aproximação e a acessibilidade necessária entre os eleitos e os eleitores. Nunca é demais repetir, que a aproximação dos Parlamentos aos Cidadãos e o exercício de uma Cidadania Ativa, se afirmam como desafios de primeira linha para a sobrevivência e vitalidade dos sistemas políticos e partidários. O aprofundamento do processo de institucionalização das Jornadas Atlânticas será uma expressão clara da importância que esta plataforma atribui à diplomacia parlamentar e dialogo politico, à adequada harmonização de políticas de desenvolvimento das nossas regiões, devendo constituir-se numa plataforma sólida, onde haja uma convergência de interesses, por forma a afirmar-se como um player regional de soluções globais. Termino, augurando os maiores êxitos às IX Jornadas Parlamentares Atlânticas e que este encontro seja mais um 8

9 momento de reforço da nossa identidade e de comprometimento quanto ao futuro da região e dos nossos cidadãos. Agradeço-vos pela atenção dispensada. 9