Não! como reiterado, hoje nesta conferencia, o turismo é uma ferramenta para o desenvolvimento. Porém, o turismo só poderá
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- Maria de Fátima Malheiro Carreira
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1 Discurso da Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde e Representante do PNUD No acto de abertura da Conferencia Internacional sobre O Desenvolvimento do Turismo sustentável e das Economias Criativas em Africa Santa Maria, Sal, 24 de Maio de 2014 Sr. Ministro do Turismo Industria e Energia, Excelência Sr. Presidente da Camara Municipal do Sal Sr. Director Geral do Turismo Sr. Representante da UNCTAD Srs/Sras representantes do sector turismo Ilustres conferencistas e convidados Minhas senhoras e meus senhores, Permitam-me, em primeiro lugar, saudar vivamente a presença de todos e de todas e a organização desta conferência internacional sobre o desenvolvimento sustentável do turismo e das economias criativas em Africa. Mas porque é que a Organização das Nações Unidas, instituição que eu represento aqui em Cabo Verde, se envolve com o turismo? Não será o turismo uma questão de negócios? Não é uma questão exclusiva do sector privado? Não! como reiterado, hoje nesta conferencia, o turismo é uma ferramenta para o desenvolvimento. Porém, o turismo só poderá 1
2 constituir-se numa verdadeira ferramenta para o desenvolvimento, se for implementado de forma sustentável e com qualidade: Turismo de qualidade. É por isso que congratulo-me com os esforços dos profissionais, que trabalham com um firme propósito de servir para o interesse geral, lançando luzes sobre os interesses estratégicos das partes envolvidas quais sejam os promotores, investidores, representantes das instituições, o pessoal qualificado, mas também a comunidade científica e a sociedade civil. Faço um apelo para que, todos, trabalhemos de mãos dadas. Dito de outra forma que a "morabeza" seja uma constante a todos os níveis. Agindo assim, todos seremos responsáveis pelas transformações positivas neste sector. No entanto, é de capital importância ancorar a sustentabilidade do turismo na herança territorial: O património natural de Cabo Verde é extremamente rico em espécies endémicas de interesse global. O património cultural de Cabo Verde: não se resume apenas à sua música, dança, e a gastronomia. A cultura propicia o desenvolvimento, pois ela capacita as pessoas para uma apropriação do desenvolvimento. E o património arquitectónico deve ser pensado com uma componente do património natural. Com efeito, os turistas estão à procura de experiências únicas que constituem as paisagens naturais, as expressões e manifestações culturais e éticas, que não podem ser modificados infinitamente. 2
3 O património deste arquipélago pertence às gerações vindouras! Não é a minha intenção repetir tudo o que foi amplamente discutido hoje, nesta importante conferência. Todos sabemos muito bem que o turismo constitui um motor para muitos países, incluindo os países em desenvolvimento. Mas, como qualquer actividade económica, o turismo também apresenta custos ambientais e sociais. Em termos ambientais, a que se faz sentir nos recursos naturais como água, energia e gestão de resíduos. Em termos custos sociais, infelizmente traz consigo "fracturas sociais" graves como por exemplo a exploração, sob a forma de trabalho infantil e a prostituição, entre outros. A este respeito, e em consonância com as directrizes mundiais em relação ao turismo, temos trabalhado para uma crescente conscientização dos diferentes agentes do sector, não só relativamente à adopção das melhores práticas, mas também em matéria de inovação em produtos e serviços turísticos que sejam ambiental e socialmente responsável. O exemplo disto, é a realização, há cerca de um mês, de uma actividade conjunta entre OIT e UNICEF e em parceria com a Associação Comercial de Sotavento, onde aproximadamente 30 actores do turismo local assinaram aqui no Sal um código de conduta para a prevenção do trabalho infantil e da exploração sexual de crianças. 3
4 De igual modo, e fruto de uma parceria entre o Ministério do Ambiente, a Fundo para Ambiente Global (Global Environment Facility) e o PNUD, estaremos a trabalhar para a integração de conservação da biodiversidade marinha e terrestres nos sectores do turismo e pesca artesanal. Evitando a todo custo práticas e acções que possam pôr em risco os esforços de conservação nas áreas protegidas de Cabo Verde e causar danos irreparáveis no ambiente costeiro e marinho destas ilhas maravilhosas. As mudanças climáticas constituem um dos principais desafios que o sector do turismo poderá enfrentar no futuro, e os seus impactos negativos já se fazem sentir através de um aumento de intensidade e frequência de eventos extremos causando desastres devastadores um pouco por todo o globo. O turismo é vítima mas também responsável pelo aquecimento global, a sua contribuição representa cerca de 5% das emissões totais de gases com efeito de estufa. Por conseguinte, a promoção de um turismo sustentável deve agir na mitigação (apostando na energias renováveis e eficiência energética,) e na adaptação (planificando a longo prazo infra-estruturas resilientes). Porque na realidade, se a orla marítima do arquipélago é a jóia de Cabo Verde, a consciência de cada um é o seu seguro. É impossível estar em Cabo Verde e não me referir a sua cultura... E pensar a cultura enquanto motor de desenvolvimento, liderado pelo 4
5 crescimento da economia criativa, em geral, e das indústrias culturais e criativas, em particular, reconhecendo não só o seu valor económico, mas também cada vez mais para o seu papel na produção de novas ideias ou tecnologias criativas e seus benefícios sociais nãomonetários. Neste contexto, gostaria de me referir à parceria entre Conferência das Nações Unidas para o Comercio e o Desenvolvimento (UNCTAD, a UNESCO, a UNIDO e o PNUD) e a Republica de Cabo Verde, através do Ministério da Cultura, que tem sido pioneiro regional e promotor da economia criativa e seu dividendo para um desenvolvimento mais sustentável e justo. E para terminar, permitam-me mais uma vez reconhecer o contributo de todos nesta importante reflexão sobre o turismo sustentável e economia criativa. O turismo sustentável é um importante vector deste arquipélago. É a energia positiva criativa e inspiradora da juventude no mercado de trabalho. A imaginação e a inovação devem ser cultivadas porque elas propiciam as economias criativas. É necessário que o futuro profissional e social esteja aberto e ao alcance de todos. Declaro encerada a conferência internacional sobre Desenvolvimento do Turismo sustentável e das Economias Criativas em Africa. Desejo a todos um bom regresso Muito obrigada 5
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