Venerando juiz Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Excelência; Senhoras e Senhores Membros da Comitiva Timorense;

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Fátima Galindo Gesser
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1 Discurso do Presidente da Assembleia Nacional por Ocasião da visita do Presidente de Timor Leste (Dr. Ramos Horta), a Cabo Verde no dia 06 de Julho de Senhor Presidente da Republica Democratica de Timor Leste Excelência; Senhor Primeiro Ministro Excelência; Venerando juiz Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Excelência; Senhoras e Senhores Deputados; Senhoras e Senhores Membros do Governo; Senhoras e Senhores Membros da Comitiva Timorense; Senhoras e Senhores Membros do Corpo diplomático; Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia; Distintos Convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores Permitam-nos iniciar esta intervenção apresentando, em nome da Assembleia Nacional, as nossas calorosas saudações a Sua Excelência o Senhor Presidente da República de Timor, Dr. José Ramos Horta, e dizendo-lhe que sentimo-nos particularmente honrados com a sua distinta presença, pois esta visita, pelas especificidades que encerra, constitui um marco na história do Parlamento cabo-verdiano, contribuindo para o seu

2 enriquecimento. Sinta-se bem entre nós; sinta-se em casa, Senhor Presidente. É sempre gratificante receber um Presidente da República no nosso Parlamento, pois é o representante de um povo amigo que nos visita. Sendo Cabo Verde conhecido pela sua Morabeza aliás um dos traços essenciais da sua idiossincrasia! o seu Parlamento não podia destoar na matéria. Recebe bem e com prazer os seus convidados. No caso presente, Senhor Presidente Ramos Horta, esse sentimento de gratidão adquire características especiais, pois Vossa Excelência, pela sua origem, formação, percurso e distinções recebidas, incarna um conjunto de atributos que o coloca num patamar reservado a poucos. Vossa Excelência representa um País amigo, com o qual partilhamos uma história comum, cimentada por fortes laços culturais. Não é de somenos importância o facto de Timor Leste e Cabo Verde pertencerem à CPLP, terem um passado comum de resistência ao colonialismo e juntos estarem a trabalhar para promover o progresso dos respectivos povos. Para além de ser Presidente da República, o Magistrado Supremo do Povo Timorense, V. Excelência encarna o espírito heróico da Nação. Durante os 27 anos de luta contra a segunda ocupação estrangeira, Vossa Excelência, juntamente com Xanana Gusmão, foi o rosto da resistência, o combatente incansável, o diplomata hábil e determinado cuja acção contribuiu de forma decisiva para a vitória do povo timorense. Vossa Excelência, incansável e incessantemente, calcorreou o mundo para provar a ilegalidade da ocupação estrangeira, denunciar as arbitrariedades cometidas contra cidadãos indefesos e mobilizar os apoios necessários ao reconhecimento da justeza da causa do povo maubere.

3 Como reconhecimento das suas qualidade de homem público e de acção em prol da liberdade do seu povo, o Presidente Ramos Horta foi distinguido ao longo da sua carreira com diversos e prestigiantes prémios internacionais, quais sejam o Prémio de Direitos Humanos, Professor Thorof Rafto da Noroega; o Prémio de Activista Internacional, Gleitsman, EUA; o Prémio UNPO, Holanda; e o mais importante de todos, sem desprimor por nenhum outro, o Prémio Nobel da Paz, Noroega. Vossa Excelência, foi ainda distinguido com o título Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Campinas, Brasil, e de Antioch, EUA. Um Parlamento que tem a felicidade de acolher uma personalidade tão multifacetada e distinta, incarnando simultaneamente os atributos, de Presidente da República, Doutor Honoris Causa, Combatente da Liberdade da Pátria e Nobel da Paz, tem razões de sobra para sentir-se honrado e gratificado. Haveis de convir comigo que acontecimento semelhante não deverá ocorrer com frequência, o que nos permite concluir que, efectivamente, estamos a viver um momento especial. Senhor Presidente Minhas Senhoras e meus Senhores, Congratulamo-nos com o facto de Cabo Verde sempre ter apoiado Timor Leste na sua luta contra a ocupação estrangeira. Não só por razões históricas, determinadas pelo passado comum, mas também por razões de justiça, já que todos os povos têm o inalienável direito à liberdade e autodeterminação. Considerávamos a luta do povo de Timor-Leste como uma luta nossa, razão pela qual a solidariedade dos cabo-verdianos, particularmente seus

4 governantes e diplomatas, foi inequívoca. Estivemos sempre do lado da causa de Timor. Para além da acção política encetada pelo Governo de Cabo Verde, particularmente nas instâncias diplomáticas internacionais, parece-nos pertinente lembrar o disco gravado pelo saudoso Ildo Lobo, um ícono da música cabo-verdiana, intitulado Ask Xanana, através do qual denunciava a situação de ocupação e que, pelo menos no mundo lusófono, teve uma boa repercussão em termos de mobilização a favor da causa timorense. Ao fim de 27 anos de resistência heróica o povo timorense finalmente alcançou a liberdade, lançando-se na senda da construção do bem-estar, do progresso e da felicidade. Embora estarmos certos de vir ouvir da parte de V. Excelência, os sucessos da vossa experiência enquanto país independente, podemos adiantar que congratulamo-nos e reconhecemos os esforços que o Governo e o povo de Timor Leste têm dispendido para construir um futuro melhor. Sabemos que o país pôde contar com a solidariedade internacional, e que ela continua a ser importante e necessária, mas, por experiência própria, também sabemos que o esforço principal é dos timorenses. Queríamos aproveitar esta oportunidade para dar os nossos parabéns ao povo maubere, pelos esforços consentidos, pelos resultados alcançados, mas sobretudo pelas perspectivas abertas. Senhor Presidente Ramos Horta, Apraz-nos registar com satisfação que desde a libertação de Timor, um grupo significativo de técnicos cabo-verdianos, de diferentes áreas, tem participado no desenvolvimento do país. Segundo informações disponíveis, a contribuição desses técnicos cabo-verdianos tem sido apreciado pelo

5 Governo e pelo povo timorenses, o que nos deixa, naturalmente, satisfeitos. É uma prova da solidariedade e da amizade que nos unem. Muito mais poderá ser feito no âmbito da nossa cooperação. Estou certo de que na sequência da vossa visita a Cabo Verde a nossa cooperação vai ser incrementada, conhecendo uma nova dinâmica de modo a atingir novos patamares, com ganhos para os dois povos. Os dois Governos saberão encontrar as vias mais propícias à implementação dos acordos de cooperação já assinados ou a serem assinados no futuro. A actual situação internacional, caracterizada, por um lado, por uma profunda crise financeira afectando praticamente todos os países e, por outro lado, por um conjunto de ameaças quais sejam o crime organizado, o tráfico de droga e de pessoas, o terrorismo, requer e aconselha o estreitamento das relações de cooperação em prol da promoção do desenvolvimento dos nossos dois países. Queria terminar esta breve saudação de boas-vindas agradecendo mais uma vez ao Senhor Presidente Ramos Horta pela visita ao nosso Parlamento e, em nome de todos os Deputados, e no meu nome próprio, desejar, ao povo timorense e a vossa Excelência, os maiores votos de prosperidade! Muito obrigado pela atenção.

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